Pode parecer muito ousado o título desta reflexão, pois quem diria que pastores também precisam de reavivamento? Por isso, faço a pergunta: Você necessita de uma experiência mais profunda com Deus? Sua mente está em Cristo? Algo tem dominado seus desejos mais íntimos a ponto de viver uma “espiritualidade” profissional? Amigo, se para alguma dessas perguntas, a resposta for sim, seja bem-vindo ao time daqueles que desejam ser guiados pelo Espírito Santo. Ele é tão essencial na vida da igreja e do pastor que, sem Ele, não existiríamos. 

Devemos reconhecer que essa é a maior necessidade da igreja, incluindo os pastores. Satanás sabe o que pode fazer em um coração que não se rende completamente a Deus. Quando não estamos cheios do Espírito, como Paulo afirmou em Efésios 5:18, nossa vida é ocupada por outras coisas. No mesmo texto, o apóstolo recomendou: “Não vos embriagueis com o vinho.” O termo grego para “embriagueis” é methúsko, que significa intoxicar. É a mesma palavra que Lucas utilizou em relação ao homem que não suporta a tardança do seu Senhor e passa a beber sem parar (Lc 12:45). 

Dificilmente um pastor pode ser intoxicado por bebida, mas pode ser contaminado pelas críticas à igreja por meio do WhatsApp; por longas horas nas séries de streaming; pela exposição de companheiros de ministério nas redes sociais; ou pelo acesso a conteúdos na internet que minam sua consagração. Mas, como Paulo disse a Timóteo: “Você, homem de Deus, fuja de tudo isso” (1Tm 6:11). 

Ellen White afirmou: “Precisa haver um reavivamento e uma reforma, sob a ministração do Espírito Santo (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 128). O reavivamento não vem por meio de votos, mas por uma profunda e consciente necessidade do Espírito Santo na vida. Não é uma questão de ênfase do ano ou de algum tipo de promoção, mas de uma sede de alma que somente o Espírito Santo pode saciar. É somente Ele que nos faz viver o ministério em toda plenitude. Por isso precisamos ouvir Sua voz e ser sensíveis aos Seus conselhos e orientações. No livro Nisto Cremos encontramos esta ênfase: “O Espírito é vital. Todas as mudanças que Jesus Cristo opera em nós advém-nos pela operação do Espírito. Na qualidade de crentes deveríamos reconhecer constantemente que, sem o Espírito, não seremos capazes de empreender coisa alguma” (p. 85). 

A obra do Espírito Santo na igreja e no ministério pastoral é uma obra dupla: (1) formar em nós a imagem de Cristo ao reproduzir Seu caráter em nossa vida; e (2) fazer o coração arder no intenso desejo de compartilhar tudo o que Cristo fez e tudo o que Ele significa para nós. Indubitavelmente, a obra do Espírito Santo é cristológica em Sua essência, pois Seu papel é testificar de Cristo e Sua obra. Jesus deixou isso claro quando afirmou: “Quando, porém, vier o Consolador, que Eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade, que Dele procede, esse dará testemunho de Mim” (Jo 15:26). Essa foi a experiência da igreja apostólica (At 2). Ellen White declarou: “A ambição dos crentes era revelar a semelhança do caráter de Cristo, bem como trabalhar pelo desenvolvimento de Seu reino” (Atos dos Apóstolos, p. 31 [48]).

O Senhor está à procura de pessoas que reconhecem sua mais profunda necessidade do Espírito Santo; que anseiam por Deus acima de qualquer outra coisa; que buscam conhecer a Cristo e Sua vontade; e que vivem um ministério de renúncia, resiliência, paixão, fervor e autoridade espiritual. Pois chegará o tempo em que as pessoas nos ouvirão não por causa do longo tempo de nosso ministério, nem pela função que ocupamos ou pelo conhecimento que temos, mas pela vida inteiramente entregue a Deus.