Muito se tem escrito e falado a respeito de reavivamento. Mas qual é o sentido desta expressão?

O dicionário da língua portuguesa informa: “Avivar muito, tornar bem lembrado, estimular a memória; reacender.”

Destacamos dessa definição as palavras do dicionário: “Avivar muito e reacender, e tornar lembrado.” É realmente o que o pastorado e a igreja mais necessitam hoje — relembrar verdades do passado, reacendendo no coração de cada crente a chama incandescente do primeiro amor a essas verdades que são a base de nossa fé e de nossa existência como igreja cristã.

A Sra. White invoca em seu livro Atos dos Apóstolos, págs. 36 e 37, alguns fatos a fim de demonstrar como se processou aquele reavivamento dos discípulos nos dias do Pentecostes, bem como os seus efeitos que acenderam o fogo nos corações, de tal maneira, que provocou a descida do Espírito Santo sobre os circunstantes, causando um tal impacto com repercussões transcendentais na igreja presente e futura. Alguns passos foram seguidos naquela ocasião.’’ — Evangelismo, pág. 698.

Depois da ascensão de Cristo, os discípulos reuniram-se em um lugar a fim de suplicar humildemente a Deus. E após 10 dias de esquadrinhar o coração e examinar-se a si mesmos, estava preparado o caminho para o Espírito Santo penetrar no templo da alma, limpo e consagrado. Deduzimos que a primeira coisa que fizeram foi procurar um lugar para se reunirem e buscarem a Deus com todo o fervor. E após encontrarem o lugar, que fizeram? Em Atos dos Apóstolos, pág. 36 é dito: “Ao esperarem os discípulos pelo cumprimento da promessa, humilharam o coração em verdadeiro arrependimento e confessaram sua incredulidade.” O segundo passo foi humilharem o coração em verdadeiro arrependimento.

Estes são passos que os obreiros e a igreja hoje devem dar. Continuando, diz ela: “Ao trazerem à lembrança as palavras que Cristo lhes havia dito antes de Sua morte, entenderam mais amplamente seu significado.” Hoje devemos buscar e procurar entender mais amplamente o significado do sacrifício de Cristo. Verdades que lhe tinham escapado à lembrança lhes voltaram à mente e eles as repetiam uns aos outros. Reprovavam-se a si mesmos por não haverem compreendido o Salvador.

Será que nós, como pastores, estamos hoje entendendo bem o que disse o Salvador para nosso tempo e o que Ele espera de nós? Não temos nós nos esquecido de Suas advertências no tocante à vigilância constante, ao amor entre nós mesmos? Somos honestos uns com os outros? Somos humildes, ou ambicionamos posições ao ponto de nos sentirmos frustrados e infeccionados pela crítica quando não as alcançamos? Não era este o quadro que existia entre os discípulos daqueles dias?

Apesar, porém, de todas essas falhas, aqueles homens foram incumbidos pelo único Salvador que Deus mandou ao mundo, de irem aos homens ensinar-lhes o caminho da salvação.

“Os discípulos oraram com intenso fervor para serem habilitados a se aproximar dos homens, e em seu trato diário falar palavras que levassem os pecadores a Cristo. Pondo de parte todas as divergências, todo o desejo de supremacia, uniram-se em íntima comunhão cristã. Aproximaram-se mais e mais de Deus, e fazendo isto sentiram que era um privilégio o ser-lhes dado associar-se tão intimamente com Cristo. A tristeza lhes inundava o coração ao se lembrarem de quantas vezes O haviam mortificado por terem sido tardos de compreensão, falhos em entender as lições que, para seu bem, estivera buscando ensinar-lhes.

“Esses dias de preparo foram de profundo exame de coração. Os discípulos sentiram sua necessidade espiritual, e suplicaram do Senhor a santa unção que os devia capacitar para o trabalho de salvar almas. Não suplicaram essas bênçãos apenas para si. Sentiram a responsabilidade que lhes cabia nessa obra de salvação de almas. Compreendiam que o Evangelho devia ser proclamado ao mundo, e reclamavam o poder que Cristo prometera.” — Atos dos Apóstolos, pág. 37.

Após estes dias preliminares de recolhimento, confissão e reestudo com profundidade das verdades ensinadas por Cristo, Deus, vendo que estavam em condições, o que fez? (Atos 2:1 e 2.) Derramou o maior poder do Universo sobre tão frágeis criaturas.

A Sra. White em Atos dos Apóstolos, pág. 38, primeiro parágrafo, diz: “O Espírito veio sobre os discípulos, que espectantes oravam, com uma plenitude que alcançou cada coração. O Ser infinito revelou-Se em poder à Sua igreja. Era como se por séculos esta influência estivesse sendo reprimida, e agora o Céu se regozijasse em poder derramar sobre a igreja as riquezas da graça do Espírito. E sob a influência do Espírito, palavras de penitência e confissão misturavam-se com cânticos de louvor por pecados perdoados. Eram ouvidas palavras de gratidão e de profecia. Todo o Céu se inclinou na contemplação da sabedoria do incomparável e incompreensível amor. Absortos em admiração, os apóstolos exclamaram: ‘Nisto está a caridade!’ Eles se apossaram do dom que lhes era repartido. E que se seguiu? A espada do Espírito, de novo afiada com poder e banhada nos relâmpagos do Céu, abriu caminho através da incredulidade. Milhares se converteram num dia.”

Meus companheiros, não é isto que Deus espera de nós hoje?

Em Evangelismo, pág. 701, parágrafo dois, diz: “A descida do Espírito Santo é olhada como estando no futuro; é, porém, o privilégio da igreja tê-la agora. Buscai-a, orai por ela, crede nela. Precisamos tê-la, e o Céu espera para concedê-la.”

Quem está olhando à descida do Espírito Santo como estando no futuro? Acaso não somos nós mesmos os ministros do Senhor? Não é verdade que ao falarmos, ensinarmos ou pregarmos sobre tal assunto usamos expressões tais como: ‘‘Quando o Espírito Santo for derramado,” “quando a chuva serôdia cair a obra será terminada” etc., etc.? Estas expressões devem mudar em nosso meio. É tempo de buscá-Lo e tê-Lo agora e não amanhã ou no ano 2.000.

Apelo aos companheiros de obra para que se atualizem nesta questão do poder do Espírito, a fim de que não sejamos achados em falta como as virgens loucas que, estribadas em suas convicções, diziam: “O meu senhor tarde virá.” E por quê? Porque as lâmpadas da vigilância estavam apagadas e elas, desatualizadas com os fatos presentes, olhavam ao futuro.

Outro aspecto a destacar, encontramos em Vereda de Cristo, pág. 37:2 (Edição de Bolso): “A confissão não será aceitável a Deus sem o sincero arrependimento e reforma. É preciso que haja decisivas mudanças na vida em resultado do Reavivamento.”

Foi exatamente o que ocorreu com os discípulos por ocasião do Pentecostes. Aqueles homens até então cheios de ciúmes, desejo de posição, mentirosos, impulsivos, tímidos, críticos, fugindo na hora de estar ao lado do Mestre quando de Sua prisão, agora reformados, unidos, leais e cheios de Poder, com ousadia viviam sua fé, e nada temiam, enchendo rapidamente Jerusalém com as novas da salvação por Cristo.

“Os líderes judeus tinham imaginado que a obra de Cristo terminaria com Sua morte; mas em vez disto, testemunharam as maravilhosas cenas do dia do Pentecostes. Ouviam os discípulos dotados de poder e energia até então desconhecidos pregando a Cristo, suas palavras confirmadas por sinais e maravilhas. Em Jerusalém o baluarte do judaísmo, milhares declararam abertamente sua fé em Jesus de Nazaré como o Messias. Os discípulos estavam assombrados e sobremodo jubilosos com a abundante colheita de almas. Eles não consideravam esta maravilhosa colheita como resultado de seus próprios esforços; sabiam que estavam entrando no trabalho de outros homens.” — Atos dos Apóstolos, pág. 44.

“Eles podiam falar no nome de Jesus com segurança; pois não era Ele seu amigo e irmão mais velho? Levados em íntima comunhão com Cristo, assentaram se com Ele nos lugares celestiais. Com – que abrasante linguagem vestiam suas idéias quando testificavam dEle! Seus corações estavam sobrecarregados com benevolência tão ampla, tão profunda, de tão vasto alcance que foram impelidos a ir aos confins da Terra, testificando do poder de Cristo. Foram cheios de um imenso desejo de levar avante a obra que Ele tinha iniciado. Sentiram a enormidade de seu débito para com o Céu, e a responsabilidade de sua obra.” — Idem, pág. 46.

Exatamente é deste tipo o reavivamento que devemos hoje realizar em nosso meio para terminarmos com rapidez a tarefa a nós confiada.

“Uma vez que este é o meio pelo qual havemos de receber poder, por que não sentimos fome e sede pelo dom do Espírito? Por que não falamos sobre ele, não oramos por ele e não pregamos a seu respeito? O Senhor está mais disposto a dar o Espírito Santo àqueles que O servem do que os pais a dar boas dádivas a seus filhos. Cada obreiro devia fazer sua petição a Deus pelo batismo diário do Espírito. Grupos de obreiros cristãos se devem reunir para suplicar auxílio especial, sabedoria celestial, para que saibam como planejar e executar sabiamente. Especialmente devem eles orar para que Deus batize Seus embaixadores escolhidos nos campos missionários, com uma rica medida do Seu Espírito. A presença do Espírito com os obreiros de Deus dará à proclamação da verdade um poder que nem toda a honra ou glória do mundo dariam.” — Atos dos Apóstolos, págs. 50 e 51.

Concluímos destes pensamentos inspirados que não há reavivamento sem mudança de vida, hábitos e ação. Portanto, o reavivamento, o que significa em suma?

  • 1. Reunir-mos em algum lugar como igreja.
  • 2. Humilhar-nos diante de Deus e de nossos irmãos, arrependendo-nos dos pecados secretos e públicos.
  • 3.  Confessá-los sem rodeios.
  • 4. Reformar nossos hábitos e pecados arraigados, deixando que o Espírito Santo os expurgue queimando-os sobre o altar de Deus.
  • 5. Rogar com fé o derramamento do Espírito sobre todos hoje, já agora sem pensar num futuro remoto, senão Ele nunca virá.

Meus irmãos! O Diabo tem pressa para destruir o mundo que nos cerca e a nós também. É hora de unir-nos em oração para vencê-lo porque Deus também tem mais pressa ainda para ver Sua

igreja tomando uma posição definida contra o nosso inimigo com todas as suas artimanhas e pecados.

  • 6. Então pedir, pedir, pedir insistentemente a plenitude deste poder maravilhoso que queima o pecado e enche o nosso coração de força para vencer o mal e amar a justiça, a pureza, o amor de Deus, a Sua Palavra e os perdidos que nos cercam.
  • 7.  Então, possuídos desse “dínamo” poderoso, encheremos as cidades, vilas e campos da mensagem e em breve esta história de fracassos e misérias terminará.

Sim! Façamos isto hoje mesmo, agora mesmo.

Amém.

A VITÓRIA DA LÍNGUA

“Assim também a língua é um pequeno membro, e se gloria de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; como mundo de iniqüidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.” S. Tiago 3:5 e 6.

Já ouvistes a história do soldado que tinha língua mordaz? Era ele um bravo soldado, mas tinha língua ferina. Um dia circulou a notícia de que ele fora morto em batalha, e todos ficaram muito alegres, mas no dia seguinte reapareceu.

Ouvindo o rei da alegria dos soldados com a notícia da morte do outro, decidiu ajudá-lo de alguma maneira. Deu-lhe uma caixa e disse-lhe que a levasse fechada à praça no dia seguinte ao meio-dia. No minuto exato o soldado apareceu, e o rei lhe mandou que esvaziasse o conteúdo da caixa. Como era também bom soldado não perguntou o que a caixa continha. Ela estava cheia de penas, porém, e o vento espalhou-as em todas as direções.

“Volte amanhã aqui à mesma hora,” disse o rei, e o obediente soldado lá estava no dia seguinte. “Quero que ajunte todas as penas que o vento levou ontem,” disse o rei, “as coloque de novo dentro desta caixa.” O soldado respondeu: “Não é possível fazer isto.” E o rei disse: “Nem tampouco pode você trazer de volta todas as más palavras que tem falado a respeito de outros, não importa quão arrependido você possa ficar.”

O soldado tornou-se mais tarde um dos homens mais amáveis de sua companhia. Quanto necessitamos nós de orar: “Põe, ó Senhor, uma guarda… à porta de meus lábios!”