Segundo o Dicionário da Língua Espanhola (RAE), a identidade é o “conjunto de traços próprios de uma pessoa ou de uma coletividade que os caracterizam frente aos demais”. Isso quer dizer que a identidade de alguém ou de um grupo se define pelo que os diferencia dos demais. Dificilmente tomaríamos consciência de nossa identidade particular, se não fosse pelo fato de entrarmos em contato com outro grupo distinto de nós. A identidade se fortalece quando as diferenças podem ser ressaltadas. Se uma organização é criticada ou atacada, as diferenças se tornam evidentes; os ataques externos provocam a defesa própria e, assim, se destaca e ressalta a identidade própria. Definitivamente, a identidade está relacionada aos limites: aquilo que nos diferencia dos demais, além do que não estamos dispostos a ceder ou avançar.
Contudo, neste mundo pós-moderno relativista, que tende à massificação, existe pouca tensão exterior, e os limites da identidade podem parecer difusos. Isso pode atentar contra nossa identidade distintiva, como adventistas do sétimo dia. As seguintes sugestões podem ajudar a renovar e manter nossa identidade adventista em um nível pessoal.
Ter uma firme base teológica e filosófica. No centro de nossa identidade religiosa se encontram nossas doutrinas. Esses fundamentos devem ser resguardados cuidadosamente. A menos que conheçamos e entendamos as bases bíblicas de nossa identidade como igreja, será difícil manter um forte sentido de identidade denominacional. A partir dessas crenças se estabelecem também os princípios fundamentais que dão forma ao estilo de vida de seus membros. Embora a aplicação dos princípios possa variar conforme o tempo e o lugar, é importante respeitar os princípios bíblicos que formam a base de sua identidade.
A identidade é mais do que somente a base. Uma vez estabelecida a importância da base teológica, é necessário compreender que a identidade denominacional é mais do que somente as doutrinas ou os princípios. Existem outras peças importantes no edifício, como as paredes ou o teto. Desse modo, a identidade de uma igreja também é fortalecida por sua história denominacional. Além disso, o propósito de uma igreja tem um impacto importante, assim como os personagens, tanto do passado quanto do presente. Uma identidade saudável consiste em uma igreja ou congregação que é leal a si mesma, que entende seus fundamentos doutrinários e respeita e aprende de sua história.
Manter uma abertura equilibrada. Todo edifício tem portas e janelas. Desse modo, nossa identidade necessariamente tem pontos de contato com o exterior. Levantar muros de separação e isolamento pode levar ao fundamentalismo, cuja mentalidade obcecada buscará uma “igreja pura” com uma só classe de membros, e fechará as portas ao crescimento e ao cumprimento da missão. É importante entender e promover a unidade na diversidade, especialmente quando se trata de uma organização mundial como a Igreja Adventista. Se os fundamentos da identidade da denominação estão bem colocados, compreendidos e respeitados, não haverá perigo. Assim, será possível enriquecer o restante do edifício com as diferentes realidades geográficas, étnicas e culturais de seus membros.
Há também uma complicação nesse sentido. Numa sociedade tão mutável quanto a nossa, existe certa
tensão entre a igreja e a sociedade, especialmente quando se considera que a igreja deseja se manter relevante e em contato com a sociedade, enquanto pretende permanecer firme e fiel em suas convicções. Contudo, as três sugestões mencionadas proveem o seguinte: Em primeiro lugar, um firme fundamento teológico e filosófico, estabelecido sobre a Palavra de Deus. Na sequência, o reconhecimento e o respeito por outros aspectos da identidade que podem levar a um senso de missão e propósito plenos. Por último, considerando os elementos inamovíveis da identidade, aprender a aceitar as diferenças entre os membros que não atentam contra as bases e se manter abertos a uma interação saudável com a sociedade, a fim de continuar sendo relevante neste mundo inconstante.
“A menos que conheçamos e entendamos as bases bíblicas de nossa identidade como igreja, será difícil
manter um forte sentido de identidade denominacional.”
Walter Steger, formado em Teologia, é editor associado da Ministério, edição em espanhol