Existe o conceito de que Jesus operou a Sua própria ressurreição. Pelo menos vinte e seis textos bíblicos dizem que foi Deus, o Pai, quem O ressuscitou. Este artigo analisa despretensiosamente esta questão.

As conferências do Pastor Enoch de Oliveira, na cidade do Recife, em 1956, estavam indo muito bem. Os milhares de convites que distribuíamos durante o dia, traziam para ouvir as palestras à noite centenas de pessoas. O salão do Sindicato dos Bancários, em frente ao suntuoso templo presbiteriano, muitas vezes não tinha espaço para tanta gente.

Certa noite, quando os temas das conferências já se encontravam em fase avançada, prevalecendo-se da permissão concedida ao auditório para fazer perguntas, um cidadão interrogou o conferencista, querendo saber se, ao morrer Jesus, a divindade morreu. Era a primeira vez que eu ouvia uma pergunta tão embaraçosa, embora tivesse acabado de receber o meu diploma de teologia.

Honestamente, depois de quase quarenta anos de feita a pergunta, já não seria capaz de lembrar com exatidão o que o talentoso orador respondeu. Mas deve ter satisfeito o interpelante; pois este, ao que me lembre, não insistiu no assunto.

Passados, contudo, trinta e cinco anos, a pergunta do ouvinte continua a inquietar-me. Desde aquela ocasião, passei a indagar a mim mesmo a respeito de que aspecto da pessoa de Jesus teria morrido — Seu aspecto humano, divino, os dois ou ainda outro que porventura pudesse existir — e o que isto representava para minha necessidade de ser humano pecador. E tenho ficado com, no mínimo, uma forte impressão de que as Escrituras favorecem a idéia de que toda a pessoa de nosso amado Salvador foi envolvida na tarefa de resgatar-me; de que nada menos do que o Seu ser como um todo, bastaria para saldar a dívida por mim contraída. “O salário do pecado é a morte” (Rom. 6:23), e Ele provou essa morte em meu lugar.

Possuidor de idéias nitidamente protestantes, o autor da pergunta certamente não admitia o envolvimento de toda a pessoa de Cristo pela morte. Defensor de que existe no homem uma entidade que sobrevive à extinção da vida, não iria admitir que logo no caso de Cristo a situação pudesse ser diferente. E o seu ponto de vista acaba exercendo influência até sobre quem discorda dele em outros temas das Escrituras. A preocupação de estar aceitando uma heresia, faz com que acabemos não desejando aprofundar-nos neste assunto. Se quisermos, porém, deter-nos, examinando-o, verificaremos que se trata de um dos temas que mais respaldo bíblico recebem.

O exame das declarações de Jesus

Podemos iniciar a investigação do envolvimento total de Jesus, por ocasião de Sua morte, observando o que se encontra em Suas próprias declarações. Talvez aquilo que temos usado para afirmar a exclusão de alguma parte de nosso Senhor ao morrer, seja precisamente o elemento que nos leve a pensar de maneira diferente.

Nas ocasiões em que procurou apresentar-Se semelhante a Deus, como em João 5:26, usou Jesus a palavra “vida” como elemento comum a Ele e a Seu Pai. “Porque assim como o Pai tem vida em Si mesmo”,, disse o Salvador, “também concedeu ao Filho ter vida em Si mesmo”. Como o Pai, o Senhor Jesus declarou possuir vida própria, não derivada. Principalmente o evangelista João, ressalta esta característica de Cristo com muito empenho. Em inúmeras ocasiões, tanto o evangelho como as epístolas do escritor, põem em relevo essa característica do Filho de Deus.

Mas ao mesmo tempo que salienta o fato de ser Cristo possuidor de vida, como o é o Pai, o evangelista deixa margem para se crer que, no caso de Jesus, e por causa do plano da redenção, essa vida que Ele detinha era passível de morte. Assim, em João 10:17 e 18, declara Ele: “Por isso o Pai Me ama, porque Eu dou a Minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de Mim; pelo contrário, Eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de Meu Pai.”

Por duas vezes, nestes versos, usa Jesus a palavra “dar”, e uma para a palavra “entregar”. Não obstante Se opusesse a que alguém Lhe tirasse a vida, estava, contudo, disposto a entregá-la espontaneamente. De maneira que, o que entra em discussão é a entrega voluntária ou forçada da vida, e não o fato de poder esta ser eliminada. Discute-se a forma, e não a possibilidade da extinção da vida.

Alguém poderá opinar que Jesus não estava pretendendo salientar este aspecto de Sua vida, mas o de que Ele era dono da vida. A interpretação de um verso bíblico, procurando ressaltar o lado menos frisado, contudo, não é inusitada. São Mateus 10:28 é exemplo disto. O texto citado não discute se temos ou não alma, nem se esta é mortal ou imortal. Mas tem sido usado para mostrar que “se existe alma” esta é mortal; pois Jesus declara: “Temei antes Aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.” O que não parece preocupação do texto, acaba sendo o ponto relevante.

Na carta aos Efésios, o apóstolo Paulo segue esse tipo dedutivo de exegese; por sinal, ligado com a ressurreição de nosso Senhor. Depois de citar o Salmo 68:18, que fala de Jesus ter subido ao alto levando o cativeiro e concedendo dons aos homens (Efés. 4:8), pergunta ele: “Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido até às regiões inferiores da terra?” (verso 9). Por dedução, que o texto realmente favorece, o apóstolo observa na palavra subir uma decorrência de ter descido, embora o salmista não diga isso expressamente.

Na linguagem bíblica, as palavras “dar a vida” ou “entregar-se” são usadas para se referir à morte de Cristo. Escrevendo aos romanos a respeito do papel que Cristo desempenhou, visando salvar a raça humana, o apóstolo Paulo declara: “O qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rom. 4:25). Qualquer leitor das Escrituras entende que a palavra “entregar-se”, referente a Cristo, neste e em outros textos bíblicos, está falando de Sua morte, em contraste com a palavra ressurreição.

O apóstolo usa esta palavra em outros lugares dos seus escritos. Ao enviar, por exemplo, suas saudações aos gálatas, ele as faz acompanhar das palavras: “O qual [Senhor Jesus Cristo] Se entregou a Si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai” (Gál. 1:4). E o discípulo amado, salientando a maneira pela qual podemos conhecer o amor, diz: “Nisto conhecemos o amor, em que Cristo deu a Sua vida por nós” (I João 3:16, grifo suprido).

Quando Jesus afirma, portanto, que tem poder para dar ou entregar a Sua vida, está dizendo que esta vida que pode ser entregue, ainda que por Sua livre vontade, pode morrer. Não poderia “reavê-la” (João 10:18) se não a tivesse entregue antes, o que implica em morrer. De maneira que, em lugar de serem categóricas em afirmar que a divindade (se quisermos usar essa palavra em lugar de vida) não morreu, estes versos de João sugerem o oposto. O problema, repetimos, estava apenas em a vida ser tirada contra a vontade do seu dono, ou ser espontaneamente entregue; e não, em o seu possuidor ter ou não possibilidade de morrer.

A prerrogativa de nosso Senhor de poder entregar a vida, aqui salientada, está plenamente de acordo com o que escreve Paulo aos filipenses. Falando de Cristo, diz ele: “Pois Ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-Se em semelhança de homens; e… a Si mesmo Se humilhou, tornando-Se obediente até à morte, e morte de cruz” (Filip. 2:5-8).

Um resumo do conteúdo dos textos citados, portanto, permite-nos deduzir o seguinte: Jesus subsistia em forma de Deus, tendo entre outras características a de possuir vida em Si mesmo. Por vontade própria, contudo, esvaziou-Se temporariamente (Heb. 2:9) dessa prerrogativa, entregando-Se ou Se dando pelos nossos pecados. Ou seja, aquilo que tinha em igualdade com Seu Pai, esteve temporariamente morto. Por isso, escreve Paulo: “andai em amor, como também Cristo vos amou, e Se entregou a Si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus em aroma suave” (Efés. 5:2).

Deus ressuscitou a Cristo

Mas, se Jesus e tudo o que Lhe dizia respeito morreu, então quem ressuscitou a Cristo? perguntará alguém.

É bom lembrar que poucas doutrinas das Escrituras contam com tantos textos bíblicos a seu favor, como a doutrina de que Deus ressuscitou a Cristo. No mínimo 26 passagens do Novo Testamento declaram esta verdade. Mesmo assim, parecem não ser suficientes para que nos convençamos de que foi isso mesmo que aconteceu. Só no livro de Atos há doze vezes esta afirmação, seguindo-se a carta aos Romanos com cinco, I Coríntios com duas, II Coríntios e Gálatas com uma cada, duas em Efésios, uma em Colossenses e uma em I Tessalonicenses e, finalmente, uma em I Pedro. Em todos esses textos, os escritores são taxativos em afirmar que Deus ressuscitou a Jesus. Em nenhum deles insinuam, sequer, os autores, que Jesus ressuscitou a Si mesmo. E, para que não haja dúvida com respeito ao Deus a quem se referem, muitas vezes falam do Pai.

O assunto foi tratado com tanta seriedade, que o apóstolo Paulo chegou a considerar como motivo para serem taxados de caluniadores de Deus, o fato de eles declararem que Deus havia ressuscitado a Cristo, caso Ele realmente não houvesse feito isto. “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação”, diz ele, “e vã a vossa fé; e somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que Ele ressuscitou a Cristo, ao qual Ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam” (I Cor. 15: 14 e 15).

O apóstolo e seus contemporâneos que tiveram o privilégio de ver a Cristo depois da ressurreição, “asseveravam” que Deus ressuscitou a Jesus. Se, portanto, tal asseveração pudesse ser de alguma foram negada, fatalmente passariam a ser considerados como falsas testemunhas de Deus. Estariam afirmando algo em nome de Deus, que Ele não havia feito. Paulo, contudo, bem como seus companheiros, estavam certos do que asseveravam ao povo.

A primeira pessoa a pregar a ressurreição, de acordo com o livro de Atos, foi o apóstolo Pedro, por ocasião do Pentecostes. Em seu discurso aos perplexos israelitas naquele dia de efusão do Espírito Santo, citou primeiramente a profecia de Joel e, em seguida, o salmo dezesseis. Nesse salmo, explicou, Davi não se referia a si mesmo, quando afirmou: “Não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o Teu Santo veja corrupção” (Atos 2:31), mas a Cristo; e acrescentou: “A este Jesus Deus ressuscitou, de que todos nós somos testemunhas” (Atos 2:32). Pedro repetia agora as palavras que, por inspiração, Davi havia pronunciado vários séculos antes: “Não deixarás a minha alma na morte”. Alguém estaria responsável por tirar da morte o Santo Filho de Deus, e este era o Seu próprio Pai. Pedro era testemunha disso.

Com a mesma convicção de Pedro, o apóstolo Paulo se dirigiu mais tarde aos ouvintes da sinagoga de Antioquia da Pisídia. Como seu colega de apostolado, citou também o salmo dezesseis, dando-lhe a mesma interpretação. Concluiu com a declaração: “Porém, Aquele a quem Deus ressuscitou, não viu corrupção” (Atos 13:37).

Afirmações curiosas

Um texto bastante curioso é Salmo 2:7. Ele aparece pelo menos mais três vezes no Novo Testamento. Duas vezes na Epístola aos Hebreus e uma no livro de Atos. Paulo cita esse verso em Atos, no contexto da ressurreição. Diz ele: “Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como Deus a cumpriu plenamente a nós, Seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no salmo segundo: Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei” (Atos 13:32-34).

Os comentaristas admitem que as palavras do salmo em questão estejam ligadas à ressurreição de Jesus. Mas sequer as relacionam com o fato de que elas possam estar tratando do ato divino de devolver a vida a Cristo. Parecem pensar na ressurreição depois da tumba, e não enquanto aquela se processava no interior desta. Ao citar o salmo, porém, Paulo dá a impressão de estar presenciando o ato de Deus de dar vida, de trazer à existência. Aquele que no passado já existia, pelo fato de ser um com Deus, estava hoje dependendo do Pai para Lhe devolver aquilo que Ele havia depositado em Suas mãos na cruz do Calvário. Nela, o Salvador exclamou: “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito” (Luc. 23:46), e adormeceu até ser despertado na manhã da ressurreição.

Paulo declara que o poder exercido por Deus para ressuscitar a Cristo, e o que Ele usa para dar vida espiritual ao ser humano caído, são o mesmo. Na carta aos Efésios, ele fala da “eficácia da força do Seu poder (de Deus); o qual exerceu Ele em Cristo, ressuscitando-O dentre os mortos, e fazendo-O sentar à Sua direita nos lugares celestiais” (cap. 1:19 e 20). Em seguida, revela aos efésios: “E estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e juntamente com Ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Efés. 2:5 e 6).

É interessante verificarmos que, de acordo com Paulo, na carta aos Efésios, o que acontece conosco em sentido espiritual, ocorre “em Cristo”, isto é, em Sua pessoa; o que aconteceu com Cristo se passou com a própria pessoa dEle. Isto é, recebemos vida espiritual nEle, porque Ele recebeu vida no sentido literal. Podemos assentar-nos “nos lugares celestiais em Cristo Jesus”, porque Ele ali está assentado. E temos vida nEle, figurativamente, porque Ele a recebeu de fato. E isto aconteceu porque Deus usou a “eficácia da força do Seu poder… ressuscitando-O dentre os mortos”.

Um com o Pai após a ressurreição

Ao pensarmos que foi Deus quem ressuscitou a Jesus, e não Cristo quem ressuscitou a Si mesmo, poderemos ser levados a perguntar se isto não deixaria nosso Senhor numa posição de inferioridade em relação a Seu Pai. Poderia Ele ainda afirmar, depois da ressurreição, que era “um” com o Pai?

Embora essa preocupação seja admissível, as Escrituras deixam claro que podemos tranqüilizar-nos a seu respeito. Certamente os apóstolos, da mesma forma que nós, viram-se diante dessa hipótese. Contudo, em nenhum momento falaram sobre ela, pois a convicção que tinham, de que nosso Senhor reassumiu a posição que tinha na eternidade, era absoluta.

Depois de falar aos israelitas sobre “este Jesus [que] Deus ressuscitou” (Atos 2:32), o apóstolo Pedro trata imediatamente da exaltação de Cristo, nos seguintes termos: “Exaltado, pois, à destra de Deus,… derramou isto que vedes e ouvis” (verso 33). Para o apóstolo, o derramamento do Espírito Santo era a comprovação de que Cristo havia voltado ao Céu, e de que fora “exaltado à destra de Deus”. Não havia, na mente de Pedro, lugar para supor que Jesus sofrerá alguma diminuição de poder. Para ele, houve exaltação.

O apóstolo Paulo diz que o mesmo poder que ressuscitou a Cristo, também O fez “sentar à Sua [de Deus] direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro” (Efés. 1:20 e 21). Paulo estava inteiramente convencido de que o Senhor Jesus retomou ao Céu investido de todos os poderes e títulos que O nivelavam com o Pai. Todo nome e posição que alguém tenha ou venha a ter no futuro, estará aquém, em importância, do nome que nosso Salvador recebeu ao retomar ao Céu.

Ao salientar a importância de Jesus sobre os anjos, o escritor da carta aos Hebreus fala primeiramente da inversão que houve nessa posição, “por um pouco” (Heb. 2:7), para em seguida falar da exaltação de nosso Senhor. “De glória e de honra O coroaste”, diz o escritor, citando o Salmo oito.

Dessa maneira, os escritores, tanto do Antigo como do Novo Testamento, que falam sobre a ressurreição de Cristo, longe de revelar qualquer dúvida quanto à divindade de Jesus após deixar Ele a sepultura, são unânimes em proclamá-la. Todos eles afirmam que nosso Senhor voltou glorificado à posição que ocupava nos tempos eternos (João 17:5).

O homem e os anjos não poderiam

Volto ao que foi dito no começo. Não posso entender que Jesus não Se tenha entregue como um todo. Minha salvação correria perigo, caso não tivesse Ele aberto mão da Sua igualdade com Deus, por algumas horas, para voltar da sepultura trazendo as chaves da morte. Ninguém menos que Ele seria capaz de realizar tão grande feito.

A grande pergunta que continua sem resposta é: “Que daria um homem em troca de sua alma?” (Marcos 8:37). Não há lado para onde se volte, em que encontre o homem solução para o seu problema. Todos os recursos de que tente valer-se para salvar-se, a não ser Cristo, são sem valor. Mesmo que pudesse chegar ao mais elevado grau de perfeição, depois de ter sofrido a experiência do pecado, não poderia salvar a si mesmo.

Os anjos, tampouco, poderiam ocupar a posição de salvadores. Embora pudessem vir a ocupar importantes funções no plano da redenção, não poderiam salvar o homem por meio da entrega da própria vida. Ellen White refere-se a esta impossibilidade, dizendo: “Os anjos prostraram-se aos pés de seu Comandante, e ofereceram-se para serem sacrifício para o homem. Mas a vida de um anjo não poderia pagar a dívida; apenas Aquele que criara o homem tinha poder para o redimir.” — Patriarcas e Profetas, pág. 59. E declara no livro Primeiros Escritos, pág. 150: “Os anjos prostraram-se diante dEle. Ofereceram suas vidas. Jesus lhes disse que pela Sua morte salvaria a muitos; que a vida de um anjo não poderia pagar a dívida. Sua vida unicamente poderia ser aceita por Seu Pai como resgate pelo homem.”

A citação seguinte parece deixar ainda mais definida a questão de não poderem os anjos ocupar a função de salvadores, entregando a vida em favor do homem. Diz Ellen White: “Os anjos estavam tão interessados na salvação do homem que se podiam encontrar entre eles os que deixariam sua glória e dariam a vida pelo homem que ia perecer. Mas, disse o anjo, isto nada adiantaria. A transgressão era tão grande que a vida de um anjo não pagaria a dívida. Nada a não ser a morte e intercessão de Seu Filho pagaria essa dívida, e salvaria o homem perdido da tristeza e miséria sem esperanças” — Idem, págs. 151 e 152.

Vê-se, portanto, que a questão não era o fato de não haver quem se prontificasse a morrer em lugar do homem, nem o grau de santidade daqueles que a isso se dispunham — os anjos são seres perfeitos — mas o motivo de não terem esses entes perfeitos criado o homem. Em outras palavras, o fato de não serem deuses.

Quando, “cheio do Espírito Santo” (Atos 4:8), Pedro declarou que “abaixo do Céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (verso 12), estava convencido do que dizia. Sabia que não bastava ter alcançado a perfeição, para ser salvador; era preciso ser divino; era preciso ter criado o homem. Não bastava ter vida; era preciso ser Deus — e não ter insistido em sê-lo por algumas horas!

O apóstolo Paulo deu um sentido vital ao fato de Deus ter ressuscitado a Cristo, quando escreveu aos romanos. Em Romanos 10:9, declarou ele: “Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus O ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” É condição para sermos salvos, afirma o autor de Romanos, que creiamos em que Deus ressuscitou a Jesus. Cremos assim?

Almir A. Fonseca, redator de O Ministério