Alega-se que os adventistas do sétimo dia ensinam que só êles constituem a última e completa “igreja remanescente” mencionada no livro de Apocalipse. Isto é verdade, ou admitem os adventistas do sétimo dia que “remanescentes” são aquêles que em tôdas as denominações permanecem fiéis às Escrituras e à fé que uma vez foi dada aos santos? Afirmam os adventistas que na época atual são êles as únicas testemunhas verdadeiras do Deus vivo, e que sua observância do sábado do sétimo dia é um dos maiores sinais que os identificam como a igreja remanescente de Deus?

A resposta a esta tríplice pergunta dependerá grandemente da definição que se dê à palavra “remanescente.” Se, conforme se deduz da segunda parte, “remanescente” significa a igreja invisível, nossa resposta à primeira parte é um Não incondicional. Os adventistas do sétimo dia nunca procuraram comparar sua igreja com a igreja invisível — “aquêles que em tôdas as denominações permanecem fiéis às Escrituras.” Se o vocábulo “remanescente” é empregado no sentido da definição que aparece em Apocalipse 12:17, uma resposta apropriada exigirá a apresentação de certos pontos fundamentais.                             

Cremos que a profecia de Apocalipse 12:17 aponta para a experiência e obra da Igreja Adventista do Sétimo Dia, mas não cremos que só nós constituímos os verdadeiros filhos de Deus — que somos os únicos e autênticos cristãos que atualmente existem sôbre a Terra. Cremos que Deus possui um grande número de seguidores fervorosos, leais e sinceros em tôdas as comunidades cristãs, que, no dizer da pergunta, são “testemunhas verdadeiras do Deus vivo na época atual.” Ellen G. White expressou claramente nosso ponto de vista: “Em que corporações religiosas se encontrará hoje a maior parte dos seguidores de Cristo? Sem dúvida, nas várias igrejas que professam a fé protestante.” — O Conflito dos Séculos, (Nova Ed., Revista), pág. 414.

Existe um fundo histórico para a nossa interpretação de Apoc. 12:17.

Durante todos os séculos houve negligência e esquecimento de verdades que precisavam ser salientadas novamente, desvios e apostasias que precisavam ser protestados, reformas que precisavam ser efetuadas. Deus colocou sôbre o coração de alguns a responsabilidade de proclamar estas verdades.

A Reforma Protestante separou-se da igreja papal proclamando os desprezados ou olvidados princípios do evangelho, e rejeitando as crassas apostasias daquele tempo, A separação tornou-se inevitável por causa da atitude da igreja oficial. Logo, porém, que os homens conscienciosos nas várias comunidades salientaram diferentes aspectos da verdade, surgiram sérias divergências entre as corporações reformadas. Em breve vieram à existência várias igrejas nacionais e de Estado. Estas sustentaram diferentes pontos da verdade.

Assim, do grupo reformador na Inglaterra, formou-se a Igreja Anglicana. Mas em virtude de reter-se tanto do ritual, das formas e do cerimonial católico, levantaram-se vários grupos separatistas e independentes. Por causa da oposição que se lhes moveu e da rejeição de suas contribuições espirituais, os batistas e outros grupos independentes levantaram-se na Inglaterra e no continente europeu. Êstes não sòmente salientavam um evangelho mais puro, mas realçavam o batismo por imersão, a liberdade de consciência e a separação entre a Igreja e o Estado. Deram êles outro passo para mais longe de certos aspectos da teologia medieval que foram retidos pelas igrejas reformadas.

João Wesley e seus partidários, que buscavam santidade de vida e salientavam a graça abundante, foram ridicularizados e proscritos, e com o tempo viram-se obrigados a formar uma corporação separada. Na América, no século seguinte, Alexandre Campbell e seus adeptos, crendo que era necessária uma reforma, organizaram seu próprio grupo. Dêste modo originaram-se muitas denominações.

No início do século vinte, quando o racionalismo e a alta crítica haviam penetrado em muitas igrejas — negando a inspiração total das Escrituras; a divindade de Cristo; Seu nascimento virginal; Sua vida sem pecado e sua vicária morte expiatória; Sua ressurreição e ascensão literais; o ministério celestial de Cristo; e Seu segundo, pessoal e pré-milenário advento — Deus suscitou muitos líderes corajosos, para proclamar a fé que uma vez foi entregue aos santos. Com o correr do tempo êsse despertamento exigiu um rompimento, e ocorreu uma separação nas fileiras do protestantismo. Refletiu-se isto em grupos antitéticos, tais como o Conselho Nacional de Igrejas e a Associação Nacional de Evangélicos.

Os adventistas crêem que existem verdades especiais para o presente, que Deus os incumbiu de transmitir. Sentimos claramente que precisamos salientar certas verdades que foram negligenciadas, restabelecer outras que a maioria das corporações protestantes não mais defendem e continuar a obra da Reforma. Mantemos as verdades básicas do evangelho em comum com os cristãos conservadores em geral. O batismo por imersão e a liberdade de consciência, ou a separação entre a Igreja e o Estado, nós os partilhamos com os batistas e alguns outros; a ênfase sôbre a piedade de vida e a graça abundante, partilhamos-na com os metodistas; o sábado do sétimo dia nós o partilhamos com os batistas do sétimo dia; e assim por diante. A ênfase especial sôbre a proximidade da volta de Cristo foi realçada dentro das igrejas cristãs, durante o despertamento mundial do Advento, nas primeiras décadas do século dezenove. Isso é o que continuamos a proclamar.

Reconhecemos que Deus estêve dirigindo todos êsses reavivamentos e reformas, mas os adventistas do sétimo dia têm a profunda convicção de que o mundo agora não sòmente precisa ser advertido no tocante à iminência dêsse transcendente evento da Terra — a segunda vinda de Cristo — mas que tem de ser preparado um povo para o encontro com o Senhor. Achamos, portanto, que o mundo de hoje exige que se dê ênfase a certas verdades especiais. Cremos estar vivendo na hora do juízo de Deus (Apoc. 14:6 e 7), e que o tempo se está esgotando. Cremos (em comum com a maioria dos credos históricos) que os Dez Mandamentos constituem a norma para o viver de todos os cristãos, e que Deus julgará o mundo por meio dessa mesma lei (S. Tiago 2:12). Além disso, temos a convicção de que o sábado do sétimo dia é prescrito pelo quarto mandamento do Decálogo.

A essa altura, porém, desejamos tornar a salientar o que já declarámos na Pergunta 11, isto é, que os esforços que se faz para obedecer à lei de Deus, embora estritos, jamais podem servir de base para a salvação. Somos salvos por intermédio da justiça de Jesus Cristo recebida como uma dádiva da graça, e unicamente da graça. O sacrifício de nosso Senhor no Calvário é a única esperança da humanidade. Mas tendo sido salvos, alegramo-nos de que as justas exigências da lei se cumprem na experiência do cristão “que não anda segundo a carne mas, segundo o espírito”, e que pela graça de Deus vive em harmonia com a vontade revelada de Deus. Acompanhando, como o fazemos, os princípios da escola histórica de interpretação profética, temos a convicção de que os acontecimentos descritos em Apocalipse 14 a 17 se estão cumprindo, ou estão no caso de encontrar o seu cumprimento. A fim de preparar homens em tôda a parte para o que está para sobrevir à Terra, Deus envia uma mensagem especial, contida na expressão “evangelho eterno … a cada nação, e tribo, e língua e povo” (Apoc. 14: 6). Essa mensagem insta com os homens para abandonarem tôda a maneira errada de viver e a adorarem o Deus verdadeiro que criou os céus e a Terra. Ademais, cremos que Deus fêz surgir o movimento adventista do sétimo dia para levar Sua mensagem especial ao mundo de hoje.