Recentes mudanças em diversas congregações adventistas nos Estados Unidos, e em outros lugares, têm levantado a questão de ser o chamado “culto de celebração” uma ameaça neo-pentecostal. Algumas pessoas até consideram perigoso o simples uso da palavra “celebração”, associada a algum componente do serviço de culto. Seria tal preocupação justificável?

Este artigo não é uma análise das congregações adventistas autodenominadas “centros de celebração”. É apenas uma tentativa de advertir quanto a algo parecido com o perigo de se querer rejeitar um bebê só porque ele pode chorar à noite, molhar a cama ou sujar a banheira.

Independente da visão que alguns têm do chamado “movimento de celebração” no adventismo, o real ou suposto abuso de uma coisa boa não deve impedir o seu legítimo uso. Afinal, embora cobiçosos mercenários constantemente estejam fazendo mau uso da Bíblia, nós continuamos a estudá-la. A sociedade desvirtuou o uso do dinheiro e o próprio sexo. Mas Deus não nos chamou para sermos pobres celibatários. Alguns críticos do “movimento de celebração” afirmam categoricamente que não vivemos em tempo de celebração. Isso deve ser feito na volta de Cristo, dizem eles. Possivelmente estejamos perdendo algo belo se levarmos muito a sério esse discurso. O verdadeiro evangelho requer louvor. Isto é fundamental para a vida e o evangelismo da Igreja Adventista. É vital para a saúde dos cristãos como indivíduos. Sem isso nossas almas enlanguescem.

Se isto é verdade, deve estar bem claro na Bíblia. E efetivamente está. Em meio aos esforços para sermos cristãos autênticos em um mundo espiritualmente decaído, o chamado bíblico para celebrar a preciosa graça de Deus, torna-se simplesmente urgente. Especialmente à medida em que a volta de Cristo se aproxima, o culto cristão deve caracterizar-se pelo contentamento, confiança e encorajamento.

A Bíblia não nos chama para escolher entre celebrar e lamentar. Ensina-nos quando e por que devemos viver cada uma das duas experiências.

O foco do louvor

Cultuar é um verbo. Implica devoção ativa. Deve o culto ser caracterizado pela celebração, ou pelo gemido e clamor “por causa das abominações que se cometem na Terra”? A resposta depende primeiramente de qual se-ja o foco do nosso louvor: está ele centralizado na grande salvação de Deus, através da morte de Cristo, ou em nosso desejo de alcançar perfeição de caráter?

É o culto coletivo o momento de focalizarmos sobre nós mesmos e o que estamos fazendo por Deus ou, antes, sobre o que Deus é e o que Ele tem feito por nós? A resposta é determinada em grande parte pe-la base sobre a qual nós colocamos nossa esperança de salvação. Se confiamos na todo suficiente perfeição da vida, morte e ressurreição de Cristo, então nosso culto celebrará segurança nEle. Mas se fundamentamos nossa esperança em uma futura perfeição da geração final, então o culto torna-se limitado pela aflição por causa de nossas falhas em alcançar esse ideal.

Tudo o que conquista nossa atenção, também nos conquista. Se o tema predominante e o foco do louvor está sobre nós mesmos — mesmo sobre nosso desejo de sermos cheios do Espírito, inocentes —, então estamos consentindo com o louvor próprio farisaico (S. Luc. 18:9-12; S. Mat. 7:22 e 23). De igual forma, se nosso culto focaliza os altos e baixos da denominação, teremos um louvor próprio coletivo.

Admitindo a teologia de muitos que condenam cada forma de culto de celebração, é possível aceitar que sua oposição a isso é justificada. Se a mensagem adventista requer preocupação com a nossa própria inocência, então o culto torna-se um tempo de aflição. Humildade legítima é resultado de nos focalizarmos à luz da santidade de Cristo: “Quanto mais nos achegarmos a Jesus e mais claramente discernirmos a pureza de Seu caráter, tanto mais claramente discerniremos a extraordinária malignidade do pecado, e tanto menos teremos a tendência de nos exaltar. …

“Nenhum dos apóstolos ou profetas jamais pretendeu estar isento de pecado. …

“A cada avanço na experiência cristã nosso arrependimento aprofundar-se-á. … Saberemos que só em Cristo temos suficiência. Faremos nossa a confissão do apóstolo: ‘Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum.’ ‘Longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.’’’1

A questão básica é se o culto representa um momento para focalizar sobre nós mesmos ou sobre Deus. Salomão escreveu: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: Há tempo de nascer, e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derribar, e tempo de edificar; tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de saltar de alegria’’ (Ecl. 3:1-4).

Evidentemente, todas essas coisas, incluindo o pranto e o riso, têm seu lugar próprio na vida humana. Assim, há um tempo para profundo arrependimento e um tempo para grande confiança; um tempo para encarar nossos pecados e um tempo para regozijo em nosso Salvador. A Bíblia é clara.

Diante da cruz

Quando nós focalizamos sobre Cristo crucificado, ressurrecto, e prestes a vir, a exultação é inevitável. Na verdade, é vergonhoso não fazê-lo. Ellen White censura os que criticam a manifestação de entusiasmo à luz da graça de Deus: “Seu braço trouxe salvação. O preço foi pago para obter a redenção do homem, quando, à última alma em luta foram proferidas as abençoadas palavras, como que ressoando através da criação: ‘Está consumado’… Aí está um te-ma, miserável formalista, que é suficiente para excitá-lo. Sobre esse tema é pecado permanecer silencioso e desapaixonado. As cenas do Calvário clamam por profunda emoção.. .”2

Não há dúvidas sobre isso. O centro do verdadeiro culto cristão é a celebração da vitória da cruz, pela qual:

  • 1. Deus tanto amou o mundo que deu o Seu Filho único como sacrifício expiatório (S. João 3:16; I João 4:9 e 10).
  • 2. O curso do pecado em nossa vida foi mudado pela suficiência da vida de Cristo, permitindo-nos ser apresentados completos nEle diante do Pai (Col. 2:9 e 10; Heb. 10:14).
  • 3. Cristo recebeu a punição a nós reservada, fazendo uma expiação totalmente capaz, livrando-nos da ira de Deus (Col. 1:19-22; Rom. 5:9 e 10).
  • 4. Jesus prometeu jamais abandonar-nos (S. Mat. 28:19 e 2).
  • 5. Temos a garantia de que quem tem o Filho tem a vida eterna, e não sofre conde-nação (I João 5:11-13; Rom. 8:1, 31-39).
  • 6. Depois de aceitarmos o evangelho da nossa salvação, somos selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa (Efé. 1:13 e 14).

Diante de tudo isso, exuberância e destemor são duas características do culto no Novo Testamento (Rom. 14:17; Fil. 2:17 e 18; 3:1; 4:4; I Tes. 5:16-18; Heb. 4:16; 10:19-23).

Tempo de chorar

As 5h30m de cada manhã, eu me levanto para caminhar e conversar com o Senhor. Enquanto caminho, leio um Novo Testamento de bolso através do qual Deus fala à minha alma. Por algumas semanas, recentemente, aprofundo qual Deus fala à minha alma. Por algumas semanas, recentemente, aprofundei-me na leitura de Efésios 4 e 5 e Colossenses 3, que comunicam o extraordinariamente elevado chamado para santidade em Cristo. Manhã após manhã Deus humilhou a minha alma, advertindo-me das fraquezas da minha vida e chamando-me para um elevado compromisso com a santidade.

Numa ocasião de auto-exame é apropriado que estejamos contritos diante de Deus (Isa. 55:6-12; I Ped. 5:6). Esse é o tempo para humilhação, lamento e confissão de pecados; o tempo para sentir fome e sede da verdadeira justiça de Cristo, a qual excede a dos escribas e fariseus que gastam toda a sua vida buscando uma justiça interior por seus próprios méritos (S. Mat. 5:3-7 e 20; 6:33; Fil. 3:7-10).

Um exame pessoal e coletivo, se desenvolvido sob a direção do Espírito, produz o mesmo resultado: humildade, à luz de nossa indignidade (S. Luc. 17:10). A igreja necessita compreender que mesmo nossas melhores realizações são um constante convite à contrição. A cada avanço no caminho cristão, essa experiência deve se aprofundar.

As obras de Deus

Por mais minucioso que seja, um exame pessoal e coletivo, não é o centro do verdadeiro culto cristão. David declara: “Exaltar-Te-ei, ó Deus meu, e Rei; bendirei o Teu nome sempre… Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado; … Uma geração louvará a outra geração as Tuas obras, e anunciará os Teus poderosos feitos. Meditarei no glorioso esplendor da Tua majestade, e nas Tuas maravilhas. Falar-se-á do poder dos Teus feitos tremendos, e contarei a Tua grandeza. Divulgarão a memória de Tua muita bondade, e com júbilo celebrarão a Tua justiça” (Sal. 145:1-7).

O culto como celebração da bondade exclusiva de Deus é algo muito claro nos Salmos. Mas, o que dizer a respeito dos últimos dias? Foi porventura transferido o foco do louvor, dos grandes atos de Deus no passado (que produzem esperança futura), para a confiança em nossos esforços próprios em busca de perfeição? Produz porventura o crisol do apocalipse um povo que pode finalmente cantar: “Digno é o Cordeiro — e eu?”

Não, evidentemente. As Escrituras jamais mudaram a orientação para comunidade adoradora. Eis o louvor daqueles que são vitoriosos sobre a besta e a sua imagem: “.. .Grandes e admiráveis são as Tuas obras, Senhor Deus, todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei das nações! Quem não temerá e não glorificará o Teu nome, ó Senhor? pois só Tu és santo; por isso todas as nações virão e adorarão diante de Ti, porque os Teus atos de justiça se fizeram manifestos” (Apoc. 15:3 e 4).

Nossa fortaleza

Vejamos que tipo de louvor Deus esperava de Seus filhos nos dias de Neemias (Neem. 8:9 e 10). A colocação é feita depois que os judeus retomaram à Jerusalém, vindos do cativeiro babilônico. Eles se tinham afastado de Deus e esquecido o Torah, mas agora um remanescente havia voltado para reconstruir sua cidade e sua fé. Esdras os dirigiu a um estudo do livro de Moisés, de tal maneira “que entendessem o que liam” (8:8). O povo sentiu tanta angústia por haver se afastado da vontade de Deus, que começou a chorar. Esdras, Neemias e os líderes responderam: “.. .Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, pelo que não pranteeis, nem choreis; … Ide, comei carnes gordas, tomai bebidas doces e enviais porções aos que não têm nada pre-parado para si; porque este dia é consagrado ao nosso senhor; portanto não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força.” (vs. 9 e 10).

De acordo com a leitura de Neemias, o povo tinha reais imperfeições e problemas pelos quais se afligir. Mas depois que eles retomaram para Deus, deveriam louvá-Lo, ouvir Sua Palavra redentora e focalizar nEle sua alegria. Nesse contexto, a alegria do Senhor era sua fortaleza, a maior fortaleza de que necessitavam para enfrentar e vencer seus pecados na batalha da vida espiritual.

A Bíblia torna claro que em Cristo somos todos absolvidos diante de Deus (Rom. 5:1; 8:1). Por causa desse veredicto (Rom. 8:31-34), vivemos agora os alegres anos do jubileu. Notemos a confissão de louvor feita pelo profeta Isaías: “E a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria em vez de pranto, veste de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça. .. .Em lugar da vossa vergonha tereis dupla honra, em lugar da afronta exultareis na vossa herança… e tereis alegria perpétua (Isaías 61:3-7).

Isaías muda sua fala para uma primeira pessoa confessional para expressar a atitude da comunidade de Cristo em louvor, numa confissão do regozijo naquilo que Cristo tem feito por nós: “Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu de vestes de salvação, e me envolveu com o manto de justiça, como noivo que se adorna de turbante, como noiva que se enfeita com as suas jóias. Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o jardim faz brotar o que nele se semeia, assim o Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor perante todas as nações” (vs. 10 e 11).

Começa a real celebração

Quando Jesus Cristo saiu da tumba, a real celebração começou. As promessas proféticas do Velho Testa-mento tornaram-se realidade histórica, e isso formou a substância da celebração. O novo concerto de um povo justificado em Cristo foi ratificado e selado por Sua morte e ressurreição (Rom. 4:25). Assim, como cristãos nos regozijamos, pois em Cristo já temos sido “justificados pelo Seu sangue” (Rom. 5:1), “aproximados (de Deus) pelo sangue de Cristo” (Efé. 2:13), experimentado “a paz com Deus” (Rom. 5:1), capacitados para “partilhar a herança”, libertos “do domínio das trevas” e “transportados para o reino de Seu bem-amado Filho” (Col. 1:12 e 13).

Em cada um desses versos, os verbos denotam o que Deus já realizou por nós, em Cristo. Ele foi absolutamente vitorioso sobre o pecado, a morte e o mal. Sua vitória é nossa, na medida em que exercemos fé nEle. Por conseguinte, como cristãos, nós atuamos a partir da vitória, não em direção a ela.

Em S. Lucas 10:17-21, nós encontramos os discípulos alcançados em sua própria experiência. Eles focalizam sobre si mesmos e o que eram capazes de realizar em nome de Cristo. Jesus afirmou Seu poder em suas vidas, mas os adverte quanto a não regozijarem-se em sua experiência subjetiva — mesmo sendo positiva. Ao contrário, Ele diz: “regozijai-vos nisto: Que vossos nomes estão inscritos nos Céus”. Em outras palavras, se nós aceitamos o evangelho da salvação, pelo sangue de Cris-to, nosso Senhor ordena-nos regozijar em que, pela graça de Deus, nossos nomes es-tão registrados no livro da vida do Cordeiro.

Os discípulos finalmente compreenderam esse foco do evangelho, depois da cruz e do Pentecoste. Nunca na história a Igreja foi tão vitoriosa como na Era apostólica, e, todavia, o foco inteiro de sua pregação, oração, testemunho, segurança e discipulado (como bem o descreve o livro de Atos) era Cristo crucificado e ressurreto, não a experiência dos discípulos. Aí estava o segredo do seu poder.

O Pai ordena

Jesus introduziu três parábolas em S. Lucas 15, em resposta às acusações dos fariseus de que Ele Se reunia e comia com pecadores. Cada uma delas termina com um chamado para regozijo na aceitação, por parte de Deus, dos perdidos e indignos (S. Luc. 15:5, 7 e 10). Se os anjos celebram cada pecador arrependido que se encontra com Cristo, não deveriamos nós, pecadores arrependidos, também celebrar nossa salvação em Cristo?

A terceira parábola, a do Filho Pródigo, merece mais cuidadosa consideração. Aqui Jesus introduz o conceito que nossa disposição para regozijar torna-se o marco de um autêntico relacionamento com o Pai. Conhecemos a história. O filho mais novo, egoisticamente, afastou-se do amante pai e esbanjou sua herança nos prazeres pecaminosos “numa terra longínqua”. Acabou comendo bolotas com os porcos. Essa é a resumida e realística descrição que Cristo faz da vida separada de nosso Pai celeste.

Finalmente, o filho perdido recupera o bom senso (obra do Espírito Santo). Faz três escolhas essenciais: Decide voltar para o pai, confessar seu pecado cometido contra ele, e atirar-se de cima da sua indignidade para a misericórdia paterna.

Enquanto o jovem vinha ao longe, o pai divisou-o e também fez três coisas: demonstrou-lhe compaixão, abraçou-o, e cobriu a desgraça do pródigo com seu magnificente manto, enquanto também restaurava nele o toque da filiação. Essa é a base de nossa celebração cristã.

Não é isso uma boa nova? Na verdade, é a melhor nova e deve fazer-nos exultar; justamente o que o pai ordena: “… coma-mos e regozijemo-nos…” (vs. 23).

A parábola, no entanto não termina aí. No irmão mais velho Jesus simbolizou a religião dos fariseus, tão absorvida na busca de salvação através de méritos próprios, que eles não tinham tempo ou anelo pelo dom de Deus em Cristo. Esse irmão voltava do trabalho no campo e deparou-se com a festa. Enfureceu-se. Como ousavam celebrar? Pensou na inútil e impura vida do outro irmão, comparada a seu próprio elevado zelo em guardar os mandamentos do pai. Pensou na falta de perfeição moral do pródigo. Que havia para celebrar? (vs. 29 e 30).

Mas o pai ainda não havia respondido à justificação própria do irmão mais velho. Na verdade, ele ofereceu ao orgulhoso filho exatamente o que o jovem irmão aceitara tão livremente — tudo. Jesus finaliza a história com as palavras do pai, convidativas a uma reflexão: “Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado” (S. Luc. 15:32). Tão logo abraçamos o evangelho, a celebração tem início. Mas deveria ela continuar em tempos difíceis, quando as provas, circunstâncias adversas, e a fúria do demônio, nos ameaçam? Novamente a chave é Cristo crucificado, como a motivação e segurança da vida cristã. Se Cristo Jesus é o Senhor e nós continuamos caminhando com Ele, então com Paulo podemos exultar: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rom. 8:31).

O capítulo 16 do livro de Atos ilustra como Paulo aplicou os princípios da celebração em sua própria vida. Enquanto evangelizava a colônia romana de Filipos, ele libertou uma jovem criada do demônio, colocando fim à fortuna de um lucrativo negócio. Seu patrão agitou o povo. Paulo e Silas foram açoitados e finalmente encarcerados.

Pode você imaginar mais desencorajadora circunstância? Mas o que fizeram os apóstolos? Eles cantaram. Na escuridão daquela meia-noite, acorrentados e maltratados, eles celebraram a bondade de Deus para com eles, em cantos de louvor. Paulo e Silas certamente não cantavam sobre si mesmos ou sobre as circunstâncias do momento. Cantavam sobre Deus, quem Ele é e o que tinha feito por eles através de Cristo.

Desse testemunho de louvor no sofrimento, brotou a salvação do carcereiro e de sua família. Eles foram tocados pela realidade do cristianismo, diante da coragem dos apóstolos em meio à terríveis circunstâncias.

Vamos celebrar

O Novo Testamento centraliza na cruz de Cristo a consumação da perfeita obra de Deus, pela salvação dos pecadores. Por causa disso o Novo Testamento é um livro de celebração e segurança: “.. .Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. Por isso celebremos a festa…” (I Cor. 5:7 e 8).

Como adventistas, nossa tendência é centralizar nossa identidade teológica ao redor do preparo para os eventos escatológicos. Parece que nossas crianças sabem mais a respeito do Tempo de Angústia, do Juízo Investigativo, das Sete Últimas Pragas, do que a respeito do dom da presente segurança através de Cristo — a qual é a base do verdadeiro preparo para o futuro. Não há segurança simplesmente em conhecer sobre os eventos finais. Até que encontremos segurança pessoal em Cristo, a própria Segunda Vinda será mais uma maldita ameaça do que uma bendita esperança. A teoria de que o verdadeiro evangelho é conquista de perfeição de caráter continua produzindo um paralisante farisaísmo em nosso meio. Não admira que muitos que não apreciam celebrar estão mais preocupados consigo mesmos, com a conquista do preparo em lugar de ser preparados; com a tentativa para alcançar a salvação em vez de partilhar a alegria de tê-la experimentado, em Jesus Cristo.

A solução não é simplesmente mais música contemporânea, nem mais intensa meditação e clamor por nossos pecados. A chave é Cristo, e Ele crucificado. O evangelho é a proclamação da grande salvação de Deus em Cristo Jesus (II Cor. 5:18-21; I Ped. 2:24). Sem esse evangelho nada temos a celebrar. Quando compreendermos isso, nós nos tornaremos uma comunidade em contínua celebração, a despeito das circunstâncias, porque nossa segurança estará em Cristo.

É impossível crer no evangelho e não celebrar nossa segurança em Jesus.

Referências:

  • 1. Ellen G. White, Parábolas de Jesus, págs. 160 e 161.
  • 2. Ellen G. White, Testimonies, vol. 2, págs. 212 e 213.