Sra. ELLEN G. WHITE

QUANDO fôr possível, vão o ministro e a espôsa juntos. A mulher pode muitas vêzes trabalhar ao lado do espôso, efetuando um nobre serviço. Ela pode visitar os lares do povo e aju-dar as mulheres nessas famílias por uma maneira que não é possível ao marido. . .

Escolhei senhoras que desempenhem diligentemente sua parte. O Senhor servir-Se-á de mulheres inteligentes na obra de ensinar. E ninguém pense que essas senhoras que compreendem a Palavra, e que têm aptidão para ensinar, não devam receber remuneração por seu labor. Elas devem ser pagas tão certamente como seus maridos. Grande obra têm as mulheres a efetuar na causa da verdade presente. Pelo exercício do tato feminino e um sábio emprêgo de seu conhecimento da verdade bíblica, elas podem remover dificuldades que nossos irmãos não podem abordar. Necessitamos de obreiras que trabalhem em ligação com seus maridos, e devemos animar as que desejam ocupar-se neste ramo de esfôrço missionário. — Evangelis-mo, pág. 491.

A mulher, caso aproveite sabiamente o tempo e suas faculdades, descansando em Deus quanto à sabedoria e à fôrça, pode ombrear com seu marido como conselheira, companheira e co-obreira, sem todavia nada perder de sua graça feminil e sua modéstia. Ela pode elevar o próprio caráter e, assim fazendo, está elevando e enobrecendo o caráter de sua família, e exercendo poderosa se bem que inconsciente influência nos que a rodeiam. Por que não havia de a mulher cultivar o intelecto? Por que não havia ela de corresponder ao desígnio de Deus em sua existência? Por que não podem elas comprender suas próprias faculdades e, reconhecendo que essas faculdades lhes são dadas por Deus, se esforçarem por empregá-las ao mais alto grau em fazer bem aos outros, em promover o progresso da obra de reforma, de verdade e bondade real no mundo? Satanás sabe que as mulheres têm um poder de influência para o bem ou para o mal; procura, portanto, alistá-las em sua causa. — Idem, pág. 467.

Repousa sôbre a mulher do ministro uma responsabilidade a que ela não deve, nem pode levianamente eximir-se. Deus há de requerer dela o talento que lhe foi emprestado, com usura. Cumpre-lhe trabalhar fiel e zelosamente, em conjunto com o próprio marido, para salvar almas. Nunca deve insistir com seus próprios desejos, ou manifestar falta de interêsse no trabalho do espôso, ou entregar-se a sentimentos de saudade ou descontentamento. Todos êsses sentimentos naturais devem ser vencidos. É preciso que ela tenha na vida um desígnio, o qual deve ser levado a efeito sem vacilação. Que fazer se isto se acha em conflito com os sentimentos, prazeres e gostos naturais?

tes devem ser pronta e animosamente sacrificados, a fim de fazer bem e salvar almas.

As espôsas dos ministros devem viver uma vida devota e de oração. Mas algumas gostariam de uma religião na qual não há cruzes, e que não exige abnegação e esfôrço da sua parte. Em lugar de se manterem nobremente por si mesmas, repousando em Deus quanto a fôrças, e fazendo face a suas responsabilidades individuais, elas levam a maior parte do tempo dependendo de outros, dêles derivando sua vida espiritual. Se tão sòmente se apoiassem confiantemente, numa confiança infantil, em Deus, e concentrassem em Jesus suas afeições, recebendo sua vida de Cristo, a videira viva, que soma de bem não poderiam elas realizar, que auxílio poderiam ser a outros, que apoio para seus maridos! E que recompensa não seria a sua afinal! — Idem, págs. 674 e 675.

Admirável é a missão das espôsas e mães e das obreiras mais jovens. Se quiserem, podem exercer uma influência para o bem em todos quantos as cercam. Pela modéstia no vestuário e circunspecção na conduta, podem dar testemunho da ver-dade em sua simplicidade. Podem fazer sua luz brilhar de tal forma perante todos, que outros vejam suas boas obras e glorifiquem a seu Pai que está nos Céus. Uma mulher verdadeiramente convertida exercerá poderosa influência, transformadora, para o bem. Ligada a seu marido ela o pode ajudar em seu trabalho, tornando-se instrumento em animá-lo e beneficiá-lo. Quando a vontade e o caminho são postos em submissão ao Espírito de Deus, não há limites ao bem que se pode realizar. — Idem, págs. 467 e 468.

Se a espôsa de um ministro o acompanha em viagens, não deve ir apenas para o seu próprio prazer, para visitar e ser servida, mas para trabalhar com êle. Ela deve ter os mesmos interêsses que êle em fazer bem. Convém que tenha boa vontade de acompanhar o marido, caso os cuidados da casa a não impeçam, e deve ajudá-lo em seus esforços para salvar almas. Com mansidão e humildade, mas todavia com confiança em si mesma, ela deve exercer no espírito dos que a rodeiam uma influência orientadora, desempenhando seu papel e levando sua cruz e encargos na reunião, em tôrno do altar de família e na conversação no círculo familiar. O povo assim o espera, e se essa expectativa se não realiza, a influência do marido é destruída por mais da metade.

A espôsa de um ministro pode fazer muito, se quer. Se fôr dotada de espírito de sacrifício, e tiver amor pelas almas, poderá fazer com êle outro tanto de bem. Uma irmã obreira na causa da verdade pode compreender e tratar, especialmente entre as irmãs, de certos casos que se acham fora do alcance do ministro. — Idem, pág. 675.

Advertências Específicas

As espôsas de nossos ministros, especialmente, devem ser cuidadosas em não se apartar dos claros ensinos da Bíblia na questão do vestuário. Muitos consideram essas ordens demasiado antiquadas para serem observadas; mas Aquêle que as deu a Seus discípulos compreendia os perigos do amor do vestuário em nossos tempos, e mandou-nos a advertência. Atendê-las-emos e seremos sábios? Cresce de contínuo a extravagância no vestir. Ainda não é o fim. A moda varia sempre, e nossas irmãs seguem-lhe a esteira, a despeito de tempo ou despesas. Grande é a quantidade de dinheiro despendida em roupas, quando devia ser devolvida a Deus, o doador. — Idem, págs. 675 e 676.

Tudo isso [o uso da aliança] é desnecessário. Use a espôsa do ministro o elo de ouro que lhe une a alma a Jesus Cristo, o caráter puro e santo, o amor verdadeiro, a mansidão e piedade, que são o fruto produzido pela árvore cristã, e sua influência estará segura em qualquer parte. . . . Os norte-americanos podem fazer compreender sua atitude, afirmando simplesmente que o costume não é considerado obrigatório em seu país. Não precisamos usar o sinal, pois não somos infiéis ao voto matrimonial, e o uso do anel não seria prova de que somos fiéis. . . . Nem um real deve ser gasto num anelzinho de ouro para testificar que somos casados. Nos países onde o costume é imperativo, não nos preocupamos em condenar os que têm o anel de casamento; usem-no se o podem fazer conscienciosamente; mas não julguem nossos missionários que o uso do anel lhes aumentará um jota ou um til da influência. — Testimonies to Ministers, págs. 180 e 181.

Essas irmãs se acham intimamente ligadas com a obra de Deus, uma vez que Êle lhes chamou o marido para pregar a verdade presente. Êsses servos, se são verdadeiramente chamados por Deus, sentirão a importância da verdade. Acham-se colocados entre os vivos e os mortos, e devem velar pelas almas como quem tem de dar contas por elas. Solene é sua vocação, e sua companheira pode ser uma grande bênção ou uma grande maldição para êles. Elas os podem animar, quando abatidos, confortar quando aflitos, e estimulá-los a olhar para cima e confiar plenamente em Deus quando lhes desfalece a fé. Ou podem tomar direção contrária, olhar para o lado sombrio, achar que têm uma vida penosa, deixar de exercer fé em Deus, falar a seus companheiros sôbre suas provações e mostrar incredulidade, condescender com um espírito de queixa e murmuração, e ser um pêso morto, e mesmo uma maldição para êles. . . .

Uma espôsa não santificada é a maior maldição que um ministro pode ter. Aquêles dos servos de Deus que tiverem e têm ainda o infortúnio de ter em casa essa ressecante influência, devem dobrar de orações e vigilância, tomar uma posição firme, decidida, e não deixar que essa escuridão os deprima. Importa que se apeguem mais estreitamente a Deus, sejam firmes e decididos, governem bem sua própria casa, e vivam de maneira que tenham a aprovação de Deus e o vigilante cuidado dos anjos. Se, porém, cederem aos desejos de suas não consagradas companheiras, virá sôbre sua morada o desagrado divino. A arca de Deus não pode habitar na casa, porque êles as apoiam e sustém em seus erros. — Evangelismo, págs. 677 e 678.           

Lembre-se a mulher de ministro que tem filhos, que na própria casa ela tem um campo missionário onde deve trabalhar com infatigável energia e inquebrantável zêlo, sabendo que os resultados de sua obra perdurarão por tôda a eternidade. Não são as almas de seus filhos de tanto valor como as dos pagãos? Cuide, pois, dêles com amorável solicitude. Cabe-lhes a responsabilidade de mostrar ao mundo o poder e a excelência da religião no lar. Ela deve ser regida por princípios, não por impulsos, e operar com a consciência de que Deus é seu ajudador. Não deve permitir que coisa alguma a distraia de sua missão.

É de infinito valor a influência de uma mãe intimamente ligada a Cristo. Seu ministério de amor faz do lar uma Betei. Cristo coopera com ela, transformando a água da vida comum no vinho do Céu. Seus filhos crescerão para lhe ser uma bênção e uma honra nesta vida e na que há de vir.

Se homens casados vão trabalhar, deixando a espôsa a cuidar dos filhos em casa, a espôsa e mãe está plenamente fazendo uma obra tão grande e importante como o marido e pai. Enquanto um se encontra no campo missionário, a outra é uma missionária no lar, sendo seus cuidados e ansiedades e encargos freqüentemente muito maiores que os do espôso e pai. A obra da mãe é solene e importante — moldar o espírito e o caráter dos filhos, prepará-los para serem úteis aqui, e habilitá-los para a vida futura imortal.

O marido, em pleno campo missionário, pode receber a honra dos homens, ao passo que a lidadora do lar talvez não rereba nenhum louvor terrestre por seus labôres; mas, em ela trabalhando o melhor possível pelos interêsses de sua família, buscando moldar-lhes o caráter segundo o Modêlo divino, o anjo relator escreve-lhe o nome como o de um dos maiores missionários do mundo.

A mulher do missionário pode ser-lhe um grande auxílio em buscar tornar-lhe mais leves as responsabilidades, se mantém sua própria alma no amor de Deus. Ela pode ensinar a Palavra aos filhos. Pode dirigir sua casa com economia e prudência. Em união com o marido, pode educar os filhos em hábitos de economia, ensinando-os a restringir suas necessidades. — Idem, págs. 676 e 677.

A espôsa do ministro pode fazer trabalho amplo, se reconhecer sua subordinação a Cristo, e nÊle encontra a sua total suficiência. Fraco é o trabalho que cada um de nós pode fazer, embora consagremos a Deus tôdas as nossas faculdades. Mas se assim nos não consagrarmos, tornamo-nos pedras de tropêço. Insisto com todos quanto à necessidade de buscar alcançar as mais elevadas normas de espiritualidade. Pouco valor tem a mera forma de piedade, realmente é uma verdadeira maldição quando o coração não está renovado, não regenerado. Grandes responsabilidades recaem sôbre a espôsa do missionário. Grandemente dependerá de se ela está ajuntando tesouros celestiais, ou deixando que a mente apreenda coisas de somenos importância. Se se preocupa com as coisas celestiais, terá o verdadeiro espírito missionário; seu amor às almas dela brotará em torrentes copiosas, e constrangê-la-á a buscar e salvar os perdidos. — The Review and Herald, março 11, 1902.