(Ainda no mesmo Simpósio pastoral registraram-se os debates que reproduzimos para inspiração aos nossos ministros)
Presidente em Exercício: F. G. Clifford Pessoal do Simpósio:
Apresentação — J. A. Buckwalter
Moderador — W. R. Beach
R. A. Anderson H. W. Kibble
C. E. Bradford G. D. King
E. E. Cleveland R. H. Pierson
M. D. Eckenroth C. A. Reeves
Edward Heppenstall H. J. Westphal
1. A. Buckwalter: “Certa menina, depois das primeiras semanas na escola, perguntou ao professor: ‘Será que o que sei agora é tanto quanto o que não sei?’ A pequenita não sabia que jamais atingiría tal nível de conhecimento. Nenhum de nós sabe tudo o que há para saber a respeito da pregação, e estamos dolorosamente cônsios do contraste entre o poder do Evangelho de Deus e a fraqueza de nossa apresentação do mesmo.
“‘Os sistemas do tranqüilo passado’, disse certa vez Abraão Lincoln, ‘são inadequados para o tempestuoso presente’. Se isto é verdade em relação aos sistemas do Estado, quanto muito mais exato o é em relação à pregação do Evangelho! O sistema de pregar do passado não é adequado para a hora que vivemos hoje. Haverá uma consciência cada vez mais crescente da necessidade de mais intensa pregação. A Bíblia contém os grandes princípios cardiais que formam a base da pregação mais poderosa. E êles são realçados nos escritos da mensageira do Senhor.
“O primeiro requisito para uma pregação que tenha mais poder é mais dependência do Espírito de Deus. Paulo declarou que sua pregação consistia ‘em demonstração de Espírito e poder’ (I Cor. 2:4). Não era fantasiosa interpretação de filosofia ou sabedoria humanas. Centralizava-se na associação e afinidade com o Espírito de Deus.
“O Espírito do Deus vivo a habitar em nós é o segrêdo do poder do pregador. ‘Deus vos pode ensinar num momento pelo Seu Espírito Santo mais do que poderieis aprender dos grandes homens da Terra’. — Test, to Ministers, pág. 119. Tôdas as filosofias humanas são inadequadas para a pregação com poder. Sòmente a religião que provém de Deus pode conduzir para Deus. Quando ela vem ao ministro, ‘o mesmo Espírito que habitou em Cristo’, é-nos dito em Atos dos Apóstolos, pág. 365, ‘deve ser-lhes a fonte de conhecimento e segrêdo de seu poder’. O poder na pregação da Palavra de Deus provém do mesmo Espírito que habitou em Jesus. Êste é o segrêdo da pregação poderosa. De novo nos é dito: ‘O segrêdo do êxito está na união do poder divino com o esfôrço humano’. — Patriarcas e Profetas, pág. 557.
“O segrêdo da pregação com poder, portanto, exige mais comunhão com Cristo por ser êste o caminho pelo qual estabelecemos união com o divino poder do Espírito de Deus. Um fazendeiro do Oeste dos EE. UU. rapaz grande, alto e robusto, veio pedir um pregador para sua igreja local. O superintendente do distrito ergueu os olhos, fitou o rosto do moço, e disse: ‘Suponho que o senhor quer um homem grande’. A isto o fazendeiro respondeu: ‘Bem, não me importo com o tamanho; tudo o que desejamos é que, quando êle esteja de joelhos possa atingir o Céu’. Mais comunhão com Deus santificará nosso ministério com o mérito de Cristo.
“A pregação com bastante poder exige mais enaltecimento de Cristo. Devemos apoderar-nos da mão de Jesus Cristo e da mão do nosso próximo em favor de quem estamos trabalhando, e juntá-las. O conceito apostólico de pregação consistia em exaltar Jesus. Em I Timóteo 2:5 declara o apóstolo que fôra ‘constituído pregador’ de ‘um só Mediador entre Deus e os ho-mens, Jesus Cristo homem’. O pregador ordenado deve enaltecer a Cristo e pô-Lo diante dos homens como Alguém que une o amor humano e o divino, e põe a humanidade em contato com a Divindade — numa união com ela. A pregação com poder não consiste na arte da ostentação, mas em erguer a Cristo, o Redentor que perdoa pecados’. — Obreiros Evangélicos, pág. 355. Um dos dirigentes cristãos do passado certa vez observou: ‘Hoje preguei Bernardo e todos os eruditos se levantaram e me elogiaram; ontem preguei a Cristo e todos os pecadores se levantaram e me agradeceram’.
“O estudo mais fervoroso da Palavra de Deus é uma necessidade vital no ministério. A única pregação verdadeira é a bíblica, Fazer conferência sôbre filosofia e sôbre tôda a espécie de coisas não é prega-ção. No livro Prophets and Kings somos informados: ‘As palavras da Bíblia, e unicamente a Bíblia devem ser ouvidas do púlpito’. — Pág. 626. Cumpre-nos abordar os grandes temas da Palavra de Deus. Há demasiada ‘palha sêca’ introduzida em mui-tos de nossos sermões. Alguns de nossos médicos me falaram a êsse respeito. Um dêles me disse: ‘Pastor, vou à igreja sábado após sábado, e jamais encontro alguma coisa que possa ajudar minha alma. Nosso ministro é bom homem, porém está sobrecarregado com as campanhas da igreja e não estuda para nos apresentar as grandes coisas da Palavra de Deus’. Que tragédia!
“Lembro-me de ter ouvido como um homem, através da velha Southland outrora apresentava um pregador. Dizia: ‘Esta-mos contentes em ter nosso irmão para nos pregar esta manhã. Êle é muito destruído [queria dizer instruído] nas Escrituras. Há muita pregação ‘destruidora’ hoje no púlpito. Necessitamos pôr todo nosso coração na pesquisa das Escrituras, e novo poder acompanhará nossa pregação da Palavra de Deus.
“A pregação com mais poder exige mais amor pelas almas. Necessitamos sentir mais a carga da humanidade perdida, que repousa sôbre nós. O pregador precisa identificar-se com seu povo. Carlos Kingsley certa vez começou um sermão, dizendo: ‘Eis-nos aqui de novo para falar acêrca do que realmente ocorre com vossa alma e com a minha’. Identificava-se com seu povo, e extravasava um coração cheio de amor e de compaixão que os ganhou para Cristo. Todo o ministro pode com propriedade provar o valor de seu sermão do culto de sábado de manhã, perguntando-se a si mesmo: ‘O meu povo encon-trou a Deus em meu culto desta manhã?’ Êste é o objetivo primacial da pregação. O único grande fato fundamental do mi-nistério de Cristo, como se descreve em O Desejado de Tôdas as Nações, pág. 506, foi que ‘durante cada hora da peregrinação de Cristo na Terra, o amor de Deus dÊle. manava em irreprimíveis correntes. Todos quantos são possuídos de Seu espírito, hão de amar como Êle amou’. O amor de Jesus era comunicado a todo com quem entrava em contato. O Seu amor era o irresistível e irrepreensível amor da eternidade estendendo-se até Seu próximo. Quando nós, como pastôres, amarmos como Jesus amou, haverá mais pregação com poder. .“Outro princípio da pregação com mais poder é maior rendição do eu. O apóstolo Paulo revelava seu amor pelo próximo e a atitude do ministro de Cristo, ao procurar sempre enaltecer o Senhor Jesus. Declarou êle que o grande alvo do ministério deve ser ‘que apresentemos todo o homem perfeito em Cristo Jesus’ (Col. 1: 28). Para êste fim podia dizer da pregação apostólica: ‘Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor’. (II Cor. 4:5).
“A pregação é uma revelação de Deus através da personalidade humana. Não é uma revelação do eu sob o nome do Senhor Jesus Cristo. Um irmão que orava por um ministro que estava prestes a dar a mensagem no culto da manhã, disse: ‘Senhor, agradecemos-Te pelo nosso irmão; agora queira eliminá-lo’. Quão importante é compreender que homem algum pode glorificar a Cristo e a si próprio ao mesmo tempo. A renúncia do eu é importante fator na pregação com mais poder.
“Necessitamos também mais clareza e fervor na pregação da Palavra de Deus. Precisamos tornar nossas exposições claras e convincentes. As grandes verdades devem sobressair em nossos sermões como os marcos miliares, claras e positivas. Todo esbôço de sermão deve compreender quatro coisas: 1. Definição, 2. Desenvolvimento, 3. Direção, 4. Destinação. A clareza e precisão no esboçar sermões ajudarão a destacar claramente os pontos essenciais. Um pregador orava certa vez: ‘Senhor, dá-me sabedoria suficiente para pregar com clareza suficiente’. A espécie de sabedoria comunicada pela graça do Espírito de Deus capacitar-nos-á a fazer as verdades sobressaírem com tanta clareza que até os ouvintes menos cultos podem conhecer os elementos indispensáveis do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, e serem aquecidos pelo grande coração do incomparável amor de Deus. Isto é também um fator essencial na pregação com mais poder.
“Tôdas as vêzes que pregardes, vosso espírito se exibe e em todo o tempo em que pregardes, vosso coração se revela. O fervor que transforma a pregação numa experiência viva não reside na bôca, por mais importante que isto possa ser; não reside nas palavras do vocabulário do pregador, por importante que isto possa ser: ela se encontra nos pensamentos, e no sentir da alma do orador. Quando um homem se inflama para Deus, como disse João Wesley, ‘o povo virá para vê-lo arder’.
… com sinceridade não oscilareis nem vacilareis, — Se salvo estais vosso coração o terá sentido pri-meiro …
Nada produzirá animação na alma, Até que dela irrompa a fonte!’
“Dessa forma, ao ocuparmos o púlpito para proclamar as palavras do Deus eterno, lembremo-nos de quatro coisas: 1. O que? _.nosso assunto. 2. Para quem? — nosso Deus. 3. A quem ? — nosso povo. 4. Pa-ra quê? — nosso objetivo no sermão. Cumpre-nos conquistar e reter homens e mu-lheres para o Senhor Jesus Cristo, e precisamos nos lembrar que unicamente Deus pode fazer uma pregação com poder”.
O Moderador agradeceu ao irmão Buckwalter, e perguntou: “Que é precisamente uma pregação com poder? Como pode-mos definir a pregação com mais poder?”
G. D. King: “Bem, é esta uma pergunta difícil, porém tenho aqui uma citação de Obreiros Evangélicos, pág. 61, que, penso, a define: ‘Homens em cujo coração Cristo esteja formado, “a esperança da glória” (Col. 1:27) e, com lábios tocados por fogo sagrado, “preguem a Palavra” ’. Como podemos avaliar o poder da pregação? Podemos dizer: pelos resultados. Em Evangelism, pág. 700, lemos: “A verdade, a Palavra de Deus, é-lhes como fogo no íntimo, enchendo-os de um ardente desejo de iluminar aquêles que estão nas trevas. Muitos, mesmo entre os incultos, proclamam agora as palavras do Senhor. Os filhos são impulsionados pelo Espírito a sairem e proclamarem a mensagem do Céu. O Espírito é derramado sôbre todos os que se rendem às Suas sugestões, e lançando fora todo engenho humano, suas regras e processos de advertir, queiram declarar a verdade com o poder do Espírito. Multidões receberão a fé e juntar-se-ão aos-exércitos do Senhor” ’.
Edward Heppenstall: “O que constitui um grande pregador? Penso que o mesmo deve ter o discernimento dos anseios dos corações humanos quando se levanta para pregar. Isto não se obtém pelo falar com voz gritada, nem é o pregador pessoa que se deva ater muito aos seus esboços. Seus ouvintes lhe são mais importantes que seus apontamentos. Como o pregador chega a obter êste discernimento de anseios? Todos bem sabemos que muitas vêzes nos levantamos no púlpito e açoitamos no ar, porém no final do sermão compreendemos que simplesmente não comunicamos coisa alguma ao coração das pessoas. Quando o pregador apresenta a verdade, esta deve tornar-se para êle mais do que uma série de idéias. Um pregador de poder é alguém que tem a capacidade de reproduzir realmente a verdade que está proclamando. Isto não pode ser feito pregando-se sermões de outros pregadores — não importa quão excelentes possam ser. Isto é um mero reproduzir de palavras, não uma verdade viva.
Sei que não podemos ser absolutamente originais; não há tal coisa. Às vêzes julgo ter uma idéia original, e algumas semanas e anos depois encontro-me com alguém que teve o mesmo pensamento. Contudo necessitamos fazer um estudo mais profundo e mais amplo da Palavra de Deus. Ninguém terá o discernimento dos anseios humanos a menos que as verdades que estuda sejam um anseio para si”.
C. A. Reeves: “Todo grande movimento de reforma e todos os grandes reavivamentos na história da igreja se têm realizado pela pregação centralizada na Bíblia. A verdadeira pregação é a que, naturalmente, está impregnada do Espírito das Escrituras. Estou certo de que todos nós desejamos ter a reputação que tinham os adventistas do sétimo dia de algumas décadas passadas, quando eram conhecidos como verdadeiros estudantes da Bíblia. Cumpre-nos cuidar de nosso tratamento espiritual de maneira tão solícita como o médico o faz com seus pacientes. Gostaria de sugerir que um dos maiores incentivos e um dos melhores meios de propiciar uma pregação mais substanciosa, com mais poder, seria para todos nós tomarmos nossos Novos Testamentos em grego e fazer cuidadosa análise do mesmo. Talvez pudéssemos ter um curso de leitura exclusiva do Testamento grego. Esta investigação trará novo conteúdo em nossa pregação, a qual trará júbilo no coração do nosso povo”.
H. W. Kibble: “Tem sido dito com razão pela mensageira do Senhor que um reavivamento da verdadeira piedade entre nós é a maior e mais urgente de tôdas as nossas necessidades. Mais vitória na vida do pregador significará mais poder em sua prega-ção. Os ministros têm que ser homens convertidos, consagrados, dedicados à tarefa sagrada de pregar êste evangelho eterno. Precisam demonstrar pela vida que levam, aquilo que proclamam pelo púlpito. Precisam estar inflamados do fogo sagrado, pois o alimento do Evangelho é de pouca utilidade se fôr servido frio. O coração do pregador precisa estar transbordante das riquezas da Palavra de Deus. É preciso um homem para acionar um carrinho; é preciso vapor para mover um barco; é preciso eletricidade para movimentar a locomotiva; e é preciso o Espírito de Deus para movimentar a igreja e o coração dos homens”.
R. H. Pierson: “Paulo disse: ‘As coisas … vistas em mim, fazei’. Outra tradução diz; ‘Sêde meus imitadores’. Do Salvador disse a serva do Senhor: ‘O que Êle ensinava, vivia … o que ensinava, Êle era’. Era isto que Lhe dava poder na pregação. Parece-me que uma das coisas mais importantes em nossa pregação é que nossa mensagem precisa primeiro ter uma ligação viva com nossa própria experiência. Precisamos ser aquilo que deseja-mos que os outros sejam. Então teremos um ministério de poder”.
H. J. Westphal: “Quanto mais semelhantes a Cristo formos, mais produziremos. Ùnicamente o método de Cristo assegurará verdadeiro êxito em alcançar o povo. O Salvador misturava-se com os homens como alguém que desejava o bem dêles. Demonstrou-lhes simpatia, atendeu suas ne-cessidades e ganhou-lhes a confiança. Depois disso, ordenou-lhes: ‘Segui-Me!’ Seria um êrro pregar primeiro, e então esperar que nossa vida atraia o povo em nossa direção.
“Pode dizer-se que Cristo foi o maior estrategista que já viveu na Terra. Os estrategistas militares do passado geralmente procuravam o ponto fraco nas fôrças inimigas, e então arremetiam como uma cunha dentro delas, separando-as em grupos, e depois os apanhava um a um. Essa era a estratégia de nosso Senhor. Êle Se aproximava da pessoa. Lemos: ‘Nosso Salvador ia de casa em casa, curando os doentes, confortando os tristes, consolando os aflitos, dando paz aos desconsolados. Tomava nos braços as criancinhas e as abençoava, e proferia palavras de esperança. às mães afadigadas. Com incessante ternura e mansidão, Êle foi ao encontro de tôdas as formas de dor e aflição humanas’. Em outras palavras, Êle procurava o ponto delicado da humanidade e arremetia Sua cunha de amor por ali. Sim, certamente Cristo pregou alguns grandes sermões, porém, em grande parte, Seu ministério se constituiu numa demonstração de amor. E ao demonstrar o pastor êste amor, visitando os doentes, confortando os enlutados, consolando os aflitos, falando paz aos desalentados, levando ânimo e esperança às mães cansadas, tomando as crianças nos braços e demonstrando amizade por elas — quando o ministro assim age, embora não seja um bom orador, terá poder em sua vida e em suas pregações”.
J. L. Shuler: “Tenho uma sugestão a fa-zer sôbre como tornar-se alguém um pregador de poder. Em Atos 18:24-28 lemos que Apoio convencia com poder os judeus. Por quê? Porque era poderoso nas Escrituras. A pregação poderosa é a que faz a tôda-poderosa Palavra de Deus alojar-se no coração do povo. A pregação poderosa é a que dá ao povo aquilo de que mais tem necessidade, aquilo que mais pudessem desejar de melhor”.
R. A. Anderson: “Irmão Moderador, lembro que o apóstolo diz: ‘Não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus nosso Senhor’. Êste é o segrêdo, creio, da pregação poderosa. Como foi êle capaz de fazer isto? Porque vira a Cristo. E vivia na lembrança dêste fato. Lembro estas palavras significativas escritas pela mensageira do Senhor em 1892, justamente quando escrevia livros como A Vida de Jesus (ou o reeditava), O Desejado de Tôdas as Nações, O Maior Discurso de Cristo, e Vereda de Cristo. Numa das cartas, afirmou ela: ‘Não sei como falar ou escrever sôbre o grande assunto do sacrifício expiatório. Não sei como apresentar as idéias em poder tão vivo como se apresentam diante de mim’. E acrescenta êste pensamento: ‘Tremo de mêdo para que não venha a deslustrar o grande plano de salvação por meio de palavras apagadas’.
“Se alguém que foi escolhido pelo Senhor para escrever estas mensagens, como ela escreveu, tremia de receio de usar palavras sem brilho, isto deveria levar todo o ministro a ajoelhar-se e pedir a Deus que lhe dê palavras que contenham o sonido certo e assim ajudá-lo a apresentar Cristo em tôda a Sua beleza.
“A pregação poderosa não consta ape-nas de palavras adequadas, mas sim fazer que a verdade sobressaia diante do povo de modo que possam apreendê-la; não pregando a nós mesmos, mas a Cristo Jesus o Senhor. Paulo diz: ‘Pregamos a Cristo’, e acrescenta mais uma palavra: ‘crucificado’. Capacitar o povo a ver o Salvador crucificado e ressurreto, Aquêle que envia Seu Espírito como o Consolador aos corações para que tenham vitória, isto é pregação poderosa. ‘Com que abrasante linguagem’ os apóstolos ‘vestiam suas idéias quando testificavam dÊle!’ — Atos dos Apóstolos, pág. 46. Aquêles verdadeiros arautos da cruz proclamavam a verdade com ‘linguagem abrasante’ porque era o Espírito de Deus que falava por meio dêles”.
Moderador: “Obrigado, irmão Anderson. Já mencionamos aqui clareza na expressão, escolha de palavras e outras coisas, porém eu gostaria de perguntar neste simpósio: Há alguma relação entre a pregação poderosa e o preparo correto? Haveria algu-ma relação nisto? Por exemplo, quanto tempo se gasta no preparo do sermão?”
Da Platéia: “Gasta-se uma existência — anos de experiência e preparo”. O tempo médio para um preparo efetivo deve andar entre vinte a trinta horas. Alguém sugeriu que temos necessidade de aprender mais a técnica do preparo do sermão. Talvez uma porção de nosso tempo no curso podia, com vantagem, ser empregado no estudo de melhores métodos de organizar o sermão.
E. E. Cleveland sentiu que fazendo-se um sermão cristocêntrico, e empregando-se o amor de Cristo e para Cristo no apêlo, faria mais no sentido de uma pregação mais eficaz.
H. W. Kibble acrescentou a idéia de que muito depende em que nosso sermão seja dirigido de modo a satisfazer as necessidades peculiares do povo naquele momento. “O sermão deve resolver mais problemas do povo na congregação”, disse. “Tendes notado que quando S. Pedro pregou por ocasião do Pentecostes, pregou sôbre as necessidades do povo? Sentiram-se ferreteados em seus corações, e multidões foram compungidas, e disseram: “Que faremos?” João Batista, nas regiões do Jordão, pregava sôbre os pecados do povo, e os convidava ao arrependimento, e êles clamaram: “Que faremos?” Elias no Monte Carmelo exaltou o verdadeiro Deus, convidou o povo a uma decisão, e êles foram impulsionados a tomar o lado do Senhor e a conhecerem o Deus verdadeiro. Jonas quando se dirigiu a Nínive, clamou e pregou com tal fervor, realçando tão fervorosamente a necessidade de arrependimento, que tôda a cidade caiu de joelhos. Daniel diante de Nabucodonozor pregou no sentido de atender a necessidade particular do momento. O rei se preocupara com o futuro. Daniel explicou-lhe o significado da estátua até a vinda de Cristo; foi uma poderosa apresentação num audi-tório de um só homem. O resultado — um rei inclinando-se na adoração do verdadeiro Deus. Dirigindo nossas mensagens para as necessidades do povo, redundará em poder para nosso ministério”.
M. K. Eckenroth: “Tem-se dito: ‘Se o púlpito está em chamas, e se o pregador está em chamas, o povo virá para vê-lo arder’. Penso que isto ainda é exato. Lembrai-vos do exemplo de Abraão, quando tomou Isaque para o sacrifício. Enquan-to iam subindo por um lado do Monte Moriá, disse Isaque: ‘Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro?’ Temos muito fogo, muita lenha, muita moldura e armação dos cursos, mas onde está o Cordeiro? Se tendes fogo, e ainda não tendes o Cordeiro, não tereis o sacrifício. Cristo não veio para revelar o Evangelho; Êle é o Evangelho. Jesus Cristo e a pregação dÊle, a maravilhosa verdade da justiça pela fé, e tôdas as verdades correlatas, produzirão a pregação poderosa.
“Ora, para a apresentação de uma mensagem cristocêntrica, só há um caminho: o sermão cristocêntrico. Tivemos um curso completo sôbre êste tema no Seminário, e levou meses para concluir. Não o podemos apresentar aqui em poucos minutos. O sermão cristocêntrico, porém, como é esboçado no Espírito de Profecia, certamente tem que incluir sete fatos fundamen-tais. A mensageira do Senhor diz que êles precisam ser incluídos em todos os sermões que pregamos. Estão numa lista no livro Evangelism. Notareis que todos êles se relacionam — o amor de Deus, a conversão, a cruz, a piedade prática, a segunda vinda de Cristo, um lugarzinho para crianças (provàvelmente um dos mais difíceis para introduzir num sermão), e finalmente o apêlo. Se introduzis êstes sete pontos no vosso sermão, estais no rumo de ter um sermão cristocêntrico. Isso é infalível”.
G. D. King: “Senhor Moderador, todos nós provàvelmente julgamos que nossa pregação seja razoàvelmente boa, pelo menos é humano assim pensar. Embora, talvez, possamos reconhecer que possa haver ausência de qualidade e profundeza em nos-sa pregação, penso que, até certo ponto, isso é reflexo dos tempos em que vivemos. Vivemos numa época de muita superficialidade, e o povo também se torna superficial em sua apreciação. Suponho ser exato dizer que a igreja jamais tem sido tão magnificamente equipada com tôda a sorte de auxílios e engenhos como hoje. Sou favorável aos auxílios visuais e todos os adjutórios que possamos ter, mas irmãos, cuidemos especialmente para que no emprêgo dêsses engenhos não venhamos a permitir que êles se tornem nosso ensinador ao invés de nosso auxiliar.
“Quero contar-vos uma experiência. Quando eu era aluno no colégio, o Sr. Dinsdale Young, de setenta e três anos de idade, estava pregando em Londres. Era um tempo em que o modernismo predominava e o povo estava perdendo seu sustentáculo na Palavra de Deus. Costumávamos ir à Capela de Westminster ouvir Dinsdale Young pregar. Outras igrejas ficavam quase vazias, porém êle mantinha a capela de Westminster repleta, princípalmente de jovens, porque êle era um pregador poderoso sob o Espírito de Deus e pela Palavra. Êle não possuía êsses engenhos auxiliares. Era um mestre nas Escrituras.