J. L. SHULER

(Evangelista, Divisão do Oriente Médio)

(Yucaipa, Califórnia, EE. UU.)

A PREGAÇÃO persuasiva envolve dois pontos principais: instrução no sentido da verdade; persuasão para crer a verdade e a ela obedecer. O objetivo do sermão é informar o intelecto, e influenciar a vontade em prol da verdade divina. A pregação deve ser avaliada de acôrdo com o que instrui e estimula os ouvintes. Nada existe no púlpito mais necessário do que a pregação que seja construtiva e feita de maneira tal que os ouvintes sejam instruídos e estimulados em favor de Deus.

Pregar é a ciência da persuasão nas coisas divinas. Instrui com o propósito de estimular, ou conseguir a crença e a ação. Nossa comissão de pregar, recebida do Ministro-chefe e Pregador-máximo é ensinar e fazer discípulos (S. Mat. 28:18-20). O conceito de Jesus quanto à pregação girava em tôrno do propósito todo-importante da instrução para o fim de promover a obediência.

Os professores de homilética têm formulado definições várias do que seja pregar, mas nenhuma conheço mais adaptada nem apropriada do que esta: Pregar é “a comunicação falada da verdade divina visando à persuasão.” — T. Harwood Pattison, The Making of the Sermon,pág. 3. O segundo dos maiores pregadores de todos os tempos definiu em três palavras o propósito da pregação: “Persuadimos os homens” (II Cor. 5:11). A pregação pode ser considerada êxito ou fracasso segundo a extensão em que persuade. Se a persuasão é o ponto divisório entre o êxito e o fracasso, certamente cada pregador deve dedicar estudo especial à ciência da persuasão.

O objetivo de todo sermão deve ser êsse mesmo: instruir e estimular. Deve o pregador planejar, orar e pregar de forma que seus ouvintes sejam compelidos a elevadas decisões em favor de Deus — os convertidos, a fazerem mais por Cristo; os inconversos, a aceitarem o Salvador. Acertado andou o Dr. Jorge Campbell, ao dizer: “Reconheço que tôda a pregação, quer direta quer indiretamente, visa à persuasão.” — Systematic Theology and Pulpit Eloquence, pág. 197.

Mais do que quaisquer outros ministros precisam os pastôres adventistas do sétimo dia estudar a ciência da persuasão. É possível que tenham a tarefa de persuadir as pessoas a fazer dez vêzes mais do que qualquer outro ministro o faz. Precisam persuadi-las a santificar um dia diferente, a comer e a beber diversamente, a vestir-se de maneira diferente, a relacionarem-se diversamente para com os prazeres, as diversões, os contatos pessoais com os mundanos, e a crer diferentemente acêrca da natureza e destino do homem e do mundo. Disse alguém: “Se quiserdes contrair inimizades, buscai modificar alguma coisa.” A tarefa de fazer adventistas do sétimo dia por meio de nossas pregações, estudos bíblicos e trabalho pessoal requer a aplicação, ao máximo possível, da ciência da persuasão.

Nosso alvo, como o foi o de Paulo, é “por todos os meios chegar a salvar alguns” (I Cor. 9:22). Por isso precisamos usar em nosso auxílio todos os meios apropriados de persuasão, assim divinos como humanos. Em auxílio dêste problema da persuasão, precisamos recorrer aos meios divinamente destinados, tais como o Espírito Santo, a Palavra, o amor de Deus, a cruz e a oração, combinados com o uso dos princípios da atuação do cérebro humano, por cujo meio a mente e o coração dos ouvintes são levados a fazer decisões em favor de Deus. Todo fator, por cujo meio as pessoas possam ser levadas a atender ao apêlo de Deus precisa ser usado para contribuir com sua parte para o mais elevado e santo propósito de conseguir decisões.

Se os pregadores adventistas analisarem o conteúdo dos sermões em relação com os fatôres da persuasão, muitos se capacitarão de que sua base de persuasão é anticientífica e inadequada. As mais das vêzes, a pregação adventista é orientada pela seguinte fórmula: A citação de passos bíblicos comprobatórios ou a apresentação de argumentos, produzirá na mente dos ouvintes a compreensão e apreensão da verdade, e o resultante conhecimento da verdade levá-los-á a agir em conformidade com a verdade. Essa não é, porém, uma base apro-priada para a pregação persuasiva.

Reduzida à expressão mais simples, essa fórmula equivale a: sabemos — agimos. Mas isso não está inteiramente em conformidade com a maneira em que atua a natureza humana. Possivelmente, cada pessoa é convencida pela lógica e pelo raciocínio, de uma quantidade de pontos em que não passa à ação. O homem tanto é um ser emocional quanto uma criatura que raciocina. As pessoas são estimuladas por seus impulsos psicológicos, ou por seus motivos básicos de atuação, mais do que meramente pelo raciocínio. De fato, as emoções parecem disparar adiante do raciocínio quando a vontade se transforma em decisão e ação. Esta condição foi apropriàdamente chamada: “o avanço do sentimento e o atraso do pensamento.”

O verdadeiro alicerce sôbre que o pregador tem de construir, para alcançar a persuasão é: a decisão e a ação surgem da ação recíproca do pensamento e emoções do ouvinte. O mais sábio dos homens reconhece isto, quando diz: “Como imaginou na sua alma, assim é.” O que o homem é, e o que faz, são o resultado acumulado do seu pensamento e emoções. Daí estar assente que a pregação persua-siva que estimula as pessoas à ação tem que ser um entrelaçamento hábil de provas lógicas com o apêlo ao coração, ou apêlo motriz, que produz essa ação recíproca de raciocínio e emoção e, por sua vez, produz decisão e ação esclarecidas. Reduzida à sua expressão mais simples, essa fórmula é: Sabemos — sentimos — agimos.

Equivale isto a que o pregador tem de falar ao mesmo tempo, para a cabeça e o coração, e a única maneira em que pode fazer isto é pela mescla hábil, no mesmo discurso, dos fatôres doutrinários e práticos. Semelhante mescla desperta as emoções do ouvinte, ao convencer-lhe o cérebro e guiar a razão, de forma que a sua vontade é estimulada ou aliciada para a proposição do pregador.

Por meio de um apêlo emocional não nos referimos à mera apresentação de histórias com o fito de fazer o ouvinte rir ou chorar. Referimo-nos, porém, a apelos aos motivos que controlam o comportamento humano; apelos que tocam as tendências universais do homem para a ação; apelos motrizes que levam a vontade a agir em prol da ver-dade.

A pregação persuasiva é a verdade avigorada da verdadeira significação emocional. É uma mescla sutil de lógica e apêlo motriz que, por motivo do intelecto convencido e dos sentimentos despertados, leva o ouvinte à convicção impelente e ao desejo propulsor de lançar-se à ação.