Energia
Diligência e energia acham-se estreitamente relacionadas, contudo há uma clara distinção entre ambas. A energia é inerente ao poder, fôrça, vigor, resolução, vitalidade, e potência que acompanham a ação. É a propulsão interior que mantém a pessoa avançando para realizar as coisas. Não podemos pensar em poder ou realização sem energia. A fôrça mais poderosa da Natureza denomina-se energia atômica.
Somos solicitados a “desejar ardentemente os melhores dons”; devemos persegui-los até que nos apoderemos dêles. Talentos e dons são concedidos sòmente aos que fazem dêles o devido emprêgo. Esta espécie de “desejo” [cobiça] não é condenada nas Escrituras, ao contrário é recomendada. Tudo depende dos motivos que inspiram êste desejo, e o emprêgo feito daquilo que se obtém.
Os motivos são, portanto, mais importantes e fundamentais do que os atos. No jugamento final o Senhor traduzirá Suas decisões na base dos incentivos que inspiraram as palavras e os atos. Por essa razão é que nenhuma pessoa pode, com justiça, julgar outra, pois não pode ler a mente. O ministro deve orar fervorosamente para ter motivos puros e uma consciência esclarecida, e a necessária energia de espírito e corpo para realizar a obra a que dedicou a vida e para a qual foi separado pela ordenação.
Assim como “a fé sem obras é morta,” a energia sem diligência é sem valor. Disse o sábio: “Viste a um homem diligente na sua obra? perante reis será pôsto” (Prov. 22:29). Benjamim Franklin disse que seu pai freqüentemente lhe lembrava êste provérbio, com a observação: “Agora, Ben, se você fôr diligente e laborioso, algum dia você será pôsto na presença de reis.” Perto do fim da vida. Benjamim Franklin disse que experimentara o privilégio de ser pôsto diante de cinco reis e ter jantado com três dêles. Era conhecido pela sua energia e diligência. O que segue são dois de seus ditos mais corriqueiros: “Quando o diabo vê um preguiçoso, êle o põe a trabalhar e paga-lhe salários.” “Aquêle que se levanta tarde tem que andar depressa todo o dia e raramente terminará a tempo seus deveres à noite.”
O ministro moderno necessita da mansidão e dedicação do apóstolo S. Paulo, o qual depois de certificar-se de que não alcançara o alvo em conhecimento e realização disse: “Mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fil. 3:13 e 14).
Conquanto seja a energia um requisito da diligência, jamais cumprirá sua missão sem auxílio divino. Notemos a seguinte:
Argumentam alguns que o Senhor, pelo Seu Espírito, qualificará o homem para falar como Êle o determinar; o Senhor, porém, não Se propõe a fazer a obra que confiou ao homem fazer. Êle nos concedeu as faculdades racionais e oportunidades de educar o espírito e as maneiras. E depois de têrmos feito tudo ao nosso alcance por nós mesmos, com o melhor emprêgo dos recursos ao nos-so dispor, então podemos olhar para Deus, em fervorosa oração, para fazermos, pelo Seu Espirito, o que não pudemos fazer por nós mesmos, e sempre encontraremos em nosso Salvador poder e eficiência. — Test, for the Church, Vol. 4, pág. 405.
Nesta obra a cooperação é essencial para o êxito. A declaração que segue vem mesmo a propósito:
Nunca penseis que já aprendestes o suficiente, e que podeis agora afrouxar vossos esforços. O espírito cultivado é a medida do homem. Vossa educação deve continuar através da vida inteira; deveis aprender todos os dias, e pôr em prática os conhecimentos adquiridos. . . .
Seja qual fôr vosso trabalho, fazei-o com exatidão, com diligência; vencei a inclinação de procurar uma ocupação fácil. . . .
Os que desejam apenas uma quantidade determinada de trabalho e um salário fixo, e que procuram encontrar um emprego exatamente adaptado às suas aptidões, sem a necessidade de se preocupar em adquirir novos conhecimentos e em aperfeiçoar-se, não são os que Deus cha-ma a trabalhar em Sua causa. Os que procuram dar o menos possível de suas fôrças físicas, espirituais e morais não são os trabalhadores sôbre quem derramará abundantes bênçãos. Seu exemplo é contagioso. O interêsse próprio é o seu móvel supremo. Os que necessitam ser vigiados e trabalham apenas quando cada dever lhes é especificado não pertencem ao número dos que serão chamados bons e fiéis. Precisam-se obreiros que manifestem energia, integridade, diligência, e que estejam prontos a colaborar no que seja necessário que façam. . . .
O homem pode moldar as circunstâncias, mas não deve permitir que as circunstâncias o moldem a êle. . . . Devemos dominá-las, mas não permitir que elas nos dominem.
Os homens de energia são aquêles que sofreram a oposição, o escárnio e os obstáculos. Pondo suas energias em ação, os obstáculos que encontram constituem para êles positivas bênçãos. Ganham confiança em si mesmos. Os conflitos e perplexidades provocam o exercício da confiança em Deus, e aquela firmeza que desenvolve a fôrça. — A Ciência do Bom Viver, págs. 446 e 447.
O que segue são descrições daqueles a quem falta energia e diligência: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, olha para os seus caminhos, e sê sábio; A qual, não tendo superior, nem oficial, nem dominador, prepara no verão o seu pão, na sega ajunta o seu mantimento. Oh! preguiçoso, até quando ficarás deitado? quando te levantarás do teu sono? Um pouco de sono, um pouco tosquenejando, um pouco encruzando as mãos, para estar deitado; assim te sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade como um homem armado” (Prov. 6:6-11).
“Passei pelo campo do preguiçoso, e junto à vinha do homem falto de entendimento; e eis que tôda estava cheia de cardos, e a sua superfície coberta de urtigas, e a sua parede de pedra estava derribada. O que tendo eu visto, o considerei; e, vendo-o, recebi instrução” (Prov. 24:30-32).
Eis uma descrição impressionante de uma fazenda, vinha ou pomar do preguiçoso, e sua indolência é facilmente reconhecida por todos os que passam pela estrada. Constitui também vivida descrição do pastorado do ministro preguiçoso. A vinha ou pomar é símbolo da igreja, e o ministro é o viticultor ou zelador. Necessita energia e iniciativa a fim de cumprir, na devida forma, sua missão divinamente designada.
Disse alguém que: “não há problemas demasiado intricados para resolver, mas há muitos pregadores demasiado indolentes para resolvê-los.” Em resposta à uma crítica severa do General Grant, disse Abraão Lincoln: “Não se exalta fàcilmente, e tem a garra de um buldogue. Quando crava os dentes, nada o faz descravar.” O ministro necessita dessa espécie de energia a persistência. Deveria orar diàriamente: “Senhor, mantém-me em atividade enquanto viver”, e acrescentar: “guarda-me de fossilizar-me.”
O autor perguntou a um médico amigo se êle conhecia certo médico idoso, e recebeu esta resposta: “Sim, conheci-o vinte antes que se fossilizasse.” Sem exceção muitíssimos pregadores se fossilizam espiritual e intelectualmente anos antes que devam cessar de progredir. É plano divino que a mente deve manter-se em funcionamento e em desenvolvimento enquanto houver vida no corpo, e muitos demonstraram que isto pode ser feito. Jamais deveria haver aposentadoria da vitalidade e progresso espiritual e mental.
Oportunos sermões não surgem apenas por inspiração, mas também pela transpiração. Mensagens que prendem almas jamais promanam de lábios de pregadores indolentes mental e espiritualmente. Provêm de homens que se dedicaram inteiramente a Deus e à obra que Êle lhes confiou fazer. O Dr. Tiago Stewart disse:
O servo apresentado no evangelho — mais do que qualquer outro, mais do que o cientista, o artista, o compositor ou homem de negócios — precisa estar possuído, coração, cérebro e alma, pela grandiosa emprêsa que lhe foi confiada e que lhe pesa. Seria necessário realçar isto não fôsse a negligência um perigo insidioso. Êste pecado vulgar tem arruinado muitos ministros que eram muito promissores, e embotou o gume cortante de seu poder espiritual. As próprias condições da obra ministerial — que lhe põe em mãos o controle de seu tempo e o calendário de atividades de seus dias — impõem uma respon-sabilidade incomum. Se desperdiça tempo na ociosidade, se dissipa, em digressivas leituras de revistas e jornais, horas preciosas que deviam ser rigorosamente destinadas em estudar a Palavra de Deus. . . . prejudica seu compromisso com Cristo e desonra seu alto chamado. — Heralds to God, pág. 195.
Irmãos, despertemos para as nossas responsabilidades, pelo rendoso emprêgo das preciosas horas de todos os dias em trabalho expressivo e diligente e estudo em favor do povo que busca em nós auxílio e inspiração espiritual. É verdade que muitos de nós vive premido com o tempo para a promoção da obra, reuniões de comissões, visitação, etc. Mas, como S. Paulo, digamos: “Uma coisa faço,” e ponhamos tôda energia e poder no preparo e pregação da Palavra.