Sentido do Termo “Evangelho Eterno”

PERGUNTA 45

Que querem os adventistas dizer com a constante ênfase que dão à expressão “evangelho eterno”, de Apocalipse 14:6? Trata-se de um evangelho especial que procuram pregar, e que difere do evangelho pregado pelos protestantes em geral? Queiram explicar.

Não entendemos que o “evangelho eterno” de Apocalipse 14:6 seja um evangelho novo e diferente daquele que o Senhor, os apóstolos e a igreja primitiva pregaram, e que deve ser novamente acentuado em dimensões mundiais, nestes últimos dias. São as mesmas inalteradas e imutáveis boas-novas que Deus comunicou ao homem desde que o pecado entrou no mundo, embora discernido com vários graus de clareza e ênfase, em épocas diversas.

Seus primeiros vislumbres manifestaram-se na promessa da “semente”, ou “descendência” — promessa feita quando o homem estava ainda além-portais do Éden (Gên. 3:15). O evangelho, segundo as Santas Escrituras, foi pregado mesmo a Abraão: “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti serão abençoados todos os povos” (Gál. 3:8).

O apóstolo Pedro referiu-se a esse mesmo evangelho quando escreveu: “Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando atentamente qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo, e sobre as glórias que os seguiríam”. I S. Ped. 1:10 e 11.

É claro, pois, que o que foi pregado antes da cruz era evangelho, embora em figura, em símbolo ou sombra. A revelação plena veio em Jesus Cristo e por Ele. Assim é que se lê: “Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, nos profetas, nestes últimos tempos nos falou, em um que é Seu Filho”. Heb. 1:1 e 2.

Mas um grave afastamento da fé — uma básica e trágica “apostasia” da pura fé evangélica e apostólica — veio a tornar-se a grande apostasia latina, a dominante perversão papal da Idade Média. Entretanto, isso tudo foi expressamente predito pelo apóstolo S. Paulo, em II Tess. 2:3-10.

Ninguém de nenhum modo vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia, e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus, ou objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus. Não vos recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas?

E agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria. Com efeito, o mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém; e então será de fato revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de Sua boca, e o destruirá, pela manifestação de Sua vinda. Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos.

No tempo devido surgiu a Reforma Protestante, que trouxe nobre avivamento de grande parte do evangelho que fora pervertida e se perdera. O grande princípio básico do evangelho — justificação pela fé — foi restaurado, e restabelecida a simples confiança no definitivo sacrifício expiatório de Jesus Cristo e Seu todo-suficiente sacerdócio medianeiro. Uma longa lista de perversões* papais foi repudiada e abandonada.

Conquanto houvesse um magnífico retorno à maior parte do evangelho — a fé uma vez entregue aos santos — todavia naquele tempo não foram acentuados certos aspectos da mensagem evangélica. Contam-se entre esses aspectos o batismo por imersão, a imortalidade como dom concedido por Cristo ao ressuscitar, a restauração do sétimo dia como dia de repouso, e várias outras verdades bíblicas.

Nós, adventistas, cremos convictamente que nestes últimos dias Deus está convidando a que se

* Essa lista inclui: Orações pelos mortos, a perseguição, veneração dos santos, celebração da missa, culto a Maria, purgatório, veneração de relíquias, penitência, água benta, celibato dos sacerdotes, o rosário, a inquisição, a transubstanciação, extrema-unção, confiança na tradição. complete a Reforma Protestante interrompida, restaurando plena e definitivamente a verdade evangélica. Justamente como surgiram no século dezessete os batistas, para acentuar, entre outras verdades esquecidas e conculcadas, o batismo por imersão, e como no século dezoito os wesleianos pregaram a livre graça divina, assim, cremos nós, a igreja cristã está sendo convocada para voltar ao evangelho pleno, original e imaculado — o “evangelho eterno”, imudado e imutável no plano e desígnio de Deus. Isto, como entendemos, está tudo envolvido no preparo da igreja dos últimos dias, para o encontro com o Senhor, ao voltar Ele.

Este mesmo princípio de fidelidade ao evangelho eterno, implica também a rejeição de todos os desvios e inovações dos “últimos tempos”, que foram igualmente preditos pelo mesmo apóstolo Paulo, pois lê-se: “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios”. I Tim. 4:1. O quadro deste perigo encontra-se retocado em II Tim. 3 e 4, onde se prediz a vinda de “tempos difíceis”, nos quais os homens terão uma “forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder”. II Tim. 3:1-5.

É este o tempo predito em que os homens “não suportarão a sã doutrina” e “se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas”. 11 Tim. 4:3 e 4. É por certo esse um quadro dos vários ismos, movimentos pseudo-cristãos e perversões religiosas que reclamam abrigo no redil geral do Protestantismo., E isto, a não falar no modernismo — o grande desvio do protestantismo — teoria da evolução, o “evangelho social”, o espiritismo, a negação da inspiração da Bíblia, a negação da divindade do Filho de Deus, e outras sutis filosofias religiosas do dia. Contra todas estas seduções históricas e correntes somos advertidos (Gál. 1:8 e 9.) Devemos ater-nos perseverantemente à fé apostólica e à sã doutrina, ou seja ao evangelho verdadeiro, baseado na Bíblia unicamente e apresentado por Cristo, Paulo e os outros apóstolos (I Tim. 4:13-16; II Tim. 3:14-16).

Através da história da igreja tem havido ênfases e aplicações especiais da verdade do evangelho, àdaptada a períodos específicos. Isso se constatou nos dias de Jesus e mesmo antes, depois nos tempos da igreja primitiva, no decurso da Idade Média e no período da Reforma, e dá-se também agora, nestes dias derradeiros. Essas ênfases espirituais constituem verdades presentes à geração à qual são concedidas (II S. Ped. 1:12). Cremos estar agora vivendo na hora, ou época, do juízo divino. Conseqüentemente cremos que deve haver uma plenitude de compreensão e ênfase que correspondam à plenitude da derradeira hora do nosso tempo. Cremos numa pureza de fé que esteja à altura das expectações de Deus em relação ao Seu povo nestes últimos e culminantes dias da história da Terra — dias em que em breve os remidos hão de encontrar-se com seu Senhor face a face.

Logo, se os adventistas do sétimo dia, em matéria de ênfase doutrinária, parecem diferir de alguns de seus irmãos de outras crenças protestantes, é porque crêem ter uma mensagem especial para esta bora. Consideramos o “evangelho eterno” de Apoc. 14:6 como evangelho apostólico, compreendido e acentuado rio contexto da hora do grande juízo divino do último dia, e destinado ao preparo de um povo completamente revestido da justiça de Cristo e seguindo à risca a revelada vontade de Deus, no preparo para subsistir em Sua presença, quando de Seu glorioso e iminente aparecimento.

Satanás, Demônios e Anjos

PERGUNTA 46

Que crêem os adventistas acerca de anjos e demônios? Consideram-nos espíritos dos falecidos? E que dizem do diabo: é pessoa, ou simples influência má; realidade, ou mito?

Os adventistas do sétimo dia crêem uniformemente que os anjos são seres criados, de uma ordem superior ao homem (Heb. 2:7). Foram criados antes do homem, pelo Filho de Deus (Col. 1:16). São maiores que o homem em força e poder (II S. Ped. 2:11). São seres gloriosos (S. Mat. 28:2 e 3) e o Céu é sua habitação (S. Mat. 18:10).

Entendemos que eles fazem parte de “toda a famíliá” de Deus, “no Céu como sobre a Terra” (Efés. 3:14 e 15). São citadas diferentes ordens de anjos, como querubins e serafins (Ezeq. 10: 19 e 20; Isa. 6:2 e 6). E o apóstolo Paulo se refere a principados, potestades, dominadores deste mundo e forças espirituais do mal (Efés. 6:12; comparar com Col. 2:15). Alguns dos anjos foram levados à rebelião, sendo em resultado expulsos do Céu (II S. Ped. 2:4). Esses anjos caídos chamam-se demônios, “diabos” ou “espíritos imundos” (S. Mat. 4:1; 8:16, 28-32; S. Mar. 5:13; I Cor. 10:20 e 21).

Quanto a Satanás, ou diabo, sustentamos que o uniforme ensino da Palavra declara ser ele um ser pessoal — o supremo adversário de Deus e do homem. Cristo chamou-lhe o “maligno” (S. Mat. 13:19). Fora outrora, porém, um anjo de luz, o mais elevado dos anjos. Tinha o nome de Lúcifer, “estrela da manhã” (Isa. 14:12-14). Caiu, porém, de sua elevada posição (Ezeq. 28: 13-18; S. Luc. 10:18; S. João 8:44), e arrastou consigo uma hoste de anjos, levando-os primeiro ao desafeto e depois à rebelião aberta contra Deus e Seu governo (II S. Ped. 2:4; S. Judas 6). É ele agora o príncipe dos demônios (S. Mat. 12:24), e chefia um reino adversário, com legiões de anjos maus, em mortal conflito com o reino de Deus e de Cristo (Apoc. 12:7-10).

Cremos, assim, que Satanás não é mais que um ser criado, embora da mais elevada categoria. Era outrora denominado “querubim da guarda” (Ezeq. 28:14). Foi descrito como “cheio de sabedoria e formosura” (V. 12). Era a personificação da perfeição criada, e parece que dirigia o culto divino do Universo. Ele estava “no monte santo de Deus”, onde Deus manifesta Sua glória, e era “perfeito” nos seus caminhos, até que nele “se achou iniqüidade” (vv. 14 e 15). Seu coração se ensoberbeceu por causa de sua formosura, e corrompeu-se a sua sabedoria por causa do seu resplendor (v. 17). Arruinaram-no a ambição profana e a inveja, e levou uma hoste de anjos em rebelião contra Deus e Cristo (Apoc. 12:7-9). Em conseqüência foi ele “lançado” fora do monte de Deus (Ezeq. 28:16), por terra, ou “à Terra”, como diz uma tradução (v. 17; Isa. 14:12). Ele é agora líder do reino dos demônios (S. Luc. 11:14-18).

Esse ser celestial, que “jamais se firmou na verdade” (S. João 8:44), apareceu “no Éden, jardim de Deus” (Ezeq. 28:13), e tramou a queda de Adão e Eva, incutindo-lhes dúvida quanto à palavra de Deus e a Sua bondade (Gên. 3:1-5). Adão caiu e sobreveio a morte em conseqüência de seu pecado de desobediência (Rom. 5:12). Satanás, como arquitentador, anda a “rodear a terra” (Jó 1:7; comp. com I S. Ped. 5:8), que é agora o campo de sua atividade especial. É ele o causador do pecado com sua frutificação de doença e morte (Ezeq. 28:15; S. Luc. 13:16; S. João 8:44; Atos 10:38; Heb. 2:14).

Em contraste com Cristo, o “Santo” (Atos 2: 27; 13:35), Satanás é chamado “o maligno” (S. Mat. 13:19). É ele a personificação da impiedade consumada. É o pecador original e “pai da mentira” (S. João 8:44). É chamado o “príncipe da potestade do ar” (Efés. 2:2), o “príncipe do mundo” (S. João 12:31; 14:30; 16:11), o “deus deste século” (II Cor. 4:4). Ele é poderoso, mas não todo-poderoso. Sem o poder divino não pode o homem vencê-lo. Temos de lhe oferecer resistência rendendo-nos a Deus (Rom. 6:17-21; S. Tia. 4:7), pondo nossa confiança na força do poder de Deus, e revestindo-nos de toda a armadura de Deus (Efés. 6:10-17).

Os que se perdem estão sob o “poder de Satanás” (Atos 26:18), e o mundo ímpio jaz inteiro no maligno (I S. João 5:19). Ele tem muitos “desígnios” sutis (II Cor. 2:11), podendo mesmo transformar-se em anjo de luz (II Cor. 11:14). Cega os olhos dos homens de modo que não percebam a luz do evangelho de Deus (II Cor. 4:4). E arrebata a Palavra de Deus dos corações onde foi semeada (S. Luc. 8:12).

Satanás arma ciladas aos pés dos homens (I Tim. 3:7; II Tim. 2:26), incutindo-lhes no coração propósitos ímpios (S. João 13:2; Atos 5:3), tornando mesmo os homens possessos (S. Luc. 22: 3). Ele semeia joio no campo de Deus (S. Mat. 13:25 e 39), e opera sinais e prodígios de mentira a fim de insinuar falsidades (II Tess. 2:9 e 10). Satanás tem “ministros” que lhe cumprem as ordens (II Cor. 11:14 e 15), e igrejas que lhe promovem a causa (Apoc. 3:9), E ele acusa e difama os “irmãos” perante Deus, dia e noite (Jó 1:6-12; 2:1-6; Apoc. 12:9 e 10).

Mas Satanás está sujeito a uma perpétua maldição, desde o dia em que seduziu o homem no Éden (Gên. 3:15). Seu destino está selado. Fogo eterno foi-lhe preparado, para ele e seus anjos (S. Mat. 25:41; Apoc. 20:10). Cristo veio ao mundo e tomou sobre Si nossa natureza, a fim de destruir o maligno e suas obras (Heb. 2:14; I S. João 3:8). Satanás procurou levar de vencida a Cristo ao vir Ele resgatar o homem (S. Mar. 1:12 e 13), e desde esse tempo tem perseguido a igreja (Apoc. 12:12 e 17). Mas seu poder e domínio receberam um golpe de morte no Calvário, é ele um inimigo vencido (S. João 12:31; 16:11; I S. João 3:8). Será logo esmagado sob os pés dos santos (Rom. 16:20).

Justamente antes do fim dos séculos seus sinistros “espíritos de demônios” influenciarão as nações, reunindo-as para o grande dia de Deus todo-poderoso (Apoc. 16:14). Por ocasião do segundo advento será ele preso pelo espaço de mil anos (Apoc. 20:1-3). Solto por breve período ao final do milênio, será então lançado no lago de fogo, onde sua destruição será de uma vez para sempre (v. 10). Juntamente com os anjos maus será reduzido a “cinzas”, e “jamais subsistirá (Ezeq. 28:18 e 19; S. Mat. 25:41). Esta, segundo compreendemos, é a biografia de Satanás, traçada no Livro de Deus.

A Questão dos Alimentos Imundos

PERGUNTA 47

Crêem os adventistas do sétimo dia que alimentos como lagostas, caranguejos, porco, etc., proibidos pela lei de Moisés, são ainda proibidos, vigorando essa proibição para os cristãos de hoje, não devendo, pois, ser usados, sob pena de pecado?

Esta pergunta abre um assunto importante, ou seja, a relação do cristão para com a lei de Moisés. É tema antigo e, como todos sabemos, através dos séculos tem dado motivo a debates.

Respondendo primeiro à segunda parte da pergunta: Nós consideramos o Decálogo como parte distinta da lei de Moisés, conquanto sustentemos que ambos são revelações de Deus. O Decálogo, porém, é expressão de princípios eternos, ao passo que a lei de Moisés se compunha, em geral, de leis pertinentes ao sistema cerimonial, ou sacrifical, que apontava ao futuro, ao grande antítipo, Jesus nosso Senhor. Cremos que a lei de mandamentos contidos nas ordenanças — os preceitos cerimoniais e sacrificais — tiveram seu cumprimento completo em Cristo no Calvário, como se acha explicitamente expresso em Efés. 2:14 e 15 e Col. 2:14-17. (Ver também perguntas 12 e 13.)

A lei de Moisés continha também conselhos sobre relações humanas, julgamento civil e questões sanitárias, bem como muitos outros vitais princípios de fé e prática. Que muitos desses conselhos, aliás importantes, foram incorporados na fé cristã, dela se tornando parte integrante, bem se pode ver no seguinte:

  • 1. Que devemos amar a Deus de todo o coração, e a nosso próximo como a nós mesmos (Deut. 6:5; 10:12; 30:6; comparar com S. Mat. 19:19; 22:39; Rom. 13:9; Gál. 5:14).
  • 2. Que devemos ser ‘ santos” porque “Eu sou santo”, diz o Senhor (Lev. 11:44; 19:2; 20:7, etc. Comparar com I S. Ped. 1:15 e 16.)
  • 3. Que devemos conhecer por experiência a santificação da vida (Êxo. 31:13; Lev. 20:8; Ezeq. 20:12; comparar com numerosas passagens do Novo Testamento.)

Estas verdades constituíam parte vital da lei de Moisés, e por certo que não foram abolidas na cruz do Calvário. Ao contrário, foram acentuadas nos ensinos de Jesus Cristo, tornando-se assim a norma de nossa vida hoje, nEle e por Ele.

O mesmo princípio aplica-se às leis sobre o regime alimentar, dadas ao Israel antigo. É verdade que nos abstemos de usar como alimento certos pratos, como os indicados na pergunta, mas não porque a lei de Moisés esteja mais em vigor. Longe disso. Estamos firmes na liberdade com que Deus nos libertou. (Gál. 5:1) Cumpre lembrar que Deus reconheceu a existência de animais “limpos” e animais “imundos” por ocasião do Dilúvio, muito antes que existisse a lei de Moisés. Raciocinamos que, se Deus, naquele tempo, houve por bem aconselhar Seu povo a absterem-se de certos alimentos, é porque estes não eram apropriados para o consumo humano; e visto como somos fisicamente constituídos à semelhança dos judeus e de todos os outros povos, cremos que esses alimentos não se prestam ao nosso uso hoje.

Para nós, toda a questão dos alimentos impuros é questão pertinente à saúde, pois cremos que “transgressão da lei física é transgressão da lei moral; pois Deus tanto é autor duma como da outra”. — Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 347.

Nosso ensino acerca de higiene e sanidade não é questão de tabus religiosos; com efeito, é muito mais do que a cuidadosa seleção do regime alimentar. É, para nós, o seguimento de um bem equilibrado programa de saúde. Julgamos ser de nosso dever cristão conservar nosso corpo no melhor estado de saúde possível, para o serviço de Deus e Sua glória. Cremos que nosso corpo é templo do Espírito Santo (I Cor. 3:16; 6:19; II Cor. 6:16), e que, portanto, quer comamos, quer bebamos ou façamos outra coisa qualquer, façamos “tudo para a glória de Deus”. I Cor. 10:31.

Os Adventistas e o Programa Missionário Mundial

PERGUNTA 48

Como cristãos, qual é vossa atitude para com o programa missionário geral, para a evangelização do mundo não cristão? Aceitais a responsabilidade para regiões determinadas, deixando o restante para outras corporações cristãs?

Nossa posição melhor pode ser exposta citando de Working Policy (Praxes de Trabalho) da denominação, a seção intitulada “Declaração de Relacionamento com Outras Sociedades”, adotada pelo Concilio Outonal da Associação Geral, em 1926. Essa declaração foi posteriormente revista e ampliada. Todos os missionários, ao partir para seus campos, recebem um exemplar dessas Praxes. Fazemo-las seguir na íntegra:

Declaração de Relacionamento com Outras Sociedades

No desejo de evitar ocasião de mal-entendidos ou atritos na questão do relacionamento com a obra de outras sociedades [missionárias], expomos a seguinte declaração de princípios como guia aos nossos obreiros em campos missionários, em seu contato com outras organizações religiosas:

  • 1. Reconhecemos como parte do plano divino para a evangelização do mundo, todas as corporações que exaltam a Cristo ante os homens, e temos em alta estima os homens e mulheres cristãos de outras comunhões religiosas que se empenham em ganhar almas para Cristo.
  • 2. Onde quer que a prossecução do trabalho evangélico nos, ponha em contato com outras sociedades e sua obra, • espírito de cortesia cristã, franqueza e correção deve em todas as ocasiões governar no trato dos problemas missionários.
  • 3. Reconhecemos que a essência da verdadeira religião é basear-se ela na consciência e convicção. Deve, pois, ser nosso constante propósito não permitir que interesses egoístas ou vantagens temporais atraiam a qualquer pessoa para a nossa comunhão, e que nenhum laço sustenha qualquer membro a não ser a crença e convicção da verdadeira comunhão com Cristo. Se alguma mudança de convicção levar qualquer membro de nossa sociedade a discordar de nós quanto à fé e à prática, reconhecemos não só o seu direita mas mesmo seu dever de mudar sua filiação religiosa, consoante com sua crença.
  • 4. Antes de admitir como membro da igreja a qualquer pessoa que seja membro de outra igreja, deve ser exercido todo o cuidado para certificar-se de que o candidato é levado a mudar sua filiação religiosa unicamente por força de convicção religiosa, e em atenção ao seu próprio relacionamento com o seu Deus; e sempre que possível, devem ser consultados os dirigentes da igreja ou missão à qual se acha ligado o pretendente.
  • 5. A pessoa sob censura de outra missão, por motivo de falta claramente comprovada quanto à moral ou caráter cristãos, não será considerada elegível para membro em nossa missão até que tenha dado prova de arrependimento e reforma.
  • 6. O agente [colportor, professor, zelador, etc.] empregado ou recentemente empregado por outra igreja ou missão não será empregado por nossa igreja ou missão sem consulta prévia à igreja ou missão à qual o agente está ou esteve ligado anteriormente.
  • 7. As comissões locais de verificação de contas são aconselhadas a, por ocasião da fixação de salários, darem consideração aos salários pagos por outras missões que operam no mesmo campo.
  • 8. Quanto à questão das divisões territoriais e das limitações do trabalho a regiões determinadas, nossa atitude tem de amoldar-se às considerações seguintes:

a. Como nas gerações passadas, na providência de Deus e conforme o desenvolvimento histórico de Sua obra em favor dos homens, têm surgido corporações denominacionais e movimentos religiosos para dar ênfase especial a diferentes aspectos da verdade evangélica, assim encontramos na origem e surgimento do povo adventista do sétimo dia, o encargo que se nos deu, de acentuar o evangelho da segunda vinda de Cristo como acontecimento próximo, “às portas”, convocando para a proclamação da mensagem especial de preparo do caminho do Senhor, tal como é revelado na Santa Escritura.

b. Segundo é descrita na profecia bíblica essa proclamação do advento, particularmente exposta em Apocalipse 14:6-14, requer-se que essa mensagem especial do “evangelho eterno*’, que há de preceder a vinda do Salvador, seja pregada a “cada nação, e tribo, e língua e povo”. Essa comissão toma-nos impossível restringir nosso testemunho quanto a este aspecto do evangelho, a qualquer região limitada, e impele-nos a proclamá-la a todos os povos, em toda a parte.

Onde várias corporações missionárias operam em íntima proximidade, sempre há possibilidade do surgimento de mal-entendidos. Isto é muito de se lamentar, e como adventistas desejamos assegurar aos nossos coobreiros no evangelho de Cristo que, quanto ao que nos respeita a nós, em harmonia com a Declaração acima, publicada em 1926, tomaremos todas as precauções para evitar esses mal-entendidos.

Se nesse assunto se acha envolvida a questão de proselitismo, diremos: De acordo com a definição do dicionário de Webster, fazer proselitismo quer dizer “converter a alguma religião, opinião, sistema ou coisa semelhante; converter”. Todas as igrejas procuram fazer prosélitos. Em comum com outras corporações cristãs, cremos que nosso dever, outorgado por Deus, se acha exposto na comissão evangélica: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (S. Mat. 28:19). Isto nos empenhamos em fazer.

Por outro lado, os adventistas do sétimo dia não aprovam a obtenção de novos membros mediante oferecimento de vantagens financeiras e outros incentivos. Condenamos essas práticas, onde quer que se usem. O único modo em que homens e mulheres podem tomar-se verdadeiros membros do corpo de Cristo é mediante o poder de Deus, que converte e transforma. — Questions on Doctrine, pp. 613-628.