Apenas três palavras, mas elas contêm o segredo da vida
Este precioso apelo inspirador apareceu numa série de pequenos panfletos publicados na década de 1890 pela Pacific Press Publishing Association, Mountain View, Califórnia. A infinita importância de fixarmos o olhar no Salvador é tão válida hoje como no fim do século passado (se não mais). Instamos com os leitores para que estudem diligentemente este documento, procurando de fato fazer de Jesus o primeiro, o último e o melhor em sua experiência diária. — Os Editores.
Apenas três palavras; mas estas três palavras contêm todo o segredo da vida.
“Olhando para Jesus” — nas Escrituras, a fim de aprender quem é Ele, o que tem feito, o que concede, o que requer, para encontrar em Seu caráter nosso modelo, em Seus ensinos nossas instruções, em Seus preceitos nossa lei, em Suas promessas nosso arrimo, em Sua Pessoa e obra plena satisfação para todas as necessidades de nossa alma.
“Olhando para Jesus” — crucificado, a fim de encontrar em Seu sangue derramado nosso resgate, nosso perdão, nossa paz.
“Olhando para Jesus” — ressurrecto, a fim de encontrar nEle a única justiça que pode justificar-nos, e pela qual, indignos como somos, podemos aproximar-nos, com plena confiança em Seu nome, dAquele que é Seu Pai e nosso Pai, Seu Deus e nosso Deus.
“Olhando para Jesus” — glorificado, a fim de encontrar nEle nosso Advogado junto ao Pai, completando, me-diante Sua intercessão, a misericordiosa obra de nossa salvação; comparecendo agora mesmo, por nós, à presença de Deus e suprindo as deficiências de nossas preces com o poder daqueles que o Pai sempre ouve.
“Olhando para Jesus” — da maneira como nos é revelado pelo Espírito Santo, a fim de encontrar, em constante comunhão com Ele, a purificação de nosso coração manchado pelo pecado, a iluminação de nossa mente obscurecida, a transformação de nossa vontade obstinada, para que triunfemos sobre o mundo e o diabo, resistindo a sua coação por Jesus nossa força e desfazendo suas artimanhas por Jesus nossa sabedoria, amparados pela simpatia de Jesus, O qual foi tentado em todas as coisas, e pela ajuda de Jesus, O qual resistiu e venceu.
“Olhando para Jesus” — a fim de que recebamos dEle o trabalho e a cruz de cada dia, com abundante graça para carregar a cruz e realizar o trabalho; sendo pacientes por Sua paciência; ativos por Sua atividade; amorosos por Seu amor; não perguntando: “Que posso fazer?”, e, sim: “Que Ele não pode fazer?”, confiando em Seu poder, que se aperfeiçoa na fraqueza.
“Olhando para Jesus” — a fim de que o brilho de Sua face dissipe as trevas que nos cobrem; para que tenhamos santa alegria e seja dominado o nosso pesar; para que Ele nos humilhe, e, em tempo oportuno, nos exalte; para que nos aflija e então nos conforte; para que nos destitua de nossa própria justiça e nos enriqueça com a Sua justiça; para que nos ensine a orar e atenda a nossas orações, de modo que, embora estejamos no mundo, não sejamos do mundo, estando nossa vida escondida com Ele em Deus e dando nossas palavras testemunho e Seu respeito perante os homens.
“Olhando para Jesus” — O qual tornou a subir para a casa de Seu Pai a fim de preparar lugar para nós, para que essa bendita esperança nos desse coragem para viver sem murmurar, e morrer sem remorso, quando chegar o dia de enfrentar o último inimigo que Ele venceu por nós, e ao qual venceremos por Seu intermédio.
“Olhando para Jesus” — O qual concede o arrependimento e a remissão de pecados, para recebermos dEle um coração que sente suas necessidades e clama por misericórdia a Seus pés.
“Olhando para Jesus” — a fim de que Ele nos ensine a olhar firmemente para Aquele que é o Autor e Objeto de nossa fé, para que nos conserve na fé da qual Ele é também o Consumador.
“Olhando para Jesus” — e para ninguém mais, como nosso texto o expressa numa palavra que é intraduzível, recomendando ao mesmo tempo que fixemos os olhos nEle e nos desviemos de tudo o mais.
“Olhando para Jesus” — e não para nós mesmos, nem para nossos pensamentos, desejos e planos; para Jesus, e não para o mundo, suas seduções, seus exemplos, suas máximas, suas opiniões; para Jesus, e não para Satanás, quer nos procure atemorizar com o seu furor ou seduzir-nos com suas adulações. Oh! quantas questões inúteis, escrúpulos molestos, perigosas transigências com o mal, pensamentos banais, sonhos vãos, amargos desapontamentos, penosas lutas e apostasias poderíamos evitar olhando para Jesus e seguindo-O aonde quer que Ele vá, tendo o cuidado de nem sequer relancear os olhos para algum outro caminho, para que não percamos de vista aquele em que Ele nos conduz.
“Olhando para Jesus” — e não para nossa força; pois com ela só podemos glorificar a nós mesmos. Para glorificar a Deus precisamos do poder de Deus.
“Olhando para Jesus” — e não para nossos irmãos; nem mesmo para os melhores e mais amados entre eles. Se seguirmos a um homem, corremos o risco de perder nosso caminho; mas, se seguimos a Jesus, podemos estar certos de que nunca nos extraviaremos. Além disso, se pusermos um homem entre Cristo e nós, esse homem crescerá imperceptivelmente aos nossos olhos, ao passo que Cristo é diminuído; e em breve não saberemos como encontrar a Cristo sem encontrar o homem, e se este último nos decepcionar, tudo estará perdido. Se, porém, Jesus estiver entre nós e nossos mais diletos amigos, nosso apego a eles será menos direto, porém mais agradável; menos impulsivo, e mais puro; menos necessário, e mais útil — o instrumento de ricas bênçãos nas mãos de Deus quando Lhe aprouver usá-lo, e cuja ausência ainda será uma bênção quando Lhe aprouver dispensá-lo.
“Olhando Para Jesus” — e não para os obstáculos que encontramos em nosso caminho. A partir do momento em que nos detemos a considerá-los, eles nos intimidam, enervam e desalentam, incapazes que somos de compreender a razão por que são permitidos ou o meio pelo qual podemos superá-los. O apóstolo começou a afundar logo que se virou para ver as ondas agitadas; mas enquanto continuou a olhar para Jesus, andou sobre as ondas como se estivesse sobre uma rocha. Quanto mais penosa for nossa tarefa e mais pesada nossa cruz, tanto mais nos compete olhar unicamente para Jesus.
“Olhando para Jesus” — e não para as bênçãos temporais que desfrutamos. Se olharmos primeiro para essas bênçãos, corremos o risco de ficar tão encantados com elas que cheguem a ocultar de nossa vista Aquele que as concede. Quando olhamos primeiro para Jesus, encaramos todas essas bênçãos como provenientes dEle; elas são escolhidas por Sua sabedoria e dadas por Seu amor; mil vezes mais pre-ciosas por serem recebidas de Suas mãos, a fim de serem desfrutadas em comunhão com Ele e usadas para Sua glória.
“Olhando para Jesus” — e não para nossa força; pois com ela só podemos glorificar a nós mesmos. Para glorificar a Deus precisamos do poder de Deus.
“Olhando para Jesus” — e não para nossa fraqueza. Alguma vez já nos tornamos mais fortes por deplorar nossa debilidade? Se olharmos para Jesus, Seu poder nos fortalecerá o coração, e prorromperemos em cânticos de louvor.
“Olhando para Jesus” — e não para nossos pecados. A contemplação do pecado só produz morte; a contemplação de Jesus produz vida. Não foi olhando para as suas feridas, e, sim, contemplando a serpente de bronze, que os israelitas foram curados.
Olhando para Jesus — e não para a lei. A lei nos dá suas ordens, mas não comunica a força necessária para obedecer-lhes. A lei sempre condena e nunca perdoa. Estar debaixo da lei é estar fora do alcance da graça. Na medida em que fizermos de nossa obediência o meio de nossa salvação, perderemos nossa paz, nossa força, nossa alegria, porque olvidamos que “o fim da lei é Cristo para a justiça de todo aquele que crê” (Rom. 10:4). Logo que a lei nos tenha compelido a buscar salvação unicamente em Cristo, só Ele pode impor obediência — uma obediência que não requer nada menos do que todo o nosso coração e nossos pensamentos mais secretos, mas deixa de ser um jugo de ferro e um fardo insuportável — uma obediência que ele torna agradável, embora também seja obrigatória — uma obediência que Ele não somente prescreve, mas inspira, e que, devidamente compreendida, é menos uma conseqüência de nossa salvação do que uma parte dela, e, como todas as outras partes, constitui o dom da graça irrestrita.
“Olhando para Jesus” — e não para o que estamos fazendo por Ele. Se estamos demasiado enlevados em nosso trabalho, pode ser que olvidemos nosso Mestre — talvez tenhamos as mãos cheias e o coração vazio; mas, se olhamos constantemente para Jesus, não podemos esquecer nosso trabalho; se nosso coração está repleto de Seu amor, nossas mãos também serão diligentes em Seu serviço.
“Olhando para Jesus” — afim de que Ele nos ensine a olhar firmemente para Aquele que é o Autor e Objeto de nossa fé, para que nos conserve na fé da qual Ele é também o Consumador.
“Olhando para Jesus — e não para o êxito aparente de nossos esforços. O êxito aparente nem sempre constitui a medida de verdadeiro êxito, e, além disso, Deus não nos impôs o sucesso, e, sim, apenas o labor; Ele pedirá contas de nosso trabalho, mas não de nosso êxito. Por que, então preocupar-nos demasiadamente com ele? Devemos lançar a semente; Deus colherá os frutos — se não hoje, amanhã; se não para nós, fá-lo-á para outros. Mesmo que nos seja concedido êxito, sempre seria perigoso olharmos ufana-mente para ele. Por um lado, somos tentados a atribuir parte da glória a nós mesmos; por outro lado, somos demasiado propensos a arrefecer o zelo quando vemos que está produzindo bons resultados, sendo essa a ocasião oportuna para envidarmos redobrada energia. Olhar para o nosso êxito é andar pela vista; olhar para Jesus e perseverar em segui-Lo e servi-Lo a despeito de todos os desalentos é andar pela fé.
“Olhando para Jesus” — e não para os dons que recebemos ou estamos recebendo dEle agora. Quanto à graça de ontem, ela foi retirada com o trabalho desse dia; não mais podemos usá-la; e não devemos mais demorar-nos sobre ela. Quanto à graça de hoje, concedida para as atividades deste dia, ela nos é confiada, não para ser contemplada, mas para ser usada; não para ser ostentada, como se fôssemos ricos, mas para ser empregada imediatamente, a fim de que, em nossa pobreza, olhemos para Jesus.
“Olhando para Jesus” — e não para as profundezas do pesar que sentimos por nossos pecados, nem para o grau de humildade que produzem em nós. Caso nos humilhem, de modo que não nos deleitemos mais em nós mesmos; caso nos abatam, de modo que olhemos para Jesus, a fim de que possa livrar-nos deles, isso é tudo quanto Ele requer de nós; e é olhar para Ele, mais do que qualquer outra coisa, que faz fluir nossas lágrimas e suprime nosso orgulho.
“Olhando para Jesus” — e não para a intensidade de nossa alegria, nem para o fervor de nosso amor. Por outro lado, se nosso amor parece esfriar-se, e nossa alegria é escassa — quer em decorrência de mornidão ou devido à prova de nossa fé — logo que essas emoções tenham passado, pensaremos que perdemos nossa força e nos entregaremos a inauspicioso desalento, se não a vergonhosa inatividade. Ah! lembremo-nos, porém, de que se a doçura das emoções religiosas às vezes estiver ausente, resta-nos a fé e seu poder; e a fim de que sempre sejamos abundantes na obra do Senhor, olhemos constantemente, não para nosso coração obstinado, mas para Jesus, que é o mesmo ontem, hoje e eternamente.
“Olhando para Jesus” — e não para nossa fé. O último ardil de Satanás, quando ele não pode afastar-nos do caminho, é desviar nosso olhar de Jesus, para que olhemos a nossa fé e fiquemos desanimados, se ela é fraca; ou envaidecidos, se ela é forte; debilitando-a em ambos os casos. Pois não é nossa fé que nos torna fortes, mas Jesus, mediante a fé. Não somos fortalecidos por contemplar nossa fé, e, sim, por olhar para Jesus.
“Olhando para Jesus” — pois é dEle e nEle que devemos aprender, não somente sem dano algum, mas para o bem de nossa alma e tanto quanto convém que saibamos do mundo e de nós mesmos — de nossa aflição, de nossos perigos, de nossos recursos, de nossa vitória; vendo tudo isso em sua verdadeira luz, pois Ele no-lo revelará no próprio tempo e na exata medida em que esse conhecimento seja mais apropriado para produzir em nós o fruto da humildade e sabedoria, da gratidão e coragem, da vigilância e oração. Tudo que convém que saibamos Jesus no-lo ensinará. Tudo que Ele não nos ensina, é melhor que não o saibamos.
“Olhando para Jesus” — durante todo o tempo que Ele nos concede neste mundo — renovando constantemente esse olhar, jamais permitindo que a lembrança do passado, ao qual conhecemos tão pouco, ou as ansiedades relacionadas com o futuro ignoto perturbem nossos pensamentos; para Jesus agora, se nunca olhamos para Ele; para Jesus novamente, se deixamos de fazê-lo; para Jesus em todo o tempo, de modo cada vez mais atento e firme, sendo “transformados de glória em glória, na Sua própria imagem” e aguardando assim a hora em que Ele nos chamar para passar da Terra ao Céu e do tempo para a eternidade — a prometida e bendita hora quando afinal “seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-Lo como Ele é”.
“Olhando para Jesus” — e não para nossa fraqueza. Alguma vez já nos tornamos mais fortes por deplorar nossa debilidade? Se olharmos para Jesus, Seu poder nos fortalecerá o coração, e prorromperemos em cânticos de louvor.