R. R. BIETZ
(Presidente da Associação do Sul da Califórnia, EE. UU.)
O PROBLEMA da saúde deveria ser de primordial importância para cada obreiro. Devemos ser homens e mulheres de saúde vigorosa, e não débeis nem enfermiços, com pouca ou nenhuma fôrça.
“Para prosseguir com esta árdua e magna obra, é necessário que os ministros de Cristo tenham saúde física. Para a consecução dêste fim, devem êles adquirir hábitos regulares e adotar sistema saudável de vida.” — Testimonies, Vol. IV, pág. 264.
Para estar são deve o homem não sòmente comer bem, mas também trabalhar bem, repousar bem e pensar bem. Parece haver muitos propugnadores da reforma pró-saúde que ficam em meio do caminho. Muitos há que pretendem ter em umas poucas pílulas o remédio para tôdas as enfermidades físicas. Muitos dêsses ativos vendedores que pouco entendem acêrca do corpo e de suas funções, estão pregando com o fervor de um evangelista. Dizem êles que nossas moléstias causadas pela indigestão, sangue impuro, artrite e outras enfermidades, podem ser curadas com os produtos de sua exclusividade. O motivo para que os vendedores de pílulas se possam dar boa vida é que sabem fazer boa propaganda e o público se deixa enganar com facilidade.
Não creio que o problema da alimentação possa ser remediado com comer feijão soja, iogurte, misturas de mel e melado, ou ingerindo pílulas vitaminadas de tôda a gama do alfabeto. Pessoalmente, me agrada o iogurte, e o feijão soja faz parte de minha alimentação. Mas, de qualquer modo creio que devemos reconhecer que o problema da saúde é muito mais amplo do que uma chávena de chá de ervas ou uma pílula vitamínica. Suponho que cada obreiro e sua espôsa terão chegado a acôrdo no que tange ao assunto da nutrição. Com a ajuda de um médico cristão que conheça alguma coisa acêrca da nutrição e da medicina preventiva, cada qual pode traçar um plano para satisfazer suas neces-sidades individuais. Tanto o alimento quanto o repouso, o trabalho e o exercício, devem ser equilibrados e bem distribuídos. O livro A Ciência do Bom Viver apresenta a verdadeira filosofia de uma vida sã. Há nêle mais e melhores instruções sôbre a generalidade dos problemas relacionados com uma vida sã, do que em qualquer dos livros já impressos ou por imprimir. Devemos estudar mais diligentemente êsse livro.
“Uma pessoa não pode ditar uma estrita regra para outra. Cada um deve exercer discernimento e domínio, agindo por princípio.” — Idem, pág. 266.
“Os que entendem as leis da saúde e são governados por princípios, fugirão dos extremos, tanto da condescendência como da restrição.” — Idem, págs. 273 e 274.
Os obreiros que comem alimentos equilibrados, que fazem o exercício necessário, que têm o repouso adequado, que não se preocupam desnecessariamente, que possuem dose abundante do otimismo, que fazem o seu trabalho como à vista de Deus, que guardam a consciência liberta de mancha, que não sentem ódio contra ninguém, nem são ciumentos, conservar-se-ão sãos e serão uma real contribuição para a causa de Deus.
A Fidelidade
Cada obreiro deve ser fiel. Lemos em Testimonies to Ministers, pág. 251:
“Amai-vos como irmãos, sêde afetuosos, corteses, leais uns aos outros, como a bússola, mas vencei o sentimento de superioridade sôbre vossos companheiros de ministério que vos pode levar a sentir-vos separados dos demais em vossos labôres.”
A instrução é clara: devemos ser leais uns aos outros. Isto não deve ser interpretado como que devamos deixar de lado os princípios, para ser leais. A fidelidade para com a verdade inclui lealdade para com os demais. A amizade nunca deverá ser de índole tal que suporte a homens sem princípios; nunca tão forte que encubra o pecado. Quando a lealdade é capaz de sacrificar os princípios, não é genuína; chegou a ser uma política corrompida. Essa espécie de lealdade é traiçoeira. Nunca deverá ela manifestar-se na causa de Deus.
Quando quem fala é a maioria, nossas convicções pessoais devem ser postas de parte. A atitude belicosa deve dar lugar à submissão e à cooperação. A verdadeira lealdade é provada quando nos encon-tramos em uma situação em que nossas convicções pessoais devem ser abandonadas. Momentos há para expressar nossas convicções, mas também os há em que devemos aceitar os desejos da maioria e apoiar-nos sinceramente.
Incidentalmente, nossa lealdade no tocante aos demais deve sê-lo suficientemente forte para pre-servar-nos de criticar as debilidades alheias. Não condiz com a lealdade o amesquinhamento de nos-so próximo. Não deveria acontecer que os membros de nossas igrejas mostrem desaprovação pela maneira em que os ministros falam de seus colegas.
Integridade Moral
Falando do ponto de vista moral, estamos vivendo em uma geração iníqua e pervertida. O código moral de conduta contido na Bíblia foi, na maioria dos casos, inteiramente desprezado. Como ministros do evangelho temos a responsabilidade de tornar a erguer as normas. Não devemos esquecer estas duas coisas: que “não veio sôbre vós tentação, senão humana,” e que não estamos isentos da tentação. Por seu trabalho, o ministro deve tratar com pessoas de ambos os sexos. De qualquer modo, porém, sua vida deve receber a aprovação do alto. Está êle em perigo constante de arruinar sua reputação. Sempre há alguém que está esperando e observando para descobrir os erros do missionário. Muita gente tem êxito ao murmurar contra o pastor. O assunto de que sempre se fala é o da familiaridade do ministro com o sexo oposto. Uma vez que se comece a falar sôbre êsse ponto, raras vêzes se deixa de fazê-lo, embora não haja mais que um mínimo de fundamento. Tais falatórios se aferram ao ministro como o cão à sua prêsa, e dificilmente o largam. Portanto, o pastor deve viver tão distante da linha discutível, que se os falatórios chegarem a começar, morram por falta de provas em que fundamentar-se.
Walter Schuette diz em seu livro The Ministers Personal Guide, pág. 52:
“Os falatórios são um inimigo desprezível, e não obstante um inimigo astuto e poderoso; e às vêzes, as visitas pastorais chegam a ser uma fonte produtiva de que se extraem falatórios que se propagam com um gôzo maligno.”
O pastor Schuette adverte contra o perigo de que um homem fale com uma mulher que esteja só em sua casa. Corresponde a nada menos do que a queda da reputação de um ministro, quando algum membro veraz da comunidade, homem ou mulher, chega a comentar: “O automóvel do pregador está estacionado defronte da casa da Sra. *, duas ou três vêzes por semana.” Essa senhora pode ser a diretora do côro, a tesoureira da igreja ou a diretora da Sociedade Dorcas. Mas o ministro deve evitar que o vejam amiúde na casa dela.
“Para aumentar as precauções dó ministro diremos que muitas igrejas cristãs têm em sua congregação mulheres a quem o epíteto de ‘intrigantes’ é plenamente aplicável. Quer seja por meio dos ardis insidiosos comuns ou do desejo deliberado de pôr em dificuldade o pastor, urdem um plano após outro com o fito de vê-lo a sós. Uma das primeiras coisas que devemos aprender no ministério é a defender-nos de tais mulheres. Às vêzes não poderão ser vencidas sem sermos decididamente rudes. Pois bem, sejamos rudes.” — Idem, págs. 52 e 53.
Vi cairem homens bons e capazes porque no desempenho de seu cargo haviam chegado a uma “inocente familiaridade.” De tais homens diz o sábio: “E êle segue-a logo, como boi que vai ao matadouro, e como o louco ao castigo das prisões.” Vi-os sair das reuniões de comissões, havendo tido que entregar sua credencial, chorando porque seu passado e seu futuro haviam sido arruinados, e às vêzes chorando por haverem sido apanhados. Muitas vêzes, depois de haverem sido despedidos, voltam-se contra a comissão da Associação. Mas isto não tira o fato de a comissão os haver pôsto em apêrto, senão que simplesmente cumpriu seu dever ao demiti-los de seu cargo. Num momento de fraqueza foram arruinados muitos anos de serviço no que tange à boa influência exercida. Quando algum homem perde sua boa reputação, perdeu algo de valor primordial. Que acontecerá? Simples é a resposta: Dera o primeiro passo “inocente”.
“Se algumas irmãs, casadas ou solteiras, demonstram familiaridade, repeli-as. Sêde corteses e decididos a fim de que conpreendam de uma vez por tôdas que não consentis tais debilidades.” — Testi-monies, Vol. I, pág. 437.
“A pureza moral, o respeito próprio, uma decidida resistência, devem ser fomentados firme e constantemente. Nunca devemos deixar de ser reservados. Um ato de familiaridade, uma indiscrição, podem comprometer a alma, abrindo as portas da tentação e debilitando dêsse modo o poder para resistir.” — Counsels on Health, pág. 295.
Deve o ministro manter-se distanciado de tais assuntos. Mantenhamos limpos nossos pensamentos, mãos e coração! Não é necessário ter entre as mãos, durante meio minuto, a mão de uma senhora, para fazer-lhe entender que estamos contentes de vê-la de novo, e desejar-lhe que passe bem. Se queremos acariciar mãos, tomemos as de nossa esposa, e ninguém poderá dizer-nos nada. Far-lhe-emos feliz a ela e salvaguardaremos nossa reputação.
Necessidade de Convicção
Hoje, o ministro necessita de convicção. O protestantismo do século XX perdeu quase totalmente sua convicção. E mesmo o pequeno grupo que saiu de entre êles, não demonstra a sua convicção. Parece que estamos temerosos de dar a conhecer ao mundo onde estamos e porque ali estamos. No protestantismo moderno também há muito temor de esboçar claramente a sua posição. Estamos tão ansiosos de “ganhar amigos e influenciar pessoas” que não fazemos nenhuma das duas coisas. Nossa posição na igreja e na sociedade deve ser clara como o cristal. Devemos saber aonde vamos e por quê.
“Ninguém deve consentir em ser uma simples máquina, acionada pelo espírito de outro homem. Deus nos condeceu a faculdade de pensar e agir, e é agindo com cuidado, pedindo-Lhe sabedoria, que podemos tornar-nos aptos para desempenhar posições de responsabilidade. Mantende-vos na personalidade que recebestes de Deus. Não sejais a sombra de outra pessoa. Esperai que o Senhor opere em vós, convosco e por vós.” — A Ciência do Bom Viver, pág. 446.
Nossa congregação deve saber que estamos nessa posição para alguma coisa; que não somos simplesmente homens que seguimos uma corrente e que podemos ser levados de um para outro lado como a areia. Não devemos estar interessados em trepar “ao carro onde viaja a maioria.” Antes de abandonar suas convicções, deve o ministro estar disposto a empurrar o seu carro na direção contrária, embora deva ir só, vertendo sangue e suor, e sem que ninguém o aplauda.
“Os homens de energia são aquêles que sofreram a oposição, o escárnio e os obstáculos. Pondo suas energias em ação, os obstáculos que encontram são-lhes positivas bênçãos. Ganham confiança em si mesmos. Os conflitos e perplexidades provocam a prática da confiança em Deus, e aquela firmeza que desenvolve a fôrça.” — Idem, pág. 447.
“[Deus] quer homens que pensem mais em cumprir o dever do que em receber recompensas — homens que sejam mais amantes dos princípios do que da promoção.” — Idem, pág. 426.
Nosso Lar
A desintegração dos lares tem influência devastadora sôbre a civilização, e torna-se igualmente alarmante para a vida da igreja. O lar do ministro deve ser exemplar.
“Isto não significa somente que deve ter o temor de Deus como regra na família. Significa, também, que, como espôso, se adornará com a beleza de procedimento que só pode dar um terno amor à espôsa. Significa que em seu trato com os filhos distará muito de ser o duro capataz, ou o comandante inflexível, ou o insensato que não compreende a vida nem os interêsses das crianças. A paternidade em nossos dias não é uma responsabilidade simples; mas, como homem de Deus, o ministro a levará com suficiente abnegação e compreensão. Se não podemos encontrar nêle ambas as coisas, ai de nós!” — The Ministers Personal Guide, pág. 69.
Se queremos demonstrar em nosso lar o caráter de Deus, devemos estar certos de que haja inteira submissão a Deus da parte do espôso e da espôsa, e de ambos entre si. Nossa devoção deve ser tão completa que influências estranhas não possam infiltrar-se. Se não podemos ter um lar exemplar em todos os sentidos, duvido que possamos representar os mais altos ideais.
Conclusão
Nossa vocação é santa e nossa vida deve estar em harmonia com êsse elevado chamado a que atendemos. O maior valor da causa não se fundamenta nos depósitos financeiros nem em suas bênçãos materiais. Os edifícios e os terrenos têm também o seu valor, mas mais importante do que todos os valôres que se possam taxar em dinheiro, é a avaliação espiritual na vida do ministro.
Disse certa vez M. L. Andreasen:
“A igreja tem direito a que seus ministros sejam puros, poderosos, cheios do Espírito Santo, bem instruídos, humildes, honestos, consagrados e dedicados ao seu trabalho. Com um ministro tal que Deus possa abençoar, a obra logo terminará.