Não pode a emoção ser erradicada da vida. Nenhuma pessoa compreensiva o deseja. Anular a personalidade humana e remover todo sentimento arraigado é tarefa impossível, e se fôsse viável, deixaria a vida realmente estéril. Imaginai a vida sem os ardentes transportes do amor; concebei uma família em que cada pessoa agisse apenas com frio senso do dever; suponde um jovem a propor a uma moça que com êle se case, mas havendo-lhe cautelosameste explicado de antemão que por ela não nutre nenhuma afeição. . . Não pode a vida ser concebida dessa maneira. Finda ela assim numa vasta absurdidade.
Aplicai êsse conceito à religião. Exigi que o arauto de Deus anuncie o oferecimento de seu Rei, de perdoar liberalmente e abundantemente abençoar, mas firmemente proibir que qualquer transporte de regozijo acompanhe, quer o anúncio das novas quer a alegre recepção da mesma . .. e pedir-lhe-eis o impossível.
O terror da emoção na manifestação religiosa atingiu culminâncias extremas, e alguns críticos parece suspeitarem de qualquer conversão que não ocorra num refrigerador!
Não resta dúvida de que tem havido perigos no emocionalismo. O evangelismo que atinge o coração sem nenhum apêlo ao cérebro, e suscita “decisões” patéticas como por uma rajada de sentimentos, mas absolutamente inconsciente do que faz, é indigno e desonra a Deus.
Mas isso não elimina em nós a emoção. O homem que berra numa partida de futebol ou de basquete, mas fica angustiado ao ouvir o pecador chorar aos pés da cruz, e murmura alguma coisa quanto “aos perigos do emocionalismo”, dificilmente merece respeito esclarecido. — W. E. Sangster, em Let Me Commend.