ROY A. ANDERSON

“Espera agora, e te farei ouvir a palavra de Deus.” Estas palavras de Samuel a Saul são significativas. Se quisermos ouvir a Palavra de Deus, temos que esperar. O verdadeiro ministro não é tanto o produto de escolas como do “lugar secreto do Altíssimo.” Necessita o pregador mais do que do diploma; precisa do dinamismo do evangelho.

Disse Jesus: “Recebereis o poder do Espírito Santo que virá sôbre vós.” Estas palavras eram parte da resposta referente a certas profecias. Os “tempos e estações” são um estudo absorvente, entretanto, mais importante do que a nossa pesquisa de dados e acontecimentos que o Pai tem em Sua própria autoridade, é buscarmos a unção do Espírito, para que a nossa mensagem não esteja no mundo apenas, mas também no poder e na demonstração do Espírito?

A especialização na profecia e a negligência do Pentecostes é um dos perigos que ameaçam todo estudante sincero das Escrituras. Importante é que conheçamos a profecia, mas é imperativo que conheçamos a Deus. Estamos nós saindo de nossas horas de colóquio com Deus, havendo visto de novo nosso Senhor ressuscitado e ouvido novamente Sua voz branda? A experiência cristã pode ser medida pela atitude da pessoa para com o lugar secreto quando está só com Deus.

Pressão ou Persuasão

EARL E. CLEVELAND

A impaciência de ver os homens decidirem-se por Cristo pode produzir em quem anda em busca de almas uma extravagância de expressão. “O senhor está perdido” é um julgamento reservado para Deus apenas. Conquanto seja verdade que o homem de Deus possui as chaves do reino, seja notório que isso não o habilita para abrir nem fechar a alma nenhuma a porta do Céu.

Nos dias de Noé, foi um anjo quem fechou a porta. Teve Noé o privilégio de pregar o meio de escape e mesmo guiar a êle os homens. Mas aí termina a responsabilidade do homem. A porta da misericórdia ficou aberta de par em par, controlada por Deus apenas. Assim ainda acontece hoje. Com as chaves do reino, o ministro abre os corações humanos, expondo-lhes os mistérios do reino. Mas a concessão ou retração é prerrogativa divina, e não do homem.

Fato verídico é que algumas almas, como as frutas, amadurecem umas com mais vagar que outras. Em casos tais a pressão tanto é inconveniente como dispendiosa. Almas têm sido afastadas da porta do Céu pelos execessivamente ansiosos. Sem dúvida falamos muito por conta própria quando pretendemos declarar a qualquer pessoa que a porta da graça lhe está para sempre fechada. Sabe-se de uma alma que rejeitou a mensagem pela pregação de um homem e aceitou-a pela de outro. A salvação nunca começa nem termina com o ministério de homem nenhum. Necessário é, portanto, que a “semente da verdade” seja semeada meticulosa e pacientemente, pois não sabemos qual delas prosperará.

Também é verdade que a atitude de alguém para com o obstinado é um índice de suas intenções. Só um egoísta arriscaria desviar de Deus uma alma para ganhá-la pela persuasão desonesta e por medidas desesperadas. Todo obreiro bem-sucedido reconhecerá a linha que separa os deveres do ministro, dos privilégios de seu Criador.

Veículos de Luz e Bênção

ELLEN G. WHITE

A glória da igreja de Deus reside na piedade de seus membros; pois ali está o esconderijo do poder de Cristo. A influência dos sinceros filhos de Deus pode ser estimada de pouco valor, mas será sentida através dos tempos, e devidamente revelada no dia da recompensa. A luz de um cristão genuíno, que brilha em perseverante piedade, em fé inabalável, demonstrará ao mundo o poder de um Salvador, vivo. Em Seus seguidores será Cristo revelado como manancial de água, que salta para a vida eterna. Embora mal-conhecidos pelo mundo, são reconhecidos como povo peculiar de Deus, Seus escolhidos vasos de salvação, Seus veículos por meio dos quais será transmitida luz ao mundo. — Review and Herald, 24 de março de 1891.

Deus requer que Seu povo brilhe como luzes no mundo. Não é sòmente dos ministros que isso se exige, mas de todo discípulo de Cristo. Sua conversação deve ser celestial. E ao passo que desfrutam comunhão com Deus, desejarão comunicar-se com seus semelhantes, a fim de exprimir, por palavras e atos, o amor de Deus que lhes anima o coração. Por esta maneira serão luzes no mundo, e a luz transmitida por meio dêles não se extinguirá, nem lhes será tirada. — Testimonies, Vol. II, págs. 122 e 123.

Deus designou Seus filhos para proporcionarem luz ao outros, e se deixarem de o fazer, e almas forem deixadas nas trevas do êrro por sua falta em fazer aquilo que poderiam ter feito se tivessem sido vivificados pelo Espírito Santo, serão então responsáveis a Deus. Fomos chamados das trevas para Sua maravilhosa luz, a fim de que pudéssemos anunciar as virtudes de Cristo. — Review and Herald, 12 de dez. de 1893.

Os que deveriam ser a luz do mundo, têm emitido apenas raios débeis e enfermiços. Que é a luz? É piedade, bondade, verdade, misericórdia, amor; é a revelação da verdade no caráter e na vida. O evangelho depende da piedade pessoal de seus crentes, quanto a seu poder intensivo, e Deus tomou providências, mediante a morte de Seu Filho amado, para que tôda alma pudesse estar perfeitamente instruída para tôda boa obra. Tôda alma deve ser uma luz brilhante e resplandecente, anunciando as virtudes dAquele que nos chamou das trevas para Sua maravilhosa luz. “Nós somos cooperadores de Deus”. Sim, cooperadores; isto quer dizer prestar sincero serviço na vinha do Senhor. Há almas a serem salvas — almas em nossas igrejas, em nossas escolas sabatinas e em nossa vizinhança. — Review and Herald, 24 de março de 1891.