Vigiai e orai para que não entreis em tentação

Nesta oportunidade, minha mensagem de coração a coração para você reflete uma preocupação que todo pastor deveria ter. Estou quase certo de que todos nós, pastores, estamos bem conscientes da importância de uma vida consagrada, de comunhão íntima com Deus, para um ministério bem-sucedido. Nesse pensamento, você não é exceção. Entretanto, quero lembrá-lo que o inimigo de nossas almas sabe disso; e, por isso, ele envida todos os esforços no sentido de impedir que o pastor seja um homem de oração.

Por um lado, se uma vida de comunhão com Deus nos assegura a vitória sobre a tentação e o pecado, por outro lado, a falta dessa comunhão, leva inevitavelmente à derrota e a um ministério sem resultados consistentes. Por essa razão, todos nós nos prevenimos contra os assaltos com que o inimigo nos surpreende. Assim, quase sempre estamos alerta contra as tentações.

Contudo, precisamos nos lembrar que os assaltos do inimigo sobre os pastores não acontecem apenas em forma de tentações. Ele sabe que uma pessoa em comunhão com Deus poderá resistir a qualquer tentação. Então, ele usa outra arma, bastante sutil, para destruir a vitalidade espiritual dos servos de Deus. Observe atentamente a seguinte declaração de Ellen G. White:

“Satanás está bem ciente de que a mais débil alma que permaneça em Cristo é mais que suficiente para competir com as hostes das trevas, e que, caso ele se revelasse abertamente, seria enfrentado e vencido.” – O Grande Conflito, pág. 530.

Que conforto, saber que a permanência em Cristo é uma barreira inexpugnável contra a tentação! Porém, o texto continua com uma séria informação: “Portanto, procura retirar das suas potentes fortificações os soldados da cruz” – Ibidem. E, no livro Caminho a Cristo, encontramos mais esta advertência: “É constante empenho de Satanás conservar a atenção desviada do Salvador, e evitar assim a união e comunhão da alma com Cristo.”

Se a tentação é uma ferramenta inútil, às vezes, para atingir a alma que permanece em Cristo, o arquienganador lança mão das distrações. Qual é a diferença entre tentação e distração, neste contexto? É simples: a tentação está relacionada com a prática de pecado, comportamento reprovado pela Bíblia, transgressão e desobediência.

Por sua vez, as distrações não estão necessariamente relacionadas com coisas ruins, censuráveis ou pecaminosas. Contudo, são tão perigosas quanto as tentações, na medida em que consomem tempo, energia e vibração com as coisas de Deus. Você compreende? O adversário se ocupa a fim de nos distrair de nossa comunhão até que, por falta dela, nos tornamos vulneráveis às suas tentações.

Por essa razão, a Bíblia é muito insistente no aspecto da vigilância e da concentração nas coisas espirituais: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação”, disse Jesus (Mat. 26:41). “Orai sem cessar”, asseverou o apóstolo Paulo (I Tess. 5:17). Uma vida cristã vitoriosa é uma experiência que resulta de dar-mos absoluta prioridade à comunhão com Deus. Do contrário, seremos facilmente distraídos por muitas atrações, atividades e circunstâncias que nos rodeiam.

É possível que você esteja se perguntando agora: “Mas, que distrações poderão ser essas?” Minha resposta é: reflita sobre isso, a sós. Faça a si mesmo as seguintes perguntas: “O que está ocupando o tempo que deveria ser dedicado à oração? O que está contribuindo para que eu perca o prazer na leitura da Bíblia? O que está me envolvendo tanto no trabalho, a ponto de eu não ter mais interesse nem vibração com assuntos espirituais?”

As respostas a essas perguntas podem variar de indivíduo para indivíduo. Alguns poderão identificar que estão sendo distraídos por passatempos, jogos de computador, internet, leitura secular, televisão, música, amigos, passeios, etc. Outros poderão até perceber que estão sendo afastados de sua comunhão com Deus pelo próprio trabalho da igreja. Podem ser vítimas da tragédia de ter as mãos cheias e o coração vazio.

Pense nisso.

Ranieri Sales, secretário ministerial associado da Divisão Sul-Americana