Pai, Filho e Espírito Santo cumprem Seus respectivos papéis na redenção do homem. Mas o sucesso do plano ainda depende de outro aspecto

Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, foram Um em pensamento, propósito e ação ao executar a criação primária, incluindo a criação da humanidade. A declaração de Deus, a mediação do Filho e a operação do Espírito Santo estavam bem presentes na atividade criadora realizada pela divindade. Semelhantemente, exceto pela adição da cooperação responsiva da humanidade, Pai, Filho e Espírito Santo, estão inextricavelmente envolvidos na consumação do plano de salvação e na colheita redentiva.

Cada fator componente das equações da criação e da redenção é igualmente essencial à integridade e efetividade dessas equações. A primeira equação, a da criação, consiste de fatores exclusivamente divinos, enquanto a segunda equação, da redenção, é formada pela ação divina e a resposta humana.

Os fatores divinos nas duas equações são invariáveis desde que em Deus não existe “variação ou sombra de mudança”. Ao contrário, o fator humano que forma parte da segunda equação é o único elemento variável nesse traçado. Entretanto, quando a resposta humana é de aceitação ao plano redentor de Deus, os milagres e maravilhas que seguem não são menos espetaculares e conclusivos do que aqueles que acompanham a equação da criação.

A Bíblia fala da criação em termos de declaração divina (“Pois Ele falou, e tudo se fez”, Sal. 33:9), a mediação do Filho (“pelo Filho, … também fez o Universo”, Heb. 1:2) e a operação do Espírito Santo (“O Espírito de Deus me fez; e o sopro do Todo-poderoso me dá vida”, Jó 33:4). Da mesma forma, na equação da redenção como recriação, a divindade é uma em pensamento e ação.

Primeiro, há a declaração de Deus o Pai: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o Seu descendente” (Gên 3:15); a mediação do Filho: “Este te ferirá a cabeça, e tu Lhe ferirás o calcanhar” (Gên. 3:15) e a operação do Espírito: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (Rom. 8:1 e 2). Em declaração, mediação e em operação da ação redentiva, a divindade mostra-Se uma, tal como na criação.

Os papéis e funções do Pai, Filho e Espírito Santo compõem os três fatores divinos invariáveis que são comuns às equações da criação e redenção, bem como à redenção e à colheita. Entretanto, o fator humano de cooperação responsiva, que está ausente na primeira, mas presente na segunda, representa o único ponto de dessemelhança entre as duas equações. Diferentemente da primeira equação, na qual a cooperação humana não é um fator, sem o elemento representado pelo fator humano na segunda equação, a redenção seria um exercício de futilidade, e a consumação da colheita seria uma impossibilidade total.

Quando Jesus disse em João 3:16 que “Deus amou ao mundo de tal maneira que Deus o Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”, também estava incluindo em Sua declaração a importância do fator humano na redenção. Suas palavras indicam claramente que embora a provisão divina de vida eterna esteja disponível para todas as pessoas, sua concretização requer a cooperação humana responsiva, no ato de crer e aceitar. Na equação da criação, esse fator humano não existe.

Direito de escolha

Ao criar a humanidade, Deus nos legou o direito de responder “sim” ou “não” à Sua Palavra. Esse dom de li-vre-arbítrio deve ser desenvolvido de modo que sejam exploradas suas riquezas e possibilidades infinitas. Deus colocou no Eden a árvore do conhecimento do bem e do mal, e revelou aos nossos primeiros pais o significado do livre-arbítrio. Mas Adão e Eva deliberadamente escolheram não cooperar responsivamente com Deus. A escolha foi mais que trágica, e assim vieram as perdas.

Essa queda trágica criou a necessidade de um Salvador. Conseqüentemente, Deus o Filho assumiu voluntariamente o papel de segundo Adão para tomar possível o novo protótipo da família humana. “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gál. 4:4 e 5). Como era o protótipo e qual seria o papel a ser cumprido pelo Salvador? Simplesmente através da perfeita obediência do Filho a Deus, envolvendo uma cooperação responsiva sem defeito com Deus, através da capacitação do Espírito Santo. “Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tomaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos” (Rom. 5:19). “E a Si mesmo Se humilhou, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz” (Filip. 2:8). “Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a Si mesmo Se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!” (Heb. 9:14).

Cristo, em Sua vida única de ser “obediente até à morte e morte de cruz”, cumpriu todos os requisitos de Seu papel como o protótipo e o Salvador da humanidade. E é Sua própria vida que será reproduzida, pela graça de Deus, na vida de Seus seguidores que são distintos das demais pessoas, por não amarem a própria vida, mas por entregá-la inteiramente ao Senhor.

Desde que o estado de perda experimentado pela humanidade foi precipitado pela irresponsável falta de cooperação com Deus, sua recuperação tornou-se possível pelo Filho de Deus, mas apenas depois de Ele experimentar em carne humana a perfeita cooperação com Deus. O objetivo de Deus na encarnação e morte do Filho tem tudo a ver com a restauração da humanidade à cooperação harmoniosa com Ele.

Essa é uma verdade fundamental que deve governar a vida e as atividades de colheita de todos os ceifeiros de Deus. Sem uma completa compreensão dessa verdade básica, haverá falhas trágicas nos ceifeiros e na colheita. É essa preeminente verdade que o Ano da Evangelização Mundial busca imprimir no centro do pensamento e da vida da igreja, de modo que Deus possa efetivar por seu intermédio a consumação da colheita com a máxima precisão e no mais curto espaço de tempo. “Porque o Senhor cumprirá a Sua Palavra sobre a Terra, cabalmente e em breve” (Rom. 9:28).

Assim, a igreja nunca deveria esquecer que a consumação da colheita redentiva é, antes de tudo, uma prerrogativa divina. Deus graciosamente nos convida a experimentar a redenção, primeiramente em nós mesmos; depois, colaborar com Ele em parti-lhá-la para benefício de outros.

Fórmula redentiva

A fórmula fixa através da qual nós mesmos somos colhidos redentivamente, e capacitados para cooperar com Deus na colheita de outros, é a declaração de Deus o Pai, a mediação de Deus o Filho, a operação de Deus Espírito Santo e nossa cooperação responsiva com Deus. Nessa fórmula, consistente de fatores divinos invariáveis, que são mais que suficientes para colher o mundo inteiro, nosso papel é o único fator variável e frágil. Como tal, ele representa o único dilema para a conclusão da colheita.

Entretanto, não estamos desprovidos de segurança. Em Cristo, nossa variável e frágil cooperação com Deus pode se tomar tão resoluta como foi em Cristo. Quando, pela graça divina, ocorrer esse milagre espiritual, então será construída a equação perfeita, mais que suficiente para evangelizar todo o mundo. As portas do inferno não prevalecerão contra esse modelo de colheita.

Porventura é a busca pelo cumprimento do nosso papel nesse modelo de sucesso evangelístico uma diversificada jornada de novos começos e adaptações, avanços ilusórios, marchas e contramarchas? É um torturante sonho cheio de esperanças enganosas? Pode ser assim, se entendemos nossa cooperação responsiva com Deus como resultado de sangue, instrumentos, suor e lágrimas humanos, e não um dom da graça de Deus que elimina toda base para orgulho humano.

A capacidade para responder a Deus e Sua Palavra e a cooperação com Ele são dons divinos que o primeiro Adão escolheu repudiar. Mas o segundo Adão, em Sua vida perfeita de cooperação responsiva com o Pai, por Sua morte, ressurreição e mediação, recuperou a raça caída, “porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (I Cor. 15:22). “Pois assim está escrito: o primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espirito vivificante” (I Cor. 15:45).

Portanto, o papel e a função que desempenhamos no perfeito modelo de evangelismo são dons de Cristo livremente partilhados conosco. Mas não são apenas dons. São também nosso direito legal, em Cristo, que podemos e devemos reivindicar por Sua graça. “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Heb. 4:16).

Adicionalmente, os dons da graça de Deus em Cristo Jesus têm um significado mais que legal ou teórico. Também possuem uma aplicação altamente prática e significativa a toda vida e experiência humanas. Em outras palavras, os dons da graça vão além das dimensões meramente legais para incluir toda ordem de emoções e disposições humanas – conhecimento, comportamento e atitudes em toda área da vida. Além disso, eles são operáveis em todos os tempos e circunstâncias. A graça de Deus é mais que suficiente para toda a humanidade mesmo em sua pior depravação. Na estrutura do estranho espetáculo da graça divina com toda sua benevolência, Deus proveu em Cristo Jesus os meios com os quais nos dota de todos os méritos do Seu Filho unigênito, e isso em substituição à nossa indignidade como pecadores.

Nossa feiura é substituída pela beleza do Seu Filho. Sua alegria duradoura toma o lugar de nossa tristeza. Nossa culpa é substituída por Sua inocência. Sua plenitude enche o nosso vazio, e assim por diante. Nenhuma dessas mudanças da graça ocorre no âmbito apenas legal, mas todas elas estendem-se simultaneamente ao estilo de vida de todos os que continuam, pela graça, a responder cooperativamente ao chamado de Deus.

Condutos do amor de Cristo

Paulo fala de realidades experimentais: “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade” (Filip. 2:13). “… Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim” (Gál. 2:19 e 20).

Essa passagem aos gálatas é particularmente penetrante. Quando respondemos plenamente à graça de Deus, nossa vida pecaminosa é crucificada com Cristo e somos dotados com uma nova vida que já não nos pertence. Cristo vivendo em nós. Essa experiência nos assegura que Deus nos usará como instrumentos em Seu trabalho de colheita. E não existe outra manei-ra pela qual Seus propósitos tenham de ser cumpridos. “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em Mim fará também as obras que Eu faço e outras maiores fará, porque Eu vou para junto do Pai” (João 14:12).

Onde reside a irresistível potência e eficácia da resposta cooperativa com Deus? Em nada mais nada menos que na aplicação do amor divino: “Nós o amamos porque Ele nos amou primeiro” (I João 4:19).

Mas esse amor possui algo mais do que uma expressão vertical. Sua expressão horizontal não é menos importante que seu aspecto vertical: “Nisto conhecerão todos que sois Meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João 13:35). A resposta cooperativa com Deus que é vazia de amor é uma caricatura, na melhor das hipóteses; e na pior, uma tragédia terrível. Para todos os propósitos é completamente sem valor.

Evangelização mundial

Espera-se que o Ano da Evangelização Mundial, 2004, seja o mais histórico período para o evangelismo da Igreja Adventista do Sétimo Dia no mundo. E deve servir como um modelo evangelístico para os anos vindouros. A essência desse modelo é: Declaração de Deus Pai, mediação de Deus Filho, operação de Deus Espírito Santo e cooperação da igreja, nos níveis verticais e horizontais.

Declaração-mediação-operação-cooperação. Eis os fatores que constituem a equação divina para a consumação da colheita redentiva.

Os papéis e funções de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo já estão operando. Para completar a equação e o cumprimento da tarefa, tudo o que é necessário é nossa plena cooperação com Deus e uns com os outros.

Capacitados pela operação do Espírito Santo, agarrados à graça mediadora de Jesus Cristo, vamos, como nunca fizemos antes, cooperar com Deus e com nossos irmãos para o êxito do Ano da Evangelização Mundial.

Quando respondemos plenamente à graça de Deus, Ele nos torna instrumentos em sua colheita.

Peter Prime, Secretário ministerial associado da Associação Geral da IASD