Pastorear devidamente uma igreja é uma tarefa de tão tremenda importância que Deus, através do Espírito Santo, confere um dom especial para ela. Cinicamente aquêle que foi imbuído dêste dom especial pelo Espírito Santo, pode efetuar com êxito a obra de pastorear o rebanho.
“E Êle mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastôres, e doutores, para aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo.” Efé. 4:11 e 12.
Ao estudar a obra do pastor, consideremo-no cm primeiro lugar como indivíduo, observando seu programa pessoal e seus hábitos, bem como os diversos aspectos de seu programa relacionado com a igreja. .
É bom lembrar que nesta obra os maiores ho-mens sem Deus fracassam redondamente. O trabalho do pastor não consiste forçosamente em manobrar com destreza, para enfrentar situações difíceis, mas é uma obra em que deve ser sentida a profunda e poderosa influência do Espírito de Deus. Quando o pastor é guiado pelo Espírito Santo, êle será forte e eficiente. Portanto, o pregador deve primeiro empregar bastante tempo para preparar a si mesmo. Depois deve dedicar abundante tempo para o pre-paro do sermão, até êste tornar-se uma parte de seu próprio ser.
Sua vida precisa ser uma vida de oração e comunhão com Deus. A serva do Senhor declarou belamente:
“Aquêle que convida os homens ao arrependimento, deve comungar com Deus em oração. É mister que se apegue ao Poderoso, dizendo: ‘Não Te deixarei ir, se me não abençoares. Dá-me poder para conquistar almas para Cristo’.” — Obreiros Evangélicos, (3ª ed.), pág. 509.
“Nada é mais necessário em nossos trabalhos do que os resultados práticos da comunhão com Deus. . . . Imprimirá à voz uma fôrça persuasiva. . . . Eis o que dá ao obreiro um poder que nada mais será capaz de lhe comunicar. Jamais deve permitir ser privado de tal poder.” — A Ciência do Bom Viver, pág. 459.
“Manhã após manhã, ao se ajoelharem os arautos do evangelho perante o Senhor, renovando-Lhe seus votos de consagração, Êle lhes concederá a presença de Seu espírito, com Seu poder vivificante e santificador.” — Atos dos Apóstolos, pág. 56.
O mecanismo é inútil sem a energia que o movimenta. Aproveitando o poder de maneira apropriada e eficaz, temos os meios necessários para efetuar a obra. Mas o poder de cima jamais poderá ser substituído pelo mecanismo e a organização. Por conseguinte, manter desimpedido o conduto entre Deus e a alma é de primordial importância na obra do pastor. Segundo a avaliação divina, esta é a única maneira em que nos pode ser assegurado o êxito como pastôres do rebanho.
A fim de preparar um eficaz programa pastoral, o pastor deve estudar a organização de seu próprio programa diário, bem como o de sua igreja. Um bem elaborado programa de igreja orientará seu próprio plano de estudo e trabalho. Êle sempre deve progredir e desenvolver-se no conhecimento em geral, lendo e estudando com diligência. Jamais deve ser um indolente mental. É mister que cada dia cave mais profundamente. Precisa haurir para que possa dar.
Considerai a diferença entre uma fonte — sempre pronta a manar quando desimpedida — e uma esponja, que precisa ser comprimida para soltar algumas gôtas de água. Que se pode extrair de uma esponja sêca? A fim de dar, ela tem de ser mergulhada na água e ficar saturada. Assim nós, se desejarmos ser bem sucedidos no serviço que prestamos em favor dos outros, devemos impregnar-nos de conhecimento.
É fácil dispensar os estudos por causa de nos-sos muitos deveres. “Que fazer?” pergunta alguém. “Tantas coisas reclamam a minha aten-ção, que não me sobra tempo para estudar.”
Precisamos conseguir tempo para estudo, ou não prosseguiremos durante muito tempo, pois o trabalho pastoral é exigente. Como sugestão, apresento o plano que venho seguindo e achei satisfatório. As horas da manhã, até o meio-dia, são reservadas para o estudo pessoal, para a leitura e para o que é necessário fazer no escritório. Estas horas foram escolhidas, porque via de regra são as menos apropriadas para se fazer visitas. Contudo, nem sempre é assim, pois alguns membros preferem ser visitados na parte da manhã. Esta norma, portanto, deve ser flexível. Em meu programa costumeiro, porém, as tardes e as primeiras horas da noite pertencem ao povo, aos membros de meu rebanho e a outros interêsses que podem ser desenvolvidos nos lares das pessoas e nas reuniões públicas.
É prudente mantermo-nos informados sôbre os assuntos gerais, lendo fontes seguras de in-formação, pois ao nos comunicarmos com as pessoas é da máxima importância que estejamos à altura dos tempos, que conversemos inteligentemente com aquêles que visitamos e que me-diante esta informação tenhamos oportunidade de esclarecer alguma verdade vital e oportuna. Nossa leitura deve abranger as notícias gerais sôbre religião, política, economia etc. Convém ir à biblioteca e escolher livros e outro material que contenha comentários acêrca dêstes assuntos.
O apóstolo Paulo aconselhou o jovem pregador Timóteo a dedicar atenção à leitura. O principal e mais importante estudo para o pregador e pastor, naturalmente, é a Bíblia. Saliento isto, pois ela é o pão da vida. Os comentários e os livros do Espírito de Profecia, porém, constituem valioso auxílio ao estudo da Bíblia.
Permiti-me dizer aqui algumas palavras sôbre o estudo da Bíblia em si. Nunca seremos capazes de compreender tôdas as suas verdades, mesmo que a estudemos continuamente durante o resto da vida. Quando muito, poderemos aprender apenas alguns de seus sublimes ensinamentos, mas a conheceremos e compreenderemos melhor do que agora, se a estudarmos diligentemente. A Bíblia provê o alimento que nos é ordenado dar no tempo devido. Impor-ta que prestemos cuidadosa atenção à advertência: “Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” II Tim. 2:15.
Já vos ocorreu a idéia de estudar a Bíblia para descobrir a verdade central de cada livro, e então estudar êsse livro à luz dêsse pensamento-chave? Tal método dará uma compreensão das verdades desta mensagem que nenhum outro estudo poderá proporcionar, e contribuirá para fazer o povo de Deus sorver novamente da maravilhosa fonte da vida. Desta maneira é possível obter tal compreensão dos livros da Bíblia, que o ensinamento do livro todo poderá ser condensado numa pequena cápsula.
Tomemos o livro de Levítico como exemplo. Escolhi êste livro porque muitos o acham insípido e desinteressante. Êle, no entanto, é rico em lições que podem ser usadas para estabelecer o povo do advento na fé.
O pensamento-chave do livro é “mediação.” Isto conduz o leitor imediatamente ao ministério de Cristo, primeiro como o Sacrifício, e depois como o grande Sumo Sacerdote. O livro está dividido logicamente em quatro partes:
1. O Sacrifício. Capítulos 1-7. Cristo o Cordeiro de Deus.
2. Os Sacerdotes. Capítulos 8-10. Cristo o Sumo Sacerdote.
3. A Congregação. Capítulos 11-22. Purificação do povo.
4. O Culto. Capítulos 23-27. Em que consiste o culto aceitável.
Na primeira parte, Cristo sôbre a cruz é visto nos sacrifícios. Nesse sentido, Êle é o Cordeiro de Deus mencionado em S. João 1:29 e I S. Pedro 1:19. Nos holocaustos ou ofertas queimadas vemos quão completamente Cristo Se deu a Si mesmo por nós, pois êste sacrifício era inteiramente consumido pelo fogo. Nada sobrava dêle. Também se vê aí que Êle voluntariamente entregou tudo, e, além disso, deseja que todo o Seu povo se dedique plenamente a Deus.
Na segunda parte, encontramos a ordenação dos sacerdotes, e que base nos é apresentada aí para o estudo do sacerdócio de Cristo! Os sacrifícios da primeira parte do livro e o sacerdócio da segunda parte, têm apenas uma finalidade — a purificação do povo.
Conseqüentemente, a terceira parte conduz-nos à congregação e sua purificação. Em vista da verdade que Deus nos deu a conhecer, é interessante notar que a primeira providência que o Senhor tomou para purificar a Sua congregação mediante o sangue do sacrifício e o ministério do sacerdócio, foi outorgar-lhe um programa de vida saudável. Isto é narrado em Levítico 11, e apresenta ao povo a reforma de saúde como o primeiro passo. Sòmente quando comemos e bebemos de maneira apropriada, poderemos desenvolver-nos física e mentalmente de modo a apreciar plenamente as verdades divinas e estar dispostos a andar em Seus caminhos e prestar-Lhe verdadeira adoração.
Esta eterna verdade acêrca da saúde e do alimento, ensinada como a primeira lição da terceira parte do livro de Levítico, a qual trata da purificação do povo, não completa a fascinação encontrada nos ensinamentos dêste livro.
Na quarta parte, que revela o verdadeiro culto que o povo de Israel devia prestar a Deus, notamos que a primeira lição que lhes foi ensinada no tocante a êsse culto aceitável, foi a lição do sábado do sétimo dia.
Por meio dêste breve esbôço não é difícil ver como através do estudo diligente dêste livro podemos descobrir um firme fundamento sôbre que construir muitas das doutrinas da igreja. Poderiamos considerar outros livros da Bíblia do mesmo modo, e encontrar nêles as mesmas doutrinas centralizadas em tôrno do Senhor Jesus Cristo.
A Vida Pessoal
Não devemos fornecer migalhas à congregação, havendo à nossa disposição um alimento tão rico e vivificante. Êste alimento encontra-se na Palavra de Deus, esperando ser descoberto e examinado por nós. Para colhê-lo e apoderarmo-nos dêle, precisamos ser estudantes devotos e diligentes.
Só obteremos um vislumbre do que significa ser o pastor do rebanho, quando aprendermos realmente a entreter comunhão com o nosso Deus, através da oração e do estudo de Sua Palavra, fazendo a faixa de luz incidir para dentro de nós.
Quando Moisés vivia no Egito, tinha plena confiança em si mesmo e estava certo de que podia libertar a Israel. Mas como fracassou ao tentar fazê-lo! Após passar quarenta anos de comunhão com Deus na terra de Midiã, enquanto pastoreava as ovelhas, êle não estava tão seguro de si, nem queria assumir êsse encargo. Hesitou. Percebia agora a santidade e importância da tarefa que Deus lhe confiara, de ser o dirigente de Seu povo. Não obstante, Moisés não teve plena e genuína compreensão do que Deus era capaz de realizar por meio dêle. Daí sua prolongada hesitação.
Como pregadores, precisamos aprender da Fonte em que êle finalmente se instruiu. Além disso, devemos saturar o coração e a mente com a água da vida que flui da fonte viva da Palavra de Deus. Esta é uma das grandes necessidades pessoais do pastor.
Deixando de lado o programa de estudo do pastor, consideremos seu programa pastoral em favor da igreja. Este abrange todos os membros de seu rebanho. Daniel Laird disse com acêrto: “Para lidar consigo mesmo, use a cabeça; para lidar com os outros, use o coração.” O pastor deve trabalhar pelos outros com um coração afetuoso.
Tomás Carlyle declarou: “O grande homem demonstra sua grandeza pela maneira em que trata os pequenos homens.” Afirmou outra pessoa: “Podeis dar sem amar, mas não podeis amar sem dar.”
Visitar os Lares do Povo
Se nós pregadores desejarmos estabelecer um vigoroso programa no sábado de manhã, é necessário que visitemos o povo em seus lares. Fazendo isto e conservando os olhos e ouvidos abertos, saberemos o que as pessoas precisam. Mantendo o senso dessa necessidade diante de nós, obteremos orientação no preparo de nosso sermão para o ministério público.
Embora o lar seja uma tampa de ressonância, é muitíssimo contrário à ética e desamável aproveitar-se dêsse fato para usar o púlpito como um lugar de ataque, de onde a congregação deve receber nossas setas inflamadas, enquanto nós permanecemos numa posição defensiva.
“Todo sermão que pregais, todo artigo que escreveis, pode ser inteiramente verdadeiro; uma gôta de fel que aí se encontre, porém, será veneno para o ouvinte ou o leitor. Por causa dessa gôta de veneno, alguém irá rejeitar tôdas as vossas boas e aceitáveis palavras. Outro acolhe o veneno; pois gosta de palavras assim duras. Segue o vosso exemplo, e fala da mesma maneira em que falais. E assim se multiplica o mal.” — Obreiros Evangélicos, (3ª ed.), pág. 375.
Criticar e repreender severamente as pessoas, ou dar-lhes ordens ditatoriais, não as ajudará. Importa abster-nos de fazer qualquer coisa dessas. Os visitantes não compreenderíam o motivo, perdendo daí em diante a confiança e o respeito para com o pregador e seu ministério. Como é lamentável que isto às vêzes tenha ocorrido!
Devemos efetuar nossa obra com bondade, brandura e tato, trazendo luz e esperança para homens e mulheres errantes. Existe um lugar e um tempo certo para cada atividade. O coração do pastor deve ser magnânimo, bondoso, complacente, compreensivo e afável, pois é melhor que os membros de seu rebanho abram o coração para êle, do que para outros. Ninguém abrirá o coração a outra pessoa, sem que tenha certeza de que obterá amor e simpatia e que suas preocupações serão consideradas cuidadosamente. Unicamente quando conhecemos os problemas de nossos membros, podemos ajudá-los.
“Aquêles que apresentam os eternos princípios da verdade, necessitam do santo óleo transvasado dos ramos das duas oliveiras para o coração. Êsse óleo emanará em palavras que transformarão, sem exasperar. A verdade deve ser dita com amor. Então, o Senhor Jesus, por Seu Espírito, proporcionará a fôrça e o poder. Essa é a Sua obra.” — Ibidem.
Muitos em nossas congregações necessitam desesperadamente de conselho e orientação espiritual, bem como de oração. A menos que o pastor visite os membros de seu rebanho, êle não perceberá essa necessidade. Não desabafai o coração a êles; apenas por êles. Vós e vosso Deus sois suficientemente grandes para levar vossas próprias cargas. É por isso que fôstes escolhidos para pastor.
Ao fazer visitas, levo a Bíblia comigo, mas raramente uso minha própria Bíblia nos lares das pessoas que visito. Se possível, pego sua Bíblia e leio algumas passagens cuidadosamente escolhidas. Isto une as pessoas ao Livro que permanece no lar delas. Tal coisa pode parecer insignificante, mas é um poderoso fator psicológico de que nos podemos servir em nosso pro-grama de visitas. Quando o pregador se retira dêsse lar, os indivíduos visitados pegam sua própria Bíblia e colocam um marca-páginas nela, para com facilidade encontrar os textos lidos. Êles os relêem muitas vêzes.
Diàriamente, antes de sair para fazer visitas, não sabendo o que ocorrerá nesse dia, escolho um trecho das Escrituras para servir de base e orientação nas visitas dêsse dia. Às vêzes êle é usado, às vêzes não; mas constitui uma flecha na aljava, pronta para ser empregada. Assim, por meio da Palavra de Deus, oriento a visita na direção desejada.
O pastor deve firmemente recusar fazer uma campanha ou solicitar dinheiro na primeira visita que faz a qualquer membro de sua congregação. Cumpre fazê-los ver que êle não os visita apenas quando deseja que dêem um donativo para a igreja. Sua primeira visita deve demonstrar que êle almeja a amizade e a compreensão dêles, que quer ligá-los mais intimamente com Deus e a igreja, e que se encontra nessa igreja para orientá-los no caminho do Senhor e para ajudá-los a encontrar e observar a verdade divina na íntegra. Raramente, talvez nunca, êles deixarão de corresponder.
Sempre que fôr possível, jamais vos retireis de um lar sem orar com a família ou pelo me-nos com o indivíduo mais envolvido. Como se impressionam quando o pai, a mãe e os filhos são especialmente mencionados na oração! Em-bora pareça insignificante praticar isto, é algo essencial.
Quando seguimos êste programa, o sermão do sábado de manhã e o culto de oração significarão muito para as pessoas e o pastor.
Há algumas visitas que são urgentes, e nunca deveriam ser adiadas; tais como as visitas aos desanimados, àqueles que precisam de ajuda imediata e aos doentes. NUNCA VOS ESQUIVEIS DE REALIZÁ-LAS. Muitas vêzes, tarde da noite, cansado após um dia atarefado, tenho atravessado uma grande cidade para atender a algum pedido de auxílio, e o resultado vem sendo compensador. Em outras circunstâncias, para poupar tempo e diminuir as despesas, é conveniente agrupar nossas visitas para êsse dia na mesma seção de nosso território.
Concernente à questão de visitar as pessoas, foi-nos recomendado o seguinte:
“Os deveres de um pastor são muitas vêzes vergonhosamente negligenciados, porque o ministro não tem resistência para sacrificar suas inclinações pessoais … O pastor deve fazer visitas de casa em casa entre o seu rebanho, ensinando, conversando e orando com cada família, e velando pelo bem-estar de suas almas. Os que têm manifestado desejo de se relacionar com os princípios de nossa fé, não devem ser negligenciados, mas completamente instruídos na verdade. . . . Mas muitos ministros têm aversão à tarefa de fazer visitas; não cultivaram qualidades sociais, não adquiriram aquêle espírito comunicativo que encontra acesso ao coração do povo.
“Os que se excluem do povo, não podem, de modo nenhum, auxiliá-los. Um hábil médico precisa compreender a natureza das várias doenças, e deve possuir um conhecimento per-feito da estrutura humana. Deve ser pronto a atender os doentes. Sabe que as demoras são perigosas. . . . Como o médico trata com a moléstia, assim ministra o pastor à alma enfêrma de pecado. E sua obra é tanto mais importante que a do médico, quanto é a vida eterna mais valiosa que a existência temporal.”— Idem, págs. 337 e 338.
O Programa de Pregação
Cumpre dedicarmos atenta consideração ao nosso programa no sábado de manhã. Não espereis até sexta-feira de manhã, para então perguntar: “Sôbre que pregarei amanhã?” É recomendável planejar o programa do sábado de manhã com seis, oito ou mais semanas de antecedência. Naturalmente, êsse plano poder ser alterado.
Que pregaremos no sábado de manhã? As doutrinas deram origem aos adventistas do sé-timo dia; essas mesmas doutrinas, compreendidas, cridas e postas em prática, mantê-los-ão as-sim. Se estudarmos diligentemente, descobriremos centenas de aspectos sob que apresentar estas preciosas doutrinas. Os sermões doutrinários podem tornar-se profundamente espirituais e inspiradores. As doutrinas amiúde contribuem para despertar e comover intensamente os ouvintes. Pregai-as à luz do Calvário, e adaptai-as a alguns dos problemas que encontrais nos lares. É surpreendente notar quantos corações anelam ouvir estas verdades, ao serem aplicadas à vida dêles.
A maior e mais importante doutrina da Bíblia é a do amor de Deus manifestado no dom de Jesus Cristo para salvar os homens. Tôdas as outras doutrinas, assim chamadas, são apenas aspectos diferentes dessa grande verdade. Faremos bem em apresentá-las nesse sentido. Elas formam maravilhosos sermões de sábado. “Ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi pôsto.” I Cor. 3:11.
Recomendo que joguemos fora certos esboços de sermões que já foram usados. Por meio do estudo e da experiência, elaboremos outros e vejamos que poder vitalizador haverá nêles, para nós mesmos e para nossas congregações! Não lanceis fora as boas idéias, mas exponde-as de nôvo, sob nova forma. Os esboços velhos ficam antiquados mais cedo do que pensamos. Abordai as idéias sob novos e diferentes aspectos. Verdades que têm uma nova significação serão revigorantes e inspiradoras para a congregação. O segrêdo de um sermão deveras animador no sábado de manhã, é o estudo da Bíblia.
As Atividades de Nossos Membro
Um importantíssimo aspecto do trabalho pastoral é ver que cada membro tenha o seu próprio programa missionário em favor dos outros. Nem todos os membros podem efetuar a mesma espécie de trabalho, mas “tão vasto é o campo, tão compreensivo o desígnio, que todo coração santificado será levado para o serviço, como instrumento do poder divino.” — Test. Sel., Vol. 3, pág. 308.
O membro que ganha almas não sòmente é um auxílio para a igreja e o pastor, mas também seu próprio coração é ligado mais firmemente a Deus e à igreja. “Cada um, na medi-da de seus talentos e oportunidades, deve cumprir’ a comissão do Salvador.” — Vereda de Cristo, pág. 114.
Portanto, todo membro deve ser incluído num bem organizado programa missionário. Cum-pre preparar dirigentes missionários. Esta par-te da responsabilidade do pastor não pode ser negligenciada. A obra da igreja é demasiadamente grande para ser efetuada por um homem sòzinho. Com a ajuda da comissão da igreja ou do trabalho missionário, o pastor deve escolher indivíduos-chaves para auxiliá-lo na obra de ganhar almas, e deve prepará-los para isso. Um bom método é êle levá-los prudentemente junto nas suas visitas. Cada pastor deve dar com regularidade vários estudos bíblicos, semana após semana, e ao ir fazê-lo pode levar êsses assistentes consigo, alterando os indivíduos de tempos em tempos. Além disso, podem ser realizadas classes de preparo nos diferentes aspectos do trabalho missionário, para benefício dêsses assistentes, que habilitarão o pastor a efetuar uma obra mais ampla.
Lembrai-vos de que Davi não pôde batalhar com a armadura de Saul. Cada um precisa conservar sua individualidade nesta obra. A pedra atingiu o alvo porque aquêle que manejou a funda veio em nome do Senhor dos exércitos. Se o pastor fôr consagrado, como Davi o era, Deus também orientará seus esforços para o objetivo a que se destinam. Então, quando aparecer o Sumo Pastor, os fiéis subpastores receberão sua própria coroa de glória ao contemplarem os frutos de seu trabalho no reino dos Céus, por tôda a eternidade.