A causa de Deus está enfrentando uma crise sem precedentes. Ao olharmos em torno de nós verificamos sem qualquer dúvida que o dragão está irado contra a mulher e faz guerra ao resto de sua semente (Apoc. 12:17). Na verdade, ele está tratando duramente com cristãos e não cristãos também, pois sabe que lhe resta pouco tempo.

O Coração da Igreja

Naturalmente que as condições do mundo — crime, violência, deterioração moral e outras — são motivo da mais grave preocupação, mas o principal objetivo do inimigo das almas serão os nossos lares. A razão é óbvia: o lar é o coração da igreja. “Uma família bem ordenada, bem disciplinada, fala mais alto em favor do cristianismo do que todos os sermões que se possam pregar”. — LA, p. 32. Não admira que Satanás esteja decidido a destruir, ou pelo menos prejudicar, os lares e as famílias do povo de Deus. Os desastrosos resultados dos ataques do inimigo são vistos por toda parte. As estatísticas sobre divórcio nos EE.UU, indicam agora a casa dos 40%. Muitos outros países estão em situação semelhante.

Muitos de nós estão familiarizados com esses sérios problemas, embora tenhamos a tendência de ajeitar nosso manto em torno de nosso corpo e dizer com farisaica convicção: “Graças Te dou, Senhor, porque não sou como os demais homens”. Dizemos para dentro de nós mesmos, que isto não poderá acontecer conosco. Excesso de confiança sem o necessário preparo redundará em fracasso. Somos advertidos disto: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia”. I Cor. 10:12.

Recentemente estive falando com o ex-colega. Ele havia sido um obreiro de sucesso, e era respeitado por todos os companheiros que o conheciam. Veio um dia, porém, em que tudo ruiu. Ele deixou o lar e a família e começou a viver uma vida selvagem. Esta situação ocorre muito mais comumente do que imaginamos. Mas não acontece tão súbito e dramaticamente como possa parecer. Fatores sub-retícios e negligência preparam o caminho.

Quais São as Armadilhas?

Quais são as armadilhas e as advertências? A armadilha número Um é vista nos excessos de ocupação. Vemo-nos tão envolvidos em nosso trabalho, em novas vocações e invocações que não sobra tempo para o lar. Como a noite segue-se ao dia, é certo que lares onde há esposas solitárias, cujos maridos jamais estão em casa, cedo ou tarde se despedaçarão contra as rochas.

E quantos filhos solitários não há cujos pais raramente estão em casa? Esses filhos são candidatos em potencial à delinqüência. Se nossos lares e nossas famílias devem ser o que Deus espera que sejam, precisamos arranjar tempo para estar com nossa família. Ao menos um dia por semana devia ser reservado pelo obreiro para estar com a família, para devotar tempo aos interesses familiares. A esposa e os filhos devem saber que os colocamos em primeiro lugar — e devíamos fazê-lo.

Questão de Prioridades

Isto nos põe face a face com a questão das prioridades. Qual é a seqüência de nossas prioridades? A minha é Deus primeiro, a família em segundo lugar e em terceiro o resto. Podeis argumentar que vossos deveres vêm antes de vossa familia. Não, mil vezes Não! E isto por mais de uma razão.

Primeiro, se nossa família naufragar, nossa influência perante os outros estará destruída. Segundo, nossa missão começa no lar. Um dia, e logo, ser-nos-á perguntado: “Onde está o rebanho que se te confiou?” Será de pouco conforto nesse dia, dizer: “Senhor, eu tenho mil conversos, mas perdi os meus próprios filhos”. No caso, porém, de ainda terdes dúvida sobre este ponto, permiti-me remeter-vos para Ellen G. White em Obreiros Evangélicos, pp. 204-206. Lede o texto indicado, e vede quão profundamente afeta o trabalho do obreiro fora do lar aquilo que ele é no lar.

O conselho é claro e decisivo. Se escolhemos ignorar as diretrizes do Senhor, será em perigo de nossa própria alma e em prejuízo de nossa família. A ordem de prioridades é Deus primeiro, e a família a seguir. Precisamos manter esta ordem.

Cortesia

Não é estranho que muitas vezes somos menos considerados para com os sentimentos dos de nossa família do que com os de fora? Então não raro nos desculpamos com nossa rudez em casa, dizendo que aqui somos menos inibidos, e temos o direito de dizer o que pensamos. De fato, há necessidade de evidente honestidade no trato entre marido e mulher. Conferências em família são saudáveis e dignas de louvor, se conduzidas do modo correto e sob as condições adequadas; mas devemos lembrar-nos de que franqueza e grosseria são coisas diferentes. De novo citamos a serva do Senhor: “Há o perigo de deixarmos de dar a devida atenção às pequenas coisas da vida. Não deve haver negligência da parte do ministro em proferir palavras bondosas, encorajadoras, no círculo familiar. . . .

“Não é tanto religião do púlpito, quanto a religião da família, o que revela o nosso verdadeiro caráter”. — 5T, p. 161.

Lembrai-vos: “O amor fará aquilo que o argumento não logrará. Mas a petulância de um momento, uma simples resposta ríspida, a falta de cortesia e polidez cristãs em alguma pequena coisa, resultará em perda tanto de amigos como de influência”. — Id., p. 121. Nossas graças cristãs e nosso exemplo devem brilhar mais fortemente no lar do que em qualquer outro lugar da Terra.

O Culto em Família

Em virtude de sua constante relação com as coisas sagradas, é fácil ao obreiro perder o senso de sua pessoal necessidade de devoção e da importância do culto em família. Em muitíssimos lares cristãos ocorre em relação com culto em família, ou que este seja negligenciado por causa de ocupações, ou se torne uma prática esteriotipada. O culto familiar deve ser uma prática regular cada manhã e cada noite, de modo que traga refrigério à mente e à alma. Deve tornar-se uma deleitável experiência para todos os membros da família. Deve ser um momento em que todos na família estejam reunidos e partilhando as plenas bênçãos espirituais. Continua sendo verdade que a família que ora unida permanece unida.

Integralidade no Lar

Mesmo quando passamos suficiente tempo no lar, pode haver vezes em que não estamos dando de nós mesmos. Um desiludido pai solicitava ajuda para seu filho de dezesseis anos. O jovem era solitário e sentia-se socialmente isolado. Sugeri ao pai que o rapaz necessitava o seu interesse e seu tempo.

— Não poderia estar mais errado, doutor — ele me disse. — Estou em casa diariamente.

— E que faz quando está com a família? — eu perguntei.

— Bem, vemos TV juntos — ele respondeu.

Parecia que ele chegava correndo em casa, tomava sua refeição da tarde num fôlego c corria para o aparelho de TV. Ninguém ousava dizer uma palavra para não interromper o programa. O jovem ansiava pela envolvedora companhia do pai, algo que fosse mais do que simplesmente sua presença.

Satanás em Atividade

Sim, meu irmão de ministério, Satanás está em atividade, marchando contra os nossos lares (Ver O Conflito dos Séculos, p. 580). Cuidemos — vós e eu — que ele não faça uma devastação em nossos lares. Guardemo-los com amor, bondade, cortesia, devoção e integridade em todo o. tempo. Se mantivermos nosso lar forte em Deus, não tenhamos dúvida que esse testemunho resultará em uma farta colheita de almas para a igreja. •