Vítor Cooper

Diretor Associado do Depto, de Comunicação da Ass. Geral

De acordo com a pesquisa, as pessoas obtêm 83% de suas informações por meio da vista. Como podem os comunicadores do evangelho usar os meios visuais para ser mais eficientes?

Os comunicadores cristãos podem tornar-se mais eficientes fazendo maior uso dos meios visuais. “Ver é crer”, segundo sabem os anunciantes. É por isso que eles usam a tela da televisão para vender sabonetes, automóveis, dentifrícios e grande número de outros produtos e serviços. De acordo com estudos efetuados pela Socony-Vacuum Oil Company, as pessoas freqüentemente obtêm 1% de suas informações pelo gosto; 1,5% pe-lo tato; 3,5% pelo olfato; 11% pela audição; e 83% pela visão! E quando se usa a visão e a audição juntas . . .! É por isso que a televisão constitui um meio de persuasão tão poderoso.

Os anunciantes sabem que os meios visuais são coercivos. Será que os comunicadores do evangelho também sabem isso?

Efeito da Televisão

Anos atrás, o púlpito constituía o comunicador mais influente na sociedade. Então veio a imprensa, o rádio e a televisão. Esta última tornou-se agora a influência preponderante em moldar a vida das pessoas. Quando o adolescente norte-americano de tipo médio se forma no curso secundário, ele passou quinze mil horas diante da tela! Por conseguinte, a televisão pode com facilidade ter mais influência sobre suas atitudes, crenças e sistemas de valores do que os pais, a escola ou a igreja.

É por esta razão que muitos pregadores evangélicos estão trocando os seus púlpitos por um estúdio de televisão, do qual podem ter ascendência sobre congregações maiores e mais atentas.

Quase não precisamos ser lembrados de que o inimigo usa os meios visuais para atrair e depravar seus seguidores voluntários. Isso não é, porém, uma razão plausível para a igreja cristã desprezar ou rejeitar o uso dos meios visuais para instrução e desenvolvimento de cristãos em crescimento. Fazê-lo é alegar que todos os cristãos são cegos e entregar o terreno a Satanás. Nós adventistas do sétimo dia empreendemos a divina incumbência de “ensinar todas as nações” (S. Mat. 28:19). Seria insensato desprezarmos padrões de aprendizado bem estabelecidos. Oitenta e três por cento é uma quantidade que deve ser lembrada como prova de que os meios visuais são muito importantes.

Historicamente, os adventistas, bem como outros cristãos, têm dependido de um ministério auricular — pregação, oratória com gesticulações evangelísticas — acompanhada com alguns meios visuais, como diagramas proféticos e uma coleção de animais baseada em Daniel e Apocalipse. Mas os membros de nossas congregações hoje em dia têm sido nutridos com meios visuais mais coercivos. Muitos, especialmente as crianças e os jovens, ficaram com a mente excitada pela tela da televisão já mesmo antes do despontar de sua memória. Os flanelógrafos, quadros magnéticos, quadros-negros, etc., que os professores da Escola Sabatina usam na tentativa de causar um impacto visual, freqüentemente são considerados inferiores pelas crianças, em comparação com a excitante estimulação da televisão profissional. Sendo assim, procurai imaginar quão monótono é provável que seja considerado o culto da igreja, especialmente o sermão! As crianças e os jovens, em particular, estão acostumados a absorver muito maior quantidade de informações por hora do que podem obter só pela audição.

Meios Visuais na Igreja

Reconhecidamente, as verdades espirituais, em geral mais captadas do que ensinadas, não são fáceis de ilustrar. E, na realidade, alguns talvez até considerem sacrilégio o uso de meios visuais no sábado, especialmente no culto das onze horas. Pode ser assim se eles afastam a mente das coisas espirituais. Mas o caso não precisa ser esse. O crescente desafio da Igreja é usar os meios visuais para ajudar na compreensão das Escrituras e das verdades espirituais.

A maioria das igrejas adventistas reconhecem essa necessidade e incluem pelo menos uma tela e aparelhos de projeção em seus templos. Têm verificado que tanto dentro como fora dos períodos de culto, há muitas aplicações para os meios visuais. Numerosas igrejas estão usando câmeras, diversos tipos de projetores, cartazes, quadros, flâmulas, gravuras, mapas, modelos, amostras. e exposições. No entanto, se a Igreja realmente quiser enfrentar o desafio da hodierna sociedade orientada visualmente, precisa aceitar novas tecnologias e ser inovadora em seu uso de meios visuais estabelecidos.

Por exemplo, as passagens bíblicas podem tornar-se bem vividas para os adoradores se forem “traduzidas para o meio visual. A New Media Bible em filme ou videotape (com comentários arqueológicos em películas) é um valioso complemento aos cultos. Os livros de Gênesis (18 filmes) e S. Lucas (15 filmes) já foram completados.

Filmes sobre muitos assuntos podem ser adquiridos de vários departamentos da Igreja e do Adventist Media Center, em Thousand Oaks, Califórnia, bem como de numerosas fontes fora da Igreja.

Videocassetes estão-se tomando cada vez mais acessíveis. Estes podem ser mostrados a grupos e pequenas congregações num tocador de videocassetes que com facilidade é ligado a qualquer aparelho de televisão. Sob o título “Espírito de Vida e patrocinado por Life Video, Inc., uma série de 21 estudos bíblicos que abrangem as doutrinas adventistas fundamentais e lidam com tais problemas como a culpa e o sofrimento tornou-se disponível em videocassete. Os Heritage Singers apresentam a música e o Dr. Roy Naden, da Universidade Andrews, dá o estudo bíblico. Isto constitui um bom começo. Precisam ser abrangidos outros assuntos.

Há imensas possibilidades na criação de comunicações visuais. Sua preparação requer tempo, dinheiro, esforço e habilidade; os processos de comunicação tornaram-se mais complicados do que anteriormente, mas determinados grupos cristãos estão desenvolvendo essas habilidades. Alguns progrediram de apresentações de um só projetor para programas de multiprojetores; outros passaram a televisionar ao vivo ou por meio de fitas. Áudio e videocassetes de cultos e classes da Escola Sabatina podem ser distribuídos a doentes e inválidos e a estações de TV.

Os videocassetes agora são abundantes. Nas lojas também há videodiscos. Quando será disponível o primeiro material adventista?

Na realidade, muitas estações de televisão procuram boas programações. Dramatização de histórias bíblicas, situações da vida que mostram a religião em ação, entrevistas, notícias de igreja, programas missionários — todos requerem visualização; e as estações locais de TV podem usar uma variedade de programações adaptadas a suas necessidades.

Que nos Reserva o Futuro?

Calcula-se que a demanda de serviços de telecomunicação, na América do Norte, será cinco vezes maior por volta do ano 2000. Fora da América do Norte, o crescimento também será rápido.

Na França, a Companhia Telefônica está economizando dinheiro por eliminar os guias telefônicos impressos e dar a cada assinante uma tela e um teclado em que ele pode datilografar o nome da pessoa cujo número do telefone necessita obter, e receber imediata exposição desse número na tela existente em sua casa.

Os videocassetes agora são abundantes. Nas lojas também há videodiscos. Quando será disponível o primeiro material adventista?

O uso de satélites diminuirá as despesas e facilitará a transmissão de video-sinais. Extraordinárias oportunidades de comunicação acham-se à disposição da Igreja! O uso em conjunto de um canal via satélite por uma variedade de igrejas está presentemente sendo considerado pela Comissão de Comunicação do Concilio Nacional de Igrejas.

A National Christian Network, uma rede de programas de televisão produzidos independentemente e operando fora de Cocoa, Flórida, está transmitindo para estúdios de TV via satélite.

Não deveria haver mais de um programa adventista nessa rede?

Nossos hospitais tomaram a dianteira no uso do vídeo para instrução dos pacientes e do pessoal. Mas há necessidade de mais videoprogramações em tais áreas como educação sanitária, dependência de drogas, nutrição, paternidade, lar e casamento, programas de crianças, arqueologia, biologia, astronomia, história, etc. Mais materiais de educação no vídeo poderiam ser usados por empregados denominacionais em medicina, enfermagem e educação. Pastores, departamentais e administradores poderiam todos ser beneficiados pelo uso de videomateriais produzidos denominacionalmente.

Novos Ministérios Visuais

Pregadores eletrônicos, como Pat Robertson, Jim Bakker, Jerry Falwell e Robert Schuller, estão usando os meios visuais em novo estilo. Alguns acham que a igreja local fica mais fraca quando a igreja eletrônica fica mais forte. Mas Falwell, orador da Old Time Gospel Hour, diz acreditar que Deus deu a televisão principal-mente para a propagação do evangelho, e ele compra os melhores períodos de transmissão para penetrar em maiores áreas em seu ministério. “A televisão, da maneira como a vejo — diz Falwell — é o meio mais eficaz. . . . É algo significativo olhar bem para os olhos daquele indivíduo quando lhe apresentamos o evangelho. . . .

“Da parte do ministério, as oportunidades para televisão são ilimitadas; o potencial é como nunca dantes. Nosso maior pro-blema não é comprar tempo, e, sim, assegurar-nos de que o tempo que passamos no ar é eficaz. (Trechos da palestra de Falwell na sessão inaugural dos congressos de televisão na Convenção NRB de 1980, em Washington, D. C., e citados em Religious Broadcasting, abril de 1980.)

Os adventistas têm oradores pela televisão com convicções similares. It is Written, Faith for Today, Breath of Life, Destiny, Ayer hoy Mariana, II Escrit e outros já produziram grandes resultados pela fé. O programa “teleseminar” It Is Written, em 1º de março, foi um acontecimento emocionante. Mas no futuro necessitaremos de mais fé, de mais dinheiro na produção de programas, de mais espaço na TV, de mais pregadores envolvidos, de mais administradores comunicando no meio visual, de mais pastores de videoministério, de mais departamentos da Igreja envolvidos na comunicação pelo vídeo, de maior varie-dade de programações.

Em face do recente surto no número de pregadores eletrônicos e do alto custo do melhor espaço, e reconhecendo tanto o poder como as insuficiências dos meios de comunicação das massas, que iremos fazer?

O Dr. Guilherme Fore, pastor da Igreja Metodista Unida e diretor de Comunicação do Concilio Nacional de Igrejas, sintetizou suas reações num artigo em TV Guide (19 de julho de 1980), intitulado: “Não Existe Semelhante Coisa Como um Pastor de TV.” Asseverando que o contato humano, que a televisão não pode prover, é a essência da religião, disse o Dr. Fore: “A solução é que as igrejas locais precisam tornar-se mais dinâmicas, entusiastas e relevantes — usando o rádio e a TV para alcançar auditórios limitados, mas ajudando fundamentalmente a resolver seus problemas nas comunidades em que eles residem.

Concordamos com o Dr. Fore. O potencial mais promissor e excitante na comunicação cristã reside no seu uso criativo pelo imaginoso pastor local, para ajudá-lo em seu ministério pessoal. O comunicador cristão bem sucedido desenvolverá uma fusão de vista, do som, da palavra impressa e do contato pessoal.

Se vós, porém, como pregadores cristãos, tivésseis de restringir vossa comunicação ao aspecto oral ou ao aspecto visual — qual deles escolheríeis? Votaríeis a favor ou contra o aspecto visual? Lembrai-vos dos 83%!