O método mais efetivo para a evangelização

Em meus seminários sobre crescimento de igreja e evangelismo, frequentemente começo com a pergunta: “Quem é o evangelista mais efetivo do mundo?” As respostas que recebo são as mesmas: Mark Finley, Alejandro Bullón, Dwight Nelson, entre outros. Em seguida, quando pergunto como as pessoas se unem a Cristo e à igreja, as respostas são totalmente diferentes. Apresentando uma lista de métodos, peço que os participantes estimem o percentual de efetividade de cada um deles. Por exemplo:

• Necessidades especiais (como doença, divórcio, solidão ou desemprego).

• Visitas (pessoas que moram nas proximidades e visitam a igreja espontaneamente).

• Contato com o pastor.

• Visitação porta a porta.

• Escola Sabatina.

• Evangelismo público.

• Programas da igreja (como seminários de saúde, escola cristã de férias, educação adventista e desbravadores).

A maioria das pessoas concorda que 90% das pessoas na igreja estão lá por causa de necessidades especiais. Outras insistem que a visitação traz 60% dos novos membros. Há aqueles que acreditam que o pastor pode ser o responsável por 40 a 60% dos batismos. Um grupo também acredita que o evangelismo público resulta entre 50 e 90% de todos os convertidos. Com essa variedade de respostas, quem, de fato, é o evangelista mais efetivo do mundo?

Como as pessoas se unem à igreja na América do Norte?
Cresceu em família adventista59 %
Parentes ou amigos58 %
Literatura49 %
Evangelismo público36 %
Estudos bíblicos em casa34 %
Visitas pastorais20 %
Programas de rádio e televisão20 %
Estudos bíblicos por correspondência19 %
Materiais disponíveis na internet7 %
Outros*22 %
* Principalmente A influência da educação adventista.

O que as pesquisas dizem

Em 2004, a sede da Igreja Adventista para a América do Norte enviou uma pesquisa para algumas congregações de seu território, com o objetivo de conhecer melhor as práticas devocionais e evangelísticas de seus membros. No total, 1.689 pessoas participaram. Uma das perguntas buscava compreender a força de nove fatores no processo de filiação dos membros à Igreja Adventista.

Desde aquela época, tenho repetido essa pesquisa com pequenos e grandes grupos enquanto conduzo meus seminários em todo o mundo. O resultado é sempre o mesmo. A maioria das pessoas conhece Jesus por intermédio de relacionamentos amistosos, como indica o quadro acima.

De volta aos meus seminários, eu apresento uma lista de vários métodos usados para levar as pessoas a Jesus, e o público oferece palpites totalmente diferentes sobre a efetividade de cada um. Então, quando lhes mostro os resultados desse estudo, os participantes ficam chocados. A maioria das pessoas questiona as descobertas. Eu ouço alguns protestando: “Isso não pode ser verdade! As necessidades especiais levam pessoas ao Senhor.” Outros dizem: “Não! Evangelismo público é o melhor método para que as pessoas aceitem Jesus.” Também há aqueles que insistem na efetividade do trabalho do pastor ou dos programas da igreja.

Talvez a igreja desses participantes seja a exceção. Mas só para ter certeza, analiso cada item da lista, pedindo-lhes que se levantem ao ler a influência principal em sua conversão ao Senhor. Não importa se o grupo é pequeno, médio ou muito grande; se pertence a igrejas interioranas ou urbanas; sempre obtenho resultados semelhantes.

• Necessidades especiais: 2 a 5%

• Visitas: 2 a 5%

• Contato com o pastor: 2 a 5%

• Visitação porta a porta: 2 a 5%

• Escola Sabatina: 2 a 5%

• Evangelismo público: 2 a 5%

Então, eu adiciono:

• Familiares e amigos: 70 a 95%

Curiosamente, as pessoas começam a dizer: “É… minha mãe teve a maior influência em minha experiência religiosa”; “meu vizinho me levou à Escola Sabatina quando eu era uma garotinha”; “minha avó era adventista e orou por mim durante anos, até que tomei uma decisão”; ou “meu colega de trabalho foi o primeiro a me convidar para ir à igreja”.

O percentual que obtenho daqueles que afirmam que se converteram pela influência de pais e mães, amigos ou parentes, vizinhos ou colegas de trabalho é geralmente entre 70 e 95%. Então, faço novamente a pergunta inicial: “Quem é o evangelista mais efetivo do mundo?” Agora, a resposta é unânime. É óbvio, tanto pela pesquisa formal quanto pelos dados informais coletados nesses grupos, que o evangelista mais efetivo do mundo é aquele que tem interesse pelas pessoas e compartilha o evangelho de maneira integral e atraente. Ao perguntar mais uma vez “quem é o evangelista mais efetivo do mundo?”, a resposta que recebo das pessoas é: “Eu sou o evangelista mais efetivo do mundo!”

Os resultados entre os adventistas são consistentes com pesquisas evangélicas semelhantes. Win Arn e Thom Rainer concordam que a amizade é o meio preferido de Deus para alcançar as pessoas.*
Em minha experiência como palestrante internacional, quer eu esteja na Ásia, África, Europa, Austrália ou no continente americano, os resultados são os mesmos. A maioria das pessoas conhece o Senhor por meio da influência de uma rede de relacionamentos e amizades.

Diante dessa realidade, como Deus atua? Uma vez que o sacerdócio foi estendido a todos os crentes, Ele capacita pessoas em diferentes ramos de atividade para que cumpram a missão. Assim, os ministros de Deus em tempo integral estão em toda parte: em salas de aula e clínicas, segurando martelos e estetoscópios, em salões de negócio e repartições públicas. Somos todos embaixadores do evangelho, ministros em exercício!

Portanto, em cada vila, cidade e país encontram-se ministros de tempo integral com feições e talentos diferentes, servindo das mais variadas formas. Usando a metáfora do sal, Deus salga a Terra com Seus ministros, fornecendo-lhes dons que os capacitam a influenciar seus amigos, familiares e colegas de trabalho.

Como fazer isso?

Os pastores têm a responsabilidade de motivar os membros a cumprir a missão. A seguir, compartilho uma estratégia composta de 10 passos que pode ser ensinada à igreja.

1. Construa intencionalmente relacionamentos com cinco pessoas de fora da igreja todos os anos. Elas devem estar dentro de seu círculo de contato regular, como um parente próximo, amigo, colega de trabalho ou vizinho.

2. Ore por elas todos os dias, pedindo a Deus que intervenha e as conduza para Si. Peça ao Senhor que o mantenha fiel em sua oração de intercessão e empenhado em alcançá-las com o evangelho.

3. Ministre às necessidades físicas, espirituais e sociais delas. Aproveite o tempo para ser um verdadeiro amigo. Faça-as se sentir amadas e especiais.

4. Compartilhe seus valores com elas. Ajude-as a ver que a fé cristã não é um conjunto de regras, mas um relacionamento pessoal com um Deus maravilhoso que permeia todos os aspectos da vida.

5. No momento apropriado, dê seu testemunho. Diga-lhes o quanto Jesus mudou sua vida e o quanto Ele significa para você. Talvez não haja evidência mais convincente do que essa!

6. Apresente-lhes Jesus. Conte às pessoas a história de Cristo e porque Ele é a esperança do mundo e o único caminho para Deus. Compartilhe o evangelho.

7. Quando for oportuno, convide-as para ir a um culto, programação especial, reunião evangelística, pequeno grupo ou classe de Escola Sabatina. Isso facilitará a inserção delas na vida da igreja e ajudará a conectá-las com outros cristãos.

8. Estude a Bíblia com elas para que compreendam a fé cristã e o que significa ser um adventista do sétimo dia.

9. Discipule os novos membros da igreja. Ajude-os a crescer na fé cristã. Torne-se seu pastor e encorajador.

10. Ensine-os a alcançar outras pessoas. A multiplicação é essencial na obra de Deus.

O poder dos relacionamentos

Judy e sua filha de cinco anos foram à nossa igreja como resultado de um convite para uma série evangelística que receberam de um de nossos membros. Embora tenha crescido em um lar cristão, ela deixou a igreja quando tinha 18 anos, ao se envolver com drogas, bebida e festas. Como fruto do relacionamento de uma noite, ficou grávida, e isso a despertou. A jovem começou a trabalhar para melhorar de vida, mas não teve muito sucesso. Por isso, muitas vezes voltou aos velhos vícios.

Quando Judy se mudou para o bairro onde fica a igreja, tornou-se vizinha de Donna, membro de nossa congregação. Donna dedicou-se a estabelecer uma boa amizade com Judy, muitas vezes saindo de seu caminho para atender às necessidades da jovem. Por exemplo, ela passava horas ouvindo Judy e fazendo tudo o que podia para ajudá-la a superar suas crises depressivas.

Nossa igreja tinha o hábito de realizar uma série evangelística a cada inverno. Naquela ocasião, Judy estava passando por um período muito difícil. Donna a convidou para assistir à conferência, e lá a jovem entendeu pela primeira vez quão especial ela era aos olhos de Deus. Judy experimentou a presença do Senhor e finalmente pediu Sua graça e Seu poder. Ela foi transformada. Depois de estudar a Bíblia, foi batizada. Várias vezes após seu batismo, Judy enfrentou desafios para se manter na fé, mas a amizade que ela desenvolveu com Donna e outros amigos da igreja a manteve firme e crescendo em Cristo.

A história de Judy ilustra o poder de combinar evangelismo pessoal com evangelismo público. Essa experiência demonstra a importância de estabelecer amizades e acompanhar as pessoas em suas lutas. Judy não teve uma experiência dramática na estrada de Damasco como Paulo, mas recebeu um convite para ouvir o evangelho, seguido por um processo completo de discipulado que atendeu às suas necessidades espirituais e emocionais.

Como pastor, sempre visito as pessoas que batizei no dia seguinte à cerimônia batismal, a fim de encorajá-las e reafirmar a visão de evangelismo e ministério para elas. Judy estava trabalhando como gerente em uma mercearia quando a visitei. Após uma conversa inicial, disse-lhe: “Judy, vamos orar e dedicar esta mercearia como seu campo missionário.” Depois da oração, ao me despedir, notei que uma colega de trabalho de Judy parecia conhecê-la muito bem. Então perguntei a Judy sobre a mulher. “É minha amiga Mary-Lin”, respondeu.

Então eu lhe disse: “Deus está comissionando você para que ministre ao coração de Mary-Lin, Judy. Ore por ela. Fortaleça sua amizade. Seja uma expressão do amor de Deus na vida dela.” E foi exatamente isso que Judy fez. Ela a amou fraternalmente, orou por ela e estreitou a amizade.

A primeira coisa que Judy fez foi convidar Mary-Lin para jantar em sua casa, em uma sexta-feira à noite. A jovem recém­-batizada estava em chamas para Deus. Sua empolgação e mudança de vida levaram Mary-Lin ao Senhor. As duas mulheres começaram a estudar a Bíblia todas as sextas-feiras à noite. Cerca de dois meses depois, Mary-Lin estava no tanque batismal, dando um testemunho sincero sobre como sua amizade com Judy teve um impacto poderoso sobre ela e a levou a Cristo.

Pastor, cada membro de sua igreja pode fazer o mesmo. De fato, você ministra aos evangelistas mais efetivos do mundo! Há algum motivo para não ajudá-los a entender isso hoje? 

Referência

* Win Arn e Charles Arn, The Master’s Plan for Making Disciples (Grand Rapids, MI: Baker, 1998); Thom Rainer, Surprising Insights from the Unchurched and Proven Ways to Reach Them (Grand Rapids, MI: Zondervan, 2001).