Quantas vêzes hemos ouvido surpresos a afirmação triunfante que serve de epígrafe a êste Editorial!

Paulo em uma de suas epístolas a Timóteo, jovem ministro, o exorta a guardar-se dos perigos do parcialismo, dizendo: “Conjuro-te diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade.” I Tim. 5:21.

Uma igreja dividida, com os seus membros em controvérsia, denuncia, muitas vêzes, a ausência de habilidade de um pastor que não sabe conduzir o seu ministério com eqüidade e espírito imparcial.

Certa vez um pastor assumiu o pastorado de uma igreja na qual existiam dois grupos em conflito. Membros influentes se encontravam em ambos os lados. Como dirigente espiritual estava, evidentemente, em condições excepcionais para tentar uma conciliação entre as partes litigantes. Entretanto, embora sincero e bem-intencionado, revelou ausência de espírito conciliador, manifestando simpatia para com um dos grupos em luta e hostilizando o grupo opositor. Como resultado, os ânimos se exacerbaram, o conflito se intensificou, e o pastor, com uma maioria eventual, logrou eliminar da igreja as pessoas que integravam a facção por êle considerada rebelde. Excluídos, sem o direito de serem ouvidos, passaram a formar parte de uma escola sabatina que êles organizaram em uma casa particular. Após vários anos, essa igreja recebeu nôvo pastor, e uma de suas primeiras preocupações foi receber outra vez na comunhão da igreja, aquêles que haviam sido demitidos. O êrro foi sanado, porém a causa de Deus muito sofreu por êsse infeliz acontecimento, que bem poderia ter sido evitado.

O pastor, se deseja preservar a sua influência sôbre o rebanho, deve guardar-se dos perigos que resultam do favoritismo. Com muita oportunidade perguntava o apóstolo S. Paulo: “Se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?” (I Tim. 3:5) Um filho favorecido pelo papai, em detrimento de seus irmãos, constitui motivo de constantes altercações e controvérsias dentro do lar. O mesmo ocorre na igreja se o pastor se conduz com um espírito parcial, favorecendo a uns em prejuízo de outros.

Existem em quase tôdas as igrejas, entre os seus membros, diferenças de opiniões e idéias que, com freqüência, suscitam controvérsias e divisões. Em alguns lugares existem problemas antigos, velhas questiúnculas, que, como o carvão semi-apagado, com um sôpro imprudente revive e arde.

Quão sensato deve ser o pastor em sua obra conciliadora! Pertence-lhe a responsabilidade de unir os grupos em litígio e apagar as chamas da intolerância e incompreensão.

John R. Steelman logrou grande notoriedade ao conseguir harmonizar 87% de todos os conflitos trabalhistas ocorridos nos Estados Unidos, no decurso de 7 anos. Interrogado sôbre o segrêdo do seu êxito, contestou:

“Não procure decidir as contendas de grupos em divergência. Leve-os a resolverem por si mesmos suas questões. Não poderemos obrigar ninguém a fazer alguma coisa. O nosso dever é irmos ter com êles e pedirmos que se unam.

“Dirija os pensamentos dos litigantes para um ponto no qual se harmonizem e logo surgirá um acôrdo. Não há entre os homens conflito para o qual não possa haver um comum acôrdo. Procure êste e firme-o.” — David Guy Powers, Live a New Life,pág. 68.

É evidente que os desentendimentos que separam os membros de nossas igrejas não podem ser comparados com as greves e litígios trabalhistas, mas o mesmo princípio pode ser aplicado com êxito.

O fiel pastor se esforçará sempre por remover tôdas as discórdias, promovendo, em seu lugar, harmonia, unidade e cooperação.

As lutas internas, as controvérsias e discórdias, trazem mais danos ao reino de Deus que a sistemática e impertinente oposição dos adversários do evangelho. Por isso Davi exaltou a beleza do companheirismo e cooperação cristãs, cantando: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” Salmo 133:1. 

Eu poderia contemplar durante horas, sem evidências de cansaço, uma máquina de imprimir em operação. Há milhares de pequenas peças, cilindros, alavancas, parafusos e muitos outros acessórios que trabalham juntos, cada um em seu lugar correspondente. Com unidade de movimentos e harmonia de conjunto a máquina engole bobinas de papel, vomitando-as impressas, em forma de diários e livros. 

Como a máquina impressora, assim deve ser a igreja. Entretanto, vale que se acentue, a unidade dêste conjunto muito depende da atuação do pastor e do comportamento de cada um dos seus membros. 

Que Deus nos inspire em nosso ministério para que, eliminando divergências e conciliando os espíritos, saibamos somar as fôrças existentes na igreja, conduzindo-as como um regimento unido na luta contra os poderes confederados do mal