(Conclusão)

O Sétimo ponto tem que ver com a habilidade do ministro para aplicar seus conhecimentos. Em nossa relação com o paciente, devemos procurar entender o que êle diz e descobrir detrás das palavras os sentimentos que motivaram essa declaração. Com freqüência, declarações aparentemente sem importância revelam clara e distintamente o estado emocional do paciente alterado por algum problema familiar ou por saber que não pode pagar as despesas em que incorre durante sua permanência no hospital. O pastor não sòmente cumpre uma função pastoral, mas, ao procurar resolver o problema financeiro, desempenha também uma valiosa função de caráter social, que nem sempre será entendida corretamente pelos outros,- a não ser que estejam relacionados com êste aspecto do trabalho de um ministro. O paciente, porém, ficará agradecido, e isso será um fator que contribuirá para sua recuperação.

Fazemos aqui uma pausa para mencionar com tristeza que o desejo de figurar, manifestado por alguns ministros, ou a ambição de serem reconhecidos em sua função, por falta de preparo adequado, é comumente o motivo por que êles não desempenham êsses deveres tão simples mas de grande importância para o paciente.

Não me recordo de que um médico tenha reconhecido pùblicamente minha participação no restabelecimento de algum enfêrmo, mas dou graças a Deus por me haver mostrado o valioso papel que me competia desempenhar como liame entre o paciente e o facultativo, entre o paciente e seu Criador.

Também não me recordo de haver lido algum versículo que declare serem os nossos esforços recompensados por Deus aqui na Terra. S. Marcos 10:28-30 mostra que a recompensa está além da vida e além da própria morte. Portanto, devemos aprender a olvidar a nós mesmos e a prestar um serviço eficaz, destituído de egoísmo e ambições pessoais, para que possamos ser um canal por onde flua abundantemente o Espírito de Deus.

O oitavo ponto que desejo mencionar neste artigo é que o pastor nunca deve dar quaisquer ordens ao paciente. A causa da falta de êxito de muitos ministros pode ser atribuída a essa tendência viciosa. Julgamos ter o direito de “sermonear” no púlpito e fora dêle.

Temos a tendência de crer que somos pais de todos, e embora raramente alguém se atreva a contradizer-nos por causa do respeito que sente para com o pastor, devemos ter cuidado com os enfermos, princípalmente durante o período de convalescença, no qual o grau de tolerância é muito baixo e em que as censuras não devem tomar o lugar das palavras de ânimo e esperança-

Nenhum ministro inteligente e que saiba aplicar a psicologia usada por Cristo, deve ser surpreendido neste ponto.

Há muitos outros fatôres a serem considerados em nossa relação com os pacientes: Como ajudá-los a diminuir a tensão nervosa; como tratar o paciente desenganado pela ciência médica; o papel do ministro nas enfermidades psicosomáticas e de pacientes hipocondríacos etc. Tudo isso deve saber um ministro que ama seu trabalho e as almas.

Também é importante que o ministro saiba distinguir entre um paciente em estado de angústia provocado por um incidente familiar, e um paciente emocionalmente perturbado. Esta parte e o conhecimento geral das enfermidades mentais, como também a nossa participação quando os pacientes são submetidos a tratamento terapêutico, merecem ser considerados com muita atenção.

É difícil aceitar que numa era de tanto progresso no setor das especializações profissionais, os ministros continuem desempenhando uma obra pastoral completamente separada da função do médico, manifestando não só inabilidade para enfrentar os complexos problemas causados pelos fenômenos sociológicos modernos, mas também as asperezas de uma educação inadequada, sem métodos que se adaptem às necessidades variáveis da sociedade moderna, na qual nos compete realizar nosso maravilhoso trabalho.

Hoje em dia, para converter alguém a um ideal político são usados os métodos mais modernos de persuasão e aproximação psicológica. Para enviar um homem ao espaço por apenas três dias, é necessário o esfôrço coletivo de milhares de cientistas que coloquem todos os seus conhecimentos a serviço dessa proeza. E como pode um ministro pensar em converter almas para a verdade empregando os mesmos métodos usados há vinte anos?

Como espera o ministro ajudar os homens a alcançar o Céu para viver ali durante tôda a eternidade, com apenas dois ou três anos de educação ministerial, que não é aperfeiçoada com novas idéias e métodos?

Cristo empregou técnicas tão variadas, que vale a pena beber dessa fonte inesgotável de conhecimento e experiência. Outros o têm feito, e por isso tiveram êxito.

Oxalá Deus nos ajude a sentir a ambição de esmerar-nos, prestando assim valiosa contribuição, ao lado do médico, no tratamento dos que se acham no leito de dor, e também daqueles que, embora aparentemente sadios, se debatem no vale da indecisão, buscando desesperadamente ser compreendidos e ajudados. Poderia haver maior desafio do que êste?