Todos nós procuramos resolver diariamente e do melhor modo possível os problemas relativos à aquisição de bens de consumo e a capitalização de nossas economias, dentro de nossos rendimentos, de modo a conseguirmos proteção máxima contra as vicissitudes da vida.

Não há duas famílias que gastam suas rendas da mesma maneira. Os estudos sôbre êste assunto, mostram que há certa regularidade em média razoável, no modo pelo qual as pessoas gastam o que ganham: em alimento e vestuário. Há centenas de investigações e pesquisas sôbre orçamento familiar, visando saber como as famílias e pessoas efetuam suas despesas em diferentes níveis de renda.

Analisando o problema, notamos que as famílias pobres gastam, forçosamente, grande parte de seus rendimentos na aquisição do essencial à vida, como alimento, abrigo, e, em menor grau, vestuário. À medida que a renda cresce, a despesa com aquisição de muitos e variados tipos de bens de consumo aumenta; às vêzes possuímos um excedente para empregar em artigos que são considerados de luxo, e até certo ponto dispensáveis.

Há, entretanto, limite para a quantidade de dinheiro excedente; a proporção entre a renda e a despesa deve ser bem calculada. É, portanto, muito útil planejarmos um orçamento familiar. É necessário fazermos uma previsão de nossa renda, diante da fixação de uma despesa a ser realizada.

Muitas vêzes encontramos obreiros que tèm dificuldades para viver dentro de seus rendimentos. Constantemente estão comprando, levados por um impulso qualquer, sem planejamento. Para muitos “O ORÇAMENTO” é desconhecido, especialmente para os devedores que preferem evitá-lo. Aquêles que estão sempre em dificuldades financeiras, deveriam experimentar e colocar em prática um orçamento e não atribuir erroneamente as suas dificuldades financeiras à falta de fundos. Segundo tesoureiro de um Sindicato de Crédito, muitos “não querem encarar a realidade.”

Num artigo da revista “Times,” comentou o autor: “Êle não aprendeu pela experiência que não importa quanto ganha, nunca é suficiente …” Infelizmente é a realidade para muitos de nossos obreiros que não querem executar um orçamento.

Se pusermos os nossos gastos à prova de orçamento, iremos descobrir que provàvelmente estamos passando sem as coisas que realmente desejamos, visto que o nosso dinheiro está sendo gasto em comprar artigos que fàcilmente poderiam ser evitados.

O orçamento é, na sua fôrça e essencialmente, uma questão de planejar; não é guardar apenas um registro. É um plano bem delineado para distribuição eqüitativa da renda de modo a proporcionar a cada membro da família a máxima satisfação; é, na concepção muito simples, dizer ao seu dinheiro aonde deve ir, ao invés de se perguntar aonde foi.

O orçamento não deve constituir-se em algo enfadonho e em desmancha-prazeres. Deve ser para nós justamente o contrário; êle nos resguarda de perder a alegria em resultado de uma crise financeira. O orçamento, além de prover às necessidades da família, pode também fazer com que se consiga adquirir artigos considerados de luxo, sem o sentimento desagradável de que não se têm recursos para isso.

Um orçamento resolve o problema da extravagância e da avareza. Auxilia-nos a eliminar os gastos desperdiçadores.

Se dependermos apenas da compra por impulso, iremos observar que o nosso ganho não é suficiente para satisfazer às necessidades básicas de cada dia. Num país com inflação galopante como o nosso, a pessoa é impulsionada a comprar a prazo, e com tanta compra a prestação, muitas vêzes nos perdemos em dívidas. Há o caso de certo obreiro com família numerosa que comprou tantas coisas a prestação que do total de sua renda líquida, 60% era destinado a pagar os compromissos mensais. Eis aí a necessidade de orçamento, que capacitará o obreiro a comprar o que necessita dentro dos seus rendimentos.

No entanto, por outro lado, o orçamento não deve fazer da pessoa um avarento. Ao contrário, o orçamento se destina a levar em consideração os gastos que poderemos dispor em presentes e contribuições, e a provisão necessária para exercermos a hospitalidade. O orçamento nos ajudará a viver de conformidade com o conselho bíblico em I S. Pedro 4:9, que diz: “Sêde mutuamente hospitaleiros sem murmuração.”

Deve o orçamento ser, pois, um guia seguro entre o sorvedouro dos gastos extravagantes e a rocha da avareza.

Um outro aspecto que desejamos salientar é que as despesas com vestuário, divertimento, assistência médica, aquisição e manutenção de automóvel crescem muitas vêzes em proporção maior do que o crescimento da renda. Por isso, sendo possível, é necessário fazer uma reserva para enfrentar êstes gastos imprevisíveis.

Como é natural, os preços e as condições de vida variam regionalmente. Há disparidades regionais de custo de vida, diferenças entre o Norte e o Sul, assim como entre muitas cidades num mesmo Estado.

Ê mister que tenhamos sempre em mente o planejamento como o meio de solução para os problemas com nossas finanças pessoais.

Há um outro êrro que lamentàvelmente cometemos. É considerar que onde comem dois, comem três etc. Seria certo que onde vivem dois, viveriam três? Não nos referimos à hospitalidade ocasional, e sim à vivência permanente.

De acôrdo com as estatísticas orçamentárias, a resposta é negativa. Mesmo que um dêles trabalhe em casa, custará a um casal de 100/70 vêzes o que custa a uma pessoa só para viver, em média. Isto porém, ainda é menos do que custa a dois para viverem separadamente.

Cada membro acrescido ao nosso lar, aumenta inevitàvelmente o custo de vida da família. Se custa 70 para se viver só e 100 para se viver casado, custará 130 para viverem três, 160 para viverem quatro e assim por diante.

Felizmente a Obra concede uma bonificação mensal ao obreiro, bonificação essa que varia de acôrdo com o número de filhos. É fácil de se perceber por que razão aquêles que têm famílias numerosas enfrentam maiores dificuldades com a manutenção do lar, pois esta bonificação está muito aquém da despesa a ser realizada. Neste caso, surge também o remédio necessário, que é o planejamento financeiro e mesmo familiar para enfrentar tal situação.

Para finalizar esta primeira parte de nossas considerações, mencionaremos ligeiramente a arte de gastar dinheiro.

Há pessoas que ao gastarem o seu dinheiro agem com regularidade, mas nem sempre racionalmente.

Certa vez, um economista americano calculou quanto custaria para adquirir uma dieta anual que fôsse a menos dispendiosa possível e que contivesse todos os ingredientes necessários à saúde, tais como vitaminas, ferro, cálcio etc. O custo anual foi surpreendentemente baixo; a dieta não consistia em alimentos tão dispendiosos, mas no entanto, continha os ingredientes necessários.

Qualquer lar bem administrado, ao comprar alguma mercadoria, certamente fará questão da boa qualidade do que compra e de que o preço que paga seja o mais baixo possível. Infelizmente nem sempre isto acontece conosco. Erramos quando temos o costume de comprar apenas em determinado armazém, sem executarmos uma sábia política de colocar em concorrência de preços as mercadoras que desejamos adquirir.

No próximo artigo faremos uma explanação de como poderemos planejar um orçamento.