Um dos momentos mais significativos na vida de uma pessoa ocorre quando ela se entrega a Cristo. Esse compromisso público é fruto da obra transformadora do Espírito Santo no coração. Ele opera na alma, produzindo resultados que se refletem na vida prática. Ellen White afirmou: “Quando o Espírito de Deus toma posse do coração, transforma a vida. Os pensamentos pecaminosos são afastados, e as más ações são renunciadas; o amor, a humildade e a paz ocupam o lugar da ira, da inveja e da contenda. A alegria substitui a tristeza, e o rosto reflete a luz do Céu”.1

Esse relacionamento com Deus se manifesta nas escolhas diárias, nas palavras que proferimos, nas atitudes que tomamos e, especialmente, na decisão de declarar publicamente esse compromisso por meio do batismo. Por isso, é essencial considerar algumas orientações para essa cerimônia, que, sem dúvida, está entre as mais inspiradoras realizadas pela igreja.

Importância

O batismo é de extrema relevância, pois é por meio dele que se estabelece a condição de membro da igreja. Além disso, é fundamental que o batizando esteja plenamente consciente de sua decisão e compreenda o compromisso que assume com Cristo e com Sua igreja. “O crente é batizado em Cristo e entra para a comunhão da igreja. Da perspectiva do NT, o corpo de Cristo é constituído por indivíduos que foram batizados em Cristo. Eles desfrutam íntima comunhão com Cristo (Gl 3:27) e, ao mesmo tempo, da comunhão com os outros membros da igreja.”2 Ser batizado significa tornar-se parte do corpo de Cristo, e, por isso, é essencial compreender toda a dinâmica envolvida, incluindo a importância e o significado da cerimônia.

O batismo tem sua origem no Novo Testamento. Embora João Batista, como percussor do Messias, tenha realizado o batismo de arrependimento no rio Jordão (Mc 1:4 e 5), é em Cristo – em Seu exemplo (Mt 3:14 e 15) e sob Sua ordem – que o batismo encontra seu mais profundo sentido, valor e expressão. Jesus declarou: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês. E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28:19 e 20).

Nesse contexto, o ato do batismo é uma das marcas dos seguidores de Cristo, daqueles que experimentam o novo nascimento (Jo 3:5-8). Jesus ensinou: “Quem crer e for batizado será salvo” (Mc 16:16). “Na igreja apostólica, o batismo seguia-se imediatamente à aceitação de Cristo. Tratava-se da confirmação da fé dos novos crentes (At 8:12; At 16:30-34).3

Requisitos

O elemento mais importante para uma pessoa ser batizada é a crença de que Cristo é seu Salvador pessoal. A certeza de que seus pecados estão perdoados e o desejo de viver uma nova vida em Cristo são fundamentais para o batismo. No entanto, além disso, o candidato precisa estar ciente dos privilégios e deveres que Cristo e a igreja esperam dele ao tomar essa decisão. Por esse motivo, é essencial que as pessoas sejam devidamente instruídas antes do batismo. O pastor e a liderança da igreja, juntamente com os envolvidos no discipulado, “devem instruir os candidatos nos ensinamentos fundamentais da Igreja e nas práticas relacionadas com esses ensinos, para que eles, os candidatos, possam ingressar na igreja com uma sólida base espiritual.”4 O batismo não deve ser realizado por impulso, pressão, improvisação ou qualquer outro motivo superficial.

Paulo foi um dos maiores líderes da igreja e levava muito a sério o compromisso que devia existir em cada pessoa que se entregava a Cristo. Ele era evangelista, teólogo e completamente comprometido com a missão, mas nunca minimizou a importância da instrução para alcançar mais pessoas para Cristo. Ellen White afirmou: “Antes de receber como membros da igreja os que tinham aceitado o cristianismo, Paulo havia tido o cuidado de dar instruções específicas quanto aos deveres e privilégios do cristão, esforçando-se para ajudá-los a se manterem fiéis aos votos batismais.”5 É importante destacar que o ensino ou instrução faz parte de outros elementos que buscam dar mais segurança à decisão pelo batismo. O Manual da Igreja ressalta: “Aqueles que reconhecem sua condição de perdidos como pecadores, que sinceramente se arrependem de seus pecados e experimentam a conversão, podem, após instrução apropriada, ser aceitos como candidatos ao batismo e como membros da igreja.”6

Outro elemento importante a ser considerado, e sem dúvida, está ligado à instrução é a idade mínima do batizando. Esse requisito deve considerar a capacidade do juvenil de entender os princípios básicos da fé que está abraçando. Embora a Bíblia não estabeleça de forma clara uma idade específica para o batismo, de acordo com o pastor Wilson Paroschi, “em todo o Novo Testamento, não há exemplo de batismo infantil ou adolescente que ajude a determinar qual era a prática apostólica com relação a isso”.7 O próprio Manual da Igreja também não se posiciona de forma direta sobre isso, quando afirma: “Conquanto não seja estabelecida uma idade para o batismo, recomenda-se que as crianças muito novas que expressam o desejo de ser batizadas devem ser encorajadas e iniciadas em um programa que as possa conduzir ao batismo.”8 Ellen White declara: “As crianças de oito, dez ou doze anos já têm idade suficiente para ser levadas ao tema da religião individual. Não ensinem seus filhos com referência a um tempo futuro em que eles terão idade bastante para se arrependerem e crerem na verdade. Caso sejam devidamente instruídas, crianças bem novas podem ter ideias corretas quanto a seu estado de pecadores e ao caminho da salvação por meio de Cristo.”9

Antes da cerimônia

Logo após todos os passos estabelecidos pelo Manual da Igreja serem devidamente seguidos, como o exame público antes do batismo,10 o voto batismal e a votação da admissão pelo batismo, a cerimônia pode ser realizada. Contudo, é importante considerar o horário, o local, as instalações, a temperatura da água, entre outros aspectos.

O batismo, seja realizado na igreja ou ao ar livre, precisa preservar a solenidade do evento. Às vezes, a criatividade, que é bem-vinda, pode fazer com que a cerimônia perca a importância devida. Exemplos disso são: uma programação longa, batizando descalço, caixa d’água pequena ou batistério com pouca água e sem ornamentação, becas batismais inapropriadas para o tamanho ou desajustadas, além de músicas para cada pessoa batizada, tornando a cerimônia cansativa. Ellen White escreveu: “Que se dê a essa ocasião toda a importância e solenidade merecidas. Essa cerimônia é sempre marcada pela presença de anjos de Deus.”11

Durante a cerimônia

O candidato pode entrar no tanque batismal logo após a entrada do pastor. Este, ou alguém responsável, pode convidar os familiares e as pessoas envolvidas a se aproximarem do batistério e, se possível, relatar um pouco da experiência de conversão do candidato. Logo após, será feita uma declação (e não uma oração): “Em virtude de sua profissão de fé em Cristo como seu Salvador e desejo de viver uma nova vida Nele, eu o batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.”12 O pastor deve se dirigir ao batizando no momento do batismo e, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, realizar o batismo.

Em eventos com vários pastores, pode-se convidá-los a erguer as mãos durante o batismo, embora isso não seja necessário. Outro detalhe a ser esclarecido é sobre quem realiza a cerimônia. O batismo é feito por quem está no tanque com o batizando, e não fora dele. Portanto, a maneira correta seria dizer: “O pastor (nome) o batiza em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.”

Após a cerimônia

Depois das boas-vindas e do recebimento do certificado de batismo, as pessoas que se entregaram a Cristo precisam receber uma calorosa aceitação por parte dos membros da igreja. Para isso, seus discipuladores devem ser apresentados e convidados a acompanhá-los em sua caminhada cristã.

Cristo nos ordenou fazer discípulos, e o batismo faz parte dessa ordem. Ser um seguidor de Cristo, viver os Seus propósitos e testemunhar de Sua graça redentora é, de fato, a mais rica experiência da vida. Nesse sentido, Ellen White declarou: “O conhecimento de Deus e de Jesus Cristo, manifestado pelo caráter, é mais sublime do que qualquer outra coisa a ser estimada na Terra e no Céu. Representa a mais elevada educação, sendo a chave que nos abre as portas do Céu. Deus quer que esse conhecimento seja o atributo de todos os que se revestirem de Cristo pelo batismo.”13

Lucas Alves, secretário ministerial para a Igreja Adventista na América do Sul

Referências

1 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2021), p. 128.

2 Raoul Dederen (ed.), Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011) p. 653.

3 Nisto Cremos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p. 240.

4 Manual da Igreja (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2022), p. 50.

5 Ellen G. White, Atos dos Apóstolos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2021), p. 190.

6 Manual da Igreja, p. 51.

7 Wilson Paroschi, “Batismo Juvenil: A Idade Ideal”, Ministério (2009), p. 10.

8 Manual da Igreja, p. 50.

9 Ellen G. White, Orientação da Criança (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2021), p. 342.

10 “Se o exame público for impraticável, os candidatos serão examinados perante a Comissão Diretiva da Igreja ou uma comissão designada pela Comissão Diretiva da Igreja, como a comissão de anciãos, cujo relatório deverá ser apresentado à igreja antes do batismo.” Manual da Igreja, p. 51.

11 Ellen G. White, Evangelismo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2023), p. 218.

12 Guia para Ministros Adventistas do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010), p. 165.

13 White, Evangelismo, p. 218.