O lar do ministro influencia mais pessoas do que seu púlpito. “Muito mais poderosa que qualquer sermão pregado, é a influência de um verdadeiro lar, no coração e na vida.” — A Ciência do Bom Viver, pág. 303. Esta é a razão por que Satanás tenta o pai a negligenciar seu lar. Procura manter o pai ou mãe tão ocupado com tôda a espécie de atividades, de modo a não dispor de tempo para dar à própria família. Eis um dos motivos por que alguns bons pastôres produzem muito pouco, ao passo que oradores de menos talento conseguem às vêzes rica colheita de almas. Uma boa família é de valor inestimável para o ministro.

Certo dia, um jovem de muito trato no colégio veio até meu escritório e declarou que necessitava de conselho pastoral. Ao apresentar-se reconhecí um nome assaz conhecido entre nós, e indaguei-lhe se era parente do pastor.

  • — Sim — respondeu — êle é meu pai.
  • — Oh, é um homem maravilhoso, verdadeira coluna da igreja — disse eu.
  • — Deve ser um homem maravilhoso — concluiu tristemente. Li acêrca dêle na Review.

A entrevista de mais de uma hora revelou que o coração dêste jovem ansiava mais por um pai do que por um conselho pastoral. No que tocava ao pai, bem poderia ser órfão. Nessa ocasião seu pai visitava algumas igrejas na Europa e não estaria no lar por várias semanas. E quando voltava à pátria não estava no lar. Estava no escritório nos dias úteis, e aos sábados no púlpito. Seu filho o conhecia mais através das colunas da Review and Herald.

Acontecerá acaso que alguns ministros, que ganharam muitas almas para Cristo, sejam forçados a lamentar: “Fizeram-me guarda da vinha; mas das minhas próprias videiras tenho cuidado”?

Noé tivera pouco êxito em converter o mundo durante sua campanha de 120 anos, porém salvou a família, e Deus o chamou de “pregoeiro da justiça.” “Os deveres do ministro jazem em tôrno dêle, próximos e distantes; mas seu primeiro dever é para com os filhos.” — Obreiros Evangélicos, pág. 205.

Obreiros consagrados estão prontos a entrarem imediatamente em ação quando o significado destas palavras é plenamente compreendido: “Estamos suportado terríveis prejuízos em todos os ramos da obra por causa da negligência da educação doméstica.” — Child Guidance, pág. 303.

Todo o ministro deseja ter êxito. O consagrado homem de Deus não considera demasiado grande nenhum esfôrço ou alto custo para si a fim de salvar uma alma da morte eterna. Os desejos pessoais são esquecidos, o desconforto físico perde significado, quando busca o perdido. Sua grande e única paixão é livrar o que está perigando.

Não importa quão bem sucedido possa ser, o pregador que progride jamais está satisfeito com as conquistas passadas. Quer progredir mais. Lê e estuda constantemente em busca de melhores métodos de trabalho; procura ansiosamente novas opor-tunidades de alcançar mais e mais pessoas. No entanto, com que freqüência seus melhores esforços pouco ou quase nada conseguem. Pode semear um grande campo e despender muito dinheiro em cultivá-lo, e no entanto obtém colheita bem diminuta. Que mais podia ter feito? Rememora o passado, perscruta a própria alma, e roga a Deus por sabedoria.

Deus lhe responde a oração chamando-lhe a atenção para as causas ocultas de resultados tão minguados. Ei-las: “Podem os ministros fazer bem e fielmente sua obra, e contudo produzirá muito pouco se os pais negligenciam seu trabalho” — Idem, pág. 550.

É possível mesmo que um ministro diligente no trabalho, incansável nos esforços, venha a ser o único culpado de negligenciar suas responsabilidades paternas. Que pode fazer? Entregar-se-á ao desespêro?

Nenhum pensamento desanimador provém do Céu. Deus não nos mostra a causa e a seguir nos deixa a tatear o caminho. Êle dirige nossa atenção para o remédio. Diz: “Se se concedesse mais atenção à tarefa de ensinar aos pais a maneira de formar os hábitos e o caráter dos filhos, o resultado seria cem vêzes mais benéfico.” — A Ciência do Bom Viver, pág. 303. (Grifos acrescentados.) Graças a Deus por esta certeza. Eis uma nota promissória no banco do Céu, de que se educarmos os pais para seu trabalho, haverá cem vêzes mais benefícios do que o que temos agora. Pensemos, num aumento e 10.000 por cento — que algarismo desconcertante! Sòmente Deus podia prometer isso.

A pergunta que cada obreiro tem que decidir por si é o que fará com êste oferecimento. Deus prometeu tôda a terra de Canaã aos filhos de Israel, mas dez dos espias não puderam ver além dos gigantes que andavam altivamente pela região. Aquêles dez dirigentes jamais compreenderam qualquer parte daquela promessa. Contudo os dois espias que olharam além dos gigantes e fizeram a obra que Deus lhes planejara fazer, viram o cumprimento literal de Sua palavra. Receberam os vinhedos já plantados, poços cavados, e casas prontas para serem ocupadas.

Satanás sempre encontra um gigante de pé entre nós e o êxito ilimitado. Uma das coisas que afugentam os ministros de ensinarem os pais é a idéia de que pais e mães julgam-se dispensados de auxílio. Isto é uma falácia. Com pouquíssimas exceções os pais em tôda a parte clamam por auxílio, estão ansiosos por informação e buscam conselho. O de que se ressentem, unicamente, é de incriminação, censura, e publicidade de seus erros.

Afinal de contas, incriminar o pai ou a mãe ou os vizinhos não resolve o problema. A obra do conselheiro não é inculpar ninguém, nem impor castigo ao culpado, mas ajudar os pais a encontrarem solução para seus problemas. O criticar não é en-sinar. Confunde, desanima, agrava a complexidade da situação, mas não instrui. Dizer aos pais que fizeram algo errado não é novidade para êles. Não há dúvida de que estavam cientes disso antes que o estivéssemos. Tampouco o mexericar acêrca dos pecados e erros alheios ajudam o pecador ou o santo. A moléstia não se cura por passá-la a um terceiro. O pregador não deve censurar os pais, mas ensiná-los.

Quando os pais compreendem que seu pastor manterá em estrita confiança o que lhe fôr dito, e que se mostre disposto e ansioso em ajudá-los na solução de seus problemas, aproximar-se-ão dêle em busca de conselho, e desejarão que os oriente.

O gigante mais persistente que atormenta o pregador dia e noite é o tempo. Quer seja evangelista, pastor ou departamental, há tantas exigências de seu tempo que se torna impossível cumpri-las tôdas. Como pode o obreiro consciencioso dizer quais destas são obrigações suas e quais são ardis de Satanás para mantê-lo longe de seus legítimos deveres?

Diz-nos claramente o Espírito de Profecia: “Vosso primeiro campo ministerial é guardar e educar vossos filhos, cuidando do pequeno jardim que Deus vos tem dado, e quando educardes êstes filhos então tereis feito uma obra que Deus abençoará.” — Ellen G. White, Manuscrito 13, 1886. Vosso lar é o fundamento de vossa obra. O negligenciar êste fundamento pode ser desastroso para a obra de Deus posteriormente. “O sábado e a família foram, seme-lhantemente, instituídos no Éden, e no propósito de Deus acham-se indissoluvelmente ligados um ao outro.” — Educação, pág. 250. O representante de Deus não negligenciará seu lar como não profanará o sábado. Será tão fiel em instruir sua congregação no tocante à vida no lar como em ensinar a devida observância sabática.

O terceiro grande gigante apresentado por Satanás declara ousadamente que ninguém, na igreja, se acha qualificado para ensinar os pais. Isto pode ou não ser verdade. Se é verdade, impõe-se uma mudança imediata. É uma desonra permanecer alguém na ignorância. “Assumir as responsabilidades da paternidade sem êsse preparo, é um pecado.” — A Ciência do Bom Viver, pág. 332.

A indagação que cada pastor deve fazer sinceramente é: Onde posso encontrar o melhor homem ou mulher para ensinar os pais em minha igreja? A resposta naturalmente varia de igreja para igreja. Em algum lugar um obreiro aposentado talvez seja o homem ideal para esta tarefa deveras importante, e em outro, uma jovem mãe ocupada talvez seja a melhor que se pode encontrar. Mas na maioria dos casos o pastor descobrirá que êle próprio é quem deve dar esta instrução. “Os que levam a última mensagem de misericórdia ao mundo sentem que é seu dever instruir os pais a respeito de religião no lar.” — Test. for the Church, Vol. 6, pág. 119.

A seção de Lar e Pais do Departamento de Educação da Associação Geral está sempre pronta para ajudar pastôres e pais em qualquer esfera de ação ao seu alcance. Os dois livros do Espírito de Profecia, The Adventist Home e Child Guidance,além da revista Adventist Home and School, são destinados a fortalecer todos os lares na igreja. Preparou-se também uma série de doze lições para educação de pais e filhos, denominada “The Christian Home Series C.” Todo o lar onde haja filhos deve possuir a coleção completa.

Se quereis aumentar em 10.000 por cento vossa eficiência, ensinai aos pais suas responsabilidades. “No lar lança-se o fundamento da prosperidade da igreja. As influências que regem a vida doméstica espraiam-se na vida da igreja; por conseguinte os deveres da igreja devem primeiramente começar no lar.” —The Adventist Home, pág. 318.