(Leitura bíblica: Salmos 103:13-18; Isa. 40: 6-8; Ecles. 7:1-4.)

Tôdas as coisas terrenas denotam decadência e dissolução. Desde que o profundo pesar de Deus O obrigou ao terrível pronunciamento sôbre Adão e Eva, quando foram banidos das deliciosas águas do Éden: “Certamente morrerás” (o original hebraico diz: “Morrendo, morrerás”), esta moradia do homem, amaldiçoada pelo pecado, tem sido uma casa de luto, um lugar de lágrimas, um jardim empestado de aflição e sonhos frustrados.

No meio da tristeza, porém, há um vislumbre de esperança. Através do prisma das lágrimas vemos o arco-íris divino da promessa. Cercados pela escuridão da tumba, contemplamos Aquêle que habita na luz inacessível.

Há três proveitosas lições nos textos bíblicos que lemos:

“Seca-se a erva.” Aqui se revela a fragilidade do homem e a brevidade da vida humana.

“Como a flor do campo, assim [o homem] floresce.” Temos aqui uma bela analogia da nobreza de uma vida bem vivida diante dos homens.

“Mas a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.” Isto é firmeza e segurança em um mundo que só conhece inconstância e decadência.

Certamente foi desígnio de nosso misericordioso Pai, que se apieda de nós como Seus filhos, colocar êstes textos em estreita justaposição para um tempo como êste.

“Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete. . . . Melhor é a tristeza do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.”

Deus tem, pois, um propósito com a aflição humana e a tristeza terrena. Fico a pensar se podemos aprender hoje algumas das suas lições. Somos tão vagarosos em aprender o significado dos segredos da mão guiadora de Deus.

Quão trágica se nos afigura a queda do homem, quando olhamos ao nosso redor e vemos as marcas da carga do pecado no cabelo que embranquece, na face enrugada, nos fracos degraus da idade, e na muda testemunha dos sepulcros das incontáveis cidades dos mortos!

As sementes que emboloram no prolongado orvalho da primavera, a praga que destrói a esperança da ceifa no verão, a parasita que ataca o milho já granado na espiga e produz desalento ao tempo da colheita — tudo isto são coisas que lembram a maldição que o pecado trouxe a êste mundo para aumentar o infortúnio do homem.

E contudo “o coração dos sábios está na casa do luto” — notem “dos sábios” — porque é na casa em que há luto onde sentimos nossa dependência dAquele que declarou: “Tôda a carne é erva.” “Pois, passando por ela o vento, logo se vai, e o seu lugar não conhece mais.”

Há um ministério da tristeza, que nos leva a sentir a herança comum como membros da família de Deus. Não pecámos todos nós e ficámos destituídos da glória de Deus? Graças a Deus, porém, que não nos deixa na casa do pranto. “Virei outra vez”, disse Jesus, “e vos levarei para Mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”. S. João 14:3.

Não é bastante uma vista retrospectiva para a perda de nosso lar edênico e a conseqüente desgraça que se abateu sôbre o homem até a hora presente. No meio dos reinos que se desagregam e dos frustrados planos do homem, e na confusão social reinante, como são confortadoras as promessas de Deus! A beleza e a florescência do Éden serão restauradas em uma Terra em que não haverá jamais enfermidades nem infortúnios. Não se conhecerão lá paralisia nem definhamento. “E eis que cedo venho, e o Meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra.” Apoc.22:12.

Abençoada promessa! Apressa-te, ó dia eterno!