Na milenar batalha entre o bem e o mal, o inimigo está localizado e identificado. É quase unânime a opinião, entre os cristãos, que Satanás transformou este mundo em uma área de agressão. Sua ocupação principal é desvirtuar ou paralisar o progresso espiritual dos filhos de Deus. Contudo, o apóstolo Paulo, através da carta aos efésios, no capítulo seis, nos convida a considerar as características da guerra, na qual também estamos envolvidos, as áreas de especial cuidado, e a provisão divina que reafirma a vitória do povo de Deus no conflito.

O Senhor não nos fez conhecedores do tempo da segunda vinda de Cristo (Mat. 24:36). Porém, podemos ter a convicção bíblica de que será precedida por uma guerra espiritual (Efés. 6:10-19). Deus tem colocado em ação todos os poderes dos Céus para proteger os Seus filhos e derrotar os seres espirituais que iniciaram uma “guerra civil” contra o Pai e, particularmente, contra Seu Filho.

Características

Quais as características desse conflito? Primeiramente, trata-se de uma guerra contra Cristo e Sua Igreja. Essas duas coisas não podem ser separadas (Mat. 16:18). “Satanás é o inimigo pessoal de Cristo.”1 As evidências dessa luta incluem as tentações que o Salvador sofreu (Mat. 4:1-11), Seus confrontos com os demônios, segundo vários relatos bíblicos (Luc. 22:31-34; Gál. 5:16 e 17; Efés. 6:10-20). Se os olhos do povo de Deus fossem “abertos para discernir os anjos caídos atuando naqueles que se sentem cômodos e se consideram seguros, nosso sentimento seria outro”.2 Deus em Cristo enfrentou o inimigo, e a Igreja deve seguir esse exemplo divino. Há muito o que perder ou ganhar neste conflito. A Igreja não pode aceitar a paz a qualquer preço.

“Se consentimos em baixar nossos braços, em baixar o estandarte ensangüentado, e chegamos a ser cativos e servos de Satanás, poderíamos ser libertos do conflito e do sofrimento. Porém essa paz será ganha somente com a perda de Cristo e dos Céus. Não podemos aceitar paz sob tais condições. Que haja guerra, guerra, até o final da história deste mundo, em vez de paz através da apostasia e do pecado.”3 Essa declaração coloca em evidência duas coisas: primeira, que “a vida cristã é uma guerra constante”.4 Segunda, que “a Igreja militante não é a igreja triunfante”. É evidente que a guerra espiritual é absoluta e não poderíamos participar em outra variedade de conflito.

Em segundo lugar, o grande conflito é uma guerra de natureza espiritual. De acordo com Efésios 6:12, o inimigo é espiritual e a guerra é espiritual. Mesmo quando o apóstolo (Efés. 6:15) fala de paz, o interesse primário do capítulo é espiritual e não psicológico.

Paz não é primariamente tranqüilidade emocional; envolve a salvação da pessoa inteira. O evangelho da paz (6:15) é a boa-nova de que Deus reconciliou-Se com o homem e que este pode agora ter paz com Deus (Rom. 2:10). É também um poder que protege o homem em seu ser interior (Fil. 4:7) e que governa em seu coração (Col. 3:15).6 A batalha real é espiritual e não está localizada, por exemplo, nas finanças de uma igreja. Se uma congregação não tem dinheiro, significa que está perdendo a batalha na dimensão espiritual. Muito menos a batalha está centralizada em um doméstico da fé. Não podemos nos permitir ser encontrados guerreando mutuamente. Parafraseando o apóstolo, não é a “carne” de um crente o inimigo a ser enfrentado. O conflito é de natureza espiritual.

Como terceira característica da guerra despontam sua universalidade e continuidade. Para alguns soldados, odiar o inimigo (Satanás) significa odiar a guerra ou pelo menos negá-la. Porém ninguém escapa do conflito. É universal. Na verdade, parece ser cada dia mais intenso e sutil. “Isto sempre tem sido aplicado ao povo de Deus em cada época do mundo, porém quanto mais à Igreja remanescente que tem de enfrentar as constantes e mais poderosas obras mestras do poder das trevas para este último tempo.”7 Ao entrar em um novo ano, que foi aguardado com especial expectativa, “que nenhuma alma imagine que a obtenção da vida eterna mediante a obra consumada por Cristo não envolve luta, conflito. O apóstolo declara: ‘porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne…’ (Efés. 6:12). Devemos ser achados continuamente pelejando a boa batalha da fé”.8 A bendita contrafação dessa realidade espiritual é que “todo o Céu está desejoso de ajudar aqueles pelos quais Cristo morreu”.9

Quarta característica, a guerra tem dimensões externas e internas. Segundo o ponto de vista dos filhos de Deus, a guerra espiritual possui manifestações externas e internas. Efésios 6:12 parece indicar que “por trás das estruturas e instituições visíveis da sociedade e da cultura, as forças do mal estão atuando, usando seu poder invisível para escravizar e cegar os crentes”.10 Por outro lado, Ellen G. White escreveu que “a Igreja pelejará contra forças visíveis e invisíveis”.11 A guerra parece ainda mais complexa quando se observa sua dimensão interna, no coração do crente. O mandato de Efés. 6:10, no sentido de sermos fortes no Senhor e no poder de Sua força, tem sua base em Efés. 3:16, onde encontramos a promessa de sermos “fortalecidos com poder, mediante o Seu Espírito no homem interior”.

Finalmente, a guerra é desenvolvida entre dois grupos. O exército contrário a Cristo está composto por anjos caídos. Esses anjos são seres espirituais (Efés. 6:12). São seres pessoais dotados de inteligência e vontade. Possuem natureza moral e, portanto, se encontram sob obrigação moral; Conseqüentemente, foram castigados pela desobediência. A Bíblia descreve os que caíram como mentirosos e pecadores: João 8:44. I João 3:8-10. Eles sempre estão inclinados a destruir o trabalho do Senhor (Luc. 11:21; II Tess. 2:9; I Ped. 5:8).12

Esse propósito maligno é levado adiante por meio de quatro tipos de poderes sobre-humanos: principados, potestades, governadores das trevas e hostes espirituais da maldade, nas regiões celestes (Efés. 6:12).

O poderoso exército de Deus está composto por anjos santos: Sal. 103:20; Col. 1:16; Efés. 1:21; 3:10; Heb. 1:14. Esse exército partilha o objetivo central da carta aos efésios, o qual é “a recriação da família humana de acordo com o desenho original de Deus”.13

Áreas de cuidado

O plano divino de recriar a família humana demanda a participação ativa do povo de Deus, que precisa exercer cuidado em relação a pelo menos cinco itens espirituais importantes. O primeiro é evitar fugir do conflito, pois isso representa oferecer a espada ao inimigo. A armadura oferecida por Deus a Seus filhos protege especialmente a parte dianteira do corpo. O escudo da fé (Efés. 6:16) parece dizer que Cristo não é apenas salvação, mas segurança. As duas coisas requerem a nossa permanência firme diante do inimigo, não em uma atitude temerária ou arrogante. De outra maneira, como entender a provisão da armadura senão como o desejo divino de evitar feridas e morte desnecessárias?

O segundo item que devemos cuidar é evitar assumir uma atitude derrotista ou triunfalista no conflito. A pessoa derrotista é aquela que somente concentra sua atenção no poder do inimigo e que observa a segunda vinda de Cristo como uma esperança quase equivalente à duvidosa expressão “talvez seja salvo”. O triunfalista apenas observa a vitória de Cristo na cruz e não considera que o mesmo Cristo vitorioso nos oferece uma armadura (Efés. 6:13) frente às confederações do mal. O apóstolo parece dizer-nos que não existe esperança de prevalecer contra essa confederação satânica sem a armadura de Deus. As duas atitudes refletem uma visão apenas parcial do plano de Deus para a salvação de Seus filhos. Enquanto o “reino de Deus permanece numa esperança escatológica”,14 o Espírito Santo nos outorga “esperança que não é uma atitude meramente otimista quanto ao futuro”.

Outra área que requer especial cuidado é o imperativo de suster a estratégia e as táticas de Cristo na guerra espiritual. A estratégia é o objetivo na guerra, a visão que contempla a totalidade. Para a igreja, a estratégia consiste em ir a todo o mundo e pregar o evangelho (Mat. 28:18-10). As táticas são os meios ou os passos para alcançar o fim estratégico já anunciado. Nossa fortaleza reside na estratégia16 e não tanto nas táticas ou meios. Esses últimos sempre têm sido e serão escassos.

Todo exército precisa de estratégia e táticas. Existem pelo menos dois tipos de exércitos: um que se mantém na defensiva, mantém sua posição. Outro tipo é o exército de ataque, que se move apropriadamente ao seu objetivo, com o fim de ocupar território. A Bíblia fala a respeito de permanecer e de avançar,17 bem como os escritos de Ellen G. White.18 Nos dois tipos de exércitos, há três elementos: o matemático, o biológico e o psicológico.

No elemento matemático (onde predomina a ênfase estatística, que usa variáveis conhecidas, leva em conta condições fixas, preocupa-se principalmente com espaço e tempo), o alvo é geográfico, ou seja, ocupação da terra. A pergunta é: como isso acontece? A imagem de um exército como uma planta imóvel, fixa em suas raízes, poderia favorecer ao diabo. Ele permite que tenhamos à mão muitos recursos, só isso, que acabam emperrados pela maquinaria enferrujada. Em contrapartida ao dinamismo enganoso, disfarçado e mentiroso de Satanás, deveríamos ser um exército influente, invulnerável, que se esparge como o gás. Não é suficiente nos contentarmos com ganhar terreno. Parece mais adequado seguir a imagem de um exército ágil, móvel.

No elemento biológico encontramos a humanidade em batalha. É o ponto de vida ou morte, de lágrimas e sepulturas. A humanidade é a linha da variabilidade. Os homens e mulheres são sensíveis e muitas vezes ilógicos. Se conhecem a força do inimigo e a menosprezam, em geral dispensam os que estão na reserva e os idosos. Mas não é isso o que o profeta Joel recomenda fazer (Joel 2:28). Os velhos biologicamente, muitas vezes não são representados por números, estatisticamente, mas eles são imprescindíveis. A tática de um jovem pastor pode ser 90% correta; porém, os “dispensáveis” 10% (velhos e crianças) podem ser a chave na manutenção da comunicação (oração) com Deus na guerra. E mais, a gerontologia nos ajuda a compreender que esse contingente somente pode ser liderado por intuição, já que os adultos têm sua própria motivação.

A estratégia de Cristo sempre levou em conta as pessoas. Elas são mais importantes e completas que o equipamento de guerra. A armadura está a serviço do homem, e não o contrário. Então, não são “unidades”, mas indivíduos. Agora, se estes dispõem de materiais para a batalha (I Cor. 9:7), tanto melhor.

O “ataque” será normal: não contra pessoas, mas contra sistemas de crenças, de uma determinada visão de mundo: contra a falsa segurança na qual muitos põem a confiança. Nessa ação, a armadura nos lembra que nunca se expõe um alvo ao inimigo. Não queremos perder ninguém.

O terceiro elemento é a multidão em ação. Aqui é considerada a capacidade de ânimo espiritual e psicológico dos homens e mulheres. Leva-se em conta suas complexidades e mudanças, o cultivo do que neles chama atenção e desperta interesse. Trabalha-se basicamente em três áreas: conhecimento da mente do inimigo: nutrição da mente do povo que apóia: e, o mais importante, cultivo da mente do soldado.

Preparação básica do soldado é o quarto elemento a ser considerado. De acordo com o apóstolo Pedro, os soldados cristãos também são sacerdotes para Deus (I Ped. 2:5-10). Pedro nos oferece o conceito bíblico do status dos membros do exército. Na Igreja, todos são sacerdotes e soldados, embora nem todos os sacerdotes sejam ministros. Nesse conceito estão incluídos privilégios e responsabilidades de cada crente. Os privilégios ou “os atributos cristãos não são dados como ornamentos para conseguir admiração, mas os talentos devem ser usados para cumprir a obra de Deus. Temos que dar atenção às palavras de Paulo… Efésios 6:10-18.”19 A recompensa não é financeira, seu único “contrato” é seu amor a Cristo.

Suas responsabilidades são melhor entendidas no contexto das imagens coletivas que o apóstolo Pedro apresenta, entre as quais se encontram: pedras vivas (v. 5), casa espiritual, nação santa, povo escolhido, sacerdócio real, povo adquirido (v. 9). Essas imagens deixam fora todo individualismo. Cada soldado trabalha anunciando as virtudes de Cristo, não para o bem individual ou pessoal, mas para o bem comum da Igreja, para glorificar e honrar a Deus.

É importante capacitar o soldado qualificado.20 Isso significa simplesmente seguir a instrução de Deus que “não deseja ter um verdadeiro soldado da cruz permanecendo na ignorância ou trevas”.21 Como preparar os soldados? As instruções misturam teoria e prática, ou seja, “não deveriam esperar até que eles conheçam tudo para começar a comunicar a outros: eles não deveriam pensar que alcançaram tudo o que pertence à obra de um ministro, para pregar um sermão”.22 Os “comandantes” se preocupam mais com o que os soldados pensam do que com o que fazem.

Pensando no conflito, Paulo escreve aos irmãos efésios, exortando-os a ser fortes (Efés. 6:10), não débeis, flutuantes, descuidados e inconstantes como as ondas do mar. Precisam ser fortes no Senhor, no poder de Sua força. Isso nos leva ao quinto item que requer nossa atenção, isto é, evitar confiar na moralidade humana. Essa é a área mais delicada e complexa para o espírito humano, e requer atenção especial.

Na mente da maioria dos nossos contemporâneos, cristianismo significa primeiramente moralidade. O aspecto espiritual de nossa fé, exceto entre alguns poucos, é esquecido. Mesmo entre os cristãos existe confusão. Esquecemo-nos de que a revelação de Deus não tem nada a ver com a simples moralidade exterior; absolutamente nada.

A Torah, como palavra de Deus, é a própria revelação de Deus. Estabelece o que separa a vida da morte e simboliza a total soberania de Deus. Semelhantemente, o que Jesus disse nos evangelhos, não é apenas moralidade exterior. Possui um caráter existencial e descansa numa mudança radical do ser. O que Paulo disse em suas cartas não é moralidade superficial, mas direções práticas respaldadas pelo exemplo. Não há um sistema simplesmente moral na revelação de Deus em Cristo Jesus. Não há preceitos morais que possam existir independentes, e dessa forma possam ter validade universal para elaboração de um sistema.

Como nos mostra o livro de Gênesis, a origem do pecado no mundo não é conhecimento, mas o conhecimento do bem e do mal. O que não é aceitável a Deus é o fato de decidirmos o que é o bem e o que é o mal. Biblicamente, o bem é a vontade de Deus. Isso é tudo. O que Deus decide, seja o que for, é o bem. Quando construímos uma moralidade, quando decidimos o que é correto, é ali que somos radicalmente pecadores. Justamente por isso é que Jesus combateu os fariseus. Eles se consideram moralmente superiores ao povo. Viviam a melhor vida. Consideravam-se perfeitamente obedientes e virtuosos. Porém haviam substituído progressivamente a Palavra de Deus viva, que nunca pode ser dependente de mandamentos humanos, por sua própria moralidade.

Nos evangelhos, Cristo constantemente rompe preceitos religiosos e regras morais forjados pelos homens. Ele nos ensina o caminho: “Segue-Me”, e não a uma lista de coisas para fazer ou não fazer. Mostrou-nos plenamente o que significa ser pessoas livres. Uma liberdade desfrutada pela obediência à sempre nova palavra de Deus.

A revelação é um ataque à moralidade nos moldes humanos, tal como Jesus maravilhosamente expôs em Suas parábolas. Basta ver as parábolas do reino, do filho pródigo, dos talentos, da vinha e dos obreiros, do servo infiel, entre outras. Em todas elas, o protagonista principal não viveu uma vida moralmente aprovada. O exemplo vem do errante transformado pelo poder da graça de Jesus.

Evidentemente não devemos incentivar o roubo, a violência, o adultério e coisas semelhantes. Pelo contrário, a conduta à qual somos chamados, sobrepuja a simples moralidade humana, porque ela pode ser muitas vezes o obstáculo em nosso real encontro com Deus e para o desenvolvimento da vida cristã sadia. Ela é especialista em condenar. Cristo mesmo foi condenado por pessoas que se achavam moralistas.

Um dos dramas básicos na história do cristianismo, um dos seus mais decisivos retrocessos, tem sido a transformação da Palavra em código moralista. É difícil descobrir as causas desse fenômeno. Porém, aparentemente, os cristãos acham difícil viver em espírito de liberdade e amor. As normas têm que ser impostas. Os deveres precisam ser indicados.

Desde o final do segundo século d.C., a Igreja não pôde evitar multiplicar as regras morais em antítese ao evangelho. Condutas relacionadas com um certo código moral chegaram a ser o critério da vida cristã. A vida devocional e a oração foram transformadas em regras morais. O cristianismo tomou a aparência de um sistema moral e a teologia experimentou profundas modificações, de acordo com a nova proeminência das obras.

“São as muitas boas obras realidades nas quais alguém pode confiar e considerar-se como bom cristão? Não, o tipo de pessoas que Jesus exemplifica como solo rochoso são as que confiaram em suas próprias boas obras; eram fortes em si mesmas e em sua própria justiça. Não eram fortes no Senhor e na força do Seu poder (Efés. 6: IO).”23 Moralidade humana pode produzir pessoas conservadoras na cabeça, mas liberais nos pés. Existe um grande perigo quando pensamos que tudo o de que necessitamos é conhecimento intelectual e um vocabulário para implantar nossa posição doutrinária ou religiosa. Essa não é uma questão de posições nem de lugar. Mesmo no local na ceia pascal de Cristo e Seus discípulos, Satanás estava atuando. Paulo não apenas nos adverte do perigo, como nos dá uma promessa: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo.” (Efés. 6:11). “Demos cuidadosa atenção a esse conselho. Se não fosse possível sermos fortalecidos, Deus não o teria dito.”24

As possibilidades de ser fortes (Efés. 6:10 e 11) são dons de Deus, porque “todas as boas qualidades que os homens possuem são dádivas de Deus”.25 Cristo é o maior dom do Céu “e aí está nossa única oportunidade para vencer no que respeita à moral… Seu divino poder combinado com a humanidade conquistou para o homem uma vitória infinita. Nosso Representante nessa vitória elevou a humanidade na escala de valor moral com Deus”.26 “Nossa vontade finita deve ser posta em sujeição à vontade do Infinito; a vontade humana deve combinar-se com a divina. Isso trará o Espírito Santo em nossa ajuda.”22

Provisão divina

O Senhor capacitou Seu povo com os meios devocionais para depender dEle; com a lição implícita da interdependência entre ministros e irmãos voluntários e com o desafio de pregar o evangelho.

A batalha é espiritual, e não se pode encontrar Deus em meio a ela através de um computador. Isso somente é possível através da Palavra e da oração. Essas são as armas, tanto defensivas como ofensivas, com que Deus equipou Seu povo. O inimigo é espiritual e a guerra é espiritual. Por isso necessitamos de poder espiritual oriundo dessas fontes. Embora o mundo organizado e espiritual de Satanás seja invisível e obscuro, a defesa e o ataque dos santos não o são. Não lutamos como o mundo. Quanto à eficácia da Palavra de Deus somos recomendados a que “estejamos preparados para resistir mediante a Palavra de Deus, a única arma que podemos usar com êxito”.28

Tendo a Igreja sido recrutada sob o líder correto, para pelejara batalha correta, com o equipamento correto, a manobra correta a ser executada é a oração (Efés. 6:18). Ela deve ser feita no Espírito, não na carne (Rom. 8:9). Estar “na carne” é “vida que é vivida somente no nível humano, com exclusão de tudo o que está relacionado com Deus”29 Quando Deus é o centro, “podemos muito mais com nossas orações, do que todos os inimigos com suas jactâncias”.

Que há em comum entre o estudo da Palavra e a oração? O objetivo fundamental de Satanás nesta guerra é destruir nossa comunicação com o Altíssimo. Os demônios se opõem “ao progresso espiritual do povo de Deus”.31 Devemos cuidar para que nossa comunicação com Ele seja fluida.

Uma comunicação apropriada com Deus produz uma apropriada comunicação entre pastores e irmãos. Cristo enviou Seus discípulos de dois em dois (Mat. 10; Luc. 10), para que tivessem em mente que ninguém é completo em si mesmo. Há necessidade de interdependência espiritual no exército de Cristo. E mais, quanto maior é a ênfase em exterioridades, mais baixa a eficiência do conjunto do indivíduo. As linhas da comunicação não operam por subordinação, mas por coordenação. O controle somente é exercido por influência e conselho, por um conhecimento superior, por autoridade em Cristo e Seu Espírito, e nunca por autoritarismo. A união espiritual e metodológica entre ministros e irmãos voluntários é indispensável para concluir a obra da pregação.

Ao lado do cultivo das virtudes “passivas” do estudo da Palavra e da oração, somos convidados a pregar o evangelho a todo o mundo, inclusive às pessoas que se opõem à obra de Cristo. Não podemos alimentar maus sentimentos para com aqueles a quem pretendemos evangelizar (Mat. 5:44-48). Temos, em meio à guerra dos séculos, a inescapável necessidade de pregar o evangelho (Efés. 6:20), uma comissão que não escolhemos por nós mesmos (Efés. 3:7).32 Poderiamos perguntar como Isaías: “Até quando, Senhor?” (Isa. 6:11). Não há registro na Bíblia de alguém que aposentou-se de pregar o evangelho.

O conflito terminará na segunda vinda de Cristo. Ele e Seus milhões de anjos fazem que os inimigos fujam em desespero, pedindo a morte sob as rochas (Apoc. 6:15 e 16). Aí ficará evidente o de sempre: que a batalha é ganha independente da força humana. Importará então o fato de que a igreja militou em perfeita disposição. A estratégia (Mat. 28:18-20) foi validada, e todas as táticas humanas gloriosamente superadas.☆

Referências:

1 Ellen G.. White. Spiritual Gifts, vol. 4. pág. 92.

Ibid.

3 Ellen G. White. Review and Herald. 08/05/1888, pág. 9.

4 _______________. Peter’s Counsel to Parents, Campground.

CA; pág. 23.

Ibid.

6 George E. Ladd. Theology of the New Testament, Eerdmans, Grand Rapids. Ml; 1974, pág. 492.

7 Ellen G. White. That I May Know Him, pág. 346.

8 _______________, Bible Echo and Signs of the Times.

01/04/1892.

9 __The General Conference Bulletin.

08/04/1901.

10 Millard J. Erickson, Christian Theology. Baker, Grand Rapids. Ml; 1990, pág. 650.

11 Ellen G. White. The Faith I Live By. pág. 325.

12 L. Berkhof. Teologia Sistemática. Tell. ed. Espanhola de 1987. Grand Rapids. Ml; págs. 169 e 170.

13 Richard Erickson, Evangelical Commentary on the Bible. Walter A. Elwell, ed.. Baker, Grand Rapids, Ml; 1989, pág. 1021.

14 George E. Ladd. Ibid., pág. 369.

15 Idem. pág. 491.

16 Escrevendo sobre a grande comissão de Mateus 28, Ellen White disse que Cristo “lhes ordenou que fossem valentes e fortes; porque Um mais poderoso que os anjos estaria em suas fileiras: o General dos exércitos do Céu”. -Ellen White, Atos dos Apóstolos. pág. 24.

17 A Bíblia fala que somos peregrinos, que devemos dar testemunho até os confins da Terra, correr como atletas com os olhos postos em Cristo (Heb: 12:1 e 2). Mas também registra as imagens de firme permanência, como em Efésios 6:13 e 14

18 “A ordem estabelecida na primeira igreja cristã, habilitou-a para seguir firmemente adiante, como um exército disciplinado. revestido da armadura de Deus. Os grupos de fiéis, embora espalhados num território dilatado, eram todos membros de um só corpo e atuavam em concerto e harmonia.” – Ellen G. White. Atos dos Apóstolos, pág. 80.

19 Ellen G. White. Bible Training School. 01/06/1903.

Sra. White recomendou que os afetados por circunstâncias como apostasia e rebelião “deveriam ficar em casa e empregar sua força mental e física em uma posição de menor responsabilidade enquanto não sejam capazes de enfrentar uma oposição tão forte”. – 2T. 515.

21 Ellen G. White. Bible Training School. 01/06/1911.

22 _______________, Bible Echo and Signs of the Times,

01/04/1892.

23                . Review and Herald. 07/06/1892.

24 __Ellen G.. White 1888 Materials, pág.

1013.

25 ________________, Patriarcas e Profetas, pág: 775.

26 ________________, The Health Reformer, 01/09/1878. pág. 11.

27______________, God s Amazing Grace. pág. 196.

28 __Spirituals Gifts. vol. 4. pág. 92.

29 George Ladd. Op. Cit. Pág. 369.

30 Ellen G. White, O Conflito dos Séculos, pág. 222.

31 Millard J. Erickson, Op. Cit., pág. 449.

32 George Ladd. Op Cit., pág. 381.

JUAN E. MILLANAO O., D.Min., professor no Seminário Adventista Latino-americano de Teologia, Engenheiro Coelho, SP

Em contrapartida ao dinamismo enganoso de Satanás, devemos ser um exército influente, invulnerável, que se esparge como o gás.

A guerra, não é contra pessoas, mas contra sistemas de crenças; contra a falsa segurança na qual muitos põem a confiança.