É indubitável que vivemos numa época em que o povo de Deus deve aguçar a percepção espiritual a fim de discernir as diferentes maneiras em que Satanás se apresenta aos homens de nossa geração, preparando-os para o engano final.
No livro de Apocalipse somos advertidos sôbre a “hora da tentação que há de vir sôbre todo o mundo, para tentar os que habitam na Terra” (Apoc. 3:10); e a serva do Senhor, aplicando essa situação ao espiritismo moderno, diz:
“Satanás opera com ‘todo o engano da injustiça’, para alcançar domínio sôbre os filhos dos homens; e os seus enganos aumentarão continuamente.” — O Conflito dos Séculos, pág. 606.
“Pouco a pouco Satanás tem preparado o caminho para sua obra de sedução: o desenvolvimento do espiritismo . . . todos, menos os que estão protegidos pelo poder de Deus e pela fé em Sua Palavra, serão envolvidos nesse engano.” — Id., pág. 608.
Ao notarmos o incremento que está tomando êste movimento, vemos a confirmação destas sábias declarações, já que êle logrou introduzir-se nas esferas científicas, educativas, políticas e até religiosas, revestido de difarces sedutores.
Não é nosso propósito comentar a infiltração desta apostasia nos setores mencionados, já que isto é do conhecimento geral. Desejamos considerar um assunto que, em vista da feição que os fatos estão assumindo, parece que se apresenta como um possível abôrto do próprio espiritismo: o problema dos discos voadores. Penso que adentraríamos o terreno do absurdo que quiséssemos negar-lhe a existência, diante das sérias declarações que nos chegam da imprensa, do rádio, dos salões de conferências, etc. Não estamos em condições de asseverar que nos achamos diante de um caso de neurose ou psicose coletiva. Inclinamo-nos, antes, a aceitar a realidade destas aparições extraordinárias, atribuindo-lhe a origem e propósitos a fontes bem diferentes das que geralmente se admite e se comenta.
Aceitas as possibilidades da existência dos discos voadores, há os que encaram os fatos em referência sob três aspectos: a) o científico, b) o teológico e c) o metapsíquico.
No primeiro prevalece a inclinação de atribuir tais aparições a visitas que outros planêtas habitados nos desejem fazer, em virtude de aceitar-se como factível a existência da vida em alguns dêles. Um dos diários vespertinos de Buenos Aires registrou o fato de que Einsten ao ser interrogado por homens de ciência e jornalistas, declarou que “não lhe parecia nenhum disparate que êstes aparelhos viessem de outros planêtas mais evolucionados, desejosos de colaborarem conosco e ensinar-nos como são e vivem em seus mundos de origem.” —- La Razón, de 9-8-59.
O Sr. Hermann Obertg, presidente da Sociedade Alemã de Astronáutica, manifestou sua convicção, como resultado de estudos realizados, de que os sêres que habitam outros planêtas de nosso sistema solar se visitam há milhares de anos, fazendo intercâmbio de seus mútuos conhecimentos dentro da maior fraternidade e harmonia, fruto de avançada evolução. Afirmou que, nesse período evolutivo, tocava a vez a nosso planêta, e que estamos para ser ajudados pelos sêres enviados nos discos voadores em missão de paz e amor, e que não deveriamos estranhar se logo se realizassem normalmente entrevistas com êsses enviados. (La Razón, de 9-8-59.)
Na posição teológica deve-se destacar a opinião do escritor católico Daniel Rops, que publicou um ensaio que tem por título: “E se os discos voadores fôssem anjos?”. Baseia sua hipótese no fato de as Escrituras Sagradas não negarem a existência de outros habitantes do universo.
Por outro lado, um pastor protestante assevera que os tripulantes dos discos voadores são sêres superiores, protegidos pela vontade divina, aos quais não devêramos temer, mas facilitar-lhes a comunicação com a Terra. E o Sr. Alberto Perego, diretor do Centro de Estudos de Aviação Eletromagnética, numa entrevista coletiva à imprensa em Roma, declarou que os discos voadores agem como patrulhas policiais interplanetárias enviadas de Marte e Vênus, com o fim de impedir que os dois blocos [políticos] que há na Terra façam voar o planêta. Declarou que êle próprio observara evoluções de uma patrulha de discos voadores no dia 7 de setembro de 1954, aniversário da revolução soviética, enquanto sobrevoavam a cidade de Roma. Os discos voadores terminaram sua demonstração formando uma cruz sôbre a basílica de S. Pedro, com o fim de fazer os homens compreenderem que é tempo de coexistirem e viverem segundo os DEZ MANDAMENTOS, em lugar de pensarem em revoluções e destruições atômicas. (La Razón, 4-10-58.)
Por último, do ponto de vista metapsíquico combinam-se as duas posições anteriores, havendo sido surpreendidas muitas entidades do mundo espiritual por revelações extrafísicas através do terreno astral da telepatia, o chamado campo científico da parapsicologia, e certos médiuns, que assinalam a origem dos discos voadores, seu material, descrição dos sêres que os conduzem, sua constituição físico-espiritual e pormenores adicionais, nos levam a identificar seus conceitos com os firmes princípios sustentados pelo espiritismo ou outras derivações da citada pseudo-ciência.
Diante destas e outras declarações que proliferam em nossos dias, cabe-nos perguntar: Estarão os discos voadores cumprindo em parte a seguinte predição do Senhor?:
“Terríveis cenas de caráter sobrenatural logo se manifestarão nos céus, como indicio do poder dos demônios, operadores de prodígios. Os espíritos diabólicos sairão aos reis da Terra e ao mundo inteiro, para segurá-los no engano, e forçá-los a se unirem a Satanás em sua última luta contra o govêrno do Céu.” — O Conflito dos Séculos, pág. 675.
Embora não possamos ainda responder categoricamente a esta pergunta, as declarações acima nos levam a tecer certas conjecturas, permitindo-nos vislumbrar as artes enganosas com que opera Satanás a fim de implantar, chegado o momento em que Deus o permita, a lei que o “homem do pecado” forjou incluindo seu sinal, sinal de autoridade, em contraposição ao sêlo do Criador.
As posições sustentadas pelos três pontos de vista apresentados convergem maravilhosamente para vários propósitos idênticos que não podem passar despercebidos. São êles: 1) o anelo de uma paz internacional; 2) a implantação de um código moral que sabemos não há de coincidir com o que se acha registado no capítulo 20 do livro de Êxodo; 3) a implantação da teoria da evolução do homem nos planos físico e espiritual, que tende a negar o sacrifício expiatório de Cristo, e 4) movimentos subversivos que hão de provocar a unidade cristã e ao mesmo tempo sua conversão aos costumes populares.
Enquanto cumprimos nossa comissão evangélica, não deixemos de vigiar, a fim de percebermos o momento em que tôdas as fôrças combinadas de Satanás se desencadeiem e convirjam, levando o mundo à grande apostasia. Que os argumentos apresentados nos sirvam de toque de alerta, até que em futuro próximo possamos, com tôda a certeza da fé e com as devidas garantias do Espírito, exclamar como o apóstolo S. Paulo: “não sejamos vencidos por Satanás, porque não ignoramos seus ardis.” (II Cor. 2:10 e 11.)