DIZ-SE que dinamismo é “o poder ou a capacidade de comunicar energia ou produzir ação.” — Dicionário de Webster.

Convém que todo ministro leia pelo menos uma vez por semana a avaliação de Paulo quanto ao maior poder existente no mundo. Recomendo que observeis em primeiro lugar os cinco “Ainda que” usados por esse apóstolo ao tratar dos desejáveis característicos do professo ministério cristão.

Os Cinco “Ainda que”

“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.

“Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência;

“Ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.

“E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.” I Cor. 13: 1-3.

Depois de haver mencionado estes pontos, Paulo analisa em linguagem simples, sem recorrer a definições de diversas interpretações textuais, este notável elemento tão necessário na obra duma vida e ministério abnegado — o amor.

“O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;

“Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba. . . .

“Agora, pois, permanecem, a fé, a esperança e o amor, estes três: porém o maior destes é o amor.

“Segui o amor, e procurai com zêlo os dons espirituais.” I Cor. 13:4-8 e 13; 14:1.

Princípios Vivos ou Sentimento Volúvel

Em seu livro Atos dos Apóstolos, eis o que a Sr’ Ellen G. White diz sobre o princípio do amor na maneira em que se relaciona com o ministro do evangelho:

“O amor de Cristo não é um sentimento volúvel, mas um princípio vivo, o qual se manifesta como um poder permanente no coração. Se o caráter e a conduta do pastor são um exemplo da verdade que advoga, o Senhor porá em sua obra o selo de Sua aprovação. O pastor e o rebanho serão um, unidos pela comum esperança em Cristo.” — Página 516.

Este parágrafo contém uma verdade que todo ministro precisa compreender em sua plenitude — que o ministério bem sucedido se baseia no dinamismo do amor manifestado de tal modo na vida humana que o pastor do rebanho se identifique plenamente com o povo — as ove-lhas do rebanho de Deus — e que eles também se tornem um em Cristo.

Era isto que Jesus queria dizer quando inspirou João a escrever: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão o mundo não nos conhece, porquanto não O conheceu a Ele mesmo.” I S. João 3:1 e 2.

O Legado de Cristo a Pedro

O legado que Cristo deixou para Pedro bem pode ser o legado que Ele confiou ao ministério hoje em dia. Baseava-se na pergunta três vezes repetida: “Amas-Me?” (S. João 21:15-17).

Esta importante pergunta penetrou tão profundamente na consciência de Pedro que desse dia em diante ele se dispôs a seguir inteiramente a seu amado Mestre, mesmo até à morte. Estava preparado para beber o cálice e sofrer com seu Senhor para o bem da igreja de que ele era um dos dirigentes.

Tem de ser assim com o ministério da igreja. O conselho dado é claro neste ponto.

“Cristo fez menção a Pedro de uma única condição de serviço — ‘Amas-Me?’ Esta é a qualificação essencial. Mesmo que Pedro possuísse todas as outras, sem o amor de Cristo ele não seria um fiel pastor do rebanho de Deus. Conhecimento, benevolência, eloqüência, zêlo — tudo isto é essencial para um bom trabalho; mas sem o amor de Cristo no coração, a obra do ministro cristão é um fracasso.” — Atos dos Apóstolos, pág. 515.

Mais Encanto e Ostentação?

Que consideramos ser essencial em nosso ministério na época atual? Maiores orçamentos financeiros? Maior eloqüência na oratória? Mais habilidade para analisar e explicar as Escrituras? Melhor propaganda para despertar a atenção das multidões? Melhor música e cantores? Maiores órgãos de tubos? Mais aparato? Mais encanto e ostentação? Mais estações de rádio e televisão? Maiores multidões? Como avaliamos a nossa obra de ganhar almas para Deus?

Fazei uma pausa demorada e olhai para as mãos de Jesus. Que vedes ali? Cicatrizes! Cicatrizes profundas e de contornos irregulares! Observai-O enquanto Ele comparece perante o Pai e estende as mãos com as palmas viradas para cima, e ouvi-O dizer:

QUE DESAFIO!______________

“Eis que nas palmas das Minhas mãos te tenho gravado.” Isa. 49:16.

Onde levais as almas sob vosso cuidado, as almas dos membros de igreja que necessitam de vosso ministério de amor? Num caderno de apontamentos? Numa folha de papel cuidadosamente guardada dentro da Bíblia ou de algum outro livro? Onde as conservais ao apresentardes seus nomes ao Pai por meio de Jesus?

Como Filipe, o evangelista, lidou com o tesoureiro etíope quando o alcançou na estrada que conduzia a Gaza? Sobre que falou ele?

Por que Deus Escolheu a Filipe?

Filipe deixara louvável interesse na cidade de Samaria. Realizou milagres, curou doentes, expulsou demônios e produziu “grande alegria naquela cidade.” As pessoas que creram em sua pregação sobre o reino de Cristo foram batizadas e se uniram à igreja. Os irmãos em Jerusalém ouviram falar do êxito que ele estava tendo, e enviaram Pedro e João para lá, a fim de ver o que sucedia. Parece que Pedro assumiu a direção da obra evangelistica em Samaria, e o Senhor viu dois homens — Filipe, Seu fiel evangelista, e o tesoureiro da rainha da Etiópia; procurou pois aproximá-los. Por que Deus escolheu a Filipe? Porque conhecia a Filipe e sabia que ele apresentaria Cristo ,a esse etíope, da mesma maneira como pregara a Cristo em Samaria.

O diálogo entre os dois homens é esclarecedor e instrutivo. O ponto principal era que “Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta escritura, lhe anunciou a Jesus.” Os resultados foram impressionantes naquele lugar deserto bastante afastado das aglomerações humanas. Filipe, o evangelista de êxito, desceu à água com esse ser humano de outra raça, “e o batizou.” O novo converso continuou o seu caminho com júbilo no coração, e Filipe nunca mais o viu. Este evangelista, empreendendo a obra de Deus com o coração cheio do amor de Jesus, continuou a pregar em outras cidades.

Havia uma reunião da comissão da igreja. O presidente da Associação queria saber que espécie de ministro seria mais útil naquela localidade. Ele indagou:

  • — Quereis um bom organizador, um hábil administrador, alguém que empreenda cabal programa de evangelismo, ou um especialista em fazer visitas?

Respondeu o presidente da comissão, que era notável médico:

  • — Irmão presidente, ajude-nos a obter um verdadeiro pregador, que exponha a Palavra de Deus e fale ao coração. Queremos um homem que conheça o caminho para o Céu e nos conduza para lá. Desejamos que ele ame deveras o seu Mestre, possua o poder do Espírito Santo e nos ajude a obter vitória sobre o pecado. Precisamos que ele nos incentive a assumir maiores encargos no serviço do Senhor e a amarmos uns aos outros com genuíno amor cristão.

Que desafio! Oxalá Deus ajude a cada ministro, por meio de Sua graça e do poder do Espírito Santo, a alcançar tal padrão de espiritualidade, competência e serviço! — Adaptado.