1. Evangelização das grandes cidades

Sempre que alguém nos fala de um método eficaz único de evangelizar determinada região, convencemo-nos fàcilmente. Múltiplos são os modos de alcançarmos o povo com a mensagem do Evangelho, como variadas são as personalidades humanas às quais ela se destina. Donde se pode provar que a combinação de diversos métodos será grandemente produtiva numa campanha, quando os homens que a dirigem se dispõem a trabalhar com humildade e simplicidade.

Vivemos em tempos altamente problemáticos. O homem dos nossos dias que reside nos gran-des centros urbanos oferece ao evangelismo um dos maiores desafios de todos os tempos — com seus gostos pervertidos, franca subversão na escala de valores, os interêsses absorvidos pelas coisas materiais, submetido a tremendas tensões sensuais — exige em alta voz que o evangelista revise seu método de evangelizar.

O Espírito de Profecia reiteradamente nos afirma que o evangelismo é “a mais elevada de tôdas as ciências”, contudo alguns de nós temos procedido, por muito tempo, não como homens de ciência que se guiam pelos resultados de paciente investigação e avançam para a conquista do desconhecido, senão como simples amadores.

Não queremos que se dê mais valor a esta declaração do que aquilo que lhe corresponde, pois embora ponhamos muita ênfase nos métodos de evangelizar, destacamos ainda mais a insubstituível eficiência de uma vigorosa personalidade cristã posta a serviço da “ciência de salvar almas.” Êstes tempos mutáveis reclamam com urgência homens revestidos de envolvente poder espiritual; homens e mulheres originais que não se conformem com a mediocridade da imitação, mas que queiram correr o grande risco da divina aventura do evangelismo; homens dotados de equilibrada capacidade de adaptação e que queiram pôr em prática maneiras novas e antigas de alcançar os habitantes das grandes cidades. Que Deus nos dê homens assim!

2. Uma campanha bem sucedida em Avellanda (Argentina)

Iniciamos em 18 de junho de 1960, na cidade de Avellanda, uma série de conferências, cujo resultado, ligeiramente exposto, é o seguinte: A cidade de Avellanda, com 330.000 habitantes, considerado o maior parque industrial da República, tem uma população de trabalhadores na indústria. Constitui a cidade coração do grande cinturão industrial que rodeia Buenos Aires. A Associação Bonaerense, num grande esfôrço de ordem econômica e com a expressiva colaboração da Divisão, construiu na rua principal da localidade, um templo com capacidade para 500 pessoas sentadas.

A equipe evangelística compunha-se dos seguintes obreiros, além do subscritor dêste artigo:   Walter Solis, Carlos Viera, Ricardo

Liernur, Oscar Palacios (cada um tendo uma igreja a seu cargo), Mary May, Enriqueta Ferraresi e Alicia de Viera. De acordo com o plano evangelístico, estabelecemos como alvo, em primeiro lugar atrair o interêsse e o favor do auditório e, a seguir, ganhá-lo para Cristo e Sua igreja. Isto conseguimos, graças a Deus, proferindo inicialmente sete conferências duplas, isto é, cada conferência era precedida de uma palestra médica com duração aproximada de vinte minutos, a cargo dos profissionais adventistas, Drs. Enrique Schimpf e Alexandre Petre.

Nosso propósito final — o ganhar o auditório para Cristo e Sua igreja, foi alcançado mediante vários recursos, particularmente por meio do curso Bíblico. Ao chegar o dia 31 de dezembro, havíamos batizado, graças a Deus, 100 preciosas almas.

3. O curso bíblico e sua importância fundamental

Demonstrou-se, pelo menos em nossa experiência, que a classe bíblica coletiva é de valor inquestionável para a campanha de evangelismo, e de eficiência fundamental na conquista de almas. Sabemos que sempre se uniu a classe bíblica à série de conferências, porém num plano secundário. Nessa campanha atribuímos importância capital ao curso bíblico. Em Avellanda realizávamos classes semanais, sábados e domingos, sendo tôdas precedidas de projeções luminosas, objetivando contribuir para a cultura do público. Inscreveram-se 360 novas pessoas e 140 membros de igreja. Do total de alunos, 150 receberam certificados que atestavam comparecimento e aproveitamento, por haverem estado em 13 das 16 aulas ministradas. Outros 60 alunos compareceram entre 8 a 12 vêzes.

Desejamos mencionar algumas vantagens que, do ponto de vista didático, apresentam as classes bíblicas em favor das conferências:

(1) Encurtam distâncias não só em espaço material, como também no que refere à comunicação espiritual.

(2) Há mais aproveitamento do assunto quando se analisa, com a Bíblia na mão, os grandes capítulos do plano da salvação. Lembremo-nos de que a Bíblia é nossa especialidade.

(3) Despertam ràpidamente vivo desejo de estudar a Bíblia em seus “mistérios” mais profundos.

(4) Proporcionam ao evangelista ocasião de ser professor e não apenas orador ou conferencista.

(5) Selecionam com antecedência um público particularmente interessado em assuntos religiosos.

(6)  Facilitam o trabalho dos instrutores bíblicos. Os lares abrem-se com mais facilidade aos que vão para ajudarem a compreensão dos pontos tratados na classe bíblica.

(7) Proporcionam aos interessados mais sólido fundamento doutrinário.

(8) Levam-nos à decisão com maior rapidez e menos esfôrço.

A irmã White dissera em 1897: “Se se pregasse a metade dos sermões que se pregam, e, em vez disso, se fizesse o dôbro de trabalho pessoal, tanto nos lares do povo como nas congregações, ver-se-ia um resultado verdadeiramente surpreendente.” (Manuscritos 139), e, em Testimonies, Vol. 6, pág. 87, acrescenta: “Deve haver menos pregação e mais ensino . . . À medida que o fim se aproxima, vi que . . . haverá menos pregação e mais estudo da Bíblia.”

4. Didática da classe e temas sugestivos

Há uma técnica para a direção da classe bíblica, O ensino é uma arte e uma ciência, cujas leis convém conhecer. As seguintes indicações se demonstrarão eficientes em qualquer parte:

(a)  Estabeleça grupos consoante seus níveis intelectuais. Faça bastante propaganda da classe. Anuncie ao auditório que se estudarão na Bíblia as grandes respostas para os problemas do homem contemporâneo.

(b) Organize bem um registro (chamada) dos alunos. Reitere aos alunos que, se cumprirem as condições, receberão um belo certificado no término do curso. Isto contribuirá para manter e mesmo melhorar a assistência à classe.

(c) Tenha Bíblias em número suficiente para emprestá-las no início de cada aula. Devem ser tôdas do mesmo tamanho para poderem indicar, em cada caso, o número da página em que se encontra a passagem que se deve ler.

(d) Organize boa equipe de recepcionistas, entre os quais se deve pôr senhoritas e jovens de boa aparência, bem vestidos, e de maneiras agradáveis.

(e) Entregue, no término de cada aula, um resumo impresso da lição do dia, indicando no rodapé da página breve bibliografia, a fim de que os que desejem possam aprofundar a investigação por sua conta. (Devem ser livros do Espírito de Profecia).

(f) O primeiro e mais importante dever do bom ensinador é ser estudioso. Conheça o tema a fundo, o máximo que lhe permita a capacidade. Os alunos perceberão isto, e o apreciarão mais.

(g) Lembre-se, enquanto estiver ensinando, que você nessa ocasião é professor, e não conferencista. Utilize-se de todos os recursos didáticos (ilustrações, quadro-negro, vistas, telas, etc.,) postos ao seu alcance.

(h) Seja simples em sua linguagem e em seu porte no tratar de temas profundos. Não tema a profundidade mas fuja da superficialidade.

i ) Facilite a seus associados a tarefa pessoal de visitação e estudo domiciliar, criando uma problemática cuja resposta deve ser objeto de referência aos instrutores. (Pode dizer mais ou menos assim: “Êste problema é tão importante que não poderei considerá-lo neste momento por faltar material de tempo, porém Fulano de Tal (o instrutor bíblico) conhece a resposta tão bem como eu: Perguntem-lhe e êle, prazerosamente, os ajudará”).

(j) Que cada lição se tome ocasião única para descobrir diante dos alunos a beleza sublime de nosso Senhor e Salvador.

(k) Os temas usados na campanha de Avel-landa subordinavam-se a êstes títulos gerais: “A Verdade, o Homem e o Destino Eterno” e “Cristo e o Anticristo”. Sob o primeiro título consideramos a resposta às seguintes indagações: Que é o homem? (Sal. 8:4)

Depois da morte, o quê? (Jó 14:14) Tens um fim ou és eterno? (O destino do mundo. S. Mat. 24:3)

O sofrimento (S. João 9:1 e 2)

A vida futura (S. Mar. 12:18-23)

A salvação (Atos 16:30)

A verdadeira religião (S. João 4:16-20) Sob o segundo título tratámos dos seguintes temas básicos:

O Cristo e o Anticristo.

É Jesus Cristo Deus? Por quê?

Quem é o Anticristo?

O Conflito no Céu.

O Conflito na Terra.

A ponta pequena e o Anticristo.

A verdade lançada por terra. Restauração da verdade.

As bêstas do Apocalipse 13.

A Obra do Selamento divino.

Fim do conflito e vitória do povo de Deus.