Mark Finley, Diretor do Instituto de Conquista de Almas da União do Lago, Chicago, Estados Unidos.

Depois do seu nascimento, minha esposa e eu tivemos a importante responsabilidade de cuidar de nosso filho. Regularmente, nós nos levantávamos duas ou três vezes por noite para atender suas necessidades. Trocar de fraldas ocupava uma parte significativa de nosso tempo! Todas as nossas energias estavam concentradas nele, pois nosso filho quase não podia fazer nada por si mesmo. Não achamos, porém, que ele era um fracasso porque necessitava de tanta atenção. Nós o esperávamos! Agora ele tem quatro anos de idade, e ainda requer constante cuidado. Ainda não está plenamente amadurecido. Semelhantemente, novos membros, mesmo depois do batismo, precisam de cuidado, atenção e amor. Às vezes eles tropeçam e caem. Necessitam da cálida mão da amizade. Somente a bondade, o cuidado e a solicitude proverão o ambiente que os habilitará a continuar crescendo.

O batismo não é uma panacéia para solver todos os problemas espirituais. Com frequência, o crente novo enfrenta alguns de seus mais graves desafios imediatamente após o batismo. Como ele se relaciona com os parentes não adventistas? Como desenvolve novos amigos? Como pode viver coerentemente em harmonia com as elevadas normas da Bíblia?

A Igreja precisa enfrentar o fato de que muitos provavelmente ficarão desanimados pouco depois do batismo. Se a igreja manifesta pouca tolerância para com seus erros, falta de compassiva compreensão de suas provações, a lancinante punhalada da crítica destruirá as bênçãos de sua nova fé, e o número de apostasias será elevado. O batismo é um símbolo do novo nascimento, e não uma indicação de plena maturidade espiritual. Os novos membros são bebês espirituais; não se pode esperar que venham a sobreviver se forem entregues a si mesmos. A responsabilidade da igreja, portanto, é tomar cuidadosas providências para ajudar todo novo membro a desenvolver profunda e inabalável relação com Cristo.

Faz algum tempo, a revista Readers Digest apresentou a pesquisa de dois orfanatos, intitulada: “O Tremendo Poder do Amor Humano.” Num orfanato as crianças não desenvolveram adequadas habilidades de movimento. Deixaram de engatinhar ou andar no tempo certo. Seu vocabulário era limitado e seu aprendizado foi retardado. Os pesquisadores verificaram que os servidores nesse orfanato não gostavam de seus trabalhos. Tratavam as crianças com rudeza e só faziam o que eram obrigados a fazer. As crianças muitas vezes ficavam sós, e choravam durante horas a fio.

No outro orfanato, os pesquisadores encontraram um quadro de auxiliares dedicado e atento. As enfermeiras interessavam-se profundamente pelas crianças. Ali as crianças desenvolveram adequadas habilidades de movimento. Engatinharam e andaram no tempo certo. Acima de tudo, porém, desenvolveram disposições agradáveis e alegres. O amor faz diferença. Certamente há uma atmosfera numa igreja amorosa que estimula o crescimento.

É extremamente importante que os novos conversos recebam amoroso cuidado após o batismo. É essencial que sejam visitados frequentemente. Ellen White expressa-o desta maneira: “Os recém-chegados à fé devem receber um trato paciente e benigno, e é dever dos membros mais antigos da igreja cogitar meios e modos para prover auxílio, simpatia e instrução para os que se retiraram conscienciosamente de outras igrejas por amor da verdade, separando-se assim dos cuidados pastorais a que estavam habituados…. Os novos conversos necessitam de ser atendidos — vigilante atenção, auxílio, animação. Não devem ser deixados a si mesmos, presa das mais poderosas tentações de Satanás; eles precisam ser instruídos com relação a seus deveres, ser tratados bondosamente, conduzidos e visitados, orando-se com eles.” — Evangelismo, pág. 351.

Cuidadosa avaliação dos novos conversos na Igreja Adventista do Sétimo Dia convenceu-me de que há quatro grandes crises na vida do novo crente. Essas crises ocorrem geralmente nos dois primeiros anos. Assim como as primeiras etapas da vida de um bebê são críticas, os dois primeiros anos da vida de um converso também são difíceis. Esses anos iniciais estabelecem um perene modelo para crescimento e desenvolvimento espirituais.

A crise do desânimo. Esta crise ocorre quando um indivíduo deixa de viver de acordo com as normas elevadas que ele adotou imediatamente antes de seu batismo. O batismo é um compromisso público; os votos batismais constituem uma solene declaração de um estilo de vida cristão. Logo depois do batismo, o indivíduo descobre, porém, que as tendências de sua velha vida ainda estão presentes. Talvez perca a calma. Talvez transgrida o sábado. Talvez continue a ter problemas com antigas formas habituais de falar e pensar. Quando essas coisas se apegam novamente a ele, poderá haver um período de grande desalento e um senso de derrota. Ele se sente como um hipócrita. Sua reação natural é fugir do contato com a igreja, assim como Adão e Eva fugiram da amorosa presença de Deus, devido ao sentimento de culpa.

Alguns sintomas da crise causada pelo desânimo são os seguintes: absenteísmo da igreja, modificações significativas nas formas de assistência a acontecimentos sociais ou reuniões de oração, reconhecível perda de alegria na vida cristã, evidente falta de vontade de demorar-se na igreja, aperto de mão apressado, aspecto de desânimo ou disposição muito séria.

A seguir, apresentamos algumas soluções possíveis para a crise do desânimo. O indivíduo, amiúde, pode ser ajudado se a crise é descoberta rapidamente. Um telefonema, uma palavra animadora, uma oração, um bilhete, uma visita pastoral — tudo pode ser como raios de esperança nas trevas. Essa pessoa precisa de animação mais do que de qualquer outra coisa. Certamente não necessita de condenação. Sentir o seu desalento, prestar atenção a seus problemas e oferecer genuína e sincera animação muitas vezes é exatamente o que ela necessita.

A crise de integração. Isto geralmente acontece nos primeiros seis meses. Ocorre quando o indivíduo deixa de substituir os velhos amigos em sua vida por amigos novos, ou quando uma pessoa aceita as doutrinas da Igreja, mas não é integrada em sua estrutura social. Já se sente só, isolada de velhos amigos e, provavelmente, de sua família, devido a sua nova entrega. Visto que os seres humanos se compõem dos aspectos físico, mental, espiritual e social, o indivíduo precisa tornar-se uma parte da rede da igreja. Precisa substituir antigos valores sociais por valores novos. Se não o fizer, ocorrerá a crise de integração.

Eis algumas insinuações que requerem cuidado: chegar tarde à igreja ou sair imediatamente após o hino final. A pessoa senta-se sozinha e tende a ser solitária. Raramente frequenta as atividades sociais da igreja. Se o fizer, sentar-se-á sozinha. Para ela, a religião é simplesmente estar presente no sábado de manhã, porque crê nas doutrinas. Tal pessoa geralmente não assistirá à Escola Sabatina. Comunica-se muito pouco com os membros da igreja e não tem amigos íntimos na igreja. Talvez continue assim por semanas e meses; mas, cedo ou tarde, a menos que desenvolva uma plêiade de amigos na igreja, ela a abandonará.

Fazei diligentes tentativas para ajudá-la a desenvolver novas amizades dentro da igreja. Ela necessita de companheirismo social; afastai-vos de vossa rotina para convidá-la a participar das atividades sociais da igreja. Telefonemas serão mais eficazes do que uma carta ou anúncios públicos. Essa pessoa necessita de imediata atenção pessoal. Cordial e amoroso companheirismo e profundas relações pessoais são um fator significativo para evitar sua apostasia, e um convite para o almoço no sábado pode ser uma das melhores formas de medicina preventiva.

Durante os seis primeiros meses, mais indivíduos abandonam a igreja por causa de desânimo ou falta de integração, do que por qualquer outra razão isolada. No entanto, a maré da apostasia pode ser detida aí com bastante facilidade.

A crise do estilo de vida. Isto geralmente ocorre um ano a um ano e meio depois do batismo. A pessoa simplesmente deixa de integrar seu próprio estilo de vida com o sistema de valores da Escritura e da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Não incorporou o culto familiar em seu programa; dar graças às refeições é espasmódico; a observância do sábado é casual; ela continua a frequentar os velhos lugares de diversão; não tem uma vida devocional pessoal; passa pouco tempo em oração e estudando a Bíblia; não conhece realmente a Jesus. Em suma, embora esteja presente na igreja aos sábados de manhã, a atração da velha vida ainda é extremamente forte. Sua experiência pessoal com Cristo é superficial. As sementes do evangelho criaram raízes, mas há pouca profundidade.

Eis o que é provável que aconteça: Essa pessoa às vezes não frequenta a Escola Sabatina; falta constantemente ao culto de oração. Há superficialidade em sua experiência cristã, e bem pouco progresso significativo em sua vida. Ela não lê as revistas denominacionais nem assiste às reuniões especiais da igreja, como as reuniões gerais. Fala em generalidades da igreja, mas há pouca profundidade em sua própria experiência espiritual.

A maior necessidade daquele que passa por essa crise é a de significativo período devocional. Procurai envolvê-lo num pequeno grupo de estudo da Bíblia, com equipes de oração, estudo e testemunho. Isto é um notável incentivo para espiritualidade pessoal. No ambiente de um pequeno grupo de seis a oito pessoas, o crescimento espiritual pode ocorrer com mais facilidade.

A crise de liderança. Esta crise comumente ocorre depois que um indivíduo demonstrou fidelidade a Cristo e Sua Igreja. Suponhamos que a igreja é relativamente pequena. Quando esse membro começa a encontrar seu lugar na estrutura da liderança, passa a ver o funcionamento interno da igreja. Talvez seja colocado na comissão de nomeações, e reconheça que nem todos os membros da igreja são “santos”. As decisões de comissões e conselhos que tratam de problemas práticos da igreja lhe trazem perplexidade. A auréola que circundava todas as coisas relacionadas com a igreja fica embaçada. É muito provável que o choque de pertencer a uma igreja composta de seres humanos reais e faltosos ocasione uma crise espiritual em sua vida.

Os sintomas podem abranger o seguinte: crítica, bisbilhotice, deixar de guardar informações confidenciais obtidas em reuniões de comissões, ou uma sensação geral de desalento. A pessoa que passa pela crise de liderança talvez não aceite nenhum cargo na igreja. Por um lado pode haver críticas, e por outro, profundos sentimentos de ansiedade.

Comumente, uma ou duas sessões de aconselhamento que focalizem a inevitável tensão entre a debilidade e a insuficiência de qualquer liderança humana e a origem divina da Igreja serão suficientes para ajudar essa pessoa. A crise de liderança geralmente ocorre porque o indivíduo não tem maturidade espiritual para reconhecer a “humanidade” dos membros individuais. Convém explicar a todo adventista novato que é eleito para uma posição de liderança, a fragilidade de todos os seres humanos e a urgente necessidade de mútua cooperação. Nos aspectos em que a verdade não está em jogo, a unidade é mais importante do que as opiniões individuais.

Em cada uma dessas quatro crises é necessário um importante ingrediente para evitar a apostasia: solícito amor! Manifestai um amor que diga continuamente: “Estou interessado em você, e desejo ajudá-lo!” O amor manifestado num telefonema, num bilhete, num sorriso, num cordial aperto de mão, num convite para o almoço ou para o jantar, será mais eficaz do que um sermão para ajudar os bebês espirituais a evitarem essas crises comuns.