Ellen White
Na parábola da ovelha perdida, o pastor sai em busca de uma ovelha, o mínimo que se pode numerar. Descobrindo que falta uma de suas ovelhas, não olha descuidadamente sobre o rebanho que se acha a salvo, no abrigo, dizendo: Tenho noventa e nove, e me será muito penoso ir em procura da extraviada. Que ela volte, e então lhe abrirei a porta do redil, e deixá-la-ei entrar. Não! Assim que a ovelha se desgarra, o pastor enche-se de pesar e ansiedade. Deixando as noventa e nove no aprisco, sai em busca da extraviada. Embora a noite seja escura e tempestuosa, os caminhos perigosos e incertos, a busca longa e fastidiosa, ele não vacila enquanto a perdida não é encontrada.
Com que sentimento de alívio ele escuta ao longe o primeiro e débil balido da ovelha! Seguindo o som, sobe às mais íngremes alturas. Chega mesmo à borda do precipício, com risco da própria vida. Assim ele busca, enquanto o balido, cada vez mais débil, mostra-lhe que sua ovelhinha está prestes a morrer.
E ao achar a perdida, acaso ele lhe ordena que o siga? Ameaça-a, porventura, ou a espanca, ou a vai tangendo adiante de si, pensando nos incômodos e ansiedades que sofreu por ela? Não! Ele põe aos ombros a exausta ovelha e, cheio de feliz reconhecimento por sua busca não ter sido em vão, volta ao redil. Sua gratidão se expressa em hinos de regozijo. “E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida” (Lc 15:6).
Assim, quando o pecador perdido é encontrado pelo bom Pastor, o Céu e a Terra se unem em regozijo e ações de graças. Pois “haverá maior júbilo no Céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15:7).
O grande Pastor tem subpastores, aos quais delega o cuidado das ovelhas e cordeiros. A primeira obra que Cristo confiou a Pedro, ao restabelecê-lo no ministério, foi a de apascentar os cordeiros (Jo 21:15). Essa era uma obra em que Pedro tivera pouca experiência.
Exigiria grande cuidado e ternura, muita paciência e perseverança. Essa obra o convidava a ministrar às crianças, aos jovens e novos na fé, a ensinar aos ignorantes, a abrir-lhes as Escrituras e a educá-los para a utilidade no serviço de Cristo. Até então, Pedro não tinha sido apto para isso, nem mesmo para compreender sua importância.
A pergunta feita por Cristo a Pedro era significativa. Mencionou apenas uma condição para o discipulado e o serviço. “Amas-Me?” (Jo 21:15-17). Eis o requisito essencial. Embora Pedro possuísse todos os outros, sem o amor de Cristo não poderia ser um fiel pastor do rebanho do Senhor. Conhecimentos, benevolência, eloquência, gratidão e zelo são todos auxiliares na boa obra; mas, sem o amor de Cristo no coração, a obra do ministro cristão se demonstrará um fracasso.
Pedro levou consigo por toda a vida a lição que Cristo lhe ensinou junto ao Mar da Galileia. Escrevendo às igrejas, guiado pelo Espírito Santo, ele disse: “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor Se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória” (1Pe 5:2-4).
A ovelha que se desgarrou do redil é a mais impotente de todas as criaturas. Ela deve ser procurada; pois não pode encontrar o caminho para voltar. Assim acontece com a pessoa que tem vagueado longe de Deus; acha-se tão impotente como a ovelha perdida; e a não ser que o amor divino a venha salvar, não poderá nunca encontrar o caminho para Deus. Portanto, com que compaixão, com que sentimento, com que persistência o subpastor deve buscar pessoas perdidas! Quão voluntariamente ele deve abnegar-se, sofrer fadigas e privações! […]
O verdadeiro pastor tem o espírito de esquecimento de si mesmo. Perde de vista o próprio eu, a fim de poder praticar as obras de Deus. Mediante a pregação da palavra e o ministério pessoal nos lares do povo, aprende a conhecer-lhes as necessidades, as dores, as provações; e cooperando com Aquele que sabe, por excelência, levar cuidados sobre Si, partilha de suas aflições, conforta-os nos infortúnios, alivia-lhes a fome da alma e conquista-lhes o coração para Deus. Nessa obra o pastor é auxiliado pelos anjos celestes, e ele mesmo é instruído e iluminado na verdade que o torna sábio para a salvação.
Em nossa obra o esforço individual conseguirá muito mais do que se possa calcular. É pela falta disso que pessoas estão perecendo. Uma pessoa é de valor infinito; seu preço é revelado pelo Calvário. Uma pessoa ganha para Cristo será o instrumento para atrair outras e haverá um resultado sempre crescente de bênçãos e salvação.
Texto extraído de Obreiros Evangélicos, p. 181 a 184