Sermão proferido numa reunião de pastores e evangelistas de língua espanhola, em Tranquility, Nova Jérsia, no dia 6 de setembro de 1980.

Desejo falar sobre o custo do evangelismo e, ao fazê-lo, quero ler dois textos. O primeiro é Isaías 66:8: “Quem jamais ouviu tal coisa? quem viu coisa semelhante? Pode, acaso, nascer uma terra num só dia? ou nasce uma nação de uma só vez? Pois Sião, antes que lhe viessem as dores, deu à luz seus filhos.” Não há nascimento sem dores.

Dirijo-me agora para Gálatas 4:19, no Novo Testamento. Lembrai-vos de que nosso assunto é o custo do evangelismo. Diz o apóstolo Paulo: “Meus filhos, por quem de novo sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós.”

Podeis ver, portanto, que não existe um método fácil e indolor de salvar almas. O evangelismo custa alguma coisa. Significa ansiedade, severo conflito de alma, sacrifício; e não há atalhos. A Igreja precisa estar disposta a sacrificar-se e a pagar o preço, para que tenha êxito na conquista de almas. Meus amigos, ganhar almas não é fácil; é uma tarefa penosa. Custa sangue, suor e lágrimas. Precisamos estar dispostos a pagar o preço, mas as recompensas são enormes.

Já ouvistes falar de D. L. Moody. Todos os evangelistas conhecem D. L. Moody. Certa feita ele chegou tarde a uma reunião. Milhares de pessoas estavam esperando. “Onde está o Sr. Moody?” Eles olharam em redor de si. E então alguém foi as seu quarto no hotel. Quando se aproximou da porta, ouviu uma voz em oração. Era a voz de Moody, e ele clamava ao Senhor: “Ó Deus, dá-me almas ou toma a minha alma!” Era por isso que Moody ganhava almas.

Certa vez um grupo de pessoas falou a respeito de convidar a Moody para dirigir uma reunião, e um outro evangelista ficou com inveja. A inveja é uma coisa terrível, não é mesmo? Portanto, esse indivíduo perguntou de maneira sarcástica: “Moody tem o monopólio do Espírito Santo?” E a resposta não se fez esperar: “Não, mas o Espírito Santo tem o monopólio dele. ”

Por conseguinte, irmãos, afirmo que não há caminho fácil nem método indolor. Ainda não encontrei uma maneira de remover a dificuldade. O evangelismo causa um nó em nosso estômago. Ele causa palpitações em nosso peito. Às vezes ocasiona perda de apetite. Outras vezes nos faz perder o sono. O fardo é pesado. Mas quando Sião sente dores de parto, a criança está prestes a nascer! Quando uma mulher sente dores a intervalos regulares que cada vez se tornam mais freqüentes, é melhor avisar o hospital!

E uma igreja sem dores, uma igreja sem orações fervorosas, uma igreja sem nós no estômago, uma igreja que não tem solicitude pelas almas, jamais terá filhos. É uma igreja estéril e improdutiva. É uma igreja que não cresce.

Qual é a vossa ocupação? Qual é a minha ocupação? Nossa ocupação é provocar dores de parto na igreja. Este é o nosso trabalho! Deveis colocar esse encargo sobre o coração das pessoas. Não deveis realizar todo o trabalho sozinhos. Há uma obra a ser efetuada pela igreja; o povo tem de ser envolvido. Precisa-mos dizer-lhe: “Esta é vossa obra!”

Envolvei todos os departamentos da igreja, fazendo com que todos partilhem do fardo. Ellen White disse muitas vezes ao ministério: “Não deveis realizar todo o trabalho sozinhos.” Alguns pregadores querem fazer todas as palestras, todas as ora-ções, todas as atividades, toda a visitação, todo o ensino, e deixar que os membros sejam meros espectadores. Eles estão olhando; eles estão se deleitando; e o pastor está se esgotando! Descerá prematuramente à sepultura, e diremos: “Que maravilhoso homem! Trabalhou arduamente. Mas foi insensato, pois o Senhor declarou: “Partilhai o fardo. Envolvei a todos no pro-cesso. Incluí toda a igreja — ho-mes, mulheres e crianças.”

Alguém me disse que os mem-bros novos precisam esperar seis meses antes de darem um estudo bíblico! Respondi a meu amigo: “Depois de seis meses sem testemunhar de sua fé, eles serão tão frios como você. ” Precisamos recolhê-los e pô-los imediatamente a trabalhar. Vossa ocupação é designar uma tarefa às pes-soas. Não deveis meramente pregar ao povo. Todos nós somos ministros na Igreja Adventista do Sétimo Dia. O ministro pertence ao povo de Deus. Todos nós te-mos um ministério a ser cumprido, e estamos esbulhando as pes-soas quando lhes tiramos o seu ministério. Meus amigos judeus, na cidade de Nova Iorque, costumavam conduzir seus filhinhos em carrinhos para bebês. Man-tinham-nos nesses carrinhos até terem às vezes um ou mesmo dois anos de idade! Conservar os bebês nesses carrinhos torna-os inválidos. Eles precisam sair desses carrinhos. “Mas — dirá alguém —eles irão tropeçar, cair e machucar-se. Esta é, porém, a única maneira de aprenderem a andar!

Alguns ministros tornam as pessoas inválidas espirituais, mantendo-as em carrinhos para bebês. Eles as empurram de um lado para outro. Contam-lhes histórias para dormir. Fazem tudo por elas, tornando-as inválidas. Digo-vos, irmãos: Vossa ocupação não é fazer o trabalho de seis homens, e, sim, pôr seis homens a trabalhar!

Ajudando no Nascimento

Outro dia meu genro me fez uma pergunta difícil:

— Já esteve na sala de partos e ajudou a trazer um bebê ao mundo?

Respondi:

— Não. No meu tempo, não tínhamos permissão para entrar ali.

Na realidade, eu provavelmente teria desmaiado. Agora, porém, é diferente. O pai acompanha a esposa a esse recinto e ajuda o médico. Veste uma toga e usa uma máscara, e é difícil saber quem é o médico e quem é o pai. E está presente quando nasce o bebê.

Perguntei, portanto, a meu genro:

— Qual é a finalidade de tudo isso?

— Torna o pai mais envolvido; faz com que seja melhor pai; ajuda-o a compreender o que se passa. Ele simpatiza com a mãe e tem mais amor pelos filhos.

Permiti-me dizer-vos, amigos, que é tempo de toda a Igreja entrar na sala de partos. Não só os evangelistas, não só o pastor, não só os instrutores bíblicos, mas também os dirigentes da ação missionária, o presidente da Associação, os departamentais e os irmãos da Associação Geral. E quando todos nós formos à sala de partos, o nascituro será nosso bebê!

Tenho ouvido algumas pessoas dizerem: “O evangelista batizou-os muito cedo. Ele não os instruiu. Trouxe-os simples-mente para a igreja e colocou-os na água. Eles entraram na água como capetas secos e saíram co-mo capetas molhados!” Mas, meus amigos, caso estivéssemos ali quando o bebê nasceu e víssemos esse novo ser vir ao mundo e nos envolvêssemos no pro-cesso, ele não seria o bebê do evangelista, e, sim, o nosso bebê! Todos nós precisamos salvar os bebês, até mesmo os prematuros. Nós os colocaremos na incubadora; mantê-los-emos aquecidos. Faremos que tudo seja convidativo para eles. Por que? Porque os bebês precisam crescer, e todos nos alegramos com isso.

Um dia desses teremos o maior crescimento populacional na Igreja desde o dia de Pentecostes. Antes, porém, que isso possa ocorrer, a Igreja precisa afligir-se. A Igreja precisa empenhar-se em fervorosa oração. A Igreja tem de examinar-se a si mesma. Precisamos cuidar de nossas próprias vestes. Devemos estar dispostos a tudo arriscar — perda pessoal, a possibilidade de ser chamados fanáticos. Devemos estar dispostos a gastar-nos e deixar-nos gastar. E quando isso acontece, convém chamar o médico, porque o bebê está prestes a nascer!

Paredes na Igreja

Será que esta é, porém, a situação na Igreja Adventista do Sé-timo Dia na atualidade? Temos de admitir que a Igreja se tornou indolente, egocêntrica e preocupada com trivialidades. Posso pregar-vos hoje o evangelho com toda a franqueza? Há demasiadas críticas uns dos outros, demasiada preocupação com questiúnculas teológicas, demasiada divisão em vários campos — os intelectuais e os não-intelectuais, os doutos e os incultos, os pretos e os brancos. Há pequenos grupos de toda a espécie na Igreja hoje em dia, e cada um segue seu próprio caminho separado.

Espero não vos estar ofendendo por pregar com franqueza. Paredes são erigidas, incluindo alguns em nosso círculo e excluindo outros. Enquanto isso estiver ocorrendo, não haverá avivamento na Casa de Deus. Precisamos tirar esses cubos de gelo do refrigerador e expô-los ao Sol. A irmã White diz que alguns de nós têm uma religião fria. Algumas igrejas poderiam chamar-se Primeira Igreja da Geladeira. Precisamos sair do porão, sair das trevas, da frieza e do egoísmo, para a luz do Sol. E quando a luz solar incide sobre esses cubos de gelo, aquecendo-os, eles se derretem, e, embora estivessem separados, acabam fluindo juntos.

Não é isso que é necessário na Igreja de Deus? Todos precisamos sair de nossas pequenas facções, de nossas “panelinhas”, de nossos pequenos grupos especiais e volver-nos para a luz do amor de Deus, permitindo que o Sol da Justiça lance os Seus raios sobre nós. Quando isso ocorrer, o velho “eu” se derreterá e todos nós fluiremos juntos como dois tanques de água. Em vez de dizer “Eu”, “para mim” e “meu”, diremos: “Nós”, “para nós” e “nosso”. Como vedes, Deus ensinou o hidrogênio e o oxigênio a dizerem “nosso”, produzindo assim a água. Quando dizemos “nosso”, temos unidade na Igreja de Deus.

Captado, Não Ensinado

A Igreja como que se encontra em estado de prosperidade: abrigada, protegida, enfatuada; boa administração, boa situação financeira, mas indivíduos fracos. Os membros pedem sermões. “Venha pregar para nós, pastor. Queremos que pregue para nós. Necessitamos de mais pastores. Necessitamos de mais sermões. ” Irmãos, temos tido suficientes sermões para já nos encontrarmos no Céu! Não precisamos de mais sermões, e, sim, de mais realização. Ellen White declara que a maior obra que os ministros podem fazer, não é pregar sermões, mas pôr as pessoas a trabalhar. Pegai-as pela mão e mostrai-lhes como realizar o trabalho.

O Pastor R. A. Anderson costumava dizer: “O evangelismo é captado, não ensinado.” Como aprendemos a nadar? Lendo um livro sobre natação? A única maneira de aprender a nadar é entrar na água. Quando éramos meninos, alguns corriam e pulavam duma vez dentro da água. Outros ficavam com medo. Punham primeiro os dedos dos pés na água, e depois cada vez um pouco mais. Finalmente um dos rapazes vinha por detrás deles e dava-lhes um empurrão! Muitos membros de nossa Igreja precisam de um pequeno empurrão, e o Senhor vos chamou para serdes os empurradores. Deveis empurrá-los para dentro da água! Deveis dizer-lhes que a água está boa. E eles o dirão para os outros.

Precisamos modificar toda a nossa filosofia. Não somos grandes oradores que fascinem as multidões com palavras maravilhosas. Não! Estamos aqui para designar uma responsabilidade às pessoas. Devemos ver que todos tenham algo para fazer. Não deve haver parasitas nem pessoas indolentes na Igreja de Deus. E cumpre-vos tomar providências para que a obra seja efetuada.

Sabeis o que aconteceu no tempo de Amós. Ele teve uma controvérsia com o povo por estarem levando uma vida regalada. Estava havendo notável aumento nos dízimos. O povo construía casas e desfrutava as boas coisas da vida. Então o Senhor enviou-lhes esta mensagem por intermédio de Amós: “Ai dos que andam à vontade em Sião, e dos que vivem sem receio no monte de Samaria: homens notáveis da principal das nações, aos quais vem a casa de Israel. . . . Vós, que imaginais estar longe do dia mau, e fazeis chegar o trono da violência; que dormis em camas de marfim, e vos es-preguiçais sobre os vossos leitos, e comeis os cordeiros do rebanho, e os bezerros do cevadouro; … que bebeis vinho em taças, e vos ungis com o mais excelente óleo; mas não vos afligis com a ruína de José. ” Amós 6:1-6.

Eles estavam levando uma vida confortável e tranqüila, desfrutando o sábado — uma boa Escola Sabatina e um belo ser-mão, e depois iam para casa, almoçavam e à tarde tinham uma agradável soneca. Não sentiam angústia de alma nem solicitude pelos perdidos. Eram apáticos, indiferentes, e só pensavam em si mesmos. Só pensavam em divertir-se. Tinham bela música para seu deleite pessoal. No mundo hodierno, possuem seus conjuntos de alta fidelidade, seus aparelhos de TV, e seus carpetes de parede a parede. Têm automóveis de luxo e garagens para dois carros. Ungem-se com o mais excelente óleo; acham-se bem desodorizados. Tomam dois ou três banhos por dia. Não gostam de sujar as mãos. Afastam-se da sórdida multidão. Mas o Senhor diz: “Ai deles!”

Estais lembrados de que, no nono capítulo de Ezequiel, os que receberam o sinal eram aqueles que suspiravam e gemiam. Eram os que estavam angustiados, e quando Sião sentiu dores de parto, imediatamente deu à luz filhos. Então houve alegria e grande regozijo. Não há maior júbilo do que no nascimento de uma criança! Quando nasce uma criança, a alegria invade toda a comunidade. Quando nasce uma criança, a família se reveste de nova vida. Quando nasce uma criança, até homens insensíveis sorriem. E não pode haver maior alegria para esta Igreja do que nascerem-lhe novas almas.

Estou na expectativa de grandes coisas, irmãos. Alguém disse que a América do Norte está morta. Não há progresso. Não estão sendo salvas muitas almas. Alguns têm declarado: “Não se pode fazer evangelismo aqui. As pessoas são diferentes. Elas são mais abastadas e materialistas. Oh! É possível fazer evangelismo na América Central. Eles não têm dinheiro. São pobres. Não têm outra coisa que fazer. Aqui é diferente!” E temos pensado isso durante tanto tempo que estamos começando a acreditá-lo, e isso se torna um vaticínio que se cumpre por si mesmo. Não podemos fazê-lo, e, portanto, não o fazemos.

Mas Deus não vos chamou para serdes termômetros. Ele vos chamou para serdes termostatos. O termômetro só pode dizer-vos qual é a temperatura, mas o termostato pode mantê-la onde deve estar. Se for fria, o termostato pode torná-la quente.

Permiti-me dizer-vos, meus amigos, que no dia de Pentecostes houve vento e houve fogo. Também houve ruído. Estava acontecendo alguma coisa. Houve línguas de fogo — o fogo que aqueceu o coração dos discípulos.

Anjos Intranqüilos

Digo-vos que uma igreja de coração frio não pode aquecer o mundo de coração frio. É necessário uma igreja de coração inflamado para abrir caminho através da frieza e indiferença deste mundo, e Deus está disposto e preparado para enviar-nos o vento e o fogo. Ele está ansioso. Os anjos estão ansiosos, tatalando as asas. Eles querem partir com poder.

Há um poderoso anjo que está se esforçando ao máximo. É o anjo mais possante de todos. Ele quer descer com grande poder. É o quarto anjo, não é mesmo? Vemos uma representação dele em Apocalipse 18. E está dizendo: “Senhor, quero descer com grande poder!” Esse quarto anjo está se saracoteando como um pugilista que se prepara para entrar no ringue. Esse quarto anjo quer pôr o diabo em nocaute. Ele diz ao Pai: “Deixa que eu vá agora.” Ele vê o mundo em pecado.

Mas o Pai replica: “Deves esperar um pouco mais. A Igreja não está preparada. Eles estão com o olhar voltado para coisinhas. Estão pensando em si mesmos: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? Competem uns com os outros. Estão olhando para seus amigos, mas não se alegram com o seu êxito, e, sim, com a sua iniqüidade.”

É divertido quando o Senhor abençoa um irmão e ele tem grande* êxito. Batiza cem almas, e dizemos: “Bom, ele batizou uma porção de crianças.” “Tinha um território em que era fácil trabalhar.” “Tudo estava preparado quando chegou lá. “As pessoas simplesmente iam caindo dentro do tanque batismal. “Ele não é um bom evangelista. As circunstâncias foram favoráveis.” Mas quando um irmão se encontra em dificuldade, nós divulgamos isso por toda a parte: “Sabe da última? O irmão Jones saiu da Obra. Viu-se em dificuldades e fracassou.” “Que aconteceu? que aconteceu? Conte-me mais alguma coisa a esse respeito!”

Precisamos inverter essa atitude, meus irmãos. Precisamos começar a orar uns pelos outros: “Ó Senhor, abençoa meu irmão lá longe. Ele está batalhando intensamente na conquista de almas.” “Ó Senhor, estou tão contente! Ele batizou muitas almas. A igreja tomou novo impulso. Sou muito grato, Senhor, porque Tu o abençoaste!” É deste espírito que necessitamos hoje em dia. E é o único espírito que produzirá a terminação da obra de Deus.

O evangelismo custa algo, mas vale a pena. Às vezes a igreja vos interpreta mal. As circunstâncias são adversas. Mas continuais travando a batalha. Continuais avançando. Permiti-me dizer-vos uma coisa, irmãos: Recebereis a vossa recompensa. Quão agradável vos será ouvir o Salvador dizer: “Muito bem, servo bom e fiel. Foste fiel lá em Nova Jérsia. Foste fiel na Flórida, Illinois e Michigan. Foste fiel onde quer que trabalhaste. Encontraste oposição, mas foste fiel. Entra agora no gozo do teu Senhor.”

Qual é o gozo do Senhor? O Céu se alegra quando se arrepende um pecador. Este é o gozo do Senhor! Quando percorrerdes a Nova Jerusalém, olhando tudo ao vosso redor — ruas de ouro, o rio claro como cristal, a árvore da vida de ambos os lados — vereis algo familiar: uma pessoa conhecida andando em vossa direção. Quem será? Ah! é aquele irmão que foi batizado naquela ocasião em que tivestes tantas dificuldades e quase fostes levados a desistir. E ali está ele regozijando-se no Céu!

O Preço Para Deus

Por último, quero dizer-vos que o evangelismo também custou alguma coisa para Deus. Ele pagou um grande preço.

Durante a guerra civil na Espanha, os rebeldes capturaram o filho de um general e o levaram para a fortaleza deles. Telefonaram então para o general e lhe disseram:

— Seu filho está em nosso poder e vai falar-lhe.

O rapaz declarou mais ou me-nos o seguinte:

— Pai, eles dizem que se o senhor não entregar o forte, irão matar-me. Se o senhor não se entregar, tirar-me-ão a vida.

— Bem, filho — replicou o general, — faça as suas orações, grite “Viva a Espanha!” e morra como meu filho.

Assim também, naquela sexta-feira à tarde, quando nosso Salvador estava suspenso na cruz, o inimigo Lhe disse: “Desiste. Desce da cruz. Por que irás sacrificar-Te por essas pessoas? Elas não o merecem. Rejeitam Teu amor. Se não abandonares esse plano da salvação, terás de morrer.”

E o Pai como que diz para o Filho: “Morre como Meu Filho. Grita: ‘Vida eterna para o mundo!’ e morre como Meu Filho.”

Podemos negligenciar o sagrado encargo e negar Aquele que morreu na cruz? Podemos volver as costas para um mundo que perece? Podemos seguir egoistamente nosso próprio caminho? Não! Não podemos fazê-lo; pois, quando vemos o Calvário, descobrimos o valor de uma alma. Portanto, não me queixarei mais. O sangue! O suor! As lágrimas! Todo o sacrifício! Irmãos, tudo isso é muito barato, não é mesmo? Nosso Salvador teria morrido por uma só alma!

Hoje desejo entregar-me novamente a Ele. E vós? O amor de Deus nos constrange. Este é o segredo de tudo isso. E o amor de Cristo em meu coração é fogo ardente. Não posso detê-lo! Seria o mesmo que impedir as águas do Niágara de precipitar-se da catarata ou fazer com que o Sol parasse de brilhar. É uma força irresistível. Não podemos detê-la. Temos de pregar a mensagem, não é mesmo?