O adolescente é parte vital na existência da Igreja. Até poderiamos dizer que eles são “a Igreja”. O convite: “Deixai vir a Mim os pequeninos”, feito por Jesus Cris-to, e as reflexões do pregador no livro do Eclesiastes: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade”, são as expressões mais claras da importância de incorporá-los à Igreja.

Ellen White, por sua vez, adverte: “Não se passe por alto a juventude; compartilhem eles do trabalho e da responsabilidade. Sintam caber-lhes uma parte a desempenhar no ajudar e beneficiar a outros. As próprias crianças devem ser ensinadas a fazer pequenos serviços de amor e misericórdia em favor dos menos afortunados.

“Concebam os supervisores da igreja planos por cujo meio os jovens possam ser adestrados no emprego dos talentos que lhes foram confiados. Busquem os membros mais idosos da igreja trabalhar dedica-da e compassivamente em prol das crianças e jovens. Apliquem os ministros todo o seu engenho na idealização de planos em que os membros mais jovens possam ser induzidos a com eles cooperar no trabalho missiionário. Mas não imagineis que possais despertar-lhes o interesse simples-mente com pregar um sermão longo na reunião missionária. Imaginai planos que despertem vivo interesse. Tenham todos uma parte para desempenhar.” (Testemunhos Seletos, vol. 3, págs. 68 e 69).

Porém, todo chamado à juventude deve ser feito com uma disposição de realmente integrá-la; e não simplesmente com o objetivo de mantê-la dentro da comunidade. Isto é, deve permitir e dar oportunidade para que meninos e meninas participem, no mais amplo sentido do termo, do movimento mais importante da história da humanidade.

Época marcante

Esse período de desenvolvimento é muito especial tanto em quantidade como em qualidade, e denomina-se adolescência porque significa crescimento. É lógico pensar que só cresce quem pode; porém, to-dos nós podemos crescer na experiência cristã, e isso depende de nossa vontade. Assim, nossa maior preocupação no trabalho com os adolescentes é levá-los a um encontro pessoal com Cristo. Sem jamais esquecer desse aspecto, devemo-nos lembrar também que a nossa espiritualidade é o modelo para quem está em busca de paradigmas para a existência. Além disso, os adolescentes são um grupo solidário em busca de amizade em todos os momentos possíveis da vida.

A presença dos adolescentes na igreja é, sem sombra de dúvida, um símbolo de vitalidade e uma manifestação de alegria. Portanto, ela deve estar preparada para receber esse grupo tal qual é, com suas características próprias. Devemos ter mente aberta e espírito fraterno para entender seu desenvolvimento, o qual pode trazer conflitos, e até perturbação da ordem, pelo excesso de vitalidade. Entretanto, a igreja deve fazer parte do processo educativo e formativo dos adolescentes, que também são parte do corpo de Cristo, até que eles alcancem um equilíbrio harmônico entre seus membros.

A qualidade desse período é muito im-portante porque é exatamente nele que o jovem toma as maiores decisões de sua vida. Essas decisões vão desde a escolha profissional, estudos e namoro, até os ideais mais supremos. É exatamente nesse momento que a igreja deve marcar sua presença, apoiando e orientando quanto à ética e à conduta cristãs.

Plano necessário

Pensando nesses valores, é muito importante que o adolescente tenha um programa bem elaborado, de qualidade, formando assim um grupo estruturado com os mesmos interesses. Isso ajudará, não apenas na organização dos programas da igreja local, bem como na solidificação espiritual desses jovens membros. É nesse momento que os valores e os dons são descobertos e desenvolvidos, com os quais não somente a Igreja será beneficiada, mas também a sociedade; porque aqueles que recebem uma formação dentro de uma comunidade cristã, e têm possibilidades de desenvolver seus dons, distinguem-se naturalmente como líderes na sociedade.

A Igreja deve permitir, em sua estrutura representativa, que tais jovens façam parte das comissões, para que possam compreender sua ordem e seus valores. Com isso, aquela atitude negativa e de rebeldia, natural nessa faixa etária, estará se transformando numa disposição positiva que contagiará os demais, promovendo assim uma atitude de colaboração e serviço. Muitas igrejas, hoje, estão à procura de líderes: e não os encontram, porque não lhes foi permitido desenvolverem-se quando na adolescência.

A estrutura organizacional parece que tem deixando de lado essa fase do desenvolvimento humano. Temos um programa bem estruturado na Escola Sabatina, bem como em todos os demais setores, que atende desde o recém-nascido até os juvenis, e prossegue com os jovens e adultos. Os adolescentes são esquecidos, não ha-vendo nenhum programa específico para eles, a não ser a lição da Escola Sabatina.

O Departamento de Desbravadores também não atinge esse grupo, pois a maioria dos membros de um clube encontra-se entre a faixa dos 10 e 13 ou 14 anos. Os jovens tampouco aceitam os adolescentes por considerá-los muito infantis. Nos juvenis ou desbravadores, os adolescentes, por sua vez, não querem estar de-vido à infantilidade do programa.

Um líder

Porém é nessa época da vida que se requer uma orientação segura de um dirigente ou líder com integridade e capacidade suficientes para ajudá-los a se integrar ao programa denominacional com responsabilidade e dedicação. Não deve ser uma liderança ou um programa do tipo autocrático, que não leve em conta a delegação de atividades, ou não dê oportunidades nem se permita a iniciativa dos garotos e garotas. Esse líder precisa ser um tipo democrático, diante de quem as aspirações do grupo possam ser trabalhadas e praticadas, permitindo a formação de uma personalidade coerente com os princípios cristãos. Nessa época da vida, são grandes os conflitos entre o ser e o não ser, o fazer e o não fazer, o certo e o errado, o escolher e o não escolher, e muitos outros. Assim, a autoridade deve ser usada com coerência, paciência e amor.

A orientação dada por Ellen White em relação ao bom trato com as crianças, por parte dos ministros, também é válida para com os adolescentes:

“Que a bondade e cortesia do ministro se manifeste no trato para com as crianças. Convém que tenha sempre em mente que os mesmos são homens e mulheres em miniatura, membros mais novos da família do Senhor, os quais podem estar bem achegados e ser mui caros ao Mestre e, caso sejam devidamente instruídos e disciplinados, ser-Lhe-ão de utilidade, mesmo em seus tenros anos. Cristo Se ofende com toda palavra áspera, severa e inconsiderada dirigida às crianças. Seus direitos nem sempre são respeitados, e são muitas vezes tratadas como se não possuíssem um caráter individual que necessita ser devidamente desenvolvido a fim de não ficar prejudicado e o desígnio de Deus em sua vi-da vir a falhar.” (Testemunhos Seletos, vol. I, pág. 528).

Além das qualidades anteriormente mencionadas, o líder de adolescentes pre-cisa ter como alvo buscar a Jesus Cristo como seu próprio modelo de vida, a fim de que seus liderados percebam a sinceridade de seus propósitos. Acima de tudo, que ele tenha amor e saiba expressar esse dom aos adolescentes, mesmo em momentos de rebeldia e dificuldade. Em todo o momento, deve ser o elemento pacificador, com energia suficiente para ajudar o grupo a escolher um bom caminho, devendo sempre promover uma autêntica experiência cristã, nunca divorciada do conhecimento das Escrituras.

Um programa direcionado aos adolescentes precisa ser a preocupação de todos nós. É extremamente necessário e não deve ser desenvolvido de uma forma particularizada ou unilateral. Requer-se o envolvimento total da Igreja, para que, como corpo de Cristo, esteja coerente com sua mis-são de salvar também os membros que se encontram na adolescência.