A suprema missão da igreja foi claramente definida por Cristo aos Seus discípulos: “Jesus, aproximando-Se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade Me foi dada no Céu e na Terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo: ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mat. 28:18-20). É uma tarefa indiscutível, inegociável, insubstituível. A Igreja existe para evangelizar. Todas as suas atividades devem estar direcionadas para esse objetivo. Todos os crentes devem ser arregimentados, treinados e equipados para o cumprimento dessa missão.
Por natureza e desígnio de Deus, a Igreja não tem outra alternativa a não ser fazer evangelismo. Pressupondo que Cristo é o centro da vida, mensagem e pregação da Igreja, evangelizar significa proclamá-Lo ao mundo. Igreja vai contra sua mais recôndita essência e trai sua vocação mais original quando deixa de fazer a obra de evangelização. Campbell Morgan afirmou que “se a evangelização se separa da igreja é como se ela estivesse se separando de Cristo, deixando, portanto, de ser evangelização”.
Mas apesar dessa diretriz, devido às mudanças pelas quais o mundo passou através dos anos, e ao avanço tecnológico, uma questão parece preocupar alguns pastores e até mesmo leigos: É o evangelismo relevante ainda hoje? É bom lembrar que tal questionamento sempre está ligado ao evangelismo público, às vezes olhado com reservas, em confronto com as várias opções hoje existentes de evangelismo pessoal. Não creio, porém, ser o caso de se enfatizar unilateralmente um método: mas avaliar qual método é mais adequadamente aplicável em determinados lugares, circunstâncias e ocasiões. De que maneira podemos utilizar os vastos recursos que a moderna tecnologia coloca à nossa disposição, em ambos os casos? E mais: que pessoas estão especialmente dotadas, e quais foram capacitadas para o exercício de uma e outra atividade?
Falando do ministério de Publicações, Ellen White desaconselha a ênfase unilateral em uma literatura em detrimento de outra. O mesmo princípio se aplica ao evangelismo. Afinal, os dois modelos – público e pessoal – se complementam. Estudos bíblicos nos lares, pequenos grupos, classes bíblicas e distribuição de literatura, por exemplo, servem de apoio ao evangelismo público. Este, por sua vez, injeta sangue novo, combustível humano a tais atividades, além da sua força de penetração em lugares novos, fazendo nascer novas congregações.
Portanto, também nesse caso, a visão equilibrada é fundamental e extremamente salutar.
Embora todos os crentes devam estar envolvidos na missão evangelizadora, a Bíblia também apresenta o evangelismo como um dom especial concedido a alguns indivíduos: “No dia seguinte, partimos e fomos para Cesaréia: e, entrando na casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele.” (Atos 21:8); “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas…” (Efé. 4:11): “Tu, porém, sé sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.” (II Tim. 4:5).
No Novo Testamento, o evangelista é alguém que vai de lugar em lugar, propagando as boas-novas da salvação, convidando homens e mulheres ao arrependimento e a fazer parte do corpo de Cristo por meio do batismo. O plano de Deus não mudou. Evangelismo é a proclamação de um evento, que homens não podem nem devem evitar, sendo ao mesmo tempo um convite urgente para um encontro pessoal com Cristo. É o “ministério da reconciliação”, e o evangelista é um reconciliador, o qual tira a pedra que impede, de modo que possa ser ouvida a voz de Cristo que chama os mortos, em seus pecados, à vida. Evangelismo é o impacto que o Espírito Santo causa no coração humano através do evangelista. É a chama divina da verdade, o fogo de Deus incendiando as vidas com a centelha divina da salvação.
O crescimento da igreja se torna visível quando é usado o dom do evangelismo; e, para o pastor, a procura desse objetivo deve ser suprema. O evangelismo apressa o dia quando o Senhor porá fim ao sofrimento do mundo. Deve ser feito para a Sua glória, pois fazê-lo por qualquer outro motivo o perverte. Sobre esse assunto, Ellen White enfatiza: “Não se deve fazer pouco caso do evangelismo. Nenhum empreendimento deve ser levado a efeito de maneira que faça com que o ministério da Palavra seja considerado como coisa inferior. Não é assim.” (Evangelismo, pág. 23). – Zinaldo A. Santos.