Dois colegas foram assassinados no posto do dever, em pleno cumprimento da missão de pregar o evangelho. O primeiro deles, Gilsemberg Araújo, brasileiro, evangelista, missionário a serviço da União do Sahel, na Divisão África Oceano Índico, faleceu em Lome, capital do Togo, nas mãos de revolucionários políticos daquele país. O segundo, José Tapia, pastor distrital, morreu atingido por uma bala assassina na cidade de Tocacha, no interior do Peru. Ambos entregaram suas vidas como ofertas a Deus, no altar do sacrifício.
Sacrifício é uma palavra fácil de ser pregada. Difícil de ser vivida. Sacrifício envolve renúncia, entrega completa, sem reservas, sem retaliações. Nós, seres humanos, dificilmente estamos dispostos a atingir o limite do sacrifício, porque isso muitas vezes significa dor; e a dor é um elemento indesejável na experiência humana.
Acontece que Deus provou Seu amor para conosco, oferecendo Seu próprio Filho, num sacrifício ímpar. Diz a Bíblia: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16). Não raro, nos surpreendemos a nós mesmos pensando em Deus, o Pai, como a justiça; e Deus, o Filho, como o amor. Afinal, quem sofria mais: o Filho que consentia em entregar a própria vida, ou o Pai que entregava “Seu Filho unigênito”, porque simplesmente não havia outra maneira de salvar o homem?
Deus chegou ao extremo do sacrifício porque essa atitude representava a expressão máxima do amor e da abnegação.
Um dia, Deus pediu a Abraão um bem preciosíssimo, seu filho Isaque, que deveria ser oferecido em sacrifício. Além da lição de fé e comunhão a ser deixada para a posteridade, o Senhor desejava desenvolver no conhecido patriarca o Seu caráter divino. Assim como a doação do Seu Filho, para a salvação do ser humano, evidencia a grandeza do Seu caráter amoroso, a disposição do homem em dar-Lhe a vida, mesmo envolvendo sacrifício, mostra que ele está crescendo na busca da semelhança com o caráter de Deus.
Ainda hoje, tal como desejava em relação a Abraão, o Senhor anela desenvolver em nós o Seu caráter. Deseja que cada dia nos tornemos mais semelhantes a Ele.
Pregar a respeito do amor é pregar do sacrifício. Promover o amor é promover o sacrifício. Não como compensação por algo, nem como condição para obter algo. Mas como fruto do amor de Jesus que impulsiona nossa vida e nosso ser, e motiva nossos atos. “Pois o amor de Cristo nos constrange…” (II Cor. 5:14).
Faríamos bem em manter diante de nossas igrejas a excelência do amor de Deus. Deveriamos estar diligentemente empenhados em impressionar nossos irmãos a respeito do quanto Ele foi capaz de realizar por nós. Através dos sermões apresentados, dos estudos bíblicos e aconselhamento, deveriamos manter bem vivida a infinitude desse amor, bem como a maravilha do sacrifício que o tomou conhecido diante do mundo necessitado.
Quando, utilizados pelo Espírito Santo, conseguirmos imprimir em corações e mentes a realidade bendita desses fatos, vamos nos surpreender com a resposta do povo às necessidades e aos requerimentos da Igreja. Vidas, talentos e recursos materiais serão colocados no altar divino, para serem utilizados como precioso investimento na missão evangelizadora. Membros fiéis e consagrados a Deus, crescendo na graça e no conhecimento. Leais aos princípios de vida enunciados nas Escrituras Sagradas.
Sejam, pois, nossas igrejas ensinadas a amar. Aprendam elas, através do nosso ministério, que o sacrifício revela o amor que existe no coração.
— Alejandro Bullón.