Desde que Deus achou necessário organizar a um povo especial na Terra para proclamar Seu nome, preservar a pureza de Sua verdade e salvar os perdidos, o inimigo tem suscitado e dirigido movimentos que, sob o pretexto de ajudar a causa do bem, têm procurado destruir e derribar o que Deus havia edificado. Um dos primeiros casos clássicos de movimentos dissidentes é o de Miriã, irmã de Moisés, e seus colaboradores, no qual Deus teve de intervir com poder e severidade, para impedir, até onde fosse possível, a repetição de fenômenos similares.

Se tomarmos o caso de nosso próprio povo adventista, que começou a formar um núcleo em 1844, verificamos que Ellen G. White, desde o começo, teve de enfrentar a indivíduos e grupos de pessoas que se levantavam em nosso meio e que sob o manto do zelo, da fidelidade ou da ortodoxia pretendiam perturbar a marcha triunfal de uma Igreja organizada sob a direção divina, num tempo específico e com uma missão definida predita pela profecia, para proclamar uma mensagem oportuna.

Durante seu extenso ministério como mensageira especial do Senhor, a irmã White foi assediada por pequenos grupos de inspiração satânica e que atuavam sobre uma falsa base de ortodoxia ou santificação. O que ela deixou escrito acerca deles constitui nosso guia para saber como lidar com os que se levantariam depois de sua morte, pois ela anunciou que essas tentativas continuariam ao longo do tempo.

Portanto, não devemos surpreender-nos de que em diversos lugares surjam agora pessoas e grupos que se chamam reformadores e que se empenham em destruir o que foi edificado e construído sob a direção divina. É mister estar de sobreaviso para descobrir o aparecimento de tais facções e enfrentá-las com a convicção cada vez mais firme de que Deus dirige Sua obra, e sobre a base da autoridade que nos dá a Bíblia e o Espírito de Profecia.

Por conseguinte, quer esses indivíduos ou grupos se chamem Canright, Kellogg, Shepherd s Rod (“A Vara do Pastor”), Reforma Alemã ou Brinsmead, quer se trate de uma porção de movimentos menores e sem nome, devemos cobrar ânimo pelo fato de que todos seguiram a mesma estratégia e se desenvolveram e por fim morreram, porque não tinham consigo a Deus e ao Espírito Santo, ao passo que a Igreja de Deus tem prosseguido em seu pujante avanço, com a manifesta bênção do Altíssimo.

Nestas últimas horas do tempo da graça, em que o processo da reforma está tomando impulso, e antes da finalização do Selamento, vivemos na época da colheita, na qual o Senhor terminará Sua obra, tanto no coração de Seus filhos como no mundo. Por isso a reforma estará relacionada como processo de cirandagem. Os que não aceitarem a mensagem de arrependimento e conversão completa e não conseguirem, pela graça de Deus, alcançar a vitória sobre o pecado, a fim de receberem o selo do Deus vivo, não suportarão a sacudidura, e acabarão sendo lançados para fora da Igreja.

Uma das causas da sacudidura é precisamente a aparição dessas reformas que introduzirão erros doutrinários ou procurarão atacar a estrutura e organização da Igreja, e a seus ministros e dirigentes.

A única proteção contra a sacudidura em geral e especialmente contra os lobos disfarçados em ovelhas, é o seguinte: 1. Consciencioso, pessoal e profundo estudo da verdade, na Bíblia e nos escritos inspirados do Espírito de Profecia; 2. Uma vida de oração e de comunhão com Deus, buscando alcançar o caráter de Cristo; 3. Um espírito manso e humilde, disposto a ouvir as indicações do Espírito Santo e a obedecer-lhes, e a sincera disposição de renunciar ao próprio eu, para permitir que Cristo viva e reine em nossa vida.

Se nossa ligação com Deus é mantida pela meditação na Palavra e pela oração, e se baseia na entrega de nossa vida, renovada diariamente, para fazer a vontade de Deus; se nosso maior anseio é vencer o pecado, livrar-nos de nossos ídolos e trabalhar com todo o fervor na difusão da verdade, nada e ninguém poderá separar-nos do amor de Deus; passaremos com segurança pela sacudidura, aprenderemos as lições espirituais que o Senhor quer ensinar-nos, participaremos na reforma e receberemos o selo de Deus. O Senhor nos protegerá então admiravelmente durante o curto tempo de angústia, e faremos parte da Igreja triunfante que receberá com júbilo a Jesus em Sua segunda vinda.

Causas dos Movimentos Dissidentes

  • 1. Uma das causas do aparecimento desses movimentos dissidentes é o fanatismo, ao qual o inimigo sempre está disposto a impelir os homens e as mulheres, principalmente quando, devido a uma vida não santificada pela mansidão e humildade, eles assumem uma atitude de auto-suficiência e independência de seus irmãos.

Escreveu a serva do Senhor: “Aparecerá fanatismo em nosso próprio meio. Sobrevirão enganos, e de tal natureza, que se possível fora, desencaminhariam os próprios eleitos.” — Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 16.

Isto já ocorreu no tempo de Lutero e de outros reformadores. O Grande Conflito descreve a situação nestes termos: “Lutero também sofreu grande perplexidade e angústia pelo procedimento de pessoas fanáticas. … E os Wesleys, e outros que abençoaram o mundo pela sua influência e fé, encontraram a cada passo os ardis de Satanás, que consistiam em arrastar pessoas de zelo exagerado, desequilibradas e profanas, a excessos de fanatismo de toda sorte.

“Guilherme Miller não alimentava simpatias para com as influências que conduziam ao fanatismo. Declarou, como fez Lutero, que todo espírito deveria ser provado pela Palavra de Deus. . . .

“Nos dias da Reforma, os inimigos desta assacavam todos os males do fanatismo aos mesmos que estavam a trabalhar com todo o afã para combatê-lo. Idêntico proceder adotaram os oponentes do movimento adventista.” — Páginas 395 e 396.

Cumpre lembrar, no entanto, que o inimigo é muito hábil e versátil no manejo de suas armas, e às vezes faz com que muitos considerem como fanatismo o que é uma manifestação do poder do Espírito Santo. Para evitar este perigo, a serva de Deus também advertiu:

“Quando o Senhor opera mediante instrumentos humanos, quando os homens são movidos com poder do alto, Satanás leva seus agentes a exclamar: ‘Fanatismo!’ e a advertir o povo a não ir a extremos. Cuidem todos quanto a soltar esse brado; pois, conquanto haja moedas falsas, isso não diminui o valor da que é genuína. Porque há reavivamentos e conversões espúrios, não se segue daí que todos os reavivamentos devam ser tidos em suspeita. Não mostremos o desprezo que os fariseus manifestavam quando disseram: Este homem recebe pecadores.’ S. Luc. 15:2.” — Obreiros Evangélicos, pág. 170.

Uma das premissas com que muitos rejeitarão o testemunho direto e a vida piedosa requeridos pela mensagem de Cristo a Laodicéia, será esta. A obra do Espírito Santo e a proclamação da advertência de Cristo serão tachadas como extremismo, exagero e fanatismo.

  • 2. Outra das causas desses movimentos é a ignorância da verdade para estes dias, devido ao estudo superficial unido ao espírito de auto-suficiência. Em geral, quanto mais alguém sabe acerca de uma especialidade, maior é a sua cautela ao opinar e para chegar a conclusões.

Quantos erros teriam sido evitados e quanto tempo deixaria de ser desperdiçado em movimentos que desviam e confundem se os iniciadores, às vezes sinceros, houvessem tido a sabedoria de estudar a fundo o assunto que os levou a combater a seus irmãos, e também a virtude e humildade de debatê-lo e analisá-lo com irmãos de experiência!

  • 3. Na maioria dos casos, os protagonistas desses movimentos de combate estão imbuídos, às vezes inconscientemente, do desejo de promover a si mesmos. Satanás induz essas pessoas a ter exatamente os mesmos nefastos sentimentos que o levaram a empreender uma revolução no Céu e uma guerra aberta contra o Criador.

Este anseio de promover a si mesmo pode assumir várias modalidades:

  • a) A dos pseudo-intelectuais, os quais julgam ser uma virtude problematizar todas as verdades. Pretendem possuir uma mente superior, mais analítica, mais científica que a maioria dos irmãos. Querem ser originais e apresentar-se com um aspecto completamente novo, para fazer-se um nome. “Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos.” Esta não é a sabedoria que vem de Deus; antes, é terrena e está cheia de pretensões, conduzindo ao erro, à crítica e à destruição, pois não está sob a direção do Espírito Santo, mas é impelida pelo orgulho e pelo anelo do poder.
    “Lutero também sofreu grande perplexidade e angústia pelo procedimento
    de pessoas fanáticas.”

Entre outros movidos por esse espírito, conheci a um irmão que problematizava até a própria inspiração de que estavam dotados os profetas quando escreveram as Escrituras, e debatia e punha em dúvida até as mais claras profecias cuja interpretação é confirmada pelo testemunho do Espírito de Profecia.

Quando os irmãos o desligaram de seu cargo como professor da Escola Sabatina, formou um grupo de admiradores e ameaçou levar seu grupo a outra casa fora da igreja para ensinar o que julgava que devia ser ensinado na hora da reunião regular. Junto com interpretações deturpadas de verdades da Bíblia mesclava um espírito de ataque à organização e de crítica destrutiva contra os dirigentes da Obra, o que, aliás, é muito freqüente nesses casos.

Conheci a outro irmão que durante algum tempo foi professor em nosso seminário teológico e o qual gostava de referir-se de modo sarcástico até mesmo às verdades mais incontestáveis da Bíblia. Felizmente, ele já não desempenhava mais aquela função.

  • b) A segunda modalidade é a dos pseudo-reformadores. Nestes casos, os movimentos dissidentes, que às vezes se tornam declaradamente separatistas, se apresentam sob a capa de uma suposta reforma, quer da doutrina, quer da estrutura, da organização e do funcionamento da igreja.

Todos esses grupos, em regra, realizam uma obra destrutiva, condenando o ministério adventista e os dirigentes da Obra, causando confusão e, durante algum tempo, arrastando discípulos atrás deles.

  • c) A modalidade seguinte é a dos que promovem ações judiciais contra a Igreja. Nalguns casos, essa reforma dos procedimentos e das normas administrativas da Organização pretende ser efetuada pelos condutos legais. Em sua enfatuação, algumas pessoas têm movido processos judiciais contra a Igreja Adventista ou suas entidades, utilizando falsidades e testemunhas indignas para prejudicar a Obra, enquanto ainda pretendiam ser adventistas. Assim violavam o básico princípio moral exposto em I Coríntios 6. Este proíbe os membros de levar seus irmãos perante juizes mundanos — e com muito maior razão à igreja a que pertencem. Mesmo no caso de não obterem justiça, é-lhes recomendado que sofram o dano, de preferência a atrever-se a mover um processo legal.

Cumpre recordar que a freqüência com que esses casos estão aparecendo em diversos países não é senão uma clara demonstração de que o processo da cirandagem se encontra em suas etapas finais, a fim de separar a palha do trigo e preparar a Igreja para o feliz encerramento de sua obra na Terra.

Por outro lado, não deve ser motivo de admiração que de vez em quando os que encabeçam tais movimentos de ataque sejam obreiros ou ex-obreiros da Causa e mesmo dirigentes. A serva de Deus nos diz que mais de uma estrela brilhante se apagará de modo surpreendente, e que alguns desses ex-colaboradores tomar-se-ão nossos mais cruéis acusadores e perseguidores nos últimos e difíceis momentos de perseguição.

O inimigo tem muito interesse em levar para seu lado pessoas capazes, e quanto maior a influência que elas tenham tido, tanto mais poderá usá-las. Assim como Satanás se perverteu por causa de sua formosura, de seu poder e de sua inteligência, e conseguiu seduzir a terça parte dos anjos, de vez em quando algumas pessoas com verdadeiros talentos de inteligência permitem que seus dons os corrompam, pondo-se a serviço do inimigo.

É Destruído um Gigantesco Iceberg

No entanto, nunca devemos temer a esses instigadores do mal, por maiores que pareçam os seus dons, porque Deus não está com eles e porque, à semelhança de seu mestre, o grande arquienganador, estão fadados ao fracasso.

O que tiver de ser feito para preservar nossos membros de seus erros e estratagemas deve ser efetuado sem temor, sob a direção de Deus e no poder do Espírito Santo.

O movimento mais sério que houve em nossas fileiras, nesse sentido, foi dirigido por um dos homens mais destacados e influentes de nossa Igreja: o Dr. John Harvey Kellogg. Depois de haver prestado admirável e dinâmico serviço como dirigente médico na denominação, ele permitiu que o inimigo o pervertesse, utilizando a inteligência e os talentos, que Deus lhe havia dado, para lutar contra a mensagem.

A irmã White enviou-lhe várias mensagens de orientação e repreensão, mas ele continuou levando avante os seus planos. Em dois sentidos esses planos e idéias estavam em evidente conflito com a vontade e com a verdade de Deus: 1. Ele procurou realizar uma super concentração de autoridade no âmbito de nossa obra médica, ampliando cada vez mais o Sanatório de Battle Creek e pretendendo sujeitar a seus planos até mesmo a administração geral da Obra; 2. Iniciou certos ensinos que a princípio pareciam ser novos, atrativos e inocentes, mas acabaram resultando em evidente panteísmo. Em ambos os casos, ele agiu contra as decisões da Associação Geral e contra as mensagens específicas do Espírito de Profecia que lhe foram dirigidas, até que afinal, em 1907, teve de ser separado da Igreja.

Como nossa Obra enfrentou a esse movimento? Numa hora crítica, quando o Pastor A. G. Daniells era o presidente da Associação Geral, uma tar-de ele retomou a seu aposento sumamente angustiado por se encontrar diante de uma tremenda alternativa: Ou permitir que o movimento prosseguisse e desvirtuasse os próprios princípios da Organização, ou enfrentá-lo em público e com franqueza — visto que haviam fracassado todas as tentativas amistosas — em plena assembléia geral, com o risco de produzir uma verdadeira cisão na Igreja, devido ao número de ministros e médicos jovens que seguiam ao Dr. Kellogg.

Mas a angústia do Pastor Daniells não durou muito tempo, pois nessa tarde, em seu aposento, encontrou uma extensa mensagem da irmã White, que semanas antes havia sido escrita às pressas, por volta da meia-noite, na Austrália, sob a direção do Espírito Santo, e chegara no momento exato para salvar nossa Obra de um descalabro.

Ela relatava que em visões da noite fora-lhe mostrado um enorme navio que viajava envolto em densa cerração. De repente o vigia bradou: “Iceberg à frente!” Esse bloco de gelo era de dimensões gigantescas, e elevava-se muito mais alto que o navio. Uma voz autorizada exclamou: “Enfrentai-o!” Não houve um momento de hesitação. O maquinista pôs todo o vapor, e o timoneiro dirigiu o navio diretamente para cima do iceberg. Com um estrondo, o gelo foi partido e reduzido a fragmentos. Os passageiros foram sacudidos violentamente, e o navio sofreu avaria, mas com possibilidades de ser reparado. Nenhuma vida se perdeu.

Quando o Pastor Daniells leu a mensagem no dia seguinte, na assembléia geral, depois de explicar a situação, a imensa maioria dos assistentes recebeu com gratidão a leitura e expressou sua adesão à mensagem de Deus e à Obra. E a Igreja foi salva, porque Deus estava com ela.

Assim terminará toda tentativa do inimigo. Durante algum tempo parece prosperar, mas logo desaparece no fracasso e no olvido.

Como Provar Esses Movimentos?

Essas tentativas do inimigo devem ser enfrentadas com sensatez, seguindo os princípios vitais da Bíblia e do Espírito de Profecia e usando o bom senso que Deus nos tem dado, santificado pelo Espírito Santo.

Essas pessoas e seus movimentos devem ser provados. Eis o conselho bíblico: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito [doutrina ou movimento]: antes, provai os espíritos se procedem de Deus.” I S. João 4:1.

  • 1. Por certo, a prova definitiva será efetuada pelo tempo. Paulo escreve: ‘ Manifesta se tornará a obra de cada um; pois o dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão.” I Cor. 3:13 e 14.
  • 2. Além disso, há dois princípios básicos para descobrir se um movimento é de Deus ou do diabo: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva.” Isa. 8:20.

Qualquer claudicação que se note, quer seja da Bíblia ou dos escritos do Espírito de Profecia, deve ser causa suficiente para a rejeição do movimento, pois em muitas ocasiões este se apre-senta sob a pretensão de nova luz. No entanto, segundo esse grande princípio, nenhuma luz nova pode contradizer a luz anterior que o Senhor nos deu em Sua Palavra ou nos testemunhos inspirados.

A serva de Deus escreveu:

“Que ninguém busque derribar os fundamentos de nossa fé — os funda-mentos que, mediante estudo da Pa-lavra feito com oração, e por meio da revelação, foram postos no princípio de nossa obra. Sobre esses fundamentos temos estado a construir por mais de cinqüenta anos. Podem homens supor que têm encontrado um caminho novo, que podem pôr um fundamento mais sólido do que o que foi posto; mas isso é grande engano. ‘Ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto. I Cor. 3:11. No passado, muitos empreenderam erguer uma nova fé, estabelecer novos princípios; mas por quanto tempo permaneceu o edifício deles? Dentro em pouco ruiu; pois não se achava fundado sobre a Rocha. ” — Obreiros Evangélicos, pág. 307.

“Surgirão homens e mulheres proclamando possuir alguma nova luz ou alguma nova revelação, e cuja tendência é abalar a fé nos marcos antigos. Suas doutrinas não resistem à prova da Palavra de Deus. Mesmo assim, almas serão enganadas.” —Test. Seletos, vol. 2, pág. 107.

Para descobrir se um movimento ou uma doutrina é de Deus ou do inimigo, jamais devemos empregar o critério da autoridade. Por mais importante que seja quem o encabece ou o apresente, por mais capaz e influente que pareça ser, e a despeito de sua aparente popularidade ou dos cargos que tenha exercido, e embora seja um excelente pregador, nenhuma dessas condições deve induzir-nos a considerá-lo como autoridade suficiente. Somente a lei e o testemunho, somente a Palavra de Deus e os escritos do Espírito de Profecia devem ser a prova definitiva e a pedra de toque para julgar a origem celestial ou ortodoxia.

E nenhuma nova luz pode contradizer a luz anterior que já temos em qualquer dessas duas fontes.

  • 3. O outro grande princípio bíblico, é: “Pelos seus frutos os conhecereis.” S. Mat. 7:16.
  • a) Se a pessoa ou o movimento ataca a direção da obra de Deus (ou o ministério), quer seja em seus níveis locais ou mais elevados, e se revela o desejo, embora velado, de engrandecimento pessoal, não pode ser autêntico.

Nenhuma pessoa que manifesta um espírito de acusação e que suscita discórdia ou revolta pode ser de Deus, pois esse espírito é o primeiro a desaparecer quando uma reforma é verdadeira.

Eis o que a pena inspirada escreveu a esse respeito: “É chegado o tempo para se realizar uma reforma completa. Quando esta reforma começar, o espírito de oração atuará em cada crente e banirá da igreja e o espírito de discórdia e luta.” — Test. Seletos, vol.3, pág. 254.

  • b) Se insiste em propor uma nova estrutura ou uma organização diferente, combatendo as normas e os procedimentos aconselhados pela experiência da Igreja e aprovados pela Associação Geral reunida em assembléia, colocando seu critério arrogantemente acima do da maioria dos irmãos e dos dirigentes, não possui as credenciais do Céu.

Esta é a instrução que temos da parte de Ellen G. White: “Mostrou-se-me que o juízo de homem algum deve ser sujeito ao juízo de qualquer outro homem. Mas quando se exerce o juízo da Associação Geral, a qual é a mais alta autoridade que Deus tem sobre a Terra, independência e juízo particulares não devem ser mantidos, mas renunciados.” — Testimonies, vol. 3, pág. 492.

  • c) Quando um homem está enfatua-do com a idéia de que ele é o único portador de uma mensagem de Deus para a Igreja, em oposição à experiência ou à luz que têm todos os outros, sua mensagem não é de Deus. Relembremos esta instrução inspirada:

“Deus não esqueceu o Seu povo, escolhendo um homem isolado aqui e outro ali, como os únicos dignos de que lhes confie a verdade.” — Test. Seletos, vol. 2, pág. 103. “Ninguém confie em si mesmo, como se Deus lhe houvesse conferido luz especial acima de seus irmãos. Cristo é representado como habitando em Seu povo.” — Ibidem.

  • d) Se faz uma grande questão de um ponto menor e o transforma em seu tema único, ou quase único, com o anseio de aparecer como o autor de algo novo, não tem o espírito do Céu, e Satanás serve-se dele para fazer com que os irmãos e obreiros percam precioso tempo necessário para salvar as almas que não conhecem a mensagem.
  • e) Se pelo que ele diz ou deixa de dizer, por palavras, insinuações ou coisas subentendidas, debilita a fé dos irmãos na mensagem, no ministério ou na direção da Obra, apresentando-se como alguém incumbido de corrigir os pastores em geral, esse homem não pode ser de Deus.

Ellen G. White escreveu a seguinte advertência a esse respeito: “Os que ocupam posição de responsabilidade na igreja podem ter faltas semelhantes às de outras pessoas, e podem errar em suas decisões; não obstante, a Igreja de Cristo na Terra investiu-os de uma autoridade que não pode ser levemente estimada. Após Sua ressurreição, Cristo delegou poder a Sua Igreja, dizendo: ‘Aquele a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos.’” — Idem, vol. 1, págs. 444 e 445.

Como Lidar com os Falsos Reformadores

Nos escritos inspirados temos instruções bem definidas acerca de como lidar com os falsos reformadores, uma vez comprovado o fato de que sua missão não procede do Céu.

“Os que se põem a proclamar uma mensagem sob sua responsabilidade pessoal, ê que, ao mesmo tempo que declaram ser ensinados e guiados por Deus, constituem sua obra especial derribar aquilo que Deus durante anos tem estado a erguer, não estão cumprindo a vontade de Deus. Saiba-se que esses homens se encontram do lado do grande enganador. Não os creiais. Estão-se aliando com os inimigos de Deus e da verdade. Porão a redículo a ordem estabelecida no ministério, considerando-a um sistema eclesiástico imperialista. Afastai-vos desses; não tenhais comunhão com sua mensagem por muito que eles citem os Testemunhos e atrás deles busquem entrincheirar-se. Não os recebais; pois Deus não os incumbiu dessa obra.” — Testemunhos Para Ministros, pág. 51. (Grifo acrescentado.)

A Igreja de Deus Prosseguirá em sua Marcha Triunfal

A despeito de todas as tentativas do inimigo e da obra tão sutil que ele realiza com esses movimentos dissidentes, Deus continuará à frente de Sua Igreja na Terra, levando-a à vitória final. Eis as palavras que a mensageira do Senhor escreveu pouco antes de sua morte:

“Cobro ânimo e sinto-me abençoada ao reconhecer que o Deus de Israel ainda está guiando o Seu povo, e continuará com eles até o fim.” — Test. Seletos, vol. 3, pág. 439.

A igreja de Laodicéia é a última — a que levará a tocha até a segunda vinda de Cristo. Embora seja defeituosa, Deus lhe enviou uma mensagem, e essa mensagem de arrependimento e reforma produzirá seu efeito sobre uma grande parte da referida igreja, e ela se preparará para cumprir sua missão e trocar sua condição de Igreja militante por Igreja triunfante. Não surgirá outra Igreja, segundo a profecia.

Deus ama a essa Igreja. Escreveu Ellen G. White: “Devemos lembrar que a Igreja, enfraquecida e defeituosa como seja, é o único objeto na Terra a que Cristo concede Sua suprema consideração. Ele vela constantemente com solicitude por ela, e fortalece-a por Seu Espírito Santo.” — Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 396.

Haverá Uma Reforma

A serva de Deus não somente nos disse que “um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades” (Idem, livro 1, pág. 121), mas nos assegurou que essa reforma ocorrerá dentro da Igreja. Ela escreveu também: “Antes de os juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, haverá, entre o povo do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado desde os tempos apostólicos.” — O Grande Conflito, pág. 464.

Esta reforma, que já está ocorrendo, mas terá de receber em breve um impulso especial, está relacionada também, conforme dissemos antes, com o processo da cirandagem. Esta é uma sacudidura pessoal e coletiva permitida por Deus para induzir Seus filhos a buscarem ao Senhor de maneira especial, a fim de alcançar uma conversão completa e uma entrega total a Ele. A reforma e a cirandagem ocorrem simultaneamente e se completam mutuamente.

Os membros da Igreja que não aceitarem a mensagem de arrependimento e reforma que Cristo, a Testemunha fiel, envia a Sua Igreja nestes dias, para que obtenham a experiência que Ele quer dar-lhes, não suportarão o processo da cirandagem. Esta não é senão o esforço que Deus faz para despertar Seu povo e ajudá-lo a estar preparado, de maneira que alcance a santificação e receba o selo do Deus vivo, e não a marca da besta, na hora da crise que se aproxima.

Por isso, uma das causas mais importantes da cirandagem é receber com frieza ou indiferença a mensagem da Testemunha fiel.

Na providência de Deus, estamos chegando à hora da colheita no desenvolvimento dos acontecimentos da Igreja. Por muito tempo Cristo tem tido paciência e tem retardado Sua segunda vinda, a fim de dar tempo para que maior número de pessoas obtenha a salvação. Porém, há um momento em que os planos divinos terão que cumprir-se. É nesse tempo que tanto a reforma como a cirandagem serão incluídas, e uma parte da Igreja de Cristo não será separada do redil pela cirandagem, mas alcançará autêntica experiência com Deus. A palha finalmente terá de ser separada do trigo, e com essa parte fiel Deus terminará Sua obra neste mundo.

Visto que estamos muito perto do reavivamento final da piedade primitiva e do derramamento do Espírito Santo na chuva serôdia, para terminar a proclamação da mensagem, o inimigo tem especial interesse em introduzir falsos movimentos.

“O inimigo das almas deseja estorvar esta obra [o reavivamento e a reforma]; e antes que chegue o tempo para tal movimento, esforçar-se-á para impedi-la, introduzindo uma contrafação.” — O Grande Conflito, pág. 464.

Essas contrafações não somente são produzidas fora dos limites de nossa Igreja — movimento carismático conversões superficiais, em massa, sem ocasionar a transformação da vida, etc. — mas também dentro da Igreja. E estas são as mais perigosas.

Como ministros e membros da Igreja, saibamos distinguir essas facções com a Palavra de Deus e os Testemunhos. Saibamos rechaçá-las, protegidos com a couraça da verdade, para evitar que desviem e enganem a muitos. E, acima de tudo, saibamos aliar-nos com Deus e identificar-nos com Cristo e com Seu povo, não somente por um conhecimento teórico, mas alcançando a profunda experiência que Deus espera de nós nestes dias.