“Para ser um pastor de renome, tudo o que você precisa fazer é alcançar os alvos financeiros, construir templos e levar muitas pessoas ao batismo”, dizia o gradamente, perdeu a saúde e, prematura ministro experiente, às portas da jubilação, a um jovem que dava seus primeiros passos na carreira pastoral. E este aparentemente absorveu bem o conselho, destacando-se no cumprimento dos itens que lhe foram indicados. Trabalhou desremente, a vida. Estaria, porventura, corretamente motivado?

E quanto a nós? Qual a nossa verdadeira motivação para o serviço? Certamente, muitos homens, ao longo da história cristã, demonstraram ter clara compreensão do chamado divino e exerceram um ministério exemplar. Mas nunca é demais ouvir Paulo falar dos motivos pelos quais pregava o evangelho com tanta vibração: “Pois o amor de Cristo nos constrange” (II Cor. 5:14); “porquanto, para mim, o vi-ver é Cristo” (Fil. 1:21). Para ele, de pouco ou nenhum significado eram a fama, o renome, a imagem de intelectual e erudito, ou qualquer outra coisa que chamasse a atenção para si. “Mas o que para mim era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo co-mo perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo.” (Fil. 3:7 e 8).

Possuir tal sentido de motivação e prioridade é algo tão necessário hoje, como o foi nos dias do apóstolo. Jamais devemos nos esquecer de que a motivação primeira para o desempenho do trabalho pastoral é a glória de Deus, através da salvação de homens e mulheres. Sabendo que Deus é amor, entendemos também que Sua vontade é que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade. Por isso, qualquer forma de impulsionar-nos à excelência ministerial que não seja a glorificação do nome de Deus, é espúria e está condenada ao fracasso.

A despeito da importância dos números na avaliação do crescimento da Igreja, qualquer pastor que busque neles a sua própria exaltação ou a do segmento sob sua liderança, em lugar de glorificar a Deus, está degradando o seu chamado.

A razão bíblica para pastorear e pregar o evangelho está baseada no desejo de participar com Deus no processo de restauração do homem. O evangelismo deve interessar-nos porque também interessa a Deus. Ele deseja o melhor para Seus filhos e é Seu propósito supremo que todos experimentem o infinito gozo de viver para sempre com Ele nas mansões celestiais. É por isso que nosso Senhor emprega todos os recursos do Céu para redimir a humanidade: o Espírito Santo convence os seres humanos do pecado, impressiona-os a buscarem a Deus. Os anjos colaboram na orientação dos perdidos para a luz e para a verdade.

Nosso Deus, como um grande estrategista, usa várias maneiras, aproveitando as circunstâncias da nossa vida, para atrair-nos a Ele. É Ele quem toma a iniciativa da redenção. A cruz nos fala do Seu intenso desejo de salvar a humanidade. Sem Jesus a raça humana estaria perdida e sem esperança. Sem Ele, seríamos erroneamente guiados, mal-informados e mal-orientados. Sem a Sua morte na cruz, estariam os homens irremediavelmente perdidos. A alegria de colaborar com Deus nesse processo redentor é a maior motivação que podemos ter como pastores. O prazer de trabalhar lado a lado com Ele na salvação dos perdidos é tão importante como os resultados finais. Pastoreamos, pregamos e evangelizamos porque, ao fazer essas coisas, entramos em uma experiência de comunhão com Deus que de outro modo não seria possível. Cheios de profunda gratidão, por haver sido resgatados para Ele e por haver sido chamados para Seu serviço, podemos exclamar como Pedro e João: “Nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvi-mos” (Atos 4:20).

O Dia do Pastor, comemorado neste bimestre, é mais uma oportunidade de reflexão sobre o nosso ministério e os motivos que nos impulsionam a desempenhá-lo de modo excelente. Lembremo-nos sempre de que, ao atendermos o chamado de Deus, assumimos o compromisso de viver e trabalhar unicamente para louvor e glória do Seu nome, e para mostrar Seu amor a um mundo corrompido pelo pecado. O pastorado é para a glória de Deus, porque leva homens e mulheres a fazerem escolhas de implicações eternas.

O ministério evangélico é unicamente para a glória de Deus, porque prepara o mundo para o breve regresso do nosso Senhor Jesus, anunciando o fim do pecado e suas terríveis conseqüências. Pastorear, em toda a sua amplitude, é somente para a glória de Deus. Fazê-lo por motivos relacionados a interesses humanos significa perverter a sagrada vocação. Não fazê-lo do modo mais excelente é trair o Senhor que nos escolheu.

— Zinaldo A. Santos.