O TEMPO em que vivemos exige um ministério forte, animoso. “Precisam-se homens de fibra”, homens de caráter “que não podem ser adaptados nem submetidos por circunstâncias adversas”. — A Ciência do Bom Viver. págs. 445 e 446.
Em tempo de crise tem havido quem se man-tenha firmemente ao lado de Deus. O testemunho dêsses líderes produziu animação e esperança na hora da treva, e nessas lamparinas outras luzes foram acesas. Entre êsses líderes figuraram os valdenses nas planícies do Piemonte. A ciência e a civilização operaram grandes transformações no mundo, mas Deus ainda precisa de homens “de fibra moral, integridade que não cedam à lisonja, nem à corrução, nem às ameaças”. — Idem, pág. 446.
Os homens que lideram o movimento adventista através das tempestades dos últimos dias terão que ser verdadeiros heróis da cruz. Praza a Deus que cada um de nós seja esssa espécie de ministro.
A. V. O.
A Vida Ativa
MUITO tem sido dito êstes dias quanto ao passe conselheiro eficiente. Salienta-se, muito acertadamente, a importância de escutar. Sem dúvida não pode haver auxílio duradouro sem que êste seja precedido da compreensão integral dos problemas. E isso requer tempo e paciência.
Mas isto pode e tem de acontecer: Um pastor conselheiro mostrou interêsse real nos problemas do aconselhado, e ilimitada paciência no escutar até que cada ângulo da dificuldade foi apresentado, descoberta a causa e mesmo feito o diagnóstico, mas justamente nesse ponto se lembrou de um compromisso importante, e o assunto nunca teve prosseguimento nem encontrou solução alguma. A pessoa envolvida, angustiada como estava, só poderá haver tirado duas conclusões: ou o pastor estava meramente curioso de saber os pormenores do problema, ou simplesmente usara a oportunidade para praticar a arte de diagnosticar problemas. Em qualquer dos casos, pareceria não haver da sua parte real e genuíno interêsse.
E isto nos devolve ao assunto de nosso interêsse na pessoa. Estamos nós interessados nas pessoas ou apenas nos métodos? Tanto nos conselhos como na conquista de almas, nosso máximo interêsse deve ser pela alma que está em jôgo. Aconselhamos nós para curar a alma ou para aprimorar nossa técnica conselheira? Trabalhamos com o pecador pelo desejo de adicionar um nome ao nosso relatório ou porque nenhuma alma poderá substituir aquela? Estamos nós interessados nas pessoas ou em nossa reputação? Nossa resposta a estas perguntas determinará o nosso valor e classificar-nos-á como pastôres ou como mercenários.
O mercenário não se importunará com a ovelha perdida ou extraviada, que exigirá dêle muito tempo e paciência para reaver. Ao contrário, trabalhará com os que possam ser acrescentados ao seu relatório com o mínimo esfôrço. Raciocinará que mais econômico é fazer ingressar na igreja várias novas ovelhas, do que sair em busca da perdida. As ovelhas extraviadas são sempre um incômodo. Além disso, umas poucas novas farão mais efeito. Por outro lado, o pastor verdadeiramente espiritual está interessado na pessoa, constantemente cônscio de que nenhum indivíduo pode ser substituído por outro. Tomará tempo, sacrificará o confôrto — não para que relate, mas possa reabilitar. Tomará tempo — não apenas para diagnosticar, mas para obter do Senhor a cura da alma.
A conquista de almas tem de ser mais do que uma arte ou uma ciência. Um navio que naufraga precisa mais do que uma avaliação estatística: a alma ferida necessita mais do que um “Deus te abençoe”.
O espírito da verdadeira conquista de almas brota do coração subjugado em face da maravilha, beleza e ternura do amor de nosso Salvador. Nenhum verdadeiro pastor poderá ver almas caindo na perdição eterna sem bradar: “Ai de mim, se não pregar o evangelho!” Para ser conselheiro compreensivo e fiel é preciso orar por misericórdia, orar com Moisés: “Agora pois perdoa o seu pecado, se não risca-me, peço-Te, do Teu livro, que tens escrito.”
Amor tal como êsse não se contentará com um simples diagnóstico. Prosseguirá nos esforços até que a alma emaranhada se desemaranhe e os pés trôpegos estejam firmados na Rocha dos Séculos. Aconselhar é mais do que uma técnica. É a extravasão de uma alma simpatizante — uma dedicada vida ativa.
R. A. A.