Muitas vezes temos dito que o livro dos Atos dos Apóstolos poderia ser chamado adequadamente de Livro dos Atos do Espírito Santo. Sem dúvida, há mais que retórica detrás dessa frase; pois, se houve uma época durante a qual a Igreja foi guiada pelo Espírito de Deus, certamente foi o período de que trata o apóstolo S. Lucas ao legar-nos o livro de Atos.

Por certo, não se conhece nenhum manual de métodos de evangelismo da Igreja desses dias; temos, porém, algumas declarações bíblicas bastante ilustrativas do método seguido durante essa época. Provavelmente podemos resumi-lo em quatro princípios básicos:

  1. Pregação Diária1

Não sei se o debateram, ou não; se fizeram uma análise para descobrir qual poderia ser o método mais conveniente; mas de uma coisa estou certo: eles agiram inteligentemente, por várias razões: quando se prega todas as noites é mais fácil lembrar a noite seguinte; o desejo de assistir é maior porque a motivação é mais recente (não olvidemos que assim procedem os autores de novelas e teleteatros); ao assistir à reunião é produzido um corte em relação aos programas televisionados; as pessoas têm menos tempo para ouvir a oposição; os primeiros ensinamentos ainda perduram na memória quando estiverem sendo recebidos os últimos enfoques doutrinários, o que facilita a assimilação global da doutrina. Além disso, num prazo relativamente curto (45 a 60 noites), um pastor distrital pode realizar uma série de penetração sem descuidar seu distrito.

  1. Evangelismo Público

A mesma passagem de Atos que nos fala de reuniões diárias faz alusão ao evangelismo em lugares públicos. Este método conserva a atualidade tanto para evangelistas e pastores,2 como também para presidentes de Associação.3 Nos lugares das Divisões Sul-Americana e Interamericana onde se realiza evangelismo público com uma metodologia adequada, o êxito está sendo cada vez mais notável.

  1. Evangelismo Pessoal

É admirável o equilíbrio dos apóstolos e dos irmãos da Igreja cristã daqueles dias em seu método de evangelização. Acompanhavam esse evangelismo público de todos os dias com um trabalho de evangelismo pessoal. O próprio apóstolo Paulo, expressa-se desta maneira: “Jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa, e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa.”4 Isto evidencia que esse era também o seu método.

Lamentavelmente, muitos de nossos obreiros estão deixando de lado estes aspectos importantes, embora a irmã White tenha dito: “De importância igual às conferências públicas especiais é o trabalho de casa em casa, nos lares do povo. Em cidades grandes há certas classes que não podem ser alcançadas pelas reuniões públicas. Essas têm de ser procuradas, como o pastor procura a ovelha perdida. Tem de ser envidado em seu favor, diligente esforço pessoal. Sendo negligenciado o trabalho pessoal, perdem-se muitas preciosas oportunidades que, se fossem aproveitadas, fariam avançar decididamente a obra.”5

  1. Batismos Freqüentes

É interessante que, embora houvessem tido um gigantesco batismo como o de 3.000 almas no Pentecostes, não deixaram o resto das almas para serem batizadas no último batismo de fim de ano. Pelo contrário, batizavam todos os dias.6

Cumpre notar que a obra está se desenvolvendo mais onde há batismos mais freqüentes. Por exemplo, recomendou-se o plano de ter pelo menos um batismo mensal por trimestre, que inclua cinco batismos especiais, a saber: Janeiro: batismo das primícias; abril: batismo de Semana Santa; junho: batismo dos feixes trazidos pelos leigos; setembro: batismo da primavera — jovens adventistas e frutos da Educação Cristã; e dezembro: Festival da Colheita, com batismo de fim de ano. Além disso, na Divisão Sul-
Americana está sendo incentivado o plano de que, pelo menos, haja um batismo por semana em cada Associação.

Creio que há razões lógicas pelas quais, ao realizar batismos freqüentes, se batiza maior quantidade de almas no ano. Cada vez que há uma cerimônia batismal dentro da moldura da vontade de Deus, o Espírito Santo desce assim como sucedeu por ocasião do batismo de Jesus.

Considerando que este método de trabalho foi desenvolvido na época em que mais visivelmente o Espírito Santo guiou a evangelização da Igreja, e considerando também que a obra será terminada mediante o poder do mesmo Espírito, acho que chegou a hora de aplicar em nossos dias esta metodologia, para honra e glória de Deus e para terminar a tarefa que nos foi confiada como igreja. — Daniel Belvedere

Referências:

1. Atos 5:42.

2. Evangelismo, págs. 40 e 41.

3. Idem, págs. 69 e 70.

4. Atos 20:20.

5. Serviço Cristão, pág. 113.

6. Atos 2:47.