O grande desafio da igreja no cumprimento da missão é fazer discípulos. Na tentativa de ensinar aos possíveis discipuladores, nós nos desdobramos para dizer a eles como devem fazer discípulos. Será que esse é o caminho correto? Devemos ensinar a fazer discípulos ou a ser discípulos?
Muitos perguntam: ser ou fazer? A realidade é que o “ou” não é aplicável aqui. Devemos fazer “sendo”, enfatizando o ser. Assim agia Jesus. Ele disse: “Portanto ide, fazei discípulos” (Mt 28:18). Entretanto, ao observar Seu ministério, percebemos claramente que o Mestre não Se propôs a dar seminários teóricos sobre como fazer. Jesus foi o modelo vivo. Sua ênfase estava no ser. Ele foi uma pessoa tão exemplar que aqueles que O viam desejavam imitá-Lo. Seus seminários eram teórico-práticos, por assim dizer.
“Não há dúvida de que o fazer é muito importante, mas se nossa ênfase fosse no ser, haveria muito mais discípulos.”
O apóstolo Paulo, cumprindo o mandado do Senhor, e com o claro objetivo de fazer discípulos, escreveu ao amigo Timóteo: “E o que de minha parte ouvistes através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2Tm 2:2). Escrevendo aos coríntios, afirmou: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Co 11:1).
Não há dúvida de que o fazer é muito importante, mas se nossa ênfase fosse no ser, tenho certeza de que haveria muito mais discípulos, mais cristãos, mais batismos, mais discipulado autêntico, e Jesus voltaria mais rápido.
Na nota dos compiladores do livro Ministério Pastoral (CPB, 2015), de Ellen G. White, no início do capítulo 52, há um comentário muito sugestivo: “Jesus nunca pastoreou uma congregação de igreja como temos hoje. Mas, como os pastores modernos, Ele pregou, ensinou e ministrou tanto a grupos grandes quanto a indivíduos. É útil aos pastores de igrejas pequenas saber que o mais próximo que Jesus chegou em ministrar a uma congregação específica foi Seu ministério contínuo ao pequeno grupo dos doze” (p. 281).
Aos pastores, Cristo “mostra-lhes Seu exemplo de amor por Suas ovelhas. Para assegurar seu resgate, Ele deu a vida por elas; e, se [os pastores] imitarem Seu exemplo de abnegação, o rebanho prosperará sob seu cuidado” (ibid.). Então, “todos esses sermões insípidos terão um fim, pois, com frequência, são uma exibição do próprio eu, em vez do fruto produzido pelo mestre que se assentou aos pés de Jesus e aprendeu Dele” (ibid., p. 282).
“Quanto mais o ministro de Cristo se associar com seu Mestre, através da contemplação de Sua vida e Seu caráter, tanto mais se assemelhará a Ele e mais qualificado se tornará para ensinar Suas verdades” (ibid.).
Jesus “manhã após manhã, e noite após noite […] recebia graça para poder reparti-la a outros. Então, com a alma repleta de graça e fervor, saía para ministrar às pessoas” (ibid., p. 283).
Os discipuladores deveriam atuar seguindo “o exemplo dado por Cristo, e exercer a mesma compaixão e benignidade, e o mesmo terno e compassivo amor manifestado por Ele para conosco” (Ellen G. White,
Testemunhos para a Igreja, v. 3, p. 187).
“Todos os pastores que trabalham sob a direção do supremo Pastor possuirão Suas características; eles serão mansos e humildes de coração. […] Se o Espírito de Cristo habita neles, serão semelhantes a Cristo e farão as obras de Cristo” (ibid., v. 4, p. 377).
Como ministros, jamais podemos nos esquecer de que o ministério de Cristo “consistia não somente em pregar sermões, mas em instruir o povo” (Ministério Pastoral, p. 286). “Muito poderemos fazer dentro de pouco tempo, caso trabalhemos como Cristo fazia. Podemos refletir com proveito em Sua maneira de ensinar. […] Seu estilo era claro, simples e abrangente” (ibid.).
Caro colega, por favor, não deixe de fazer, mas enfatize o ser!