O relato bíblico da criação alcança seu clímax com as seguintes palavras: “Assim, pois, foram acabados os céus e a Terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que fizera, descansou neste dia de toda a Sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera” (Gên. 2:1-3).

Essa é a descrição histórica da origem e realidade do sábado, como uma parte sagrada do tempo especificada pelo próprio Deus. O autor do Gênesis liga diretamente o sétimo dia com a criação, apresentando-o como um memorial desse acontecimento, que é crucial para a natureza e identidade humanas. Ao ser ligado ou incluído à atividade criadora de Deus, o sábado é revestido de um significado cósmico, transcendente a limitações temporais, locais ou litúrgicas. Sua instituição é anterior à promulgação de todas as leis, tanto as cerimoniais mosaicas como o próprio Decálogo. E mais, é anterior ao estabelecimento da nação judaica e à entrada do pecado no mundo.

Diante disso, a idéia de que ele tenha caducado com a nova aliança, por ter sido incluído como parte da antiga, cujo propósito inicial era, entre outros, tratar da existência do pecado na vida do povo israelita, não procede. Em Gênesis 2, o sábado não apenas está associado ao evento da criação, mas é santificado, abençoado e feito um dia de repouso por Deus. E o fato de que Deus o tenha separado dessa maneira é extremamente importante para sua permanência e observância entre os Seus filhos, em todos os tempos da História.

Mário Veloso escreve: “Deus abençoou o sábado. Colocou nele toda Sua plenitude de vida. Por isso o sábado é vida, é alegria e é repouso. Nele produz-se a união perfeita do prazer com a liberdade e a disciplina. Deus o colocou no coração da lei moral repetida no Sinai (Êxo. 20:8-11). Essa lei expressa o amor a Deus e ao próximo (Mat. 22:36-40) e Tiago a chama: lei ‘da liberdade’ (Tia. 1:25).

“O sétimo dia da semana, sábado, foi santificado por Deus. … Deus não queria um mundo que se apartasse dEle, queria-o dedicado a Ele. O mundo somente podia dedicar-se a Deus, isto é, ser santo, através do homem. … O sábado seria a marca desta santidade e a expressão de que a vida do homem estava dedicada a Deus. … O sábado foi estabelecido para que o homem, liberado de todas as coisas que não concedem santidade, se relacionasse com Deus, que santificou o sábado para que fosse um sinal de completa dedicação do homem a Ele, que como o Senhor do mundo, dava, assim, sentido a toda a criação.” – O Homem Uma Pessoa Vivente, pág. 46.