Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a Sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos êles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.” I Cor. 15:10.
Introdução
Enquanto freqüentávamos o Colégio Bíblico de Tenessi, sempre sentíamos uma intensa emoção quando íamos pregar na Missão Evangélica, situada na Rua do Mercado. Nas proximidades existem muitas tabernas e boites. Deparávamos ali com os proscritos, os homens sem lar e os homens e mulheres com que poucas pessoas ousavam falar a respeito da condição de sua alma.
As palavras não podem descrever a situação dos indivíduos que muitos chamam de desordeiros e vagabundos. Alguns compareciam à Missão embriagados, famintos, com a barba por fazer e sem vestuário apropriado. Às vêzes, enquanto a mensagem estava sendo apresentada, um dêsses homens se levantava, dava um grande brado, virava-se e saía correndo. Nunca sabíamos o que poderia suceder dum minuto para o outro.
Quando entrávamos no carro a fim de voltar para casa, o Espírito Santo parecia dizer-me: “Se não fôra a graça de Deus, você estaria numa situação idêntica à dos desordeiros e ébrios. Se não fôra a graça de Deus, você estaria sentado nos bancos da igreja e alguém estaria pregando para você.” Minha espôsa e eu muitas vêzes nos retirávamos da Missão com lágrimas nos olhos e os corações cheios de louvor. Lágrimas, devido à condição dos homens, e louvor a nosso Pai celestial pela graça que Êle nos conferiu.
A definição da graça de Deus é:
- 1. Favor imerecido.
- 2. Dádiva a que não se faz jus.
- 3. Divino amor para com o pecador.
- 4. O convidativo ato de Deus em buscar o perdido, inspirado por Seu supremo amor pela raça caída. A graça vem em busca do homem, e manifesta-se no passado, presente e futuro.
Encaremos a graça de Deus sob quatro aspectos.
I. Sòmente a Graça Salva o Pecador
Muitas vêzes tenho pensado a respeito do Céu e perguntado a mim mesmo: Que os filhos de Deus farão através dos intermináveis séculos da eternidade? Não sabemos tudo o que será realizado no Céu; no entanto, sabemos de uma coisa que não se fará. Lá não haverá jactância. O povo de Deus dará louvor e honra a Jesus pelo que fêz por êles. A Bíblia declara: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós: é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” Efé. 2:8 e 9. Mas alguém poderá perguntar: “Que dizer da lei? Que dizer de nossas obras? Não são elas úteis?” A resposta é simplesmente esta: Guardamos a lei pela graça de Deus, e fazemos tudo o que podemos pelo Salvador, em razão de estarmos convertidos, não para converter-nos. Olhemos reiteradas vêzes para Jesus, para a Sua vida e morte em nosso favor, e seremos encorajados a trabalhar por Êle. As boas obras são os frutos da conversão, não a raiz.
Exemplos da graça divina
- 1. A mulher junto ao poço (S. João 4:4-42).
- 2. Saulo na estrada de Damasco (Atos 9:1-8).
- 3. A mulher com o fluxo de sangue (S. Luc. 8:43 e 48).
- 4. Lázaro, irmão de Maria e Marta, ressuscitado pelo poder de Deus (S. João 11:1-45).
- 5. Qualquer pessoa que se converte é um exemplo da graça divina.
II. A Graça é Vista em Nossa Vida
A vida do carcereiro de Filipos é uma boa ilustração bíblica do que a graça de Deus fará na vida do indivíduo. Esta história encontra-se em Atos, capítulo 16. Antes de sua conversão, o carcereiro bate nos servos de Deus. Lança-os na prisão. Não tem nenhuma consideração para com o cristianismo ou para aquêles que defendem semelhante religião.
Após sua conversão, a história é diferente. Agora êle está disposto a colocar-se ao lado dos servos de Deus, Paulo e Silas. Está disposto a colocar-se ao lado da verdade, indiferente às conseqüências. Está disposto a pôr-se ao lado do Senhor.
Sua conversão produziu quatro resultados específicos:
- 1. Êle reparou o mal. Naquela mesma noite lavou os vergões nas costas de Paulo e Silas.
- 2. Êle seguiu o Senhor Jesus Cristo no batismo. Notai que isto foi feito sem hesitação. A Bíblia declara que isto ocorreu “logo”.
- 3. Êle colocou o alimento sôbre a mesa e convidou os servos de Deus para comer.
- 4. Alegrou-se de que seus pecados foram perdoados. Assim a graça de Deus foi vista operando na vida dêste carcereiro.
III. A Graça Satisfaz ao Cristão
Quando penso em tudo o que Jesus fêz, está fazendo e fará por mim no futuro, recobro nôvo ânimo e renovo minha dedicação a Êle.
Servir a Jesus deveria trazer-nos uma paz tão profunda que nunca desejemos abandoná-Lo. Sempre me recordo de Pedro, quando ouço falar que alguém se afastou da igreja.
“Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?” S. João 6:67. No verso seguinte encontramos a resposta de Pedro. “Respondeu-Lhe pois Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.” S. João 6:68.
Da resposta de Pedro deduzimos que a graça de Deus lhe trouxera satisfação. A graça satisfaz ao verdadeiro filho de Deus, e apesar da tentação, em seu coração existe perfeita paz.
IV. A Graça é Suficiente
A Bíblia menciona a abundante graça de Deus em II Cor. 12:4-10. Aí se revela o fato de que Paulo tinha algum espinho na carne. A Bíblia não nos declara exatamente qual era essa dificuldade; no entanto, sabemos a solução do problema — a graça divina era suficiente. O Senhor não removeu o espinho da carne de Paulo, mas deu-lhe a graça de suportá-lo. Paulo disse finalmente: “Aprendi a viver contente em tôda e qualquer situação.” Fil. 4:11 (Ed. Revista e Atualizada no Brasil). Em resumo, Paulo dizia que “qualquer que seja a minha sorte, pela graça de Deus poderei suportá-la.”
Não é isto verdade em nossa experiência cristã de hoje? Não é a graça divina suficiente para ajudar-nos a levar os nossos fardos? Muito me alegra que podemos dar uma resposta afirmativa a estas perguntas.
Conclusão
Nos dias finais que precedem a volta de nosso Senhor Jesus Cristo, descobriremos que a graça de Deus será suficiente para Sua igreja. Nos escritos do Espírito de Profecia, a serva do Senhor declara-nos que a igreja remanescente entrará no reino. Lemos no livro do Apocalipse: “Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.” Apoc. 14:12. É a graça de Deus que dá paciência aos santos, ajuda-os a guardar todos os Dez Mandamentos de Deus, e os faz amar o testemunho de Jesus, que é o Espírito de Profecia.
O autor é um ex-ministro batista que agora se regozija na mensagem do advento, à qual êle e a espôsa dedicaram a vida.