Pelo fato de se encontrar sempre “na vitrine”, a esposa do pastor deve ter uma vida devota e de oração 

Quando aquela professora foi escolhida para ser a princesa da Inglaterra, o mundo todo deu sua opinião. Para muitos jornais e revistas, o príncipe Charles não devia se casar com uma plebeia. Outros observadores a viam como uma garota simples, demasiadamente comum em termos profissionais, para fazer parte da realeza. Mas, também houve aqueles que aplaudiram a escolha.

Ao ser fotografada numa praia, vestindo biquíni apesar do avançado estado de gravidez, a princesa Diana recebeu severas críticas dos mais conservadores jornalistas. Mais tarde, ao se tornar patente o fato de que era traída pelo príncipe, novamente o mundo se posicionou; uns, contra ela; outros, a favor. Revelando-se ativa em campanhas e projetos humanitários, foi aplaudida por muitos de seus críticos.

Depois, veio a fase em que recebeu elogios e críticas diante de sua resistência ao rígido protocolo da realeza britânica, sua determinação em dar atenção aos filhos, e a tristeza que aparentemente ostentava e que levou críticos a desconfiarem de que sofria alguma doença psicossomática. Finalmente, o suposto envolvimento emocional com serviçais fez com que passasse a ser vista, ora como vítima, ora como manipuladora.

Perigosa exposição

Independentemente de qualquer julgamento sobre os atos da princesa, as diferentes reações a eles nos levam a indagar: Quem pode agradar a todas as pessoas? Afinal, ter cada uma de suas ações julgada por indivíduos de opiniões diferentes é uma situação muito delicada. Nós, esposas de pastores, sabemos muito bem disso. Uma das principais queixas da esposa de pastor é o fato de viver sempre “em um aquário”, estar sempre “na vitrine”; consequentemente, estar sempre sendo julgada.

Ter a vida “como um livro aberto”, escrito e lido por todos, pode ser uma experiência desconcertante, especialmente quando percebemos as implicações decorrentes. Apesar disso, muitas esposas se expõem desnecessariamente ao juízo e julgamento de terceiros, através de blogs, sites e multipliy. É fato que muita gente perde horas na internet procurando inteirar-se da vida alheia, esquecendo-se de que também está sendo vista e julgada por amigos, inimigos, pessoas honestas e pessoas inescrupulosas.

Existem aquelas que expressam pensamentos íntimos demais para ser compartilhados com pessoas desconhecidas, e que podem ajuizá-las incorreta ou injustamente, já que julgam apenas pelo que veem, ouvem ou leem. E, muitas vezes, veem somente o que é negativo, ouvem apenas o que lhes interessa e leem muito mal, sem conseguir perceber a realidade completa.

Outro perigo real são os chats (bate-papo virtual), que têm levado muitas esposas ao envolvimento emocional com outra pessoa, traindo a confiança do esposo. Há esposas que justificam a busca da atenção de outra pessoa, dizendo-se sentir solitárias e esquecidas pelo esposo. Porém, devem se lembrar de que Deus desaprova a infidelidade.

Tenho acompanhado a história de muitas mulheres que trocaram a estabilidade do seu casamento por uma aventura com algum desconhecido que foi descoberto através da internet. Tal escolha tem se demonstrado trágica, produzindo muitos motivos para lamentação. Além disso, não devemos nos esquecer de que somos responsáveis por todo o mal que causamos à igreja de Deus que é “a menina de Seus olhos”. Contudo, em momentos de insensatez, se buscarmos o auxílio de Deus, ainda podemos ser despertadas e resistir ao sentimentalismo cego.

Tema para reflexão

As seguintes palavras de Ellen G. White nos levam a refletir:

“Vi as esposas dos pastores. Algumas delas não são de nenhum auxílio para os maridos, e todavia professam a terceira mensagem angélica. Pensam mais em atender a seus próprios desejos e prazeres do que à vontade de Deus, ou em como podem suster erguidas as mãos do esposo mediante suas fiéis orações e sua cuidadosa maneira de viver. Vi que algumas delas tomam uma direção tão voluntariosa e egoísta, que Satanás as torna instrumentos seus, e trabalha por meio delas a fim de destruir a influência e utilidade dos maridos. Sentem-se na liberdade de queixar-se e murmurar caso sejam levadas a qualquer situação precária. Esquecem-se dos sofrimentos dos antigos cristãos por amor da verdade, e pensam que devem ter seus desejos satisfeitos e seguir a própria vontade. Esquecem o sofrimento de Jesus, seu Mestre. Desprezam o Homem de dores, experimentado nos trabalhos – Aquele que não tinha onde reclinar a cabeça. Não se importam de lembrar aquela santa fronte, ferida por uma coroa de espinhos. Esquecem-No a Ele que, levando Sua própria cruz ao Calvário, desfaleceu ao peso dela… Esquecem os cravos cruéis enterrados nas tenras mãos e pés, e Seu angustioso brado ao expirar: ‘Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?’ (Mt 27:46; Mc 15:34). Depois de todo esse sofrimento suportado por elas, sentem forte indisposição de sofrer por amor de Cristo.

“Ser esposa de pastor também é vocação dada por Deus”

“Essas pessoas, vi, estão enganando a si mesmas. Não têm parte nem sorte na causa. Possuem a verdade mas a verdade não as possui” (Testemunhos Seletos, v. 1, p. 36).

Missão e recompensa

Querida companheira, lembre-se de que, antes do seu nascimento, Deus a escolheu para ser esposa de pastor. Ele a escolheu para amar, aconselhar, orientar, ensinar e ajudar pessoas enquanto caminha ao lado delas para o reino celestial. No cumprimento de tão sagrada missão, você não pode se entregar a horas de lazer que não edifica e que pode comprometer sua imagem e destruir seu caráter.

“A esposa do pastor deve viver uma vida devota e de oração. Mas algumas gostariam de uma religião em que não há cruzes, e que não exige abnegação e esforço de sua parte. Em lugar de se manterem nobremente por si mesmas, repousando em Deus quanto a forças, e fazendo face a suas responsabilidades individuais, elas levam a maior parte do tempo dependendo de outros, deles derivando sua vida espiritual. Se tão-somente se apoiassem confiantemente, com confiança infantil, em Deus, e concentrassem em Jesus suas afeições, recebendo sua vida de Cristo, a videira viva, que soma de bem não poderiam elas realizar, que auxílio poderiam ser a outros, que apoio para seus maridos! E que recompensa não seria a sua afinal! Bem está, serva boa e fiel – havia de lhes soar qual música dulcíssima aos ouvidos. As palavras: ‘Entra no gozo do teu Senhor’ (Mt 25:21), lhes pagariam mil vezes todos os sofrimentos e provações suportados para salvar pessoas” (Obreiros Evangélicos, p. 202, 203).