Os ataques terroristas aos Estados Unidos, nos convidam a refletir sobre nossa atitude em meio à guerra contra as milícias espirituais do mal

O sol do dia 11 de setembro despertou a população dos Estados Unidos para a rotina de sempre. Repentinamente, um estupor envolveu o mundo, sur­preendeu milhões e intimidou muitos que imediatamente participaram da al­teração não apenas do desenvolvimento normal das atividades habituais, mas também do generalizado despertamento para certas realidades sociopolíticas.

É sinistra a inteligência colocada a serviço de um execrável ato genocida cujas conseqüências imprevisíveis se­rão experimentadas por toda a socieda­de humana. Isso em virtude do fato de que as torres gêmeas de Nova York se constituíam num símbolo do poder fi­nanceiro, o que convertia aquela cidade na capital econômica do mundo. E, pela existência do Pentágono, Was­hington é a capital do aparato militar e da inteligência estratégica suposta­ mente mais poderosa do planeta.

Com o ataque a esses alvos, os ana­listas têm concordado que depois do que aconteceu em 11 de setembro, os Estados Unidos e, Conseqüentemente, o mundo inteiro jamais voltarão a ser o que foram até às 8h45 daquele dia. Tal percepção e o que foi contemplado pelo apóstolo João, nas visões do Apo­calipse, nos permitem deduzir que está se aproximando a hora na qual o outro poder que desfila no cenário profético do capítulo 13 daquele livro, cujos chi­fres são semelhantes aos de um cordei­ro, começará a falar como dragão.

Essa apreciação está fundamentada nas declarações feitas pelo presidente George W. Bush e por seu secretário de Estado, Collin Power. Tais declarações são sobejamente conhecidas.

Mas, de tudo o que aconteceu em Nova York e em Washington, haveria porventura alguma lição que necessita­ mos aprender, como ministros da Igreja Adventista? A resposta é sim. Especialmente se nos lembrarmos de que também estamos em conflito constante com as milícias espirituais do mal.

O perigo da confiança própria

O governo dos Estados Unidos, com seu ultra-sofisticado sistema de defesa e invisível escudo para proteger a nação de ataques externos, gerou na popula­ção e nos militares elevados níveis de confiança. Esse sentimento os impediu de pensar nas possibilidades de um gol­ pe certeiro desferido a partir do seu próprio território. Alguma coisa em termos de vigilância não funcionou como deveria. Isso nos faz pensar.

Cristo nos adverte no sentido de vigiarmos. Afinal, em nossa própria casa, igreja, em nosso coração e em nossa mente, podemos estar abrigando ou adestrando inconscientemente ini­migos espirituais infiltrados. Diz a Palavra do Senhor, falando sobre a oposição encontrada por aqueles que se decidem pela verdade: “Assim, os ini­migos do homem serão os da sua própria casa” (Mat. 10:36). E mais: “O que, porém, vos digo, digo a todos: Vigiai!” (Mar. 13:37).

Os acontecimentos de 11 de setem­bro também nos fazem abrir os olhos a outra realidade que tem lugar quando o chefe dos inimigos invade o território da nossa vida, através das janelas da alma. Então mina o nosso ser com mundanidade, secularismo, frivolida­de, vulgaridades e tantas outras tendências que neutralizam a relação com Deus. Durante um tempo, nada de mal ocorre. Mas, um dia, se afrouxarmos a vigilância, seremos abatidos como as outrora consideradas indestrutíveis torres do World Trade Center.

A voz da profecia

As profecias bíblicas merecem nosso crédito. Os profetas de Deus se caracte­rizaram por escrever a História antes que ela acontecesse. Na transmissão das advertências que necessitamos sa­ber, o Criador antecipou certas realida­des ao apóstolo João e outras muito es­pecíficas a Ellen White. Numa de suas predições, ela viu abatidas as expres­sões de orgulho, ambição e autoglorificação do homem, citando ocorrências nitidamente similares às de Nova York. Eis suas palavras:

“Uma ocasião, achando-me eu na cidade de Nova York, fui convidada, à noite, para contemplar os edifícios que se erguiam, andar sobre andar, para o céu. Garantia-se que esses edifícios se­ riam à prova de fogo, e haviam sido eri­gidos para glorificar seus proprietá­rios… Erguiam-se eles cada vez mais alto… Aqueles a quem essas constru­ções pertenciam não perguntavam a si mesmos: ‘Como melhor poderemos glorificar as Deus?’ Não ti­nham ao Senhor em suas co­gitações.

“Pensei: ‘Quem dera que os que deste modo estão em­ pregando seus recursos vis­ sem o seu procedimento como Deus os vê! Estão amontoando edifícios mag­nificentes, mas que loucos são, à vista do Dominador do Universo, seus planos e projetos! Não estão estudando com todas as faculdades do coração e da mente, como possam glorificar a Deus. Perderam de vista isso, que constitui o primeiro de­ ver do homem.

“Enquanto se erguiam es­ses edifícios, os proprietários se regozijavam com ambicioso orgulho de que tivessem dinheiro para empregar na sa­tisfação do próprio eu e provocar a in­ veja de seus vizinhos. Grande parte do dinheiro que assim empregavam havia sido alcançado por extorsões, opri­mindo os pobres. Esqueciam-se de que no Céu se conserva o registro de todas as transações comerciais; todo trato injusto, cada ato fraudulento, acha-se ali registrado. Tempo virá em que em suas fraudes e insolências os homens atingirão o ponto que o Senhor não permitirá que transponham, e aprenderão que há um limite para a longa­nimidade de Jeová.

“A cena que em seguida passou pe­rante mim foi um alarma de fogo. Os homens olhavam aos altos edifícios, su­postamente incombustíveis, e diziam: ‘Estão perfeitamente seguros.’ Mas es­ses edifícios foram consumidos como se fossem feitos de pez. Os aparelhos con­tra incêndios nada podiam fazer fun­cionar para deter a destruição…

“Fui instruída de que quando vier o tempo do Senhor, se não houver sido realizada mudança no coração dos so­berbos, ambiciosos seres humanos, des­cobrirão os homens que a mão que fora forte para salvar, será forte para des­truir. Nenhuma força terrestre poderá deter a mão de Deus. Não pode, na constru­ção de edifícios, ser usado material algum que os preserve da destruição, quando vier o tempo de­ terminado por Deus para fazer cair sobre os homens as retribuições de seu desrespeito à Sua lei e de sua ambição egoísta.

“Não existem muitos, mesmo entre educadores e estadistas, que compreen­dam as causas que servem de base para o presente estado da sociedade… Se os homens dessem mais ouvido aos ensi­namentos da Palavra de Deus, acha­ riam uma solução para os problemas que os embaraçam.” – Testemunhos Se­letos, vol. 3, págs. 281 e 282.

“O Senhor está retirando da Terra suas restrições e breve haverá morte e destruição, crescente criminalidade, e cruéis e maus intentos contra os ricos, os quais se exaltaram contra os pobres. Os que estão sem a proteção de Deus não encontrarão segurança em lugar nenhum nem em posição alguma. Os agentes humanos estão-se preparando e usando sua faculdade inventiva para fazer funcionar o mais poderoso aparelhamento para ferir e matar.
“Em breve graves perplexidades afli­girão as nações, perplexidades que não cessarão até Jesus voltar. Como nunca dantes precisamos unir-nos servindo Aquele que preparou o Seu trono nos Céus, e cujo reino se sobrepõe a todos os demais. Deus não esqueceu o Seu povo, e nossa fortaleza consiste em não esquecê-Lo a Ele.

“Em sentido especial foram os adventistas do sétimo dia postos no mundo como atalaias e portadores de luz. A eles foi confiada a última mensagem de advertência a um mundo a perecer…” – Idem, págs. 285, 286 e 288.

Delta cinco

Faz um ano que transpuse­mos os limites de um novo sé­culo. Naquela ocasião, apesar de todos os presságios, nada es­pecial aconteceu. Nove meses depois, quando ninguém espe­rava, o que ninguém imaginava ocorreu. Do mesmo modo como o presidente Bush decla­rou o alerta Delta 5, que esta­belece uma vigilância máxima, devemos entrar em um estado de mobilização pessoal. Primei­ramente, para que o inimigo não conquiste vantagem, estabelecendo-se no interior da nossa alma. Em segundo lugar, com- prometendo-nos muito mais com a missão de anunciar ao mundo que nosso General cumprirá Sua promessa – “voltarei”.

Em lugar de viver ansiosos e especula­tivos quanto aos sinais do fim, ocupemo-nos para que, em cada um de nós haja su­ficientes evidências da presença transfor­madora de Cristo. Vivamos e trabalhe­mos confiantemente, pois Ele prometeu: “Eis que estou convosco até à consumação do século” (Mat. 28:20).