Sugestões práticas que ajudam a fortalecer o núcleo familiar

Tempos atrás, em sua corrida em busca de oportunidades e conquistas inimagináveis, a ciência colocou a serviço do ser humano a possibilidade de dividir o núcleo atômico. Mas essa possibilidade também se tornou uma ferramenta de sofrimento e destruição em grande escala: a bomba nuclear. Por sua vez, aproximadamente seis mil anos atrás, Deus criou homem e mulher e os estabeleceu como núcleo poderoso da família humana. Insatisfeito e com muita astúcia, Satanás não perdeu tempo colocando em ação seus planos maléficos, a partir do ataque a esse núcleo familiar, justamente quando Eva estava momentaneamente distante de Adão. Levando o casal a pecar, o inimigo lançou uma bomba cuja onda se expandiu e contaminou a criação e todos os aspectos da vida, incluindo a própria família.

Hoje, temos evidências mais do que suficientes para não ter dúvidas quanto aos resultados de um casamento dividido, não apenas depois do divórcio ou separação, mas também durante uma convivência na qual é impossível manter o vínculo, nem que seja amistoso.

Ameaças à família pastoral

Esse tema é recorrente no dia a dia do pastor. Ele tem que organizar as atividades dos diversos ministérios, preparar sermões, aconselhar jovens em muitos assuntos, incluindo escolha vocacional e no sentido de encontrar a pessoa certa para o casamento. Também deve ajudar na solução de conflitos matrimoniais entre casais influentes ou não, trabalhar e desgastar-se pelos casamentos que se desintegram, evangelizar, administrar e fazer muitas outras coisas. Em muitos casos, o desempenho de tudo isso é feito em detrimento da atenção que ele deve dar ao próprio núcleo familiar, colocando-o em risco.

Apesar de termos conhecimento desse fato, muitos de nós vamos pela vida como se nosso núcleo familiar fosse imune aos perigos, até que aparecem as consequências de nossas ações e decisões. Então, lamentavelmente, começamos a buscar desesperadamente onde, como, quando e por que acabou dividido. Começam as recriminações: “Por que me casei com essa pessoa?” “Não tenho que ficar tanto tempo sozinha (ou sozinho).” “Acho que devo escutar mais do que falar.” Aparecem as queixas: “Nunca me disseram que a vida de esposa de pastor (ou a vida de pastor) era assim!” “As pressões são insuportáveis, a cabeça está a ponto de explodir!” “Em casa, só encontro problemas, preciso respirar outros ares; faço tudo sozinha!” Surgem também os temores: “E se os administradores souberem, o que vão dizer ou fazer a nosso respeito?” “Que acontecerá com nossos filhos?” “Que faremos, se formos afastados do trabalho?”

Admitamos, é fácil aconselhar outras pessoas, mas quando somos atingidos pelos mesmos problemas, muitas vezes ficamos sem saber o que dizer, o que fazer, nem por onde começar. Por essa razão, neste artigo, apresento para as duas partes do núcleo familiar – marido e mulher – seis recomendações com dois objetivos: prevenir contra problemas futuros e tentar resolver os problemas que eventualmente existam.

Medidas preventivas

Ouvir e entender. Diz o apóstolo: “Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tg 1:19). Tendo esse conselho em mente, é necessário prestar atenção ao que o outro fala, mais do que simplesmente ouvir. Para entender o cônjuge, é preciso querer entendê-lo. Isso é especialmente importante para as mulheres, pois, o fato de sentir-se entendidas lhes transmite segurança e tranquilidade.

Valorização. Para valorizar o outro, não é necessário comparar. É imprescindível conhecer, entender e observar. No relacionamento conjugal, externar gratidão pelas coisas que acontecem e são experimentadas todos os dias é muito mais importante do que imaginamos. Valorizar o esposo e agradecer a ele pelo gesto em ter lavado a louça; ou valorizar a esposa e agradecer a ela pela disposição em providenciar a roupa e arrumar a mala para a viagem são apenas alguns exemplos do que pode ser feito.

Colaboração. Ajudar nos pequenos trabalhos em casa vai além do que simplesmente fazer o que precisa ser feito. O objetivo deve ser aliviar o fardo da pessoa amada. Muitos casais fazem apenas o que gostam de fazer, mas não o que devem fazer. Nosso cônjuge necessita da nossa empatia.

Paciência. A paciência, incluída por Paulo no fruto do Espírito, é uma necessidade no crescimento e fortalecimento do casal.
É preciso ter paciência quando o outro está cansado, quando as coisas não são feitas no momento nem na rapidez que desejamos, quando os resultados não são aqueles pelos quais esperamos, quando as reações são diferentes das nossas expectativas…
A lista é grande.

Objetivo claro e realista: Para que vivemos? Qual é o objetivo de nosso trabalho? Qual é nosso objetivo como família? Essas perguntas devem ser respondidas pelo casal, a fim de que não sejam tomadas decisões divergentes. Isso faz com que o núcleo esteja unido não apenas no objetivo, mas no esforço de contribuir para superar os obstáculos no caminho para a felicidade mútua.

Tempo especial. É sumamente importante estabelecer tempo exclusivo para o casal; um período em que marido e mulher possam realizar alguma atividade prazerosa, cômoda e relaxante para os dois. Durante esse tempo exclusivo, devem ser descartadas quaisquer atividades pessoais egoístas que impeçam que o outro se sinta bem. Por definição, tempo exclusivo do casal significa tempo do esposo e esposa sozinhos; longe da presença de amigos, filhos, sem nada que interfira no que precisam e devem realizar juntos. Telefone celular, televisão, computador, nem pensar.

Finalmente, sejamos honestos conosco; não deixemos que nosso título acadêmico nem a função que exercemos “façam nossa cabeça”. Estejamos atentos ao fato de que, quanto mais influência espiritual exercemos sobre as demais pessoas, muito maior esforço o inimigo investirá para que nossa vida pessoal e familiar seja um fracasso. Somos colaboradores do Deus vivo, Seu Espírito é uma promessa real. Ele nos ajudará a não somente pregar, mas a viver como filhos de Deus.