Sugestões para o Êxito no Trabalho Pessoal

Minha primeira incumbência no ministério foi trabalhar com uma equipe de evangelistas experimentados, na cidade de Melburne, Austrália. Cabia-me substituir um obreiro jovem que aceitara um chamado para a Índia. Deparei com mais de trezentos nomes de interessados.

— Quais são as obrigações de meu trabalho? perguntei ao evangelista. Como poderei ajudar a ganhar essas pessoas?

— Você poderá pensar que eu hei de ganhar essas pessoas em minhas reuniões, disse êle; mas quero dizer-lhe que é junto à mesa, em em seus lares, que se ganham almas. Decisões face-a-face são as que contam.

E todo evangelista de êxito dirá Amém a essa resposta.

Não há perigo maior do que contar o ministro com métodos ou truques, que substituam o contato pessoal, consumidor de tempo, mas indispensável. Literatura, cursos por correspondência, guias de leitura da Bíblia, não podem fazer o trabalho do obreiro pessoal no lar, ou no gabinete pastoral. O sermão não fará essa obra. Certo, algumas decisões são tomadas em resultado de pregar, ou ler ou ouvir; mas unicamente o trabalho pessoal cimentará essas decisões.

“Não é o pregar a coisa mais importante; é o trabalho de casa em casa, o arrazoar baseado na Palavra, a explicação dessa Palavra. São os obreiros que seguem os métodos de Cristo que ganharão almas como paga.” — Gospel Workers, pág. 468.

“Todos quantos puderem, devem fazer trabalho pessoal. Ao irem êles de casa em casa, explicando as Escrituras ao povo de maneira clara e simples, Deus torna a verdade poderosa para salvar. O Salvador abençoa os que fazem tal obra.” — Evangelismo, pág. 442.

Será fácil, para o obreiro, fazer êsse trabalho pessoal? Será coisa que vem naturalmente? “Êste [o trabalho pessoal] deve ser feito mesmo que haja menos pregação. . . . Cumpre exercitar-vos e educar-vos a vós mesmos no visitar tôda família a que vos seja possível obter acesso. .. . Caso êle negligencie êsse trabalho — visitar o povo em suas casas —é um pastor infiel e está sob a repreensão de Deus. . . . Deus não aceitará desculpas por negligenciar-se assim a parte mais importante do ministério.” — Idem, pág. 440.

Eis alguns conselhos que nos vêm da sabedoria divina, para nos ajudar em nosso evangelismo pessoal:

  • 1. Amor às almas. — O senso de prioridades leva todo verdadeiro evangelista a amar as almas em primeiro lugar. Da dedicação e completa consagração a Cristo provém o correto senso de valôres. “Cristo demonstrou-nos o grande valor das almas, vindo ao mundo com o coração tomado do amor acumulado através da eternidade, oferecendo-Se para tornar o homem herdeiro de tôda a Sua riqueza.” — Testimonies, Vol. 5, pág. 204.

Com a mesma paixão pelas almas perdidas, não hesitaremos em aceitar circunstâncias difíceis. Bem me lembro de meu trabalho em favor de um jovem. Eu não tinha muito mais idade que êle. Não sabendo da diferença, ministrei-lhe estudos bíblicos na sala da pensão onde êle morava, enquanto constantemente passavam por ali outros pensionistas. Sua decisão, tomou-a por ocasião de um estudo à luz de uma lanterna elétrica, na varanda. Hoje é êle um obreiro de êxito, e nunca deixa de lembrar-me de que minha persistência e descaso das circunstâncias adversas o ajudaram a tomar a decisão.

  • 2. Uso da Palavra e do Espírito Santo. — “Grande obra pode ser feita apresentando ao povo a Bíblia tal qual ela é. Levai a palavra de Deus à porta de todo homem, . . . repeti a todos a ordem do Salvador: ‘Examinai as Escrituras’.”— Idem, pág. 388.

Mais do que nunca dantes, os ministros adventistas precisam da Palavra de Deus. De que outro modo poderiamos esperar penetrar a confusão mental, a indiferença e o materialismo do século? Nosso filosofar, nosso escasso conhecimento de psicologia, jamais podem tomar o lugar de um “Assim diz o Senhor.”

  • 3. Oração. — A oração, pedindo o que convém, ajudar-nos-á em nossa obra de ganhar almas. “Os discípulos oravam com intenso fervor, pedindo aptidão para dirigir-se aos homens e em suas relações diárias falarem palavras que levassem pecadores a Cristo.” — Atos dos Apóstolos, pág. 37.

“Ao trabalho pessoal por outros, deve preceder muita oração particular, pois requer sabedoria o compreender a ciência da salvação de almas. Antes de comunicar-vos com os homens, comungai com Cristo.” — Parábolas de Jesus, pág. 149.

  • 4. Trabalho árduo. — Qual a norma para um programa de visitação? Três estudos bíblicos à noite não são tarefa impossível; sete ou oito ao dia estão nos limites da realização. Isto tudo, além do programa da igreja? Sim. Muitas vêzes caímos no êrro de permitir que os membros da igreja preencham nossos dias e noites com atividades que são boas, mas que êles fàcilmente poderiam cumprir por nós, deixando tempo para a obra indispensável da visitação pessoal. “Seria tão razoável esperar colheita onde não se tenha semeado, ou conhecimento onde não foi buscado, como esperar ser salvo na indolência.” — Testi-monies, Vol. 4, pág. 286.
  • 5. Vestuário. — Vejamos isto: “A perda de algumas almas será afinal atribuível ao desas-seio do ministro.” — Idem, Vol. 2, pág. 613. Um ministro, muito conhecido meu, sempre usava seus ternos até que os punhos se desgastavam e o paletó luzia de tanto uso. Mesmo os colarinhos da camisa começavam a desfiar, antes que os descartasse. Depois que li essa declaração do Espírito de Profecia, fiquei a pensar se parte de sua falta de êxito não seria atribuível a isso.
  • 6. Tom da voz. — Segundo Amoldo Bennett, “noventa por cento dos atritos da vida diária se devem ao tom de voz.” Diz a Sra. White: “Para algumas almas a maneira de alguém apresentar a mensagem determinará sua aceitação ou rejeição. Seja pois falada a verdade de modo que apele para o entendimento e impressione o coração. Seja ela pronunciada compassada, distinta e solenemente, mas com tôda a sinceridade que sua importância requer. . . . Deve-mos acostumar-nos a falar em tom agradável, usar linguagem pura e correta e palavras amáveis e corteses.” — Parábolas de Jesus, pág. 336.
  • 7. Caráter. — O caráter e a personalidade circundam a mensagem com uma atmosfera que tem grande influência sôbre a atitude das pessoas para com a verdade. Uma vida possuída de fé, ânimo e esperança; vida repleta da amabilidade do amor de Cristo, terá uma influência extraordinária.

“Nossas palavras, nossos atos, nosso traje, nosso procedimento, até a expressão fisionômica têm sua influência. . . . Todo impulso assim comunicado é uma semente que produzirá sua colheita. . . . Assim, por nossa influência inconsciente, podem ser abençoados milhares.” — Idem, pág. 340.

Mesmo nossa maneira de dar a mão pode fazer diferença. “Podemos apertar a mão de uma pessoa de maneira que capte imediatamente sua confiança.” — Gospel Workers, pág. 189.

  • 8. Uso eficaz da literatura. — Ouvi certa vez pessoa não adventista definir nosso povo como tendo a cabeça “cheia de textos e o bolso cheio de folhetos.” “Planos devem ser feitos para que cada reunião em que a verdade haja sido apresentada ao público, seja seguida da distribuição de folhetos e pequenas brochuras. Hoje em dia pode parecer necessário distribuí-los gratuitamente, mas serão uma fôrça para o bem, e nada se perderá.” — Evangelismo, pág. 159.
  • 9. Entusiasmo. — Uma das coisas que mais me afetaram em minha mocidade e me levaram a aceitar a Cristo foi o óbvio entusiasmo de meu pai evangelista e seus coobreiros, pela obra que realizavam. Emocionemo-nos com a mensagem. Creiamos nela. Contagiemos os outros com nossa emoção e entusiasmo. Evitemos atitudes negativas. Um dos nossos departamentais certa vez fêz o seguinte comentário acêrca de alguns interessados da Voz da Profecia e da Fé para Hoje: “Enviei-lhes três convites para minhas reuniões e nenhum dêles apareceu.” Isto para êle assinava o fim de sua responsabilidade. O entusiasmo em tôrno de almas o teria levado a maiores esforços, mais inteligentes aproximações.

10. Atitude positiva. — Apegando-nos às verdades tidas em comum, falando com autoridade e certeza, com sinceridade e simplicidade, almas são influenciadas pela verdade completa.

Em volta do mundo precisamos de ministros e membros leigos que tenham uma cabal e organizada dedicação às almas. Nossas estatísticas das escolas radiopostais, sòzinhas, revelam que pouco mais da metade desses preciosos interessados são visitados fielmente. Mesmo esta proporção seria menor se fôsse tomada em conta a atitude indiferente que alguns têm em relação à visitação.

A obra pessoal pelas almas é a obra mais importante, mais deleitável, mais preciosa que possamos fazer. Aqui, o pregador faz a obra de Cristo, pois nosso Senhor era, acima de tudo o mais, um obreiro pessoal.