Três coisas que devemos ter em mente, antes, durante e depois da campanha evangelística
Ao som do hino “A doce história” [Hinário Adventista, n° 54], tocado ao piano, depois do sermão eu fazia o apelo para aceitação de Jesus como Salvador pessoal, narrando como deixei a vida de DJ em baladas para me tornar pastor adventista. Olhando as pessoas, eu me perguntava se alguém atendería ao apelo. “Será que vai funcionar?” Embora Jesus tenha comissionado Seus seguidores a fazer “discípulos de todas as nações” (Mt 28:19), às vezes nos perguntamos se o evangelismo público ainda funciona. Minha igreja e eu chegamos a pensar a mesma coisa, quando conduzi um seminário sobre Apocalipse em 2009. Já na primeira noite, eu me perguntava se o Senhor nos daria êxito.
O primeiro passo a ser dado numa campanha evangelística é definir “sucesso” e garantir que nossa definição seja igual à que Deus tem para o assunto. Os discípulos partilhavam a mensagem de que Jesus de Nazaré era o Cristo, o Salvador ressuscitado. Às vezes, as pessoas aceitavam e o povo de Deus se alegrava (Lc 10:17; At 8:8). Em outras ocasiões, poucos aceitavam e os discípulos eram fisicamente agredidos. Mesmo assim eles ainda se alegravam (At 5:40,41). O objetivo deles era pregar e fazer discípulos (Mt 28:18-20). Partilhar a mensagem era o sucesso; pois deixavam os resultados desse trabalho com o Senhor. O sucesso do povo de Deus é medido por sua fidelidade em partilhar o evangelho.
Semeando
Marta caminhava em direção ao altar, enquanto eu continuava apelando. Ela e o esposo, Dave, viajavam durante uma hora, todas as noites, para assistir às reuniões. Marta aceitou os ensinamentos bíblicos mais rapidamente do que o esposo, mas, quando cantamos a última estrofe do hino, Dave também se levantou e juntou-se à esposa. Até o início das conferências, a única exposição de Dave ao cristianismo tinha sido na infância, quando ele viu um vizinho, pastor, se embriagar e gritar com o filho. Depois da reunião, os anciãos e eu nos reunimos com as pessoas que tinham atendido o apelo. Dave me abraçou e cochichou: “Estou assustado!” Então, repliquei: “Lembro-me de já ter sentido isso.”
Passaram-se quatro anos, desde a primeira mensagem que ouvi sobre Jesus até o dia em que fui batizado. É curioso como, às vezes, desistimos das pessoas que imaginamos demorar mais do que deveríam em responder à mensagem. Mas, devemos investir tempo e energia para que elas respondam ao Espírito Santo. Algumas vezes, tentamos colher o que mal acabou de ser plantado. As reuniões evangelísticas plantaram a semente da verdade no coração de Dave e Marta. Eles passaram a frequentar a igreja, estudaram a Bíblia e, depois de algum tempo, foram batizados.
Regando
O evangelismo produz crescimento no discipulado. Cristo nos ordenou fazer discípulos, o que envolve mais que simplesmente batizar pessoas. As igrejas existem para ajudar os membros a crescer na verdade e na graça de Deus, e os que assistiram às reuniões evangelísticas testemunharam que foram abençoados ao ouvir novamente a velha história de Cristo e Seu amor.
Uma das grandes preocupações da igreja é a evasão dos jovens; e são
várias as razões para esse fenômeno. Alguns sentem que a igreja não é relevante. Outros se dizem feridos. Muitos a deixam porque, ao procurar ver Cristo nos irmãos, dizem somente encontrar hipocrisia. O evangelismo e a fraternidade podem ajudar a ligar os jovens novamente à igreja.
Semelhantemente a uma planta sem água, que começa a murchar, alguns cristãos necessitam ser regados para começar a crescer. Alguns jovens, que não iam à igreja durante muitos anos, resolveram assistir àquelas reuniões e foram atraídos para o Senhor. Necessitavam ser regados; precisavam saber que a igreja os amava e perdoava. Ao ouvir as mensagens, eles puderam ver Cristo em cada ensinamento. Os membros antigos os receberam de braços abertos e alguns daqueles jovens voltaram para a igreja e abraçaram a missão.
Colhendo
O evangelismo transforma vidas para a eternidade. Olhei a igreja lotada, sorri e agradecí ao Senhor. Do fundo do auditório, Zion, um garoto de dez anos caminhava em minha direção. Ele havia frequentado as reuniões quase todas as noites, na companhia do pai; agora, era um dos primeiros a atender o apelo.
O pai dele, Daniel, o seguia não muito atrás. Daniel era jovem, e tinha experimentado vários sistemas de crenças, da Nova Era ao budismo. Mas, depois de ouvir os ensinamentos bíblicos, ele disse: “Isso faz sentido. Percebe-se que é verdade.” Quando ouviu a respeito de Jesus Cristo, nas mensagens proféticas, finalmente, Daniel encontrou o que procurava. Pai e filho foram batizados juntos.
O caminho do êxito
A fim de que as reuniões evangelísticas tenham êxito, os membros da igreja precisam ser apoiados e incentivados. Em nosso caso, os irmãos ofereceram muitas ideias valiosas. Algumas senhoras planejaram realizar um curso de culinária. Outro grupo preparou lanches que eram oferecidos após as reuniões, a fim de fortalecer o companheirismo.
Sem oração e sem Espírito Santo, nossos esforços teriam sido inúteis, de modo que foi criado um programa no qual cada irmão era incentivado a orar por cinco pessoas e convidá-las para as reuniões. Cada noite, os anciãos também tinham seu grupo de oração em favor do pregador, dos visitantes e da mensagem.
O diretor de comunicação sugeriu que usássemos a internet para convidar pessoas.
Entendendo que as pessoas têm outros compromissos, começáva-mos e terminávamos pontualmente cada reunião. Tínhamos reuniões durante quatro noites por semana. Um irmão gravava os sermões e os postava na internet, de modo que as pessoas pudessem ouvir novamente ou captar algo que eventualmente tivessem perdido.
Quando deixamos nas mãos de Deus os resultados de nosso trabalho, o êxito está garantido. Estivemos orando muito, a fim de que Satanás não atrapalhasse as reuniões. Certa noite, enquanto eu permanecia à porta, cumprimentando as pessoas, uma mulher me entregou um anel com símbolo satânico e disse: “Agora, sei o que isto significa. Não quero mais usá-lo. Pode destruí-lo.”
Lembro-me de um jovem casal, Brian e Anete. Ele não havia perdido sequer uma noite; mas Anete perdeu algumas reuniões por causa de um ferimento. Certa noite, enquanto eu pregava sobre um tema bastante desafiador, notei-a no auditório. Meu coração bateu forte, quando pensei nas possíveis reações que ela poderia ter. Então, orei: “Senhor, ela está em Tuas mãos!” Brian e Anete foram embora, antes que eu pudesse falar com eles. Fui para casa e comecei a examinar os cartões de decisão preenchidos naquela noite. Mal acreditei quando vi o primeiro cartão. Era o de Anete. Nele, estava assinalada a decisão dela pelo batismo.
Continuidade
O evangelismo não acaba quando acontece a cerimônia batismal. O entusiasmo e a força das reuniões devem continuar.
As pessoas que não foram batizadas continuam frequentando a igreja e estão matriculadas na classe de interessados, na Escola Sabatina. Realizamos frequentes encontros sociais envolvendo os novos crentes e os ajudamos a descobrir seus dons espirituais. A igreja também planeja eventos comunitários, incluindo cursos sobre saúde, culinária, escola bíblica de férias, programas comemorativos de datas especiais, com o objetivo de se tornar conhecida na comunidade e prepará-la para futuras campanhas. Há três coisas que devemos ter em mente, ao planejarmos evangelismo. São elas:
- 1. Orar e confiar aos Senhor os resultados, ou sucesso.
- 2. Certificar-se de que seu evangelismo tem um toque pessoal.
- 3. Aprender com os erros e nunca deixar de tentar diferentes maneiras de tocar vidas na comunidade.
Minha experiência
O caminho mais longo que já percorrí foi aquele entre o banco em que eu estava sentado numa igreja até o altar, em resposta ao apelo para comprometer minha vida com Jesus Cristo. Aquela igrejinha estava empenhada em uma campanha evangelística, e eu sei que aqueles irmãos teriam feito tudo o que fizeram, mesmo que fosse por um único batismo. Sucesso evangelístico jamais deve ser medido por números. Minha esposa também foi batizada e o Senhor nos colocou no ministério para conduzir outras pessoas a Ele. Uma vida transformada por Deus é valiosa, porque uma vida toca outra, que toca outra que toca outra, até que o mundo inteiro seja transformado (Lc 15:3-7).
Alegramo-nos de que, com o poder de Deus, o evangelismo ainda funciona, exatamente como foi prometido por Jesus em Mateus 28:18-20.