Trabalhar para uma denominação cristã é uma bênção indescritível. Dia após dia, sentimos o privilégio de ser uma parte da missão de Deus na Terra. Além disso, usualmente vivemos num ambiente agradável e benfazejo, cercados pelas melhores pessoas, ao lado das quais talvez nunca trabalharíamos fora da Igreja.
No entanto, as bênçãos de um ambiente e companheirismo cristãos podem apresentar um dilema especial, não enfrentado na área secular. Os crentes são propensos, por exemplo, a maior intimidade com os irmãos colegas de trabalho. Tendem a vê-los, mais acentuadamente, como amigos, compreendendo que todos são parte da família de Deus. Ao mesmo tempo, pastores e líderes são desafiados a supervisionar administrativamente, tendo o cuidado de transmitir cortesia e bondade. Os líderes cristãos podem ser tentados a agir com maior indulgência que outros o fariam; e algumas vezes têm de lutar para achar o ponto de equilíbrio entre o que é administrativamente correto e o ideal cristão.
Meses atrás, eu vivi tal dilema. Sabia que tinha de ser objetiva, bondosa, consciente e honesta. Minha índole é a de querer correr adiante de mim mesma, mas sabia que necessitava confiar em que Deus me mostraria como agir. Assim, pedi-Lhe sabedoria e discernimento. Também pedi-Lhe amor, bondade e graça. Poderia até pedir para me livrar do problema, mas não o fiz.
Como normalmente é o caso, Deus não afastou a situação. Assim, enquanto esperava a resposta, examinei minha mente e minha alma. Considerei meu raciocínio e minha responsabilidade a respeito da questão. E decidi guiar-me pela regra áurea. Poderia até não ser capaz de cumpri-la com perfeição; mas ela seria o modelo.
Deus nem sempre me deu respostas diretas quando orei por discernimento, ou quando pedi ajuda para ser paciente e judiciosa. Mas ajudou-me a respeitar opiniões. Nisso provavelmente cometi enganos, mas o Senhor sempre esteve comigo, dando-me uma coragem que eu desconhecia possuir. Aprendi a depender mais da Sua liderança do que de mim mesma, e assim encontrei uma tal qualidade de paz de espírito que só pode vir de Deus.
Durante todo esse tempo, experimentei muitos sentimentos. E pensei sobre o ego. Pensei sobre ética. Ao serem feitas acusações injustas, senti as emoções humanas resultantes. Senti-me desapontada e ferida. Fiquei irada. E pensei na outra pessoa. Certamente, tais sentimentos são importantes, pois, sem eles, nós nos tornamos mecânicos. Todavia, em meio a tudo isso, compreendi que a integridade era a resposta; e que essa virtude é a substância que deve interagir saudavelmente com nossos sentimentos.
Saí à procura de livros sobre integridade. Queria apoio para minhas ações. Já sabia que se fazemos o trabalho de Deus, do Seu modo, devemos começar com o caráter, e eu buscava meu caráter.
Fred Smith, em seu livro Leading With Integrity (Liderança com Integridade), diz que a Igreja deve estar envolvida na construção do caráter: “Os líderes são responsáveis por modelar e encojarar o caráter e a integridade. Integridade começa com os motivos. … Eu posso evitar ser desonesto. Desonestidade é uma decisão.”
Refletindo sobre o clímax da experiência que vivi, pude compreender que o respeito próprio é uma chave importante para a integridade. Sem esse respeito, uma pessoa não pode confiar em seu próprio caráter nem liderar outras pessoas de maneira íntegra. Smith diz que a integridade está baseada no caráter, insistindo que o caráter é absolutamente essencial. Um dos mais prósperos investidores da Universidade de Harvard dizia procurar nos administradores de seus investimentos, três qualidades: inteligência, firmeza e caráter.
Felizmente, Deus é o grande forjador do caráter. Não creio que provações no trabalho, ou em outra coisa, sejam presentes de Deus, mas Ele pode usar os conflitos para fortalecer nosso caráter, ao recusarmos nos envolver em ações impróprias. Podemos até esconder-nos sob uma capa de justiça, mas Deus que vê os segredos da alma, um dia nos pedirá contas da maneira como nos conduzimos em nossas responsabilidades hoje.
Enquanto agradecemos a Deus por nos tornar parte da Sua Obra, lembremo-nos de que o que realmente conta é a nossa integridade. Podemos ter tomado decisões que nos acarretam feridas, aqui na Terra. Mas será compensador ouvir no futuro: “Muito bem, servo bom e fiel; … entra no gozo do teu Senhor” (Mat. 25:21). – Julia Norcott, editora assistente de Ministry.